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As
migrações humanas[1] tiveram lugar em todos os tempos e numa variedade de circunstâncias. Têm sido, tribais, nacionais, internacionais, de classes ou individuais. As suas causas têm sido políticas, econômicas, religiosas, étnicas ou por mero amor à aventura. As suas causas e resultados, são fundamentais para o estudo da
etnologia, história política ou social, e para a economia política.
Nas suas origens naturais, podem referir-se as migrações do
Homo erectus, depois seguidas das do
Homo sapiens, saindo de
África, através da
Euroásia, sem dúvida, usando algumas das rotas disponíveis, pelas terras, para o norte dos
Himalaia, que se tornaram posteriormente a
Rota da Seda, e através do
Estreito de Bering.
Sob a forma de
conquista, a pressão das migrações humanas, afetou as grandes épocas da história (e.g. a queda do
Império Romanono
Ocidente); sob a forma de migração colonial, transformou todo o mundo (e.g. a pré-história e a história dos povoados da
Austrália e
Américas).
A migração forçada, tem sido um meio de controle social, dentro de regimes
autoritários, mesmo sob livres iniciativas, é o mais poderoso factor, no meio social de um pais (e.g. o crescimento da população urbana). Incluem-se neste caso as migrações pendulares referidas abaixo e também as grandes
imigrações, em que os migrantes se fixaram num país diferente, trazendo sua cultura e adotando a do país de acolhimento.
Os recentes estudos de migrações vieram complicar esta visão dualista. Como exemplo, refira-se que boa parte dos migrantes, que nos dias de hoje mudam de país, continuam a manter práticas e redes de relações sociais que se estendem entre o país de origem e o de destino, interligando-os na sua experiência migratória. Trata-se de um "
transnacionalismo" que transcende os conceitos de migração temporária e migração permanente.
A evolução migratória do
Homo sapiens, ocorreu na África Oriental entre 190.000 e 160.000 anos atrás, onde, tudo leva a crer, se desenvolveu a primeira anatomia humana moderna. É também provável que o
Homo sapiens, depois se espalhou para o leste do
Mediterrâneo em torno de 100.000 a 60.000 anos atrás,
[2] e pode ter chegado na
China 80.000 anos atrás,
[3] e daí para a Austrália e, posteriormente, chegou as Américas. Atualmente os seres humanos estão distribuídos em toda a
Terra, principalmente nos
continentes e
ilhas do
planeta.
A vinda de
imigrantes para o
Brasil delineia-se a partir da abertura dos portos às "nações amigas" (
1808) e da independência do país (
1822).
[4] É importante distinguir o legado dos imigrantes portugueses no Brasil daquele legado da colonização até 1822 que também trouxe benefícios para a formação sócio-econômica do Brasil. Foram momentos históricos diferentes. A trajetória de muitos imigrantes é um exemplo da importância tanto do empreendedorismo quanto da formação e educação profissional para o desenvolvimento de pessoas, empresas e países. Além disso, os imigrantes portugueses difundiram no Brasil e no mundo o idioma e a variada cultura portuguesa.
À margem dos deslocamentos populacionais voluntários, cabe lembrar que milhões de negros foram obrigados a cruzar o
oceano Atlântico, entre os
séculos XIV e
XIX, com destino ao Brasil, constituindo a
mão-de-obra escrava. Os
monarcas brasileiros trataram de atrair imigrantes para a
região sul do país, oferecendo-lhes lotes de terra para que se estabelecessem como pequenos
proprietáriosagrícolas. Vieram primeiro os
alemães e, a partir de
1870, os
italianos, duas
etnias que se tornaram majoritárias nos estados de
Paraná,
Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. Entretanto, a grande leva imigratória começou em meados de
1880, com características bem diversas das acima apontadas.
A principal região de atração passou a ser o estado de
São Paulo e os objetivos básicos da política imigratória mudaram. Já não se cogitava de atrair famílias que se convertessem em pequenos proprietários, mas de obter braços para a lavoura de
café, em plena expansão em São Paulo. A opção pela imigração em massa foi a forma de se substituir o trabalhador negro escravo, diante da crise do sistema escravista e da
abolição da escravatura (
1888). Ao mesmo tempo, essa opção se inseria no quadro de um enorme deslocamento trans-oceânico de populações que ocorreu em toda a
Europa, a partir de meados do século XIX, mantendo-se até o início da
Primeira Guerra Mundial. A vaga imigratória foi impulsionada, de um lado, pelas transformações sócio-econômicas que estavam ocorrendo em alguns países da Europa e, de outro, pela maior facilidade dos
transportes, devido a generalização da navegação a vapor e do barateamento das passagens. A partir das primeiras levas, a
imigração em cadeia, ou seja, a atração exercida por pessoas estabelecidas nas novas terras, chamando familiares ou amigos, desempenhou papel relevante.
Após os primeiros anos de dificuldades extremas, os imigrantes acabaram por se integrar à
sociedade brasileira. Em sua grande maioria, ascenderam socialmente, mudando a paisagem sócio-econômica e cultural do Centro-sul do Brasil. Na região Sul, vincularam-se à produção do
trigo, do
vinho, e às atividades industriais; em São Paulo, impulsionaram o desenvolvimento
industrial e o
comércio. Nessas regiões, transformaram também a paisagem cultural, valorizando a ética do trabalho, introduzindo novos padrões alimentares e modificações na
língua portuguesa, que ganhou palavras novas e um sotaque particular.
A partir da
década de
70, o fluxo de migração entre o Brasil e o resto do
mundo se inverteu, havendo, hoje em dia, uma predominância da
emigração (saída da população). A princípio foi a vez de agricultores do Sul do Brasil irem se instalar no
Paraguai e
Uruguai, como consequência da expansão da fronteira agrícola brasileira para o
Oeste da região Sul e para o
Mato Grosso do Sul, chamados "brasilguaios".
Na
década de 1980, a recessão econômica fez com que muitos brasileiros procurassem uma vida melhor em países estrangeiros. O principal destino foram os
Estados Unidos, seguidos pelo
Japão. No Brasil, os filhos e netos de japoneses que vão trabalhar temporariamente lá são chamados de "dekasseguis".
A migração é um fenómeno que afeta cada vez mais a
União Europeia e o
Parlamento Europeu é frequentemente chamado a pronunciar-se sobre diversas questões relacionadas com o assunto. Existem quatro a oito milhões de imigrantes ilegais na União Europeia, o que tem efeitos diversificados no mercado de trabalho, podendo distorcer os salários e a concorrência nos países de destino.
[5]
A crise no continente europeu aumentou a migração para o continente americano. Entre todos os países da América o Estados unidos é o país que mais recebe imigrantes desde o século XVI até a metade do século XX. Após esse período a maioria dos imigrantes passou a ser de origem latina, principalmente do
México.
Apesar de os Estados Unidos serem o principal destino dos migrantes latino-americanos, hoje em dia é possível notar uma grande mudança, pois muitos latinos estão migrando mais para outros países da própria America Latina.
Migrações pendulares são simples fluxos populacionais que não correspondem verdadeiramente a migrações, pois não são realizados com intuito de mudança definitiva, estando embutida na saída do indivíduo a ideia concreta do seu retorno ao local de origem, e por isso o uso do termo "movimento pendular de população". Diferencia-se do conceito de migração por não ter caráter permanente.
Alguns exemplos de migrações pendulares: deslocamento realizado pelo
bóia-fria; viagens de residentes em
cidade dormitório, que são realizadas por pessoas que moram em uma determinada cidade e trabalham em outra; o deslocamento de fins de semana e de férias, com objetivos de lazer e descanso (
viagem), que é o principal fator de congestionamentos nas estradas que partem das grandes metrópoles, em fins de semana e vésperas de feriados.
É o deslocamento da população em caráter temporário por fatores sazonais e econômicos. É basicamente migração de uma zona rural para outra, podendo ser dividida em periódica ou sazonal. A transumância periódica é realizada por um determinado período de tempo, o caso dos pastores que permanecem, durante o inverno, na planície e nos vales, com seus rebanhos e no verão, deslocam-se para as encostas montanhosas (característico de regiões da Europa, Ásia e África). Sazona: é uma
transumância onde o deslocamento é em função de épocas do ano (caso dos boias frias da Amazônia).
Migrações humanas em grande escala podem:
- Trata-se de migrações em massa na história e em tempos modernos.
- Völkerwanderung ("o andar do povo") fala de um modo mais específico sobre os movimentos do povo germânico durante a Era das Migrações na Europa, que separou a Antiguidade da Idade Média.
Referência