Em 1448, D. Afonso V assumiu o governo, anulando os editais aprovados durante a regência. Com o apoio do tio
homónimo D.
Afonso I, Duque de Bragança declarou D. Pedro inimigo do reino, derrotando-o na
batalha de Alfarrobeira. Concentrou-se então na expansão no norte de África, onde conquistou
Alcácer Ceguer,
Anafé,
Arzila,
Tânger e
Larache. Concedeu o monopólio do comércio na Guiné a
Fernão Gomes da Mina, com a condição de este explorar a costa, o que o levaria em 1471 à
Mina, onde descobriu um florescente comércio de ouro cujos lucros auxiliaram o rei na conquista.
Em 1475, na sequência de uma crise dinástica, D. Afonso V casou com a sobrinha D.
Joana de Trastâmara assumindo pretensões ao trono de Castela, que invadiu. Após não obter uma clara vitória na
Batalha de Toro, com sintomas de depressão, D. Afonso abdicou da coroa para o filho,
D. João II de Portugal, morrendo em 1481.
D. Afonso V de Portugal era filho do rei D.
Duarte I de Portugal e de sua mulher, a princesa
D. Leonor de Aragão. Nasceu a 15 de janeiro de 1432, em Sintra.
[1]D. Afonso V sucedeu a seu pai em 1438, com apenas seis anos.
[2] Durante a menoridade, Portugal foi regido pela sua mãe, D.
Leonor de Aragão, de acordo com o desejo expresso em testamento pelo rei Duarte de Portugal. No entanto, por ser mulher e estrangeira, D. Leonor de Aragão não era uma escolha popular e a oposição cresceu. O único aliado da rainha mãe era
D. Afonso, irmão ilegítimo de D. Duarte e Conde de Barcelos.
Em 1439, as
Cortes decidem retirar a regência a Leonor e entregá-la a D.
Pedro, Duque de Coimbra, o tio mais velho de D. Afonso. Como regente, D. Pedro procurou limitar o desenvolvimento de grandes casas aristocráticas e concentrar o poder na pessoa do rei. Por sua ordem, cerca de 1448, foram revistas e concluídas as chamadas
Ordenações Afonsinas (embora incluam leis de 1454), a primeira compilação oficial de leis do século XV, resultado de um pedido das Cortes a D. João I para a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça.
O país prosperou sob a sua alçada, mas o ambiente político não era o mais saudável uma vez que D. Pedro interferia com a ambição dos nobres. D. Afonso, Conde de Barcelos, inimigo pessoal de D. Pedro, apesar de serem meios-irmãos, tornou-se no tio favorito de D. Afonso V e começou a conspirar pelo poder. Em 1442, D. Afonso V nomeia este tio como primeiro
Duque de Bragança. Com este título e terras adjacentes, D.
Afonso I, Duque de Bragança torna-se no homem mais poderoso de Portugal e num dos mais ricos da Europa. Para assegurar a sua influência junto de D. Afonso V, D. Pedro organiza o casamento do jovem rei com a sua filha
D. Isabel.
A 9 de junho de 1448, D. Afonso V atinge a maioridade e assume o governo do Reino.
[2]A 15 de setembro do mesmo ano, desejoso de mostrar independência política, anula todos os editais aprovados durante a regência. A situação torna-se instável e, no ano seguinte, levado por informações que mais tarde viriam a provar-se falsas, D. Afonso declara o tio e sogro, D. Pedro, rebelde e inimigo do Reino. Juntamente com D. Afonso de Bragança, derrota o Duque de Coimbra na
batalha de Alfarrobeira, onde este é morto em combate. Depois desta batalha e da perda deste notável príncipe da
Ínclita geração, D. Afonso V passa a ser muito influenciado pelo Duque de Bragança.
O
mapa-múndi de
Fra Maurorealizado sob encomenda de D. Afonso V em 1457, reunia o conhecimento geográfico da época. Concluído a 24 de abril de 1459, foi enviado para Portugal com uma carta dirigida ao Infante D. Henrique, tio de Afonso V, encorajando a continuar o financiamento de viagens de exploração. Cópia de Andrea Bianco na
Biblioteca Marciana - Veneza.
Finda a instabilidade interna, a atenção de D. Afonso V concentrou-se na expansão no
Norte de África, iniciada por seu avô
D. João I em 1415 com a
conquista de Ceuta. Em 1453, dá-se a
queda de Constantinopla e o papa
Calisto III, em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grande exército. Mas, frustrada esta missão, D. Afonso V retoma a campanha no Norte de África. O exército real conquistou, nas campanhas que valeram a D. Afonso o cognome de o
Africano,
Alcácer Ceguer (1458),
Anafé (
1464) e
Arzila (1471); com a tomada desta praça caíram também nas mãos dos Portugueses as praças de
Tânger e
Larache. O rei subsidiou ainda as explorações do
oceano Atlântico, concedendo o comércio na Guiné a
Fernão Gomes da Mina, com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa de
São Jorge da Mina. Organizadas pelo seu tio, o
Infante D. Henrique, estas viagens não tiveram continuidade depois da morte deste em 1460. Do ponto de vista administrativo, D. Afonso foi um rei ausente, pouco preocupado com o desenvolvimento do comércio e a administração do Reino.
Com as campanhas africanas terminadas, D. Afonso V encontrou novas batalhas, desta vez políticas, na
Península Ibérica e na vizinha
Castela, onde um escândalo de consequências dinásticas acabava de começar. O rei
Henrique IV de Castela morreu em 1474, tendo como única herdeira D.
Joana. Mas a paternidade da princesa era contestada com base na suposta homossexualidade do rei e na relação da rainha, D.
Joana de Trastâmara, irmã de D. Afonso, com um nobre chamado
Beltrán de La Cueva. A nobreza e o clero estavam divididos, e uma parte apoiou a irmã de D. Henrique e tia de D. Joana, coroada como rainha
Isabel I. É neste ponto que D. Afonso V interfere, casando, em 1475, com a sobrinha e assumindo as suas pretensões ao trono. D. Afonso V declara-se rei de Castela e invade o país vizinho. A campanha resulta em fracasso, quando D. Afonso abandona o campo da
Batalha de Toro, com sintomas de depressão
[2] onde as tropas de Castela foram lideradas pelo rei
Fernando II de Aragão, recentemente casado com Isabel. D. Afonso procurou ainda o apoio de
Luís XI de França, mas ao ver-se traído regressa a Portugal em 1477.
No desenvolvimento da
Guerra da Beltraneja assinou com os
Reis Católicos o
Tratado das Alcáçovas-Toledo, inicialmente na vila portuguesa de
Alcáçovas, no
Alentejo, a
4 de setembro de
1479, colocando fim à
Guerra de Sucessão de Castela (1479-1480) e posteriormente ratificado na cidade
castelhana de
Toledo, a 6 de março de 1480. Além de formalizar o fim das hostilidades (pelo qual Joana e seu tio e marido Afonso V de Portugal, desistiam para sempre das suas pretensões ao trono de Castela), o Tratado continha cláusulas concernentes à política de projeção externa de ambos os países, num momento em que os dois reinos competiam pelo domínio do oceano Atlântico e das terras até então descobertas na costa africana: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a
ilha da Madeira, o
arquipélago dos Açores, o de
cabo Verde e a costa da
Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África.
Foram impressas uma série de notas de 20$00, 50$00, 100$00 e 500$00 de
São Tomé e Príncipe e uma nota de 1.000$00 de
Moçambique com a sua imagem.
Estilo de tratamento de Afonso V de Portugal |
Brasão de armas do Reino de Portugal (1385-1580)
|
Estilo | Sua Alteza Real |
Tratamento direto | Vossa Alteza Real |
Estilo alternativo | Senhor |
- 15 de janeiro de 1432 – 9 de setembro de 1438: "Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro de Portugal
- 9 de setembro de 1438 – 10 de Novembro de 1477: "Sua Alteza Real, o Rei"
- 10 de novembro de 1477 – 16 de novembro de 1477: "Sua Alteza, o príncipe D. Afonso"
- 16 de novembro de 1477 – 28 de agosto de 1481: "Sua Alteza Real, o Rei"
Aquando da sua coroação, o estilo oficial de Afonso enquanto Rei de Portugal era: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta". Após a conquista de
Alcácer-Ceguer, em 1458, passou a ser: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta e de Alcácer em África. Em 1471, com a conquista de
Arzila e
Tânger e elevação do senhorio do Norte de África à condição de Reino d'Além-Mar, a titulatura passou a: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África". Durante a pretensão de D. Afonso V à Coroa de Castela entre 1475 e 1479, pelo seu casamento com Joana, ele usou: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Jáen, de Múrcia, dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, de Gibraltar, de Algeciras, e Senhor da Biscaia e de Molina".
Enquanto monarca de Portugal, D. Afonso V foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
Recolha através da WIKIPÉDIA
por
ANTÓNIO FONSECA