terça-feira, 14 de agosto de 2018

ORDEM DE CRISTO FUNDADA HÁ 700 ANOS - 14 DE AGOSTO DE 2018

Ordem de Cristo

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Ordem de Cristo
OrderOfCristCross.svg
Santa Sé
Emblem of the Papacy SE.svg
Status:Extinta como ordem eclesiástica. Ativa como ordem honorífica
Chefe:Grão-Mestre Marcelo Rebelo de Sousa
Instituição:Portugal15 de março de 1319
Fundador:Papa João XXII
Lema:Ordo Militiae Jesu Christo
Classes:Grã-Cruz (GCC), Grande-Oficial (GOC), Comendador (ComC), Oficial (OC) e Cavaleiro (CvC) / Dama (DmC)
Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo originalmente era uma ordem religiosamilitar, criada a 14 de março de 1319 pela bula pontifícia Ad ea ex-quibus do Papa João XXII, que, deste modo, atendia aos pedidos do rei Dom Dinis. Recebeu o nome de Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo[1] e foi herdeira das propriedades e privilégios da Ordem do Templo.
Em Maio desse mesmo ano, numa cerimónia solene que contou com a participação do Arcebispo de Évora, do Alferes-Mor do Reino D. Afonso de Albuquerque e de outros membros da cúria régia, o rei Dom Dinis ratificou, em Santarém, a criação da nova Ordem.
Foi-lhe concedida como sede o castelo de Castro Marim; mas em 1357 já a sede tinha sido instalada em Tomar, anterior sede templária.[2]
Em 1789 a Ordem de Cristo foi secularizada, tornando-se uma ordem honorífica até sua extinção, em 1910, com a implantação da República Portuguesa. A ordem foi refundada em 1917 como a Ordem Militar de Cristo e é presidida pelo seu grão-mestre, o Presidente da República Portuguesa.

Antecedentes e criação[editar | editar código-fonte]

Planta do Templo de Salomão e algumas de suas linhas de construção que podem ter servido de inspiração para a arquitectura dos Templários
Nos séculos XII e XIII, a Ordem dos Templários ajudou os portugueses nas batalhascontra os muçulmanos, recebendo como recompensa extensos domínios e poder político. Os castelosigrejas e povoados prosperaram sob a sua protecção. Em 1314, o papa Clemente V de origem francesa e Felipe IV de França, tentaram destruir completamente esta rica e poderosa ordem (assassínios, absorção de bens, atrocidades, que levariam Fernando Pessoa a afirmar a luta contínua contra a Tirania, a Ignorância e o Fanatismo, segundo ele, os três assassinos de Jacques de Molay, Grão Mestre da Ordem), tendo D. Dinis logrado transferir para a Ordem de Cristo as propriedades e privilégios dos Templários.
A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII, sendo rei D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo. «Tratava-se de refundar a Ordem do Templo que anterior bula papal de Clemente V havia condenado à extinção».[2]
Diz a mesma obra[2]: «Em Portugal, os bens dos Templários ficaram «reservados» por iniciativa do rei, transitando para a coroa entre 1309 e 1310, enquanto decorria o «processo», não sem que o monarca rejeitasse o administrador nomeado por Clemente V - Estêvão de Lisboa. Esses mesmos bens passaram indemnes para a nova congregação em 26 de novembro de 1319, sendo que o papa concedera a excepção aos reis de Castela e Leão, Aragão e Portugal, que se coligaram para contrariar a execução da medida que ordenava a sua transferência para a Ordem do Hospital
A nova Ordem surgia, assim como uma reforma dos Templários. Tudo mudou, para ficar mais ou menos na mesma. O hábito era o mesmo, a insígnia também, com uma ligeira alteração, e os bens, transmitidos pelo monarca, correspondiam aos bens templários. «Foi-lhe dada a regra cisterciense», continua a mesma Enciclopédia, «e nomeado mestre D. Gil Martins, igualmente mestre da Ordem de Avis, que adoptara a regra cisterciense, com a determinação de que os novos monges elegessem seu próprio mestre, depois da morte daquele. O superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça
11 de junho de 1421, um capítulo reunido em Tomar adoptou como regra da Ordem de Cristo a da Ordem de Calatrava, o que resolvia quaisquer pendências de natureza espiritual e de obediência, mantendo-se na esfera da cavalaria.

As viagens marítimas[editar | editar código-fonte]

Mapa onde mostra Macau e a sua posição nas rotas comerciais portuguesas e espanholas, no seu período mais próspero (finais do séc. XVI e princípios do séc. XVII).
Cruz da Ordem de Cristo marcava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos.
A vila de Olinda e o porto do Recife no fim do século XVI.Do códice da Biblioteca da Ajuda: Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas que há na costa do Brasil.
O cargo de mestre passara após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real, que se passaram a nomear administradores e governadores por nomeação papal.
O primeiro foi o infante D. Henrique, «que a encaminhou para o que parecia ser sua «missão» inicial, a de conquista da Ásia, através das viagens marítimas, que a própria ordem financiou[3]
Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu Grão-Mestre, Infante D. Henrique, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos.
O resultado disso é que em 1454 e 1456, através de bulas do Papa Nicolau V e do Papa Calisto III respectivamente, é concedido ou dada obrigação à Ordem de Cristo de estabelecer o direito espiritual sobre todas as terras descobertas, como territórios nullius diocesis, sendo sua sede diocesana a Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar.

Reforma sob D. João III[editar | editar código-fonte]

A organização interna consagrada desde os tempos de D. Dinis (a de freires cavaleiros ou milites Christi) foi reformada sob D. João III em 1529, passando a Ordem à estrita clausura.
Mantiveram-se porém associadas à Ordem de Cristo «uma relação privilegiada com o mundo dos símbolos e ligações à produção poética dos chamados bucolistas, que reencenariam «uma relação que já se intuira existir entre os Templários e a poesia trovadoresca».

Reforma sob D. Maria I[editar | editar código-fonte]

Em 1789, a rainha D. Maria I, reformou de novo a ordem, mas esta continuou como ordem monástico-militar.

Controvérsia[editar | editar código-fonte]

Fala-se que desde D. Maria I, foi criado um Grupo Secreto da Ordem de Cristo com Militares.
Que até hoje ainda existem nas Forças Armadas Portuguesas, com sede da Capela da Nossa Senhora da Saúde e da Igreja da Memória[carece de fontes].

Extinção[editar | editar código-fonte]

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, também a Ordem de Cristo foi extinta. A maior parte dos seus bens foram expropriados e vendidos em praça pública.
D. Maria II constituiu-a em ordem honorífica.
Em 1910, com a implantação da República, foi extinta, sendo reformulada em 1918.
Esta ordem tem apenas cinco graus: cavaleiro ou dama, oficial, comendador, grande-oficial e grã-cruz.

Actualidade[editar | editar código-fonte]

Apesar de extinta pelo Decreto de 15 de Outubro de 1910, juntamente com as “antigas ordens nobiliárquicas”, a mesma foi restabelecida pelo Decreto de 1 de Dezembro de 1918, ficando então “destinada a premiar os serviços relevantes de nacionais ou estrangeiros prestados ao país ou à humanidade, tanto militares como civis”.
De acordo com a legislação portuguesa de 1962 e na de 1986, a Ordem Militar de Cristo continuou associada ao exercício de funções de soberania e, em especial, à diplomacia, à magistratura e à Administração Pública.
Na legislação de 2011, voltou-se à referência mais genérica ao “exercício das funções de soberania”.
Ao longo do século XX foram agraciados com a Ordem Militar de Cristo os titulares dos mais altos cargos da nação portuguesa.
Em Visitas de Estado é frequentemente concedida aos cônjuges dos Chefes de Estado e, ocasionalmente, aos próprios Chefes de Estado, como a Presidente Michelle Bachelet, agraciada pelo Presidente Cavaco Silva em 2009.[4]

Mestres da Ordem de Cristo[editar | editar código-fonte]

Mestres da Ordem de Cristo
(Nascimento–Morte)
RetratoEleitoTempo em funçõesNotas
Mestres com sede da ordem em Castro Marim (1319–1356)
1Gil Martins
(–1321)
OrderOfCristCross.svg(1319)(13 de novembro de 1321)Primeiro mestre da ordem
2João Lourenço
(–)
OrderOfCristCross.svg(1321)(1327)Segundo mestre da ordem
3Martim Gonçalves Leitão
(–)
OrderOfCristCross.svg(1327)(1335)
4Estêvão Gonçalves Leitão
(–)
OrderOfCristCross.svg(1335)(1344)4º mestre da ordem
5Rodrigo Anes
(–)
OrderOfCristCross.svg(1344)(1356)5º mestre da ordem
Mestres com sede da ordem em Tomar (1356–????)
6Nuno Rodrigues Freire de Andrade
(–)
OrderOfCristCross.svg(1356)(1372)6º mestre da ordem
7Lopo Dias de Sousa
(1359–1417)
OrderOfCristCross.svg(1373)(1417)7º e último Mestre religioso, canónico, da Ordem de Cristo.
  1. D. Gil Martins (1319–?)
  2. D. João Lourenço (?–?)
  3. D. Martim Gonçalves Leitão (?–?)
  4. D. Estevão Gonçalves Leitão (?–?)
  5. D. Rodrigo Anes (?–?)
  6. D. Nuno Rodrigues Freire de Andrade (?–1373)
  7. D. Lopo Dias de Sousa (13731417) (último Mestre religioso e canónico)
  8. D. Nuno Rodrigues (14171420)
  9. Infante D. Henrique (25 de Maio de 1420 – 13 de Novembro de 1460)
  10. Infante D. Fernando, Duque de Viseu (11 de Novembro de 1461 - 18 de Setembro de 1470)
  11. D. João, 3.º Duque de Viseu, 3.º Senhor da Covilhã, 2.º Duque de Beja e 2.º Senhor de Moura (14601472)
  12. D. Afonso V (1472 – 28 de Agosto de 1481)
  13. D. Diogo, 4º Duque de Viseu, 3º Duque de Beja (1481 - 1484)
  14. D. Manuel I (1484 - 13 de Dezembro de 1521, 5º Duque de Viseu, 4º Duque de Beja e Rei de Portugal a partir de 1495)
Desde 1420, com a nomeação do Infante D. Henrique como Governador da Ordem de Cristo, a administração desta não mais sairá das mãos de infantes da família real ou do próprio Rei. A partir de 1495, o mestrado da Ordem será sempre desempenhado pelo Rei e depois pelos Presidente da República.

Património sob tutela da Ordem[editar | editar código-fonte]

Bandeira da Região Autónoma da Madeira, que ostenta a Cruz da Ordem de Cristo, em lembrança dos seus descobridores, membros da dita Ordem.
Bandeira do Leal Senado.

Características da cruz da Ordem de Cristo[editar | editar código-fonte]

Desenho esquemático do octógono originando o logotipo da Ordem de Cristo. É possível observar que a serifa da haste da cruz forma um ângulo de 45° com a base. As linhas que compõem o formato do desenho do logotipo da Ordem de Cristo podem ser obtidas a partir da ligação com retas dos vértices no interior do polígono octógono, associado a linhas paralelas aos lados.
As serifas das extremidades das hastes da cruz da Ordem de Cristoformavam ângulo de 45 graus com a sua base, não importando o comprimento das hastes.
Este símbolo encontra-se também presente em inúmeras bandeiras de municípios brasileiros e concelhos e freguesias portuguesas.

Utilização[editar | editar código-fonte]

Província Cisplatina
  • Existem inúmeros municípios brasileiros que possuem a imagem da Cruz da Ordem de Cristo na sua Bandeira ou em seu Brasão. Algumas vezes a imagem é estilizada e modificada, não correspondendo ao formato original da Cruz da Ordem de Cristo. Exemplos:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Recolha através da WIKIPÉDIA

 por 

ANTÓNIO FONSECA

FOI HÁ 633 ANOS - BATALHA DE ALJUBARROTA - 14 DE AGOSTO DE 2018

Batalha de Aljubarrota

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Batalha de Aljubarrota
Crise de 1383-1385
Batalha de Aljubarrota 02.jpg
Data14 de agosto de 1385
LocalCampo de São JorgeCalvaria de Cima, perto de AljubarrotaPortugal
DesfechoVitória decisiva de Portugal
Beligerantes
PortugueseFlag1385.svg Reino de Portugal
Apoio:
Royal Arms of England (1399-1603).svg Reino da Inglaterra
Royal Banner of the Crown of Castile (Early Style)-Variant.svg Castela
Armas de Aragon.png Coroa de Aragão
Comandantes
PortugueseFlag1385.svg João I de Portugal
PortugueseFlag1385.svg Nuno Álvares Pereira
Royal Banner of the Crown of Castile (Early Style)-Variant.svg João I de Castela
Royal Banner of the Crown of Castile (Early Style)-Variant.svg Pedro Álvares Pereira
Forças
Cerca de 6,500 homens: Cerca de 31,000 homens:
  • 15,000 peões;
  • 6,000 lanceiros;
  • 8,000 besteiros;
  • Mais de 2.000 cavaleiros pesados franceses;
  • 15 morteiros.
Baixas
500 a 6004,000 a 5,000; 5000, no rescaldo.
Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de agosto de 1385 entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano e seus aliados liderados por D. João I de Castela. A batalha deu-se no campo de São Jorge, na localidade de Picoto, pertencente à freguesia de Calvaria de Cima, concelho de Porto de Mós, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre o referido concelho e Alcobaça[1].
O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação de D. João I, anteriormente o Mestre de Avis, no início da rebelião, como rei de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis. A aliança Luso-Britânica saiu reforçada desta batalha e seria selada um ano depois, com a assinatura do Tratado de Windsor e o casamento do rei D. João I com D. Filipa de Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, D. João I mandou edificar o Mosteiro da Batalha. A paz com Castela só viria a estabelecer-se em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.
A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da história de Portugal. Inovou a tática militar, permitindo que homens de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até hoje. No aspecto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do Reino de Castela e Leão, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das épocas mais marcantes da história de Portugal, a era dos Descobrimentos.
Directamente associada à vitória dos portugueses nesta batalha, celebrizou-se a figura lendária da heroína Brites de Almeida, mais conhecida como "a Padeira de Aljubarrota", que com a sua pá terá morto sete castelhanos que encontrara escondidos no seu forno.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

No fim do século XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise e revolução. A Guerra dos Cem Anos devastava a França, epidemias de peste negra levavam vidas em todo o continente, a instabilidade política dominava e Portugal não era exceção.
Em 1383, El-rei D. Fernando morreu sem um filho varão que herdasse a coroa. A sua única filha legítima era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João I de Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. As pessoas alvoroçaram-se em Lisboa, o conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, D. João, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino.
O período de interregno que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia advir-lhe do casamento.
Perante a revolta da população portuguesa em vários pontos e cidades do Reino de Portugal, o Rei de Castela, decide em 1384 entrar em Portugal. Entre Fevereiro e Outubro deste ano monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar.
Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrenta, a 18 de Julho de 1384, à entrada de Lisboa, a frota castelhana, na batalha do Tejo. Os portugueses perdem três naus e sofrem vários prisioneiros e mortos; no entanto, a frota portuguesa consegue romper a frota castelhana, que era muito superior, e descarregar no porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta ajuda alimentar veio-se a revelar muito importante para a população que defendia Lisboa.
O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por não resultar, devido à determinação das forças portuguesas em resistir ao cerco, ao facto de Lisboa estar bem murada e defendida, à ajuda dos alimentos trazidos do Porto e devido à epidemia de peste negra que assolou as forças castelhanas acampadas no exterior das muralhas.
Em Junho de 1385, D. João I de Castela decide invadir novamente Portugal, desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa.

Disposição da hoste portuguesa[editar | editar código-fonte]

Nuno Alvares Pereira a rezar antes da batalha, em azulejos de Jorge Colaço no Centro Cultural Rodrigues de Faria.
Quando as notícias da invasão chegaram, é reunido o conselho militar em Abrantes para decidir o que fazer. O rei decide invadir Castela pela zona de Sevilha para atrair o exército invasor. O condestável opõe-se e defende dar batalha para travar o passo ao inimigo; não se entendem e D. Nuno parte com a sua hoste para Tomar. O rei pensando melhor manda informar D. Nuno que estava de acordo com ele e encontram-se os dois em Tomar. Com os aliados ingleses, o exército português intercetou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha. A opção recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota. Contudo o exército Português não se apresentou ao Castelhano nesse sítio, inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela.
Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de agosto, o exército tomou a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos eram esperados. A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com os 200 archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina.
Esquema ilustrando a Batalha de Aljubarrota.

A chegada dos castelhanos[editar | editar código-fonte]

A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do almoço, sob o sol escaldante de agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela tomou a esperada decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30 000 soldados que constituíam o seu efetivo, o exército castelhano começou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina tinha um desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra, pretendiam atacar.[1]
O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria, protegendo esta e os arqueiros. Este tipo de tática defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura.
Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o ataque.
É discutível se de facto houve a tão famosa tática do "quadrado" ou se simplesmente esta é uma visão imaginativa de Fernão Lopes de umas alas reforçadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a Batalha acabou por seguir para a história.

A batalha[editar | editar código-fonte]

Painel de azulejos pintado por Jorge Colaço (1922) representando um episódio da batalha de Aljubarrota. No Pavilhão Carlos LopesLisboaPortugal.
O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária.[1] Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distância necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses comandados por Sir Leon Baade)[2] fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, a cavalaria ficasse desorganizada e confusa. Ao final, as baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo.
Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana demorou a prestar auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses.
Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças, dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois setores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Antes de avançar, D. João I ordena a execução dos cavaleiros franceses aprisionados, como forma de evitar um possível contra-ataque pela retaguarda.
Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer. Ao pôr-do-sol, a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. João de Castela ordenou a retirada geral sem organizar a cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria Portuguesa lançou-se em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade.
O próprio D. João de Castela, debilitado e tendo estado presente na batalha numa liteira, foi transportado apressadamente a cavalo até Santarém, como forma de fuga aos portugueses que estavam em perseguição dos castelhanos. Nesse momento, e na tentativa de captura do rei de castela, um dos cavaleiros de D. Nuno Álvares Pereira é morto, tendo sido posteriormente sepultado em Alcobaça.
Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo.
Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias mãos alguns castelhanos em fuga. A história é por certo uma lenda da época. De qualquer forma, pouco depois D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas.

O dia seguinte[editar | editar código-fonte]

Voto de D. João I a Nossa Senhora da Oliveira na Batalha de Aljubarrota.
Na manhã de 15 de agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota contra as táticas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers. A batalha de Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não foi a última vez em que isso aconteceu. Importa referir que, como era costume na época, as forças portuguesas permaneceram 3 dias no local, a aguardar uma eventual investida dos castelhanos, melhorando sucessivamente as posições defensivas.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis.
Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha.
Assim como, passados sete anos da batalha, o condestável D. Nuno Álvares Pereiramandou construir a Ermida de São Jorge, em Calvaria de Cima, onde precisamente está o campo de militar de São Jorge e ele havia depositado o seu estandarte nesse dia.
Hoje nesse mesmo último local, há também um moderno centro de interpretação que explica o desenrolar dos acontecimentos, seus antecedentes e suas consequências.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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