terça-feira, 11 de dezembro de 2018

MANUEL DE OLIVEIRA NASCEU EM 1908 - 11 DE DEZEMBRO DE 2018

Manoel de Oliveira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Manoel de Oliveira
GCSE • GCIH
Manoel de Oliveira em Paris (3 de Julho de 2008)
Nome completoManoel Cândido Pinto de Oliveira
Nascimento11 de dezembro de 1908
CedofeitaPorto,[1]
Reino de Portugal Reino de Portugal
Nacionalidadeportuguês
Morte2 de abril de 2015 (106 anos)[2]
Foz do DouroPorto
Portugal Portugal
OcupaçãoCineasta
Diretor
Roteirista
Ator
Empresário
Atividade1927 – 2015 (88 anos)
CônjugeMaria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais (1940 - 2015)
Festival de Veneza
Prémio de Honra - Leão de Ouro
1983, 2004
Outros prêmios
Globo de Ouro (1999, 2001, 2002)
IMDb(inglês)
Manoel Cândido Pinto de Oliveira GCSE • GCIH (PortoCedofeita11 de Dezembro de 1908 – PortoFoz2 de Abril de 2015) foi um cineastaportuguês.
Manoel de Oliveira , 2001

Biografia[editar | editar código-fonte]

Infância[editar | editar código-fonte]

Manoel de Oliveira (pronúncia em português europeu mɐnuˈɛɫ doliˈvɐjɾɐ) nasceu na freguesia de Cedofeita, na cidade do Porto, numa família burguesa do norte do país, com origens na pequena fidalguia rural. Filho de Francisco José de Oliveira (MosteiroVieira do Minho, 1865 — ?), e de sua mulher, Cândida Ferreira Pinto (Santo Ildefonso, Porto, 13 de Abril de 1875 — Porto, 2 de Julho de 1947); os seus pais casaram-se na freguesia de Lordelo do Ouro, na cidade do Porto. Tinha dois meios-irmãos, de uma relação do pai anterior ao casamento.[3]
Foi registado como Manoel, mas a revisão ortográfica da I República mudou-lhe a grafia do nome para Manuel. Voltou a assinar "Manoel" no final dos anos 70.[3]
O pai era industrial, proprietário de uma fábrica de passamanarias e malhas, situada na Rua 9 de Julho, à Arca d´Água, e um homem empreendedor: foi o primeiro fabricante de lâmpadas eléctricas em Portugal e, na década de 1930, investiu num empreendimento hidroeléctrico — sobre o qual, aliás, o filho Manoel viria a dedicar um pequeno filme.[4]

Juventude[editar | editar código-fonte]

Depois de frequentar o Colégio Universal, no Porto, Manoel de Oliveira, foi mandado para A Guarda, na Galiza, onde frequentou o colégio de jesuítas Nun'Álvares. Oliveira admitia ter sido sempre um mau estudante.
Foi atleta do Sport Club do Porto, um clube de elite, e, ademais, campeão nacional de salto à vara; piloto de automóveis e um apaixonado a vida boémia. Também aprendeu números de circo, com o irmão Casimiro, que exibia em festas de beneficência.[5]
No dizer de Jorge Leitão Ramos, crítico de cinema do Expresso, Oliveira terá sido, na sua juventude, «um menino rico do Porto, um "dandy" desocupado que se preocupava com as coisas do corpo e algumas do espírito».[6]

Carreira cinematográfica[editar | editar código-fonte]

Ainda jovem Oliveira começa a interessar-se pelo cinema, o que o leva a inscrever-se na escola de atores do cineasta italiano Rino Lupo, quando este se radicou no Porto.[7] Tinha então 20 anos.
Em finais dos anos 1920 vê Berlim: sinfonia de uma cidade, documentário vanguardista de Walther Ruttmann, que o influencia profundamente. Tem então a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro, o seu primeiro filme. Douro, Faina Fluvial (1931), estreado em Lisboa, suscita a admiração da crítica estrangeira e o desagrado da nacional. Seria o primeiro documentário de muitos que abordariam, de um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal, tal como Nazaré, Praia de Pescadores (1929) de Leitão de Barros (meio ficção meio documentário), Almadraba Atuneira (1961) de António Campos) ou Avieiros (1976) de Ricardo Costa.
Mantendo o gosto pela representação, participa como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo. Diria mais tarde não se identificar com aquele estilo de cinema popular. Em 1942 aventura-se na ficção com a adaptação ao cinema do conto Os Meninos Milionários, de João Rodrigues de Freitas e filma Aniki-Bobó (1942), retrato de infância no ambiente cru e pobre da Ribeira do Porto. O filme é um fracasso comercial mas, com o tempo, dará que falar. Oliveira decide, talvez por isso, abandonar outros projetos, envolvendo-se em negócios da família. Só voltará a filmar 14 anos depois, ao rodar O Pintor e a Cidade (1956), em que filma a cores. A fim de adquirir os conhecimentos necessários para tal experiência, faz uma curta formação nos estúdios da Agfa-Gevaert AG na Alemanha de Leste.
Nas tertúlias do Café DianaPóvoa de Varzim, começou a conviver com José RégioAgustina Bessa-LuísLuís Amaro de OliveiraJoão Marques e outros.
Em 1963 faz O Acto da Primavera (segunda docuficção portuguesa), filmando uma peça de teatro popular e iniciando nova fase do seu percurso. Com este filme, praticamente ao mesmo tempo que António Campos, envolve-se na prática da antropologia visual no cinema. Essa prática seria amplamente explorada por cineastas como João César Monteiro, na ficção, como António ReisRicardo Costa e Pedro Costa, no documentário. O Acto da Primavera e A Caça são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira. O segundo filme, uma curta-metragem de ficção, é interrompido para conseguir fazer bem o primeiro, incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação. Certo atrevimento vale-lhe a supressão de uma cena por parte da censura. Mais ainda: por causa de alguns diálogos inconvenientes fica dez dias nos calabouços da PIDE,[8] onde conhece Urbano Tavares Rodrigues.
A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira, até então interrompida por pausas e por projectos gorados, só a partir da O Passado e o Presente (1971) prosseguirá, sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até para lá do final do século. A teatralidade imanente de O Acto da Primavera, contaminando esta sua segunda longa-metragem de ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes, apoiado por reflexões teóricas de amigos e firmes convicções de conhecidos comentadores. A tetralogia dos amores frustrados seria por excelência o "campus" de toda essa longa experimentação. O palco seria o plateau, o espaço cénico onde o filme falado, em «indizíveis» tiradas, se tornaria a alma do espetáculo: o puro cinema submetido ao teatro, sua referência, sua origem, seu fundamento, tal como Oliveira o vê. Eram assim ditos os amores, ditos eram os seus motivos, e ditos ficaram os argumentos do invicto «Mestre» e de quem nisso viu toda a sua originalidade. Amores ditos e escritos, com muito palavreado, com muito peso: sem nenhuma emoção mas sempre com muito sentimento.
Em 1982 Manoel de Oliveira faz um documentário auto-biográfico de confissões e memórias. O cenário é a casa onde viveu desde 1940. O filme só será exibido depois da sua morte. Insiste em dizer que só faz filmes pelo gozo de os fazer, indiferente às críticas mais negativas. Levou entretanto uma vida retirada, longe das luzes da ribalta.
Os seus actores preferidos, com quem manteve uma colaboração regular, eram Luís Miguel CintraLeonor SilveiraDiogo DóriaIsabel RuthMiguel GuilhermeGlória de Matos e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trêpa. Não lhe eram de modo algum indiferentes actores estrangeiros como Catherine DeneuveJohn MalkovichMarcello MastroianniMichel PiccoliIrene PapasChiara MastroianniLima Duarte ou Marisa Paredes.
Em 2008 completou 100 anos de vida. Dotado de uma resistência e saúde física e mental notáveis, era frequentemente enaltecido, nas referências que lhe eram feitas, como «o mais velho realizador do mundo em actividade».
Deixou três projectos sem filmar: o longa-metragem A Igreja do Diabo que teria os actores Fernanda Montenegro e Lima Duarte no elenco, A Ronda da Noite, baseado em Agustina Bessa-Luís e um projeto sobre o papel das mulheres nas vindimas, que seria a sua próxima rodagem.

O teatro e o cinema[editar | editar código-fonte]

A obra de Manoel de Oliveira é marcada por duas tendências opostas presentes em toda a sua filmografia. Em todos os filmes que realizou antes de 1964, curtas e longas-metragens, incluindo Aniki-Bobó (1942) e A Caça (1964) predomina um estilo cinematográfico puro, sem diálogos ou monólogos palavrosos. O Acto da Primavera (1963) é o primeiro filme de Oliveira em que o teatro filmado se torna uma opção e um estilo. O Passado e o Presente (1972) será o segundo. Contradizendo-se na prática, é a propósito deste filme que ele se explica em teoria: enquanto arte cénica, o teatro é bem mais nobre e muitíssimo mais antigo que o cinema e é por isso que este se deve submeter à palavra.
A esta dualidade de Manoel de Oliveira não é estranha a sua educação religiosa. É católico por crença e convicção,[9][10] mas de ortodoxo nada tem. A dúvida quanto ao corpo da , quanto a certos princípios da sua igreja, assola-o com frequência e isso tem reflexos profundos na sua obra. Essa dúvida é reproduzida no frequente filosofar de muitas das personagens dos seus filmes, em particular nos filmes mais falados, com incarnação de figuras do Evangelho e do ideário cristão, com inúmeras referências bíblicas.
Por muitos anos o teatro filmado, salvo raras excepções, será na obra de Manoel de Oliveira opção dominante, que se extrema com O Sapato de Cetim (1985). Na passagem da década de oitenta para noventa essa tendência atenua-se. Monólogos e diálogos são cantados em Os Canibais (1988),[11] o teatro converte-se em ópera, a palavra deixa de ser crua para ser cantada. Pouco depois, o teatro surge em doses equilibradas com o cinema em A Divina Comédia (1991). Gradualmente e a partir de então o estilo cinematográfico volta a predominar na cinematografia de Oliveira com filmes mais leves e de menor duração. É de admitir a hipótese de tal se dever, por força das circunstâncias, à necessidade de fazer filmes num formato que não afaste o público, talvez também pela nostalgia dos primeiros filmes que fez.
O seu nome consta da lista de colaboradores da revista de cinema Movimento [12] (1933-1934) e também se encontra colaboração artística da sua autoria na Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal[13] (1939-1947).
Manoel de Oliveira faleceu na madrugada do dia 2 de Abril de 2015 às 11:30, vítima de paragem cardíaca. Considerado o realizador mais velho em actividade, foi o único que assistiu à passagem do mudo ao sonoro e do preto e branco à cor. Disse o seguinte numa entrevista ao jornal Diário de Noticias: "Para mim é pior o sofrimento do que a morte. Pois a morte, é o fim da macacada". Conseguiu concretizar o seu último desejo: "continuar a fazer filmes até à morte". Era tratado por muitas pessoas como "O Mestre".

Família[editar | editar código-fonte]

Manoel de Oliveira casou no Porto em 4 de Dezembro de 1940 com Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais (Porto1 de Setembro de 1918[14]). Dessa relação nasceram quatro filhos: Manuel Casimiro Brandão Carvalhais de Oliveira (nascido em 1941), José Manuel Brandão Carvalhais de Oliveira (PortoSanto Ildefonso4 de Junho de 1944), Isabel Maria Brandão Carvalhais de Oliveira (PortoSanto Ildefonso29 de Junho de 1947, Adelaide Maria Brandão Carvalhais de Oliveira (PortoSanto Ildefonso10 de Outubro de 1948), casada com Jorge Manuel de Sousa Trêpa (Santo Tirso19 de Março de 1943. Teve também vários netos e bisnetos. Um dos netos é o actor Ricardo Trêpa (filho de Adelaide).

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Longas-metragens[editar | editar código-fonte]

Curtas e médias metragens[editar | editar código-fonte]

Outros filmes[editar | editar código-fonte]

  • 1937 - Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo (documentário)
  • 1958 - O Coração (documentário, 1958)
  • 1964 - Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana (documentário)
  • 1987 - Mon Cas (1987)
  • 1987 - A Propósito da Bandeira Nacional (1987)
  • 2002 - Momento (2002)
  • 2005 - Do Visível ao Invisível (2005)
  • 2006 - O Improvável não é Impossível (2006)
  • 2011 - O Conquistador conquistado (2011), curta-metragem inspirado pela escolha de Guimarães como Capital Europeia da Cultura..

Filmes Preferidos[editar | editar código-fonte]

Outras atividades[editar | editar código-fonte]

Como actor
Como supervisor
  • 1966 - A Propósito da Inauguração de Uma Estátua - Porto 1100 Anos, de Artur Moura, Albino Baganha e António Lopes Fernandes.
  • 1970 - Sever do Vouga… Uma Experiência, de Paulo Rocha
  • 1997 - Viagem ao princípio do mundo
Como piloto de automóveis

Prémios e galardões[editar | editar código-fonte]

Ordens honoríficas[editar | editar código-fonte]

Outros[editar | editar código-fonte]

Curiosidade[editar | editar código-fonte]

Manoel de Oliveira era, à data da sua morte, o mais velho realizador do mundo em actividade e o mais velho de sempre com a mais longa carreira da história do cinema, com uns notáveis 88 anos ao seu serviço. É autor de trinta e duas longas-metragens.[20]

Referências

  1.  O assento de batismo (nº 147/1909, Cedofeita, Porto) refere 12 de Dezembro como data de nascimento, mas o próprio Oliveira afirma ter nascido a 11 de Dezembro
  2.  Manoel de Oliveira morre aos 106 anos
  3. ↑ Ir para:a b «100 factos sobre Manoel de Oliveira». Sábado. 2 de abril de 2015
  4.  Expresso
  5.  Expresso
  6.  Expresso
  7.  Manoel de Oliveira, cronologia de uma vida
  8.  «Manoel de Oliveira revê o filme que o levou à prisão»
  9.  Manoel de Oliveira diz que o catolicismo deu «grande expansão às artes» – notícia em Agência Ecclésia
  10.  Manoel de Oliveira sublinha as raízes cristãs portuguesas e europeias – notícia no Jornal de Notícias, 05/12/12
  11.  Os Canibais em CITI
  12.  Jorge Mangorrinha (25 de Fevereiro de 2014). «Ficha histórica: Movimento : cinema, arte, elegâncias (1933-1934)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 9 de Janeiro de 2015
  13.  Helena Roldão (2 de maio de 2014). «Ficha histórica: Mocidade Portuguesa Feminina : boletim mensal (1939-1947).» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de Maio de 2014
  14.  «Maria Isabel de Oliveira»IMDB
  15. ↑ Ir para:a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Manoel Cândido Pinto de Oliveira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de abril de 2015
  16.  A santificação – Igreja Católica premeia Manoel de Oliveira pelo seu “falar de Deus” – notícia de António Martujo, referida em Doc Log
  17.  «UTAD vai atribuir honoris causa a Manoel de Oliveira». Canal UP. 23 de Março de 2011. Consultado em 24 de Março de 2011
  18.  «Homenagem a Manoel de Oliveira e Luís Miguel Cintra». site Diário de Notícias. 10 de janeiro de 2013. Consultado em 11 de janeiro de 2013
  19.  «Manoel de Oliveira recebeu Legião de Honra francesa por "carreira fora do comum"»Ricardo Castelo/Agência LusaObservador. 9 de dezembro de 2014. Consultado em 21 de dezembro de 2014
  20.  Manoel de Oliveira - Movies - New York Times

Ver também[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
Wikiquote possui citações de ou sobre: Manoel de Oliveira

Bibliografia

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS DO HOMEM - 10 DE DEZEMBRO DE 2018

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Question book-4.svg
Este artigo ou secção cita fontes confiáveis e independentes, mas que não cobrem todo o conteúdo, o que compromete a verificabilidade (desde maio de 2011). Por favor, insira mais referências no texto. Material sem fontes poderá ser removido.
Encontre fontes: Google (notíciaslivros e acadêmico)
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Eleanor Roosevelt exibe cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1949).
Criado1948
Ratificado10 de dezembro de 1948 (69 anos)
LocalPalais de ChaillotParis
AutoresJohn Peters Humphrey (Canadá), Rene Cassin (França), P. C. Chang (China), Charles Malik (Líbano), Eleanor Roosevelt(Estados Unidos), entre outros
PropósitoDireitos humanos
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que delineia os direitos humanos básicos, foi adotada pela Organização das Nações Unidasem 10 de dezembro de 1948. Foi esboçada principalmente pelo canadenseJohn Peters Humphrey, contando, também, com a ajuda de várias pessoas de todo o mundo.[1]
Abalados pela recente barbárie da Segunda Guerra Mundial, e com o intuito de construir um mundo sob novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós-guerra, liderados por Estados Unidos e União Soviética, estabeleceram, na Conferência de Yalta, na Rússia, em 1945, as bases de uma futura paz mundial, definindo áreas de influência das potências e acertando a criação de uma organização multilateral que promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar guerras e promover a paz e a democracia, e fortalecer os Direitos Humanos.

Mini livro com o texto da DUDH, em francês.
Embora não seja um documento com obrigatoriedade legal, serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos da ONU de força legal: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Continua a ser amplamente citado por acadêmicosadvogados e cortes constitucionais. Especialistas em direito internacional discutem, com frequência, quais de seus artigos representam o direito internacional usual.
Segundo o Guinness Book of World Records, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento traduzido no maior número de línguas. Em setembro de 2018, o site oficial da Declaração Universal dos Direitos Humanos informou a existência de 508 traduções disponíveis.[2]

História

As ideias e valores dos direitos humanos podem ser traçadas através da história antiga e das crenças religiosas e culturais ao redor do mundo. O primeiro registro de uma declaração dos direitos humanos foi o cilindro de Ciro, escrito por Ciro, o grande, rei da Pérsia, por volta de 539 a.C.[1] Filósofos europeus da época do Iluminismo desenvolveram teorias da lei natural que influenciaram a adoção de documentos como a Declaração de Direitos de 1689 da Inglaterra, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 da França e a Carta de Direitos de 1791 dos Estados Unidos.

Cilindro de Ciro é considerado a primeira declaração dos direitos humanos registrada na história.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os aliados adotaram as Quatro Liberdades: liberdade da palavra e da livre expressão, liberdade de religião, liberdade por necessidades e liberdade de viver livre do medo. A Carta das Nações Unidas reafirmou a fé nos direitos humanos, na dignidade e nos valores humanos das pessoas e convocou a todos seus estados-membros a promover respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.[3]
Quando as atrocidades cometidas pela Alemanha nazista tornaram-se conhecidas depois da Segunda Guerra, o consenso entre a comunidade mundial era de que a Carta das Nações Unidas não tinha definido suficientemente os direitos a que se referia.[4][5] Uma declaração universal que especificasse os direitos individuais era necessária para dar efeito aos direitos humanos.[6]
O canadense John Peters Humphrey foi chamado pelo secretário-geral da Nações Unidas para trabalhar no projeto da declaração. Naquela época, Humphrey havia sido recém-indicado como diretor da divisão de direitos humanos dentro do secretariado das Nações Unidas.[7] A comissão dos direitos humanos, um braço das Nações Unidas, foi constituída para empreender o trabalho de preparar o que era inicialmente concebido como Carta de Direitos. Membros de vários países foram designados para representar a comunidade global: AustráliaBélgicaRepública Socialista Soviética da BielorrússiaChileChinaCubaEgitoFrançaÍndiaIrãLíbanoPanamáFilipinasReino UnidoEstados UnidosUnião das Repúblicas Socialistas SoviéticasUruguai e Iugoslávia.[8]Membros conhecidos incluíam Eleanor Roosevelt dos Estados Unidos (esposa de Franklin D. Roosevelt), Jacques Maritain e René Cassin da França, Charles Malik do Líbano e P. C. Chang da China, entre outros.[1] Humphrey forneceu o esboço inicial que tornou-se o texto de trabalho da comissão.
A Declaração Universal foi adotada pela Assembleia Geral no dia 10 de dezembro de 1948 com 48 votos a favor, nenhum contra e oito abstenções (a maior parte do bloco soviético, como BielorrússiaTchecoslováquiaPolôniaUcrâniaUnião Soviética e Iugoslávia, além da África do Sul e Arábia Saudita).

Efeitos

Em seu preâmbulo, governos se comprometem, juntamente com seus povos, a tomarem medidas contínuas para garantir o reconhecimento e efetivo cumprimento dos direitos humanos, anunciados na Declaração. Eleanor Roosevelt apoiou a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos como declaração, no lugar de tratado, porque acreditava que teria a mesma influência na comunidade internacional que teve a Declaração de Independência dos EUA para o povo americano. Mesmo não obrigando governos legalmente, a DUDH foi adotada ou influenciou muitas constituições nacionais desde 1948. Tem se prestado também como fundamento para um crescente número de tratados internacionais e leis nacionais, bem como para organizações internacionais, regionais, nacionais e locais na promoção e proteção dos direitos humanos.
Embora não formulada como tratado, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi expressamente elaborada para definir o significado das expressões "liberdades fundamentais" e "direitos humanos", constantes na Carta das Nações Unidas, obrigatória para todos estados membros. Por este motivo, a DUDH é documento constitutivo das Nações Unidas. Também, muitos advogados internacionais tomam a DUDH como parte da norma consuetudinária internacional, constituindo-se numa poderosa ferramenta de pressão diplomática e moral sobre governos que violam qualquer de seus artigos.[9] Por ser uma declaração, e não um tratado, a DUDH não possui efeito vinculante entre seus signatários e, portanto, carece de qualquer sanção caso estes países venham a descumprir, como frequentemente fazem, muito embora a Conferência Internacional de Direitos Humanos da ONU de 1968 anunciou que a DUDH “constitui obrigação para os membros da comunidade internacional” em relação a todas as pessoas.
Seus princípios estão detalhados em tratados internacionais tais como Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação RacialConvenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a MulherConvenção Internacional sobre os Direitos da Criança,[1] Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, entre muitos outros. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é amplamente citada por governantes, acadêmicos, advogados e cortes constitucionais, bem como por indivíduos que apelam a seus princípios para proteger seus direitos.

Ver também

Commons
Commons possui imagens e outras mídias sobre Declaração Universal dos Direitos Humanos
Wikisource
Wikisource contém fontes primárias relacionadas com Declaração Universal dos Direitos Humanos

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d Flávio Rodrigo Masson Carvalho. «Os direitos humanos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e o pensamento filosófico de Norberto Bobbio sobre os direitos do homem». Âmbito Jurídico. Consultado em 24 de setembro de 2012
  2.  Official UN Universal Declaration of Human Rights Home Page
  3.  United Nations Charter, preamble and article 56
  4.  Overview
  5.  UDHR50: Didn't Nazi tyranny end all hope for protecting human rights in the modern world?
  6.  UDHR - History of human rights
  7.  Johannes Morsink, The Universal Declaration of Human Rights, University of Pennsylvania Press, p 5
  8.  Morsink, p. 4
  9.  Flávio Rodrigo Masson Carvalho. «Os direitos humanos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e o pensamento filosófico de Norberto Bobbio sobre os direitos do homem». Âmbito Jurídico. Consultado em 24 de setembro de 2012

Bibliografia

Ligações externas

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue