segunda-feira, 6 de agosto de 2018

JORGE AMADO - Morreu em 2001 - 6 de Agosto de 2018

Jorge Amado

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Jorge Amado Gold Medal.svg Academia Brasileira de Letras
Caricatura ilustrando Jorge Amado
Nome completoJorge Leal Amado de Faria[1][2]
Nascimento10 de agosto de 1912
ItabunaBABrasil
Morte6 de agosto de 2001 (88 anos)
Salvador, BA, Brasil
Nacionalidadebrasileiro
CônjugeMatilde Garcia Rosa
Zélia Gattai
Filho(s)João Jorge Amado[3]
Paloma Jorge Amado[4]
Eulália Dalila Amado
Alma materUniversidade Federal do Rio de Janeiro
OcupaçãoEscritorjornalista e político
Influenciados
PrémiosVer página
Género literárioRomancecrônicafábulaconto
MovimentoliterárioModernismo
Magnum opusGabriela, Cravo e Canela
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Página oficial
JorgeAmado.com.br
Assinatura
Jorge Amado Signature.jpg
Passaporte de Jorge Amado
Jorge Leal Amado de Faria OMC • GOSE • GOIH• CBJM ou apenas Jorge Amado(Itabuna10 de agosto de 1912 — Salvador6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.[5][6] Integrou os quadros da intelectualidade comunista brasileira desde o final da primeira metade do século XX - ideologia presente em várias obras, como a retratação dos moradores do trapiche baiano em Capitães da Areia, de 1937. Em 1995, já descrente dos resultados práticos do comunismo, deixa o PCB (Partido Comunista Brasileiro), despejando fortes críticas à ideologia comunista.
Jorge é o autor mais adaptado do cinema, do teatro e da televisão. Verdadeiros sucessos como Dona Flor e Seus Dois MaridosTenda dos MilagresTieta do AgresteGabriela, Cravo e Canela e Tereza Batista Cansada de Guerra foram criações suas.[7]A obra literária de Jorge Amado – 49 livros, ao todo – também já foi tema de escolas de samba por todo o País. Seus livros foram traduzidos em 80 países, em 49 idiomas,[8] bem como em braille e em fitas gravadas para cegos.[5]
Jorge foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho. Mas em seu estilo - o romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994, a sua obra foi reconhecida com o Prémio Camões.[9]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Existem dúvidas sobre o exato local de nascimento de Jorge Amado. Alguns biógrafos indicam que o seu nascimento deu-se na fazenda Auricídia, à época pertencente ao município de Ilhéus. Mais tarde as terras da fazenda Auricídia passaram ao atual município de Itajuípe, com a emancipação do distrito ilheense de Pirangi. Entretanto, é certo que Jorge foi registrado no povoado de Ferradas, filho mais velho do Coronel João Amado de Faria e de Eulália Leal, pertencente a Itabuna.[7][10] Teve outros três irmãos: Jofre, Joelson e James.[10]
No ano seguinte ao de seu nascimento, uma praga de varíola obrigou a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus, onde viveu a maior parte da infância, que lhe serviu de inspiração para vários romances.[10]
Já adolescente, aos 14 anos, começou efetivamente a participar da vida literária, em Salvador. Foi um dos fundadores da "Academia dos Rebeldes", grupo de jovens que desempenhou um importante papel na renovação da literatura baiana. Os seus trabalhos eram publicados em revistas fundadas por eles mesmos.[10]
Bacharel em direito, 1935, mas nunca exerceu a profissão de advogado
Assinatura de Jorge Amado na promulgação da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1946, a primeira de cima para baixo.
Foi para o Rio de Janeiro, então a capital do País, para estudar na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).[7] Durante a década de 1930, a faculdade era um polo de discussões políticas e de arte, tendo ali travado seus primeiros contatos com o movimento comunista organizado.[5]Tornou-se um jornalista, e envolveu-se com a política ideológica comunista, como muitos de sua geração. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que lhe rendeu fortes pressões políticas. Como deputado, foi o autor da emenda que garantiu a liberdade religiosa devido a ter visto o sofrimento dos que seguiam cultos africanos bem como protestantes no Ceará serem saqueados por fanáticos com uma cruz à frente – buscou assinaturas até conseguir a aprovação da sua emenda, e desde então a liberdade religiosa tornou-se lei.[5] Também foi autor da emenda que garantia direitos autorais. Por outro lado, votou favoravelmente à emenda nº 3.165 do deputado carioca Miguel Couto Filho a qual buscava proibir a entrada no País de japoneses de quaisquer idade e procedência.[11]
A sua obra é uma das mais significativas da moderna ficção brasileira, sendo voltada essencialmente às raízes nacionais. São temas constantes nela os problemas e injustiças sociais, o folclore, a política, as crenças, as tradições e a sensualidade do povo brasileiro, contribuindo assim para a divulgação deste aspecto do mesmo.
Era primo do advogadoescritorjornalista e diplomata Gilberto Amado[12] e da atriz Véra Clouzot.[13]
Foi casado com a também escritora Zélia Gattai, a qual o sucedeu em 2002 na cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. Com ela, teve dois filhos: João Jorge (nascido em 25 de novembro de 1947) e Paloma Jorge (nascida em 19 de agosto de 1951).[14] Teve ainda outra filha, Eulália Dalila Amado (nascida em 1935, que morre precocemente quando tinha apenas 14 anos, em 1949), fruto de um casamento anterior com Matilde Garcia Rosa.[10][14]
Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941 a 1942), em Paris (1948 a 1950) e em Praga (1951 a 1952). Como um escritor profissional, viveu quase que exclusivamente dos direitos autorais de seus livros.
Durante o exílio na União Soviética, foi vigiado tanto pela CIA,[15] quanto pelos serviços de segurança soviéticos.
Em 1958 publicou Gabriela, Cravo e Canela, que representou um momento de mudança na produção literária do autor que até então abordava temas sociais.[16] Nesta segunda fase faz uma crônica de costumes, marcada por tipos populares, poderosos coronéis e mulheres sensuais.[16] Além de Gabriela, Cravo e Canela, os romances Dona Flor e seus dois maridos e Tereza Batista cansada de guerra são representativos desta fase.[16] Apesar do "turning-point" na obra, não deixou de ser publicado na URSS.[17]
Publicada pela primeira vez em 1966, a obra Dona Flor e seus dois maridos é considerada uma crônica de costumes da vida baiana. Regida sob a inspiração do realismo fantástico, a história mostra D. Flor como uma mulher que consegue realizar a fantasia de levar para a cama o marido falecido e o atual ao mesmo tempo. O primeiro, um malandro; o segundo, exatamente o seu contrário - só assim D. Flor sente-se realmente completa e feliz. O livro é pontuado de receitas culinárias, ritos de candomblé e exemplos de uma contradição que tão bem retrata o Brasil: o convívio do sério com o irresponsável, o prazer e o dever, a regra e o “jeitinho”. Sucesso editorial, D. Flor se tornou uma das mais populares personagens da literatura nacional.[18]
Na década de 1990, porém, viveu forte tensão e expectativa de um grande baque nas economias pessoais, com a falência do Banco Econômico, onde tinha suas economias. Não chegou porém a perder suas economias, já que o banco acabou sofrendo uma intervenção do Governo.[6]
Com a saúde debilitada havia alguns anos, veio a falecer em 6 de agosto de 2001 devido a uma parada cardiorrespiratória.[19] Em junho do mesmo ano, já havia sido internado por causa de uma crise de hiperglicemia.[19] O corpo de Jorge Amado foi cremado e suas cinzas enterradas em sua casa no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. As cinzas de Zélia também estão depositadas no mesmo local, quando faleceu em 2008.[20] Hoje funciona no local a Casa do Rio Vermelho, expondo lembranças da vida do casal de escritores.[21]
Uma das suas obras é o O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá que foi feita para o seu filho João Jorge, quando este completou um ano de idade. O texto andou perdido e só em 1978 conheceu a sua primeira edição, depois de ter sido recuperado pelo seu filho e levado a Carybé para ilustrar.

Crenças e estilo literário[editar | editar código-fonte]

Jorge Amado (esquerda) com Gabriel García Márquez (centro) e Adonias Filho (direita)
Mesmo dizendo-se materialista, Amado era um praticante da Umbanda e do Candomblé – religião esta última na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá, do qual muito se orgulhava. Amigos que Amado prezava no Candomblé eram as mães-de-santo Mãe AninhaMãe SenhoraMãe Menininha do GantoisMãe Stella de OxóssiOlga de AlaketuMãe Mirinha do PortãoMãe Cleusa MilletMãe Carmem e o pai-de-santo Luís da Muriçoca.
Como Érico VeríssimoRachel de QueirozJosé Américo de AlmeidaJosé Lins do Rego e Graciliano Ramos, Amado representava o modernismoregionalista (segunda geração do modernismo).[22]
Em sua atuação literária apresentou duas fases distintas: primeiramente de claro cunho social e político, que podem ser vistas em obras como O País do CarnavalCacauSuorJubiabáCapitães de areia e Os subterrâneos da liberdade, entre outras. Já em obras como Gabriela, cravo e canelaDona Flor e Seus Dois MaridosTenda dos milagresTereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste, pode-se ver um aspecto mais regionalista, segundo opinião do professor, crítico e historiador de literatura brasileira Alfredo Bosi:
Na última fase abandonam-se os esquemas da literatura ideológica que nortearam os romances de 30 e de 40; e tudo se dissolve no pitoresco, no 'saboroso', no 'gorduroso', no apimentado do regional.
[22]

Traduções das obras[editar | editar código-fonte]

Prêmios, títulos e homenagens[editar | editar código-fonte]

Fundação Casa de Jorge Amado (à direita, em azul) no Largo do Pelourinho em Salvador
O escritor recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. Recebeu também graus de Comendador e de Grande-Oficial, nas ordens da ArgentinaChileEspanhaFrançaPortugal e Venezuela, Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal a 8 de Março de 1980 e Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique a 14 de junho de 1986,[23] além de ter sido feito Doutor Honoris Causa por mais de dez universidades no Brasil, ItáliaIsraelFrança e Portugal. O título de Doutor pela francesa Sorbonne foi o último que recebeu em pessoa durante sua derradeira viagem a Paris em 1998, quando já estava doente.[7]
Foi membro correspondente da Academia de Ciências e Letras da República Democrática da Alemanha; da Academia das Ciências de Lisboa; da Academia Paulista de Letras; e membro especial da Academia de Letras da Bahia.[24]
Em 1961 foi lançado, o livro "Jorge Amado - 30 Anos de Literatura". [25]
Em 1967, a União Brasileira de Escritores (UBE) fez a proposta ao comitê do Prémio Nobel indicado Amado a concorrer ao Nobel de Literatura, porém o próprio recusou. No ano seguinte, torna a fazer a proposta.[26]
Em 2012, o Correio do Brasil lançou o Selo Jorge Amado 100 anos, em homenagem ao centenário de nascimento do escritor,[27] como também foi homenageado pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense com o enredo Jorge, Amado Jorge. [28]
Em 4 de dezembro de 2014 recebeu (post mortem) da Assembleia Legislativa da Bahia a Comenda de Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira[nota 1], em razão de sua trajetória em defesa dos interesses sociais, a mais alta honraria do Estado.[29]
Em 2017 foi homenageado pela ciência brasileira ao ter seu nome dado inspiração para batizar uma nova espécie de anfíbio descoberta no território brasileiro, a Phyllodytes amadoi[30].
Posse de Jorge Amado na Academia Brasileira de Letras, 1961. Arquivo Nacional.

Olivenkranz.png Academia Brasileira de Letras[editar | editar código-fonte]

Jorge Amado foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 6 de abril de 1961, ocupando a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar e que pertencia anteriormente a Otávio Mangabeira. De sua experiência acadêmica bem como para retratar os casos dos imortais da ABL, publicou Farda, fardão, camisola de dormir numa alusão clara ao formalismo da entidade e à senilidade de seus membros da época.[5]

Cartas[editar | editar código-fonte]

São mais do que 100 mil páginas em processo de catalogação as cartas trocadas com gente do mundo inteiro, guardadas em um acervo isolado de sua fundação. A doação foi entregue com uma ressalva, por escrito: "Jorge escreveu que somente cinquenta anos após sua morte esse material devia ser aberto ao público", segundo a poeta Myriam Fraga, que dirige a casa desde sua criação há vinte anos.
De relatos sobre livros e obras de arte a fatos do cotidiano, correspondeu-se com grandes escritores, poetas e intelectuais de seu tempo: Graciliano RamosÉrico VeríssimoMário de AndradeCarlos Drummond de AndradeMonteiro Lobato e Gilberto Freyre, entre tantos outros brasileiros; Pablo NerudaGabriel García Márquez e José Saramago, entre tantos outros estrangeiros. No campo da política, a correspondência se estabeleceu com nomes os mais variados como: Juscelino KubitschekFrançois Mitterrand e Antônio Carlos Magalhães.
As cartas mostram como o escritor recebia os mais imprevistos pedidos bem como apresentava pessoas umas às outras em época em que era intenso o diálogo via postal. A correspondência pessoal de Jorge Amado pode oferecer inestimável fonte de pesquisa.[5]
Alguns trechos retirados de reportagem exclusiva, por Josélia Aguiar, à Revista Entre Livros - Ano 2 - nº 16:
  • De Gláuber Rocha, sem data, sobre a nova película (A idade da terra, de 1980). "Comecei o dia chorando a morte de Clarice (Lispector)", inicia assim a carta para adiante falar sobre o novo filme: "Está sendo feito como você escreve um romance. Cada dia filmo de dois a sete planos, com som direto, improvisado a partir de certos temas. (…) Estou, enfim, tendo a sensação de 'escrever com a câmera e com o som', tentando um caminho que fundiu a cuca do Jece (Valadão, ator) (…)".
  • Mário de Andrade, logo após ler Mar morto, em 1936, elogia o que chama de "realidade honesta" e a "linda tradição de meter lirismo de poesia na prosa": "Acaba de se doutorar em romance o jovem Jorge Amado, grande promessa do mundo intelectual".
  • Monteiro Lobato, também sob forte impressão após ler Mar morto, 1936: "Li-o com a mesma emoção trágica que seus livros sempre me despertam", e conta que, ao visitar o cais do porto de Salvador, havia "previsto" que a obra seria escrita: "Qualquer dia o Jorge Amado presta atenção e pinta os dramas que devem existir aqui. Adivinhei.".
  • Pablo Neruda (em carta breve, com data de 16 de outubro e ano incerto, escrita a mão): "Será que no Brasil eu poderia fazer um ou dois recitais pagos?" (…) "Haverá algum empresário interessado em organizar com seriedade essa turnê?" (…).
Entre outros que faziam parte do círculo de amizades de Jorge Amado vale citar: Federico FelliniAlberto MoraviaYves MontandJorge SemprúnPablo PicassoOscar NiemeyerVinícius de MoraesJean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.[31]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Coleção de obras de Jorge Amado, decorada com o autógrafo e a efígie do autor, publicada em 1983 pela editora Record.
Algumas obras numa biblioteca pública.
Em 1995 iniciou-se o processo de revisão da obra do escritor por sua filha Paloma e os livros ganharam novo projeto gráfico. Atualmente, os direitos pertencem a editora Companhia das Letras, que está relançando todos os seus livros.[32][33]

Adaptações[editar | editar código-fonte]

Muitas de suas obras foram adaptadas para cinema, TV, teatro e rádio, bem como para histórias em quadrinhos.[10][24] Em 1961 estreou na TV Tupi a adaptação de Gabriela, Cravo e Canela, de Antônio Bulhões de Carvalho e dirigida por Maurício Sherman. Em 1975, outra adaptação do romance Gabriela, feita por Walter George Durst estreou na televisão pela Rede Globo. Em 1976 estreou no cinema Dona Flor e seus Dois Maridos com direção de Bruno Barreto. O filme foi um sucesso de bilheteria, assistido por mais de dez milhões de espectadores. Ainda virou minissérie e peça. Em 1982 e 1987 estrearam, respectivamente, no teatro Capitães de Areia e O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. A Rede Bandeirantes levou ao ar uma adaptação de Capitães de Areia a televisão em 1989. No mesmo ano, a Rede Globo estreou a telenovela Tieta, com direção de Reynaldo BouryRicardo WaddingtonLuiz Fernando Carvalho e Paulo Ubiratan. Em 1998, foi ao ar mais uma adaptação da obra Dona Flor e Seus Dois Maridos, desta vez em formato de minissérie. Em 2012, o remake de 1975 de Gabriela foi exibido pela Rede Globo.

Recolha através da WIKIPÉDIA  por 


ANTÓNIO FONSECA

PONTE 25 DE ABRIL (ex- Ponte SALAZAR) - 52 ANOS - 6 DE aGOSTO DE 2018 - ANTÓNIO FONSECA


Ponte 25 de Abril

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Ponte 25 de Abril
Ponte 25 de Abril vista de Alcântara (Lisboa). Ao fundo pode ver-se o Santuário Nacional de Cristo Rei.
Nome oficialPonte 25 de Abril
Arquitetura e construção
DesignPonte suspensa
Início da construção5 de Novembro de 1962
Término da construção1966
Data de abertura6 de Agosto de 1966
Dimensões e tráfego
Comprimento total2 277,64 m
Altura máxima70 m (vão)
Tráfego150.000 carros
157 comboios
Geografia
ViaA2 / IP7 e Linha do Sul
CruzaRio Tejo
LocalizaçãoLisboaPortugal
Coordenadas38° 41′ N 9° 10′ W
Ponte 25 de Abril é uma ponte suspensa rodoferroviária que liga a cidade de Lisboa à cidade de Almada, em Portugal. A ponte atravessa o estuário do rio Tejona parte final e mais estreita — o designado gargalo do Tejo.

História[editar | editar código-fonte]

A primeira ideia sobre a construção de uma ponte que ligasse a cidade de LisboaAlmada, situada na margem esquerda do Tejo, remonta ao ano de 1876. Naquela altura, o engenheiro Miguel Pais sugeriu que a sua construção fosse feita entre Lisboa e o Montijo.
Mais tarde, em 1888, um engenheiro norte-americano de nome Lye, propôs que a ponte fosse construída entre a zona do Chiado, no centro de Lisboa, e Almada.

A Ponte 25 de Abril com o Cristo Reie a Serra da Arrábida ao fundo.

Vista da ponte iluminada à noite.
No ano seguinte (1889), dois engenheiros franceses, Bartissol e Seyrig, sugeriram a ligação rodoviária e ferroviária a partir da zona da Rocha Conde de Óbidos, do lado de Lisboa, a Almada. Um ano depois (1890), surgiu uma nova proposta, feita por uma empresa alemã, que propunha a ligação entre a zona do Beato, do lado de Lisboa, e o Montijo. Esta última ideia teve bastante aceitação por parte da opinião pública à época.
Já no século XX, no ano de 1913, o governo português recebeu uma sugestão para a construção de uma ponte, retomando a ligação entre a zona da Rocha Conde de Óbidos e Almada. Esta proposta foi reatada, em 1921, pelo engenheiro espanhol Alfonso Peña Boeuf, chegando o seu projecto a ser discutido no Parlamento português.
Decorria o ano de 1929, quando o engenheiro português António Belo solicitou a concessão de uma via férrea a estabelecer sobre o rio Tejo, a partir da zona do Beato, em Lisboa, e o Montijo. Perante esta iniciativa, o então ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, acabou por nomear, no ano de 1933, uma Comissão com o fim de analisar a proposta em causa, tendo ele próprio, apresentado, em 1934, uma proposta ao Governo, de que fazia parte, para a construção de uma ponte rodo-ferroviária sobre o Tejo.
Contudo, todas estas propostas acabaram por ser preteridas em favor das obras da Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira, aberta em 1951.
Apenas no ano de 1953 é que o Governo português criou uma comissão com o objectivo de estudar e apresentar soluções sobre a questão do tráfego ferroviário e rodoviário entre Lisboa e a margem sul do Tejo.
Finalmente, em 1958, os governantes portugueses decidiram oficialmente a construção de uma ponte. A concessão foi liderada pelo Eng. José Estevão de Abranches Couceiro do Canto Moniz (então nomeado director do Gabinete da Ponte sobre o Tejo e depois ministro das Comunicações) que foi o responsável pela abertura de um concurso público internacional, para que fossem apresentadas propostas para a construção. Após a apresentação de quatro propostas, o que aconteceu em 1960, a obra foi adjudicada à empresa norte-americana United States Steel Export Company, que, já em 1935, tinha apresentado um projecto para a sua construção.
5 de Novembro de 1962 iniciaram-se os trabalhos de construção. Menos de quatro anos após o início destes, ou seja, passados 45 meses, a ponte sobre o Tejo foi inaugurada (seis meses antes do prazo previsto [carece de fontes]), cerimónia que decorreu no dia 6 de Agosto de 1966, do lado de Almada, na presença das mais altas individualidades portuguesas, entre as quais se destacou o Presidente da República, Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás, o Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, recebendo a denominação de Ponte Salazar.[1]
O seu custo rondou, preço à época da sua construção, o valor de dois milhões e duzentos mil contos, o que corresponde, sem ajustes à inflação, a perto de 11 milhões de euros

Imprensa[editar | editar código-fonte]

No dia da inauguração a imprensa estava lá para festejar, laudatoriamente, a maior obra pública do país. Várias centenas de páginas de jornais e revistas foram preenchidas tendo-se difundido o grande projeto além fronteiras. Jornais de renome como o Diário de NotíciasO SéculoDiário de LisboaDiário PopularComércio do Porto entre muitos outros, mostraram ao mundo o impacto da fundação através de imagens e testemunhos.[2] Ainda no mesmo ano nasceu o filme "A Ponte Salazar sobre o Rio Tejo em Portugal", filme oficial encomendado pelo regime, produzido pela Tobis Portuguesa sob a direção de imagem de Leitão de Barros.[3]

A Revolução[editar | editar código-fonte]


Aspecto da ligação ferroviária entre o Túnel do Pragal e a Ponte 25 de Abril, na Linha do Sul.
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estrondo da ponte 25 de abril
Logo a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974, o seu nome foi mudado para Ponte 25 de Abril.[4]
Ainda que projectada para suportar, em simultâneo, tráfego ferroviário e rodoviário, nesta fase só ficou preparada para a passagem de veículos rodoviários. Apenas em 1996, é que o Governo português procedeu à elaboração de um projecto para a instalação do tráfego ferroviário, através da montagem de um novo tabuleiro, alguns metros abaixo do tabuleiro do trânsito rodoviário, já em funcionamento. A 30 de Julho de 1999 foi inaugurada este novo tipo de travessia.
As consequências resultantes desta travessia não se fizeram esperar, desde a sua entrada em funcionamento, designadamente no que se refere à explosão urbanística que surgiu na margem esquerda do Rio Tejo, de Almada a Setúbal, estimulando, igualmente, o crescimento económico e turístico do sul de Portugal, destacando-se, neste caso, a região do Algarve.
Desde o início do seu funcionamento que a circulação rodoviária é intensa, do que resultam situações de congestionamento automóvel diárias. Esclarecedores são os números referentes ao início do ano de 2006: passam na Ponte 25 de Abril sete mil carros, nos dois sentidos, na "hora de ponta" e cento e cinquenta mil, em média, por dia, o que corresponde a mais de 300 mil utilizadores diários.
Também a circulação ferroviária é intensa, correspondendo esta à passagem de 157 comboios, diariamente, nos dois sentidos, transportando estes cerca de oitenta mil passageiros dia.
Só no ano de 2007 foram transportados 22 milhões de utentes pela via ferroviária.
A grandeza e a imponência da Ponte 25 de Abril está bem expressa no facto de, à data da sua inauguração, ser a quinta maior ponte suspensa do mundo e a maior fora dos Estados Unidos. Passados cinquenta anos, após a sua inauguração, ocupa, agora, o 20º[5] lugar, a nível mundial.
Anualmente, em meados de Março, a ponte é cortada ao trânsito por umas horas para a realização da Meia-Maratona de Lisboa.
Em 27 de setembro de 2017, abre na ponte um miradouro junto ao tabuleiro por onde circulam os carros na Ponte 25 de Abril, a 80 metros de altura, junto ao pilar 7 permitindo uma vista privilegiada de Lisboa até à outra margem. O projeto custou 5,3 milhões de euros, assegurados parcialmente pela taxa turística que é cobrada aos turistas que visitam Lisboa. A estrutura tem chão e paredes de vidro.[6]

Características técnicas[editar | editar código-fonte]

Outros dados relevantes sobre a Ponte 25 de Abril, à data da sua inauguração:
  • 1 012,80 metros de comprimento do vão principal
  • 2 277,64 metros de distância de amarração a amarração
  • 70 metros de altura do vão acima do nível da água
  • 190,47 metros de altura das torres principais acima do nível da água (o que a torna a segunda mais alta construção de Portugal[carece de fontes] e uma das pontes mais altas da Europa, com o viaduto de Millau em França)
  • 58,6 centímetros de diâmetro de cada cabo principal
  • 11 248 fios de aço com 4,87 milímetros de diâmetro, em cada cabo (o que totaliza 54,196 quilómetros de fio de aço)
  • 79,3 metros de profundidade, abaixo do nível de água, no pilar principal, Sul
  • 30 quilómetros de rodovias nos acessos Norte e Sul com 32 estruturas de betão armado e pré-esforçado
Na Ponte 25 de Abril pode ouvir-se constantemente este som (59s) que corresponde à deslocação dos carros no tabuleiro.

Ponte 25 de Abril vista do Cemitério dos Prazeres.

A Ponte vista de Santa Maria de Belém.

Panorama da Ponte vista do Palácio das Necessidades.

Perfil[editar | editar código-fonte]

TroçoPerfilExtensão
Lisboa - Almada
Spain traffic signal s11b.svg
2,27764 km

Histórico de Troços[editar | editar código-fonte]

TroçoSituaçãokm
Lisboa - AlmadaEm serviço (08/1966)
2,27764


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