quinta-feira, 23 de maio de 2019

CELORICO DA BEIRA - FERIADO - 23 DE MAIO DE 2019

Celorico da Beira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Celorico da Beira
Brasão de Celorico da BeiraBandeira de Celorico da Beira
Castelo de Celorico da Beira - Portugal (247302363).jpg
Castelo de Celorico da Beira, com vista sobre o vale do Mondego e as encostas nuas de Fiães
Localização de Celorico da Beira
GentílicoCeloricense
Área247,22 km²
População7 693 hab. (2011)
Densidade populacional31,1 hab,/km²
N.º de freguesias16
Presidente da
câmara municipal
Carlos Ascensão (PSD)
Fundação do município
(ou foral)
antes de 1185
Região (NUTS II)Centro (Região das Beiras)
Sub-região (NUTS III)Beira Interior Norte
DistritoGuarda
ProvínciaBeira Alta
OragoSanta Maria e São Pedro
Feriado municipal23 de Maio
Código postal6360
Sítio oficialwww.cm-celoricodabeira.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg
Celorico da Beira é uma vila portuguesa do Distrito da Guarda, na província da Beira Altaregião do Centro (Região das Beiras) e sub-região da Beira Interior Norte, com cerca de 4 600 habitantes (2011).
O seu perímetro urbano é formado por 3 freguesias originais (São Pedro,[1] Santa Maria[1] e Casas do Soeiro) e mais 4 (RatoeiraForno TelheiroLajeosa do Mondego e Vila Boa do Mondego[1]) que se uniram à vila quando pelo seu crescimento o perímetro desta se alargou.
É sede de um município com 247,22 km² de área[2] e 7 693 habitantes (2011),[3][4] subdividido em 16 freguesias.[5] O município é limitado a norte pelo município de Trancoso, a nordeste por Pinhel, a sueste pela Guarda, a sudoeste por Gouveia e a oeste por Fornos de Algodres.
A vila está localizada a 23 km da Guarda, 48 km de Viseu e 334 km de Lisboa. É também o concelho mais a norte da Serra da Estrela e, pela quantidade e qualidade de Queijo da Serra da Estrela (inigualável a qualquer outra localidade do país), é considerado Capital do Queijo Serra da Estrela.[carece de fontes]
É seguido da Guarda e Seia, o 3.º núcleo urbano mais populoso do distrito, e a maior vila. No centro, com cerca de 2 700 habitantes, há uma densidade populacional de 1 015 hab/km². A população no concelho encontra-se distribuída da seguinte forma:
  • 59% em Celorico da Beira (destes, 31% encontram-se no centro)
  • 41% nas restantes 15 pequenas freguesias e respectivas anexas, perfazendo mais de 40 localidades

População[editar | editar código-fonte]

Número de habitantes [6]
186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011
Global *13 04914 46315 47415 82015 93415 04514 88016 48416 73214 93011 51010 2698 8758 8757 693
0-14 Anos **5 5845 7495 4075 2625 4385 5214 7423 1852 3831 6951 195938
15-24 Anos **2 8022 6882 4492 9452 9492 7652 3511 8651 6411 2021 217729
25-64 Anos **6 4136 4506 0726 0796 8377 1256 2964 9304 2263 8784 1123 758
= ou > 65 Anos **8979459911 1061 1821 3461 5411 5302 0192 1002 3512 268
* População residente; ** População presente (1900-1950)

Freguesias[editar | editar código-fonte]

Freguesias do concelho de Celorico da Beira.
O concelho de Celorico da Beira está dividido em 16 freguesias:

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]

Data%V%V%V%V%V%V%V
CDS-PPPSADPPD/PSDMPTPSD-CDSIND
197652,52334,452
1979AD18,97174,864AD
198231,69221,17139,192
198535,26259,123
198911,60-20,31160,674
19936,51-49,09339,292
19973,68-49,43343,202
2001PPD/PSD16,211CDS-PP45,76234,232
20051,82-49,65345,142
2009PPD/PSD53,203CDS-PP21,27122,121
201352,50341,222
20171,65-36,31240,70216,111

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data%
CDSPSPSDPCPUDPADAPU/CDUFRSPRDPSNB.E.PANPàF
197640,0420,7819,782,060,96
1979AD21,56ADAPU0,5965,394,30
1980FRS0,9262,173,4024,53
198325,7230,2533,960,342,83
198520,5620,3839,630,784,656,82
19876,5617,4065,53CDU0,312,211,25
19917,0822,7862,051,420,821,23
19959,9540,1243,620,781,680,59
19999,0445,0440,192,190,75
200211,5727,9950,751,421,11
20055,9046,9137,191,843,56
200910,7838,3533,912,298,56
201110,4527,1549,482,584,180,40
2015PàF33,16PàF3,137,820,7048,34

História[editar | editar código-fonte]

Breve História[editar | editar código-fonte]

Foi o rio Mondego que marcou, desde sempre, a história do concelho. Localizada num local estratégico, Celorico da Beira cedo fez despontar o seu carácter defensivo. Do ponto de vista do povoamento histórico, terão sido os Túrdulos os primeiros povos a ocuparem a zona, 500 A.C. Existem historiadores que acreditam na fundação de Celorico da Beira 2000 anos A.C. por Brigo. Também os RomanosGodos e Árabesterão passado pelas terras do concelho. A presença romana é atestada pela existência de troços de calçada romana. O recinto do Castelo mostra evidências da importância estratégica da localidade na defesa contra os ataques de Castela. De resto, os castelos de Linhares da Beira e de Celorico assumiram um relevo particular em toda a estratégia defensiva do território da beira. Foi D. Afonso I que atribuiu o primeiro foral tendo sido confirmado por D. Afonso II em 1217. A categoria de vila e o foral novo foram assinados por D. Manuel I em 1512.

Lenda da Truta[editar | editar código-fonte]

A história de Celorico da Beira está vincada nos diversos cercos de que foi alvo. O mais famoso dos quais ocorreu em 1245 por D. Afonso III atribuindo-se ao alcaide-mor de então, Fernão Rodrigues Pacheco, a célebre Lenda da Truta. Durante o cerco, quando tudo parecia perdido, eis que surgiu nos céus, sobre o castelo, uma águia com uma truta nas garras. A ave deixou cair o peixe dentro das muralhas facto esse aproveitado por Fernão Pacheco. Em vez da truta ter sido cozinhada e distribuída pelos habitantes cercados, este mandou confeccioná-la para ser oferecida ao Bolonhês… Com este sinal de “abundância”, Afonso III resignou ao cerco libertando Celorico… Na história mais recente, durante as Invasões Francesas, Celorico serviu de quartel-general dos aliados.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Extensão e Demografia[editar | editar código-fonte]

Altitude do Centro de Celorico da Beira - Margem de erro: 2m
O centro de Celorico da Beira tem uma área de 2,66km2. A altitude tem uma variação de 439m na parte mais baixa (Variante – Rotunda para Ratoeira-Celorico-Trancoso) na freguesia de Santa Maria, e 551m (no castelo) na fronteira da mesma freguesia com São Pedro. A altitude média da Vila é 513m. Celorico possui um planalto a 540m de altitude onde se encontra a Capela de Santa Eufêmia, santa que dá o nome ao bairro envolvente.
A freguesia de Santa Maria é mais acidentada (maior variação de altitude), contrastando com Casas de Soeiro a menos acidentada, mas São Pedro é a que tem altitude média mais elevada. A vila é banhada pelo rio Mondego “a seus pés” que passa a 401m de altitude. A vila de Celorico da Beira cresceu de Norte para Sul, tendo um comprimento de cerca 4,2 km em linha recta.
O clima de Celorico é influenciado não só pela altitude mas também pela latitude e continentalidade (distancia ao mar). Encontra-se em latitude 40º63’N pelo que se encontra nos climas temperados 40º-45º. Em relação ao mar, está distanciado 111 km em linha recta, à praia de latitude de referência (Barra – Aveiro), pelo que meteorologicamente sofre de continentalidade do grupo 100–300 km de distancia ao mar.

Clima[editar | editar código-fonte]

O clima de Celorico da Beira é temperado. A vila tem uma variação de temperatura, em relação a localidades à mesma latitude, e altitude 0, (exemplo: Aveiro) de:
  • Em relação à altitude de 550m, seja Verão ou Inverno:
    • -3,3 °C em tempo húmido;
    • -5,5 °C em tempo seco.
  • Em relação à continentalidade de 111 km:
    • Inverno
      • - 7,5 °C tempo húmido
      • - 15 °C tempo seco
    • Verão
      • + 7,5 °C tempo húmido
      • + 15 °C tempo seco
Exemplificando a diferença entre Aveiro e Celorico da Beira num dia chuvoso de Inverno, Aveiro terá uma temperatura de 15 °C enquanto que Celorico terá (15-3,5{altitude}-7,5 {continentalidade})=4,5 °C.
Pode-se dizer que Celorico da Beira tem 7 meses de Inverno compreendido entre 1 de Novembro, e 30 de Maio. 1 mês de primavera entre 1 de Junho e 30 de Junho, 3 meses de Verão entre 1 Julho e 30 de Setembro e 1 mês de Outono entre 1 de Outubro e 30 de Outubro.
O longo inverno Celoricense, comporta temperaturas entre -3 °C e 9 °C nos meses mais rigorosos, e 0 °C e 12 °C nos restantes. Temperaturas inferiores a -5 °C não são raras, mas costumam ser associadas a vagas de frio, pelo que não são classificadas no clima normal da vila. Existe uma precipitação de cerca de 800mm a 1100mm, incluindo 50mm de neve e 110mm de neve com chuva (sleet). Pode ocorrer dias de frio seco, onde ocorre frequentemente geada. O Outono e Primavera são estações curtas de passagem do Inverno para o Verão, com temperaturas amenas e precipitação pontual. No Verão existe tempo muito seco (excepto em dias de trovoada, normal em 2-4 dias por Verão), com temperaturas elevadas, de 20 °C a 27 °C durante a noite, e 26 °C a 36 °C durante o dia. Temperaturas em torno dos 40 °C não são raras, mas são normalmente associadas a vagas de calor.
[Esconder]Tabela climática de Celorico da Beira
Temperatura
MêsJanFevMarAbrMaiJunJulAgoSetOutNovDezMédia
Máxima recorde °C15,022,425,028,531,236,438,539,235,628,621,217,8
Média Máxima °C7,010,112,715,818,523,927,628,123,517,511,98,117,1
Média °C4,06,68,910,215,817,320,222,319,814,09,65,411,6
Média minima °C-0,40,63,14,67,210,712,712,510,26,53,20,56,0
Mínima recorde °C-12,0-11,0-10,2-5,1-2,00,63,00,5-1,0-4,0-8,5-11,0
Precipitação
MêsJanFevMarAbrMaiJunJulAgoSetOutNovDezTotal
Total mm168,8114,4133,2102,978,742,214,815,738,778,6120,4163,71072,1
Dados referentes entre 1942 até 2003.
Panorama da Zona Leste de 2 das 3 freguesias centrais de Celorico da Beira (São Pedro e Casas do Soeiro). É possivel ver o Castelo à direita, que marca a passagem a Santa Maria, contudo a freguesia nao é visivel deste ângulo. Foto tirada a 6km de distância.

Infraestruturas e acessibilidades[editar | editar código-fonte]

O Concelho é servido por uma boa rede viária:
O Concelho é servido ainda por uma linha ferroviária:

Património[editar | editar código-fonte]

  • O concelho, relativamente ao património natural, é também bastante representativo, já que é abrangido pela mancha verde do Parque Natural da Serra da Estrela, nomeadamente na freguesia de Linhares da Beira, exemplo vivo da simbiose entre os patrimónios histórico, cultural e, evidentemente, paisagístico.
    Igreja Matriz de Santa Maria

Geminações[editar | editar código-fonte]

O concelho de Celorico da Beira é geminado com a seguinte cidade:[7]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c Em 2013 estas três freguesias foram agregadas numa só.
  2.  Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013» (XLS-ZIP)Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013
  3.  INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Centro. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 110. ISBN 978-989-25-0184-0ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013
  4.  INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP)Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
  5.  Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  6.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  7.  http://www.anmp.pt/anmp/pro/mun1/gem101l0.php?cod_ent=M6360

SACADURA CABRAL - (AVIADOR) - NASCEU EM 1881 - 23 DE MAIO DE 2019

Sacadura Cabral

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Ambox important.svg
OcultarForam assinalados vários aspectos a serem melhorados nesta página ou se(c)ção:
Artur de Sacadura Freire Cabral
Nome completoArtur de Sacadura Freire Cabral
Nascimento23 de maio de 1881
Celorico da BeiraSão Pedro
Morte15 de novembro de 1924 (43 anos)
Mar do Norte
Nacionalidadeportuguês
ProgenitoresMãe: Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos
Pai: Artur de Sacadura Freire Cabral
Ocupaçãoaviador
Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral GCTE • ComA • MOBS (Celorico da BeiraSão Pedro23 de maiode 1881 — Mar do Norte15 de novembro de 1924) foi um aviador e oficial da Marinha Portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral (Celorico da Beira, São Pedro, 16 de outubro de 1855 — Lisboa, 19 de março de 1901) e de sua mulher (casados em Seia) Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos (ViseuSé Ocidental, 11 de julho de 1861 - Lisboa, 3 de abril de 1913).[1] Frequentou o Colégio Militar.[2] Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique.
Serviu nas colónias no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, director dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.
Unanimemente considerado um aviador distintíssimo pelas suas qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial, ultrapassando as insuficiências técnicas e materiais que na época se faziam sentir. Quando conheceu, em ÁfricaGago Coutinho, incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um "corretor de rumos" para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efectuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.[3]
Busto de Sacadura Cabral (Museu de Marinha de Lisboa)
Navegou durante dois anos nas costas de Moçambique até que, em 1905, foi deliberado pelo governo que se procedesse a um levantamento hidrográfico rigoroso da baía de Lourenço Marques (hoje Maputo), em preparação da modernização do seu porto. Sacadura Cabral foi um dos oficiais escolhidos para este trabalho e, em colaboração com o seu camarada guarda-marinha, Bon de Sousa, fez uma carta hidrográfica do rio Espírito Santo e de trechos dos rios TembeUmbeluzi e Matola. Em 1906 e 1907 trabalhou como topógrafo na rectificação da fronteira entre o Transvaal e Lourenço Marques, serviço que foi feito em concorrência com os agrimensores ingleses do Transvaal.
Em 1907 chegou a Moçambique uma missão geodésica de que era chefe Gago Coutinho. No desempenho de missões geodésicas e geográficas, trabalharam juntos desde 1907 a 1910. Sacadura Cabral revelou nestes trabalhos as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, bem como organizador.
Em 1911 concorreu aos serviços de Agrimensura de Angola, tendo sido nomeado para o lugar de subdirector destes serviços. Em Angola desempenhou vários serviços neste cargo, entre os quais observações astronómicas no Observatório de Angola e o reconhecimento da fronteira da Lunda. Em 1912 participou, com Gago Coutinho, na missão do Barotze, a fim de se delimitarem as fronteiras leste de Angola, o que foi feito em mais de 800 quilómetros. Sacadura Cabral regressou à metrópole em 1915.
Entretanto o Aero Club de Portugal procurava fazer propaganda da aviação e conseguiu que o governo abrisse um concurso para que os oficiais do exército e da marinha fossem enviados a várias escolas estrangeiras de aviação para nelas obterem o brevet de piloto aviador militar.
Sacadura Cabral foi para a França e deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 11 de novembro de 1915 realizou o seu primeiro voo como passageiro e, a 16 de janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto. Em março fez as provas de brevet com aprovação. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G.3.
Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em agosto de 1916. Nesta altura estava a ser organizada a Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha e Sacadura Cabral foi aí incorporado como piloto instrutor. Entretanto, tendo o governo resolvido enviar para Moçambique uma esquadrilha de aviação para cooperar com o exército, na região do lago Niassa na defesa deste território em relação aos ataques alemães, Sacadura Cabral foi encarregado de adquirir em França o material necessário. Esta foi a primeira unidade de aviação constituída em Portugal.
Mapa da primeira travessia aérea do Atlântico Sul
Em seguida Sacadura Cabral foi encarregado de organizar a aviação marítima em Portugal, tendo sido nomeado, em 1918, director dos Serviços da Aeronáutica Naval e, a seguir, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. Em 1919 foi nomeado para fazer parte da Comissão encarregada de dar parecer sobre a melhor forma de pôr em prática um plano de navegação aérea. Nesse ano, a 11 de março, foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis.[4]
Demonstrou, nesse mesmo ano, a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efectivação. Foi então à Grã-Bretanha e Irlanda e à França, a fim de escolher o melhor material para equipar a Aviação Marítima, e propor o tipo de aparelho em que poderia vir a ser tentada a viagem Portugal-Brasil. Enquanto esteve nestes dois países desempenhou as funções de adido aeronáutico. Em 1920 fez parte da Comissão Mista de Aeronáutica.
Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, para experiência dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea que, em 1922, vieram a ser comprovados durante a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. Nesse ano, a 1 de maio, tornou-se o 347.º Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito[4] e a 2 de junho o 36.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense.[5]
Em 1923 elaborou um projecto de viagem aérea de circum-navegação, que não conseguiu realizar por falta de meios materiais. Em 1924, convencido de que o Governo não correspondia ao esforço por ele levado a cabo para a eficiência da Aviação Marítima, apresentou o seu pedido de demissão de oficial da Marinha, pedido que foi indeferido. Ainda em 1924, foi nomeado para estudar uma proposta feita ao governo para o estabelecimento de carreiras aéreas com fins comerciais. Morreu a 15 de novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projecto da viagem aérea à Índia, uma vez fracassado o seu projecto de circum-navegação.

Atividade científica[editar | editar código-fonte]

Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.) a bordo do "Lusitânia", 1922
Juntamente com Gago Coutinho estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado "Plaqué de Abatimento" e mais tarde "Corrector de Rumos – Coutinho-Sacadura".
Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea Lisboa-Madeira realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, este aparelho foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de novembro de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do "Corrector" foi publicada nos Anais do Club Militar Naval.
A preparação para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projecto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se em 30 de março de 1922, em Belém no hidroavião "Lusitânia". A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para São Vicente, em Cabo Verde. Daqui partiram para os Penedos de São Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do "Lusitânia", o que provocou o afundamento do avião. Os aviadores foram recolhidos pelo navio "República". O "Lusitânia" acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de São Pedro e São Paulo podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.
Placa em homenagem a Sacadura Cabral e Gago Coutinho na Estação São Bento (Porto)
O governo enviou um outro hidroavião Fairey 16, cujo motor veio a avariar no percurso entre os Penedos de São Pedro e São Paulo e a ilha de Fernando de Noronha. Foi pedido um novo Fairey ao governo português, que foi enviado no "Carvalho Araújo". Três dias depois partiram para o troço final, chegando à baía de Guanabara e terminando a viagem no Rio de Janeiro a 17 de junho, depois várias escalas.
Esta viagem aérea constituiu um marco importante na aviação mundial, pois veio comprovar a eficácia do sextante aperfeiçoado por Gago Coutinho, com a ajuda de Sacadura Cabral, que permitia a navegação aérea astronómica com uma precisão nunca antes conseguida.
Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direcção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou. O cadáver nunca foi encontrado.
O comandante de 43 anos deslocara-se a Amesterdão com cinco colegas da Marinha a fim de levantarem três dos cinco hidroaviões da Fokker comprados por Portugal, através de subscrição pública, para proporcionar uma volta ao mundo aos dois heróis da travessia do Atlântico em 1922. Como todos os companheiros, Artur Sacadura Freire Cabral e o cabo artilheiro mecânico José Pinto Correia saíram de Amesterdão no sábado, dia 15, mas não chegaram à cidade da Normandia nem à da Bretanha, nem jamais ali pousarão.
Acerca da sua morte escreveu um poeta:[quem?] "Encontrou a sepultura em pleno mar / Que a terra, donde andava foragido, / Era pequena demais para o sepultar."

Família[editar | editar código-fonte]

Artur de Sacadura Cabral morreu solteiro e sem descendência conhecida. É tio da economista Helena Sacadura Cabrale tio-avô dos políticos Miguel Portas e Paulo Portas.

Referências

  1.  "Freires Corte-Reais - Subsídios Genealógicos", Armando Freire Cabral de Sacadura Falcão, Estudos de Castelo Branco, 1ª Edição, Castelo Branco, 1964, p. 91.
  2.  Meninos da Luz – Quem é Quem II. Lisboa: Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar. 2008. ISBN 989-8024-00-3
  3.  Gago Coutinho e Sacadura Cabral
  4. ↑ Ir para:a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Artur de Sacadura Freire Cabral". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de abril de 2015
  5.  http://www.ginasiofigueirense.com/media/socios_honorarios2.pdf

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bernard Marck, Héros et héroïnes de l'aviation, Planeta, 2007, ISBN 978-8408073512
  • Bernard Marck, Héros et héroïnes de l'aviation, Arthaud, 2007, ISBN 978-2700300710
  • José Pedro Pinheiro Corrêa, Sacadura Cabral: homem e aviador, 1964, 320p.
  • História geral da aeronáutica brasileira: De 1921 às vésperas da criação do Ministério da Aeronáutica, Volume 1, Editora Itatiaia, 1988.
  • Edgar Pereira da Costa Cardoso, História da Força Aérea portuguesa, Volume 2, 1984.
  • Eduardo Bueno (2 de janeiro de 20019). A viagem de Sacadura Cabral e Gago Coutinho (vídeo)Youtube. Consultado em 22 de abril de 2019 Verifique data em: |data= (ajuda)

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue