quarta-feira, 29 de agosto de 2018

BERNARDO SANTARENO - Morreu em 1980 - 29 de Agosto de 2018

Bernardo Santareno

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António Martinho do Rosário
Pseudónimo(s)Bernardo Santareno
Nascimento19 de novembro de 1920
SantarémPortugal
Morte29 de agosto de 1980 (59 anos)
OeirasPortugal
Nacionalidadeportuguês
OcupaçãoMédico e dramaturgo
PrémiosPrémio Bordalo 1962 Teatro
Prémio Bordalo 1963 Teatro
Magnum opusO judeu: narrativa dramática em três actos
Bernardo Santarenopseudónimo literário de António Martinho do Rosário (Santarém19 de Novembro de 1920 — Oeiras29 de Agosto de 1980) é considerado o maior dramaturgo português do século XX.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bernardo Santareno nasceu em 19 de Novembro de 1920, em Santarém, no Ribatejo, filho de Maria Ventura Lavareda e de Joaquim Martinho do Rosário. Estudou no Liceu Nacional de Sá da Bandeira até 1939, em Santarém, após o que frequentou os cursos preparatórios para a Faculdade de Medicina, na Universidade de Lisboa. Em 1945 transferiu-se para a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em medicina em 1950. Viria a especializar-se em Psiquiatria.[1]
Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David MelgueiroSenhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas de pesca do bacalhau como médico. A sua experiência no mar serviria de inspiração a muitas das suas obras, como O LugreA Promessa e o volume de narrativas Nos Mares do Fim do Mundo.
Bernardo Santareno foi distinguido por duas vezes com o Prémios Bordalo. Primeiro, foi-lhe atribuído o Óscar da Imprensa 1962, na categoria Teatro, juntamente com os actores Laura Alves e Rogério Paulo e o Teatro Moderno de Lisboa, entregue pela Casa da Imprensa em 1963. No ano seguinte, ser-lhe-ia novamente atribuído na mesma categoria o Prémio Imprensa 1963, agora acompanhado dos actores Eunice Muñoz e Jacinto Ramos, do autor Luís de Sttau Monteiro e da Companhia do Teatro Moderno de Lisboa.[2]
Intelectual de esquerda, teve várias vezes problemas com o regime salazarista, tendo a sua peça A Promessa sido retirada de cena após a estreia por pressão da Igreja Católica.[1] Depois da revolução de 1974 milita activamente no partido MDP/CDE e no Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais.[1]
Bernardo Santareno faleceu em CarnaxideOeiras, em 1980, com 59 anos de idade, e está sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[1]
Em 1981, Bernardo Santareno foi feito Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 13 de Julho. [3]
Santareno deixou inédito um dos seus mais vigorosos dramas, O Punho, cuja acção se localiza no quadro revolucionário da Reforma Agrária, em terras alentejanas. A sua obra dramática completa está publicada em quatro volumes. Parte do espólio de Bernardo Santareno encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional de Portugal.

Obra[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

Médico de profissão, formado pela Universidade de Coimbra, revelou-se como autor de teatro apenas depois de publicar três livros de poesia (1954 - Morte na Raiz, 1955 - Romances do Mar, 1957 - Os Olhos da Víbora), onde se enunciam alguns temas e motivos dominantes da sua obra dramática.

Teatro[editar | editar código-fonte]

Reconhecido como o mais pujante dramaturgo português do século XX, a sua obra reparte-se por dois ciclos, menos distanciados um do outro do que a evolução estética e ideológica do autor terá feito supôr, já que as peças compreendidas em qualquer deles respondem à mesma questão essencial: a reivindicação feroz do direito à diferença e do respeito pela liberdade e a dignidade do homem face a todas as formas de opressão, a luta contra todo o tipo de discriminação, política, racial, económica, sexual ou outra.
Esta temática exprime-se, nas peças integrantes do primeiro ciclo (A PromessaO Bailarino e A Excomungada, publicadas conjuntamente em 1957; O Lugre e O Crime de Aldeia Velha, 1959; António Marinheiro ou o Édipo de Alfama, 1960; Os Anjos e o SangueO Duelo e O Pecado de João Agonia, 1961; Anunciação, 1962), através de um naturalismo poético apoiado numa linguagem extremamente plástica e coloquial e estruturado sobre uma acção de ritmo ofegante que atinge, nas cenas finais, um clima de trágico paroxismo.
A partir de 1966, com a "narrativa dramática" O Judeu, que retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva, queimado pelo Santo Ofício, o autor plasma as suas criações no molde do teatro épico de matriz brechteana, adaptando-o ao seu estilo próprio, e assume uma posição de crescente intervencionismo que irá retardar até à queda do regime fascista a representação dessa e das suas peças seguintes: O Inferno, baseada na história dos "amantes diabólicos de Chester" (1967), A Traição do Padre Martinho (1969) e Português, Escritor, 45 Anos de Idade (1974), drama carregado de notações autobiográficas e que seria o primeiro original português a estrear-se depois de restaurada a ordem democrática no país.
Em 1979, depois de uma curta incursão no teatro de revista, colaborando com César de OliveiraRogério Bracinha e Ary dos Santosna autoria do texto da peça de Sérgio de AzevedoP'ra Trás Mija a Burra (1975), publica quatro peças em um acto sob o título genérico Os Marginais e a Revolução (RestosA ConfissãoMonsanto e Vida Breve em Três Fotografias), em que combina elementos das duas fases da sua obra, inserindo a problemática sexual das primeiras peças no âmbito mais vasto de um convulsivo processo social que é a própria substância das segundas.
Santareno, ele próprio um "homossexual discreto"[4] aborda a temática da homossexualidade em muitas das suas peças, antevendo a importância que esta questão — e outras relacionadas com os direitos e as liberdades individuais face aos preconceitos morais e sociais da época, como o adultério, a virgindade, o papel da mulher no casamento, a moral religiosa, e outros — viriam a ter num futuro mais ou menos próximo.[5] A homossexualidade desempenha papel central no drama de algumas das suas obras, como em O pecado de João Agonia, em que o "pecado" é a orientação sexual de João,[6] ou em Vida Breve em Três Fotografias, em que prostituição masculina é o ponto focal.

Prosa[editar | editar código-fonte]

Publicou em 1959 um volume de narrativas, Nos Mares do Fim do Mundo, fruto da sua experiência como médico da frota bacalhoeira, experiência que dramaticamente transpôs em O Lugre.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Poesia
  • A Morte na Raiz (1954)
  • Romances do Mar (1955)
  • Os Olhos da Víbora (1957)
Teatro
  • A Promessa (1957)
  • Nos Mares do Fim do Mundo (1957)
  • O Bailarino e a Excomungada (1957)
  • O Lugre (1959)
  • O Crime da Aldeia Velha (1959)
  • António Marinheiro ou o Édipo de Alfama (1960)
  • Os Anjos e o Sangue (1961)
  • O Duelo (1961)
  • O Pecado de João Agonia (1961)
  • Anunciação (1962)
  • O Judeu (1966)
  • O Inferno (1967)
  • A Traição do Padre Martinho (1969)
  • Português, Escritor, 45 Anos de Idade (1974)
  • Os Marginais e a Revolução (“Restos”, “A Confissão”, “Monsanto”, “Vida Breve em Três Fotografias”) (1979)
  • O Punho (publicado postumamente em 1987)

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ANTÓNIO FONSECA

terça-feira, 28 de agosto de 2018

OBSERVADOR

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Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
STARTUPS 
Bastou uma visita a Lisboa para Nils e Mila decidirem lançar a Casafari no Lx Factory. Aos 41 e 39 anos, chegaram com duas empresas de sucesso na Alemanha e um fundo de investimento de 5 milhões.
MERCADO IMOBILIÁRIO 
Lisboa, Setúbal, Faro e Porto acolhem as 10 ruas mais caras para comprar casa em Portugal, de acordo com estudo realizado pela plataforma online de imobiliário Idealista.
RYANAIR 
A companhia aérea Ryanair arrisca-se a ter de pagar uma compensação de 33 milhões de euros aos 120 mil passageiros afetados pela greve de nove dias dos seus trabalhadores durante o mês de julho.
VENEZUELA 
Nicolás Maduro continua saga para reverter crise. Primeiro, anunciou venda de ouro nacional para estimular poupança. Depois pôs polícias armados a fazer inspeções em supermercados para baixar preços.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 
Há alguns meses, eram amigas. Agora, a namorada de uma denunciou a outra. Rose McGowan revelou que foi a sua namorada que divulgou as mensagens que incriminam Asia Argento.
CRISTIANO RONALDO 
O pontapé de bicicleta com que Cristiano Ronaldo marcou à Juventus nos quartos de final da época passada foi considerado o melhor golo do ano no site da UEFA.
DONALD TRUMP 
Usando o Twitter, Trump acusou a Google de "manipular" as pesquisas sobre ele próprio, de forma a aparecerem apenas os conteúdos dos media liberais que veiculam "fake news". O assunto é "sério", diz.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 
Críticas veladas a Trump e uma referência ao "privilégio" de, há 10 anos, ter perdido as eleições para Obama. Senador John McCain deixou carta póstuma a pedir aos norte-americanos que "não desistam".
CONCERTOS 
Depois de uma passagem por Vilar de Mouros, o músico britânico regressa a Portugal para dois concertos em Lisboa e no Porto para celebrar os 40 anos dos Bauhaus. Bilhetes são postos à venda na sexta.
CRIME 
Esta segunda-feira, um dos criminosos mais procurados na Holanda foi preso em Espanha. Em 1998, Jos Brech terá agredido sexualmente e assassinado Nicky, então com 11 anos.
Opinião

Helena Matos
Ninguém fala pelos contribuintes. Esses invisíveis que na sua mansidão tornam possível o populismo de quem promete o insustentável às suas clientelas eleitorais.

João Marques de Almeida
Como todas as outras experiências socialistas do século XX, o socialismo na Venezuela acabou numa ditadura, na pobreza, na miséria e com refugiados a fugirem para países capitalistas.

Alberto Gonçalves
A crónica pediu férias do dr. Costa, do prof. Marcelo, da dona Catarina do alojamento local, dos comunistas festivos, da oposição muda e, em suma, de um país que, contado ou visto, não se acredita.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Os fiéis e os não-crentes estão fartos de palavras de condenação da pedofilia pela hierarquia da Igreja e exigem, como é de justiça, que se passe das palavras aos actos.

Manuel Villaverde Cabral
Haverá um lobby de correligionários do governo que espera chegar ao topo da hierarquia salarial pública e continuar a receber o seu ordenado antes de o ver reduzido a uma pensão bem menor?
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"OS 100 ANOS DE ORLANDO SILVA O CANTOR DAS MULTIDÕES CANTANDO COM O REI ...

OBSERVADOR

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360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia...
Os escândalos sexuais estão a servir de combustível para uma guerra de poder dentro do Vaticano. Nos últimos dias, como explicaram vários especialistas ao Observador, o Papa tem enfrentado o seu “momento extraordinário”, com vários inimigos dentro de casa. Publicamente, Francisco mantém a calma: "Não corto cabeças. Nunca gostei de o fazer".

No El País, Juan Arias escreve que o Papa está "frente ao abismo" e corre o risco de acabar arrastado pela parte mais podre de uma Igreja que vive uma das suas grandes crises seculares. E no Corriere della Sera fala-se em "objectivos obscuros".

Ontem surgiu mais uma polémica, esta semântica. No voo de regresso da Irlanda, respondendo à pergunta de um jornalista, o Papa recomendou a psiquiatria quando a homossexualidade se “manifesta na infância”. Horas depois, quando o Vaticano divulgou o registo oficial das declarações de Francisco, a palavra "psiquiatria" tinha desaparecido. Um porta-voz oficial explicou que o Papa não pretendia de forma nenhuma sugerir que a homossexualidade é uma doença mental.


Mais informação importante

No parlamento, foi chumbado o requerimento do CDS para que se realizasse uma Comissão Permanente Extraordinária sobre a ferrovia. Os centristas só tiveram o apoio do PSD. Os comboios podem estar parados, mas a "geringonça" mantém-se nos carris.

Ainda sobre os problemas nos comboios: os dados da execução orçamental permitiram ontem saber que o Governo aumentou as cativações na ferrovia em 20 milhões. Estas cativações condicionam a despesa das empresas Infraestruturas de Portugal e CP, cujas restrições financeiras têm provocado os problemas que não saem dos jornais nas últimas semanas. Há sempre uma explicação para tudo.

No total, o Governo mantém cativos 1.344 milhões de euros do Orçamento. O valor global aumentou em 300 milhões devido à contabilização das cativações adicionais aprovadas com o Decreto-lei de Execução de Orçamental em maio.

Um último número: o défice caiu 1.100 milhões até julho, em comparação com os sete primeiros meses do ano passado. A receita com impostos cresceu; a despesa também subiu, mas menos.

E, no entanto, como diria Galileu, a direita move-se:
O PCP defendeu “limites” ao turismo em Lisboae apresentou uma proposta para que sejam fixados “limites críticos da intensidade turística no território da cidade”. Não deu detalhes sobre o que isso significa.

Durante semanas, a dúvida foi: onde está Luís Grilo? Agora, o mistério é outro: como é que o triatleta foi assassinado? Um tapete e um saco de plástico podem dar pistas decisivas à polícia, como contam a Carolina Branco e a Sara Antunes de Oliveira.

Este ano, já foram encerrados 56 lares de idosos ilegais. Gondomar e Vila Nova de Gaia lideram a lista, avança o JN.

John McCain deixou uma carta de despedida aos americanos, com críticas a Trump e elogios a Obama. O senador e antigo candidato presidencial escreveu: “Não desesperem perante as dificuldades dos dias de hoje, nada é inevitável”.

Num telefonema em alta voz com o Presidente mexicano, Trump anunciou o fim do NAFTA e um novo acordo comercial com o México. Para já, o Canadá fica de fora, para sentir a pressão.

A SAD do Benfica foi constituída arguida no caso e-toupeira. E quer o afastamento do procurador do processo, avançando com um “pedido de incidente de suspeição sobre o magistrado”.

Nas eleições do Sporting, houve um afastamento e um desmentido: José Mourinho perdeu ontem um jogo, perdeu a paciência e perdeu a cabeça. Depois do 0-3 frente ao Tottenham, abandonou a conferência de imprensa a exigir "Respect! Respect!" Mostrando os três dedos da mão direita, disse: “Sabe o que isto significa? 3-0. Mas também significa três Premierships, e eu ganhei mais campeonatos sozinho do que os outros 19 treinadores juntos, três para mim e dois para eles". Veja o vídeo aqui.


Os nossos Especiais
 
São 10 inovações disruptivas que já estão a mudar o mundo, na saúde, nas telecomunicações e nos transportes. Na nova edição de "Disruptive Innovations", o banco de investimento Citi espreita o que aí vem. O Edgar Caetano dá os detalhes.
 

A nossa Opinião

Eu escrevo sobre "A direita espanhola e a 'absoluta indiferença'": "A direita espanhola descobriu uma forma eficaz de responder às sucessivas causas fracturantes da esquerda. Decidiu ignorá-las com 'absoluta indiferença'. Talvez a fórmula resultasse com o dr. Louçã".

Laurinda Alves escreve "Ver ou não ver, eis a questão": "Conheço, como disse, várias pessoas que são ou ficaram cegas. Eles não vêm, mas conseguem correr e vencer. Nós vemos, mas passamos a vida a queixar-nos ou a querer desistir".

Paulo de Almeida Sande escreve "O Panteão não é para todos?": "Não, o Panteão não pode ser para todos. Primeiro porque não caberíamos lá (mas isso resolve-se). E porque se todos fossemos para o Panteão é como se ninguém fosse para o Panteão".


Notícias surpreendentes

Um asteróide com 160 metros de diâmetro vai passar amanhã ao lado da Terra. Mas não tem de ir a correr para debaixo da cama: não há perigo de colisão. De resto, há um muito maior a caminho.

Asia Argento foi despedida do “X Factor” de Itália depois da polémica sobre o alegado assédio sexual a um jovem de 17 anos. A voz do movimento #MeToo sai dos ecrãs em Outubro.

No mês em que comemora 50 anos de carreira, o cantor Julio Iglesias tem andado desaparecido dos holofotes. Já há várias teorias na imprensa espanhola: um livro de memórias, problemas de saúde ou apenas, mais prosaicamente, férias de Verão?

O primeiro computador da Apple vai a leilão por 260 mil euros. Só foram feitos 200 "Apple-1" por Steve Jobs e Steve Wozniak. Ou seja: é uma pechincha.

Já sabe que foi lançado o Observador Premium, o novo programa de assinaturas do Observador. Pode saber aquitudo sobre a forma de funcionamento das subscrições.
Até já!
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EXPRESSO

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João Silvestre
JOÃO SILVESTRE
EDITOR DE ECONOMIA
 
Não têm pão? Comprem ouro
28 de Agosto de 2018
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Bom dia,

Há poucos números sobre a crise da Venezuela que impressionam tanto como a estatística que diz que, em 2017, os venezuelanos perderam, em média, 11,2 quilos. Não é uma dieta, é um país a passar fome. Muita fome. Uma situação que se tem agravado drasticamente nos últimos meses e que tem motivado uma crise migratória que, dizem alguns, quase só é equiparável a países em guerra. Com uma diferença extraordinária para Portugal: vivem lá muitos milhares portugueses e luso-descendentes. O Financial Timesescrevia, na semana passada, que uma comparação com o êxodo de refugiados na Síria já não é rebuscada. O Chile, por exemplo, revelou que entraram no país – o quarto mais procurado pelos migrantes venezuelanos – 147.429 pessoas, quase tantas como as 177347 em todo o ano passado.

Ricardo Hausmann, economista venezuelano que está em Harvard nos EUA, explicava ontem no Financial Times porque não pode funcionar o plano de Maduro a que, na última semana, a revista The Economist chamava “árvore mágica do dinheiro”.Escreve Hausman que a Venezuela tem essencialmente dois problemas: falta de divisas (dólares nomeadamente) e inexistência de mecanismos económicos básicos. É isso que deixa as prateleiras vazias nas lojas, faz disparar os preços e deixa a moeda Venezuela fortemente penalizada a cada dia que passa.

Aparentemente alheado à gravidade dos problemas, Maduro deixa a receita aos venezuelanoscomprem barras de ouro. É uma espécie de Maria Antonieta em versão sul-americana. E vai avançando com medidas para tentar que o programa funcione. Ontem, emitiu uma ordem a obrigar os bancos a adotarem o petro – a criptomoeda que criou ligada às receitas petrolíferas – como unidade de conta.

O novo presidente da Colômbia anunciou que vai pedir a saída do país da União de Nações da América do Sul por considerar que a organização serviu “os propósitos de uma ditadura”.

Ontem, no Expresso DiárioHenrique Raposo criticava a esquerda portuguesa que sempre foi ao beija-mão ideológico de Chavez. O eurodeputado Paulo Rangel, no Público de hoje, considera “incompreensível que diante de uma crise desta natureza, o Estado português não tenha desenvolvido uma política sistemática de identificação das situações de necessidade e de construção de um programa de apoio”.

Discussões ideológicas e críticas políticas à parte, não parece haver grandes dúvidas sobre a gravidade da crise Venezuelana que, com elevada probabilidade, continuará a trazer más notícias nos próximos tempos. Porque as crises não se acabam por decreto e porque os estragos na economia venezuelana não se recuperam da noite para o dia.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS 

Cá dentro 

Passaram três dias mas o discurso de reentrée de António Costa em Caminha continua a animar o debate político. A começar na proposta de IRS reduzido para atrair portugueses que emigraram até 2015, avançada pelo Expresso no último sábado, que não está a entusiasmar os restantes partidos políticos. O PSD, no entanto, diz estar disponível para apoiar a proposta se for alargada a outros emigrantes e o PCP pede que quem ficou não seja prejudicado.

Ainda a propósito do discurso de reentrée do secretário-geral socialista aproveite para espreitar fact-checking que o Expresso Diário publicou ontem. São “quatro falsidades e alguns assim-assim” em 14 declarações de Costa analisadas onde entram temas orçamentais, mas também afirmações sobre rendimento das famílias e salários (linkpara assinantes).

O ministério das Finanças publicou ontem os dados da execução orçamental até julhoque revelou uma melhoria nas contas de 1100 milhões de euros. O grande empurrão veio da receita que cresceu mais de 5% em termos homólogos e que duplicou o ritmo de crescimento da despesa. E as cativações estão a abrandar, escreve hoje o Jornal de Negócios.

E, já que estamos a falar de contas públicas nada como dar um saltinho à peça que o Miguel Prado ontem publicou no Expresso Diário sobre o Leixões. À custa de dívidas ao Fisco e à Segurança Social – juntos representam cerca de 75% das dívidas –, o histórico clube está neste momento nas mãos do Estado. 

Público escreve hoje, em manchete, que as novas regras para as matrículas nas escolas acabaram com as fraudes das moradas falsas. É o que dizem pais e diretores das principais escolas de Lisboa e Porto. O DN (link para assinantes) avança que os casos de sarampo estão a renascer na Europa e que, segundo a diretora-geral de Saúde, Portugal é exceção.

morte do triatleta Luis Grilo é, neste momento, um dos casos de polícia seguidos com maior atenção pelos portugueses. O atleta foi assassinado e encontrado perto da casa da família em Avis, mas longe da sua casa a mais de 100 quilómetros. Ao Expresso Diário de ontem, o treinador estranhava o treino daquela segunda-feira.

Santana Lopes deu uma entrevista à SICsobre o seu novo partido e onde diz que veio para ganhar ao PS e a António Costa. O partido está em processo de recolha de assinaturas e deverá ser criado na primeira metade de Setembro. Ontem, o Público avisava que, por causa do método de Hondt que é usado para atribuição dos deputados a partir dos resultados eleitorais, é possível que a Aliança possa ajudar Costa a chegar à maioria absoluta.

turismo português continua a bater recordes e, segundo os últimos dados da Organização Mundial do Turismo, encaixou 15 mil milhões de euros em receitas no ano passado, pela primeira à frente da Grécia.

Dois acidentes graves ontem Portugal: na A1, na Mealhada, houve seis feridos ligeiros e três mortos; no Montijo um despiste vitimou um homem e o filho de 11 meses.

Em Mourão, um incêndio deixou três militares feridos com gravidade. E em Melidesum caso de morte cerebral em despiste de bicicletas.

Sobre a transferência do ano no mercado televisivo – estamos a falar de Cristina Ferreira, claro, que assinou pela SIC – o Diário de Notícias analisou o mercado para tentar perceber o que justifica as movimentações que têm acontecido e encontrou algumas respostas.

“Ainda temos medo do lobo Mou?”,perguntava ontem de manhã o Pedro Candeias, editor de Desporto do Expresso, no título da nova newsletter semanal que a Tribuna Expresso que vai publicar todas as segundas-feiras de manhã. O arranque de campeonato não está a correr bem a José Mourinho. Já no sábado, o Expresso escrevia que “Mourinho está triste e ninguém sabe porquê”. E ontem a noite não foi meiga para o treinador português. Perdeu 3-0 em casa com o Tottenham e abandonou a conferência de imprensa a pedir respeito. “Respect, respect”. (Quase que parecia uma homenagem a Aretha que nos deixou na semana passada.)

Notícias rápidas:

Mota Engil e Vinci pagam 233 milhões para tirar participação da Lusoponte aos chineses

- Há cinco novos partidos que podem concorrer às europeias

- SAD do Benfica arguida no e-toupeira 

corpo de homem entre 60 e 70 anosencontrado no Cais das Colunas em Lisboa

Manchetes dos jornais: ”Novas regras para matrículas acabaram com fraude nas moradas falsas” (Público); “Encerrados 56 lares ilegais só neste ano”(JN); “Viúva do triatleta: ‘Já não acreditava que estivesse vivo’” (Correio da Manhã); “Guerra de bastidores: A pouco mais de um mês do fim de mandato de Joana Marques Vidal, aumentam as pressões sobre S.Bento e Belém”(i); “Centeno está a libertar verbas mais depressa” (Jornal de Negócios); “Plantel dos encarnados com incentivos de milhões: €4 milhões de prémio”(Record); “Jonas observado em Espanha”(A Bola); “Benfica SAD é arguida”(Jogo)

Lá fora 

Surpresa das surpresas, EUA e México preparam-se para fazer um novo acordo de comércio em substituição da NAFTA. Quem gostou da notícia – e não só - foram os mercados e o índice Nasdaq tocou num novo máximo histórico ao passar pela primeira vez a barreira dos 8000 pontos.

Donald Trump
 decretou que a bandeira seja colocada a meia haste até ao funeral de John McCain onde não irá estar. O ex-senador republicano deixou uma mensagem onde, entre outras coisas, garante que “nada é inevitável” e que se considera “a pessoa com mais sorte na Terra”. 

O Papa Francisco tem estado sob forte pressãodepois da revelação de novos casos de abusos sexuais de menores na Igreja Católica e, pior, depois de o ex-núncio do Vaticano nos EUA garantir que o Papa foi avisado. Francisco envolveu-se depois em nova polémica, na viagem de regresso da visita à Irlanda, quando recomendou psiquiatria aos pais de filhos com sinais de homossexualidade nos filhos que consultassem um psiquiatra. O Vaticano que acabou por retirar a palavra psiquiatria na transcrição das declarações.

CEO da UBER deu uma entrevista ao Financial Times onde diz que privilegia o crescimento ao lucro de curto prazo. “Penso que o verdadeiro trade-off vai ser entre rentabilidade e crescimento, principalmente como empresa cotsada”, refere Dara Khosrowshahi. A Uber é umas mais esperadas entradas em bolsa e, quando acontecer, será com estrando.

FRASES 

“Cá em Portugal, quem está na oposição, tem um temor reverencial com o doutor António Costa”, Pedro Santana Lopes em entrevista à SIC

“Não desesperem perante os desafios que hoje temos e acreditem sempre na promessa do poder da América. Nada há de inevitável. Os americanos não desistiem. Nós nunca nos rendemos. Nós não nos escondemos da História: forjamo-la.”John McCain, Ex-senador do Arizona nos EUA na carta de despedida

O QUE ANDO A LER 

Fronteiras. Uma palavra, tanto para dizer. Fronteiras que unem e separam. E por vezes a diferença é tão ténue. Neste primeiro número da Granta de língua portuguesa, onde escritores portugueses se cruzam com brasileiros ou africanos dos PALOP, a fronteira pode ser o que separa os rohingya da morte (quase) certa em condições sub-humanas, num retrato cru e bastante duro de Keane Shum. Shum que é, ele próprio, duma família de refugiados chineses que emigrou para a Indonésia no final dos anos 40 do século XX.

Fronteira é também o que separa uma filha de uma mãe no Rio de Janeiro, no relato da brasileira Adriana Lisboa. Ou a vida na fronteira entre homem e mulher, da Vissolela de José Eduardo Agualusa, que, como a própria diz: “Sou homem, sou mulher. Sou uma pessoa que gosta de homens, de cerveja, de leitão à Bairrada, de moda e de glamour. Sou uma pessoa que gosta de dançar, que gosta de carnaval. Sou uma pessoa que gosta de viajar. Sou uma pessoa que não gosta de fronteiras.”

Neste número da Granta pode também ler textos de Julian FuksTeresa Veiga e Valério Romão, entre outros.

Este Curto fica por aqui. Mas continue connosco no Expresso Online e às 18 horas confira os principais temas do dia no Expresso Diário. Tenha uma excelente terça-feira de agosto.







 

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