|
|
JOÃO SILVESTRE
EDITOR DE ECONOMIA
|
|
|
|
|
|
|
Bom dia,Depois de meses em que a ‘famosa’ auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos esteve escondida, tudo se precipitou nos últimos dias. Primeiro, chegou aos jornais uma versão preliminar documento. Mas de uma forma pouco ou nada ortodoxa: foi revelada por Joana Amaral Dias na CMTV, onde é comentadora. Seguiram-se reacções de espanto, de crítica, de condenação e até de desvalorização do documento pelo facto de ser preliminar. Certo é que foi um dos acontecimentos que marcou a semana passada. E está novamente a marcar esta. Ontem ao final do dia, a Procuradoria-Geral da República dizia que, apesar de o documento estar em segredo de justiça, vai autorizar a sua divulgação ao Parlamento. A administração do banco público, liderada por Paulo Macedo, após consulta ao Banco de Portugal, fez saber que irá entregar o documento ao Parlamento depois de expurgada a informação susceptível de comprometer o sigilo bancário. E, no plano político, o CDS já disse vai pedir nova comissão de parlamentar de inquérito (CPI), o que deverá ser viabilizado, pelo menos, por PS e PSD. Aliás, mesmo antes deste novo desenvolvimento, já se abria possibilidade de nova CPI. Na edição do último sábado, oExpresso já adiantava a disponibilidade de PSD e CDS avançarem com nova CPI. Ontem, juntou-se o PS. Entretanto, a eurodeputada Ana Gomes enviou uma carta a quatro comissários europeus a dar conta da auditoria e a pedir que a Comissão Europeia interceda para que o Governo português obrigue os devedores a pagar os créditos. O relatório preliminar da EYE identificou €1200 milhões em perdas com créditos demasiado arriscados concedidos entre 2000 e 2015 pelo banco público. Só sete empréstimos implicaram prejuízos de quase metade deste valor, o que contribuiu para o brutal esforço financeiro do Estado com ajudas à banca desde a crise financeira. Já foram mais de €17 mil milhões e, como escrevia ontem oExpresso Diário, a fatura pode aumentar em mais €5,5 mil milhões. Operações ruinosas para as contas do banco público mas que, nem por isso, impediram que os gestores tivessem prémios de desempenho. O Correio da Manhã avança hoje, a partir de informações dos autos da Operação Marquês, que Armando Vara recebeu um bónus de 167426 euros em 2008, O tema continuará hoje na agenda com a audição de Mário Centeno, na partir das 10 horas, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa falar precisamente deste tema. A caixa de Pandora está aberta. Difícil agora vai ser fechá-la.
|
|
OUTRAS NOTÍCIAS Cá dentro O Fisco prepara-se para atualizar os coeficientes de localização dos imóveis para efeitos de IMI, escreve oJornal de Negócios. Estes coeficientes servem para determinação do valor patrimonial das casas e qualquer alteração implicará, ainda que não automaticamente, uma subida ou descida do imposto a pagar. O Diário de Notícias conta-nos como uma lei da União Europeia sobre a China acabou com 105 empregos em Moura. Está em causa do fim das taxas de importação de painéis solares. O Conselho Superior de Magistraturadecidiu, por maioria, abrir um processo disciplinar ao juiz Neto de Moura por causa do polémico acórdão de 2017 num caso de violência de doméstica em que citou a Bíblia e atenuou a pena do agressor por ter havido adultério. O fim do carro a gasóleo, anunciado pelo ministro do Ambiente, continua a animar a polémica. Ontem, o ACP juntou-se ao coro de críticas. Começou ontem a 19ª jornada da liga portuguesa de futebol. O Benficavenceu o Boavista por 5-1 na Luz e está neste momento a dois pontos do FC Portoque lidera a classificação. Os dragões enfrentam hoje Belenenses em casa às 21:15 enquanto o Sporting enfrenta o Vitória de Setúbal no Bonfim às 19:00. Portugal não é nenhuma ditadura, daquelas que prendem estudantes, mas vai ser noEstabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) que irá nascer uma residência universitária. E a zona vai também receber o Campus da Justiça A Aliança, de Pedro Santana Lopes, recorreu a um banco de imagem internacional de imagens de “gente bonita” para atrair jovens para o partido. Quem também quer atrair mais jovens é o Facebook que lançou o Facebook LOL. Ontem foi dia de mais uma Comissão Política, o podcast de política do Expresso, onde o tema é Marcelo Rebelo de Sousa e a sua relação com a Igreja Católicana semana em que se confirmou oficialmente que as Jornadas Mundiais da Juventude de 2022 irão ser em Lisboa. Já há quem aproveite o mote para lembrar que o aeroporto é fundamental. Gosta de Massive Attack? Vai ver algum dos concertos que a banda de Bristol tem agendados para Portugal? Então espreite aqui na Blitz o alinhamento do primeiro concerto desta digressão. Manchetes dos jornais: ”Marcelo veta Lei de Bases da Saúde se for aprovada só com a esquerda” (Público); “Mais de metade dos soldados deixa tropa antes do fim do contrato”(JN); “Vara com prémio de 167 mil euros por créditos ruinosos” (Correio da Manhã); “[Sobre pó branco e negro em Paio Pires:] Se é tão difícil tirar dos carros, o que fará aos nossos pulmões?”(i); “Fisco vai actualizar coeficientes de localização de IMI” (Jornal de Negócios); “Papo cheio”(Record); “Banquete de golos e talento de Félix: Servidos por um génio”(A Bola); “Tanque cheio”(Jogo) Lá fora O impasse sobre o Brexit continua. Theresa May quer renegociar o acordo para o levar novamente ao Parlamento britânico para ser votado antes da data limite de saída. Só que, do lado europeu, não parece haver vontade de mexer no acordo. Enfim, tudo na mesma e sem grande solução à vista. Se quiser estar em cima de todas as novidades, acompanhe o briefing diário doFinancial Times. Veja as imagens de (mais) um dia decisivo em terras de Sua Majestade na fotogaleria do Expresso. A Venezuela continua em elevada tensão. Falta quase tudo mas há dois presidentes, ambos com apoios internacionais, que tentam ganhar terreno no confronto. O procurador-geral (afeto a Maduro) pretende congelar contas de Juan Guaidó e impedi-lo de sair do país. Do outro lado, há soldados rebeldes a pedir armas a Donald Trump para fazer um golpe de Estado. Na última contagem sobre o acidente com a barragem em Brumadinho, ontem ao final do dia no Brasil (já madrugada em Lisboa), havia 84 mortos e 276 desaparecidos. A Folha de São Paulomantém toda a informação em tempo real dos últimos desenvolvimentos. Sob um exigente programa do FMI, Angolavai rever o Orçamento Geral do Estado para 2019 e a presidência quer confiscar ativoscriados com fundos públicos. Num assunto fora das questões económicas, foidespenalizada a homossexualidade no país. No México, há uma espécie de “triângulo das Bermudas” nas estações de Metro. Nos últimos quatro anos,desapareceram 153 pessoas. E o número de mortos provocados por um incêndio num oleoduto subiu para 117. O caso Huawei continua em crescendo. Os EUA acusaram a empresa e a sua administradora financeira, Meng Wanzhou, de roubar tecnologia americana. Entre outras coisas, a investigação americana acusa a empresa de dar incentivos financeiros aos funcionários para roubarem segredos, escrevia o Financial Times. Na Catalunha, foi aprovada uma lei que impõe um tempo de espera mínimo de 15 minutos na utilização de plataformas de transporte como a Uber ou a Cabify. No conjunto da economia espanhola, há neste momento cinco províncias que já recuperaram todo o emprego perdido com a crise financeira em 2008 e que praticamente não têm desemprego. A Grécia fez ontem a sua primeira emissão de dívida desde a saída datroika do país no verão passado. Pagou 3,6% por 2,5 mil milhões a cinco anos. A taxa não é maravilhosa, tendo em conta que, por exemplo, Portugal paga cerca de 0,5% atualmente por um prazo igual. Mas não deixa de ser uma vitória para Alexis Tsipras. O ‘radical’ que acabou a falar para os mercados, como o Expresso contava há cerca de um ano depois de um encontro com jornalistas na residência oficial do Primeiro-ministro grego. É uma peça do Wall Street Journal de segunda-feira mas vale a pena ler ou reler sobre a relação entre o fim do programa de compra de dívida da Reserva Federal dos EUA e a volatidade nos mercados financeiros. FRASES “As câmaras comunistas não querem ficar com o ónus de deitar abaixo barracas”,Víctor Reis, ex-presidente do Instituto da Habitação e Reabilitação “Depois de uma derrota em que perdemos da forma como perdemos, levar com insultos, cuspidelas e todo o tipo de mimos dos adeptos do Sporting, não era fácil ficar ali 5 ou 10 minutos no relvado à espera do Sporting receber a taça”, Sérgio Conceição, Treinador do FC Porto sobre saída da equipa do relvado no final da taça da Liga O QUE ANDO A LER Há mais de três décadas que a revista The Economist repete o exercício de antecipar o que vai ser o ano seguinte. Mais do que futurologia, porque é de jornalismo que se trata, é um exercício de tentar enquadrar o que os próximos 12 meses nos reservam a partir de uma análise informada sobre a realidade. “The World in 2019”, publicado no final de novembro, é mais um desses exercícios. Ao longo de 136 páginas, a redacção da The Economist explica-nos como, apesar de tudo o que já aconteceu, é em 2019 que se definirá qual o legado de Donald Trump para a história dos EUA. Ou como este pode ser um ano difícil para o presidente chinês – Xi Jinping – por ser um ano de efemérides de sinal contrário: a 4 de maio cumprem-se 100 anos do início do movimento de estudantes que levou à fundação do partido comunista em 1921 (a mesma celebração que há trinta anos deu origem aos protestos de Tienanmen) ou a 1 de outubro cumprem-se 70 anos da fundação da República Popular da China. É o “perigo do número 9”. Há também alertas na frente económica. A fase de crescimento do PIB dos EUA, a mais longa de sempre, pode estar a chegar ao fim. Por isso, escreve a revista, pode ser altura de apostar nas bolsas europeias e dos mercados emergentes num ano que se espera volátil nos preços do petróleo. E o Brexit, claro, o Brexit que é uma das grandes incógnitas. Principalmente para quem, como a revista, tem sede em Londres. 2019 será também o “ano do vegan”. Estes são apenas alguns dos exemplos do que se pode ler “The World in 2019” que conta ainda com artigos de opinião de personalidades como a diretora do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, a atriz Angelina Jolie, e um obituário à ideia de Europa. Este Expresso Curto fica por aqui. Não se esqueça de ir espreitando o Expresso Online e às 18 horas confira os principais temas do dia no Expresso Diário. Tenha uma excelente quarta-feira.
|
|
|