segunda-feira, 23 de julho de 2018

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Pedro Candeias
PEDRO CANDEIAS
EDITOR
 
O fim do comunismo, a capitulares de Trump, a retenção de crianças e os bebés por encomenda
23 de Julho de 2018
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No primeiro dia de 1959, o ditador Fulgencio Batista fugiu de Cuba para a República Dominicana – mais tarde fugiria para o Funchal –, o guerrilheiro Fidel Castro tomou o poder e o mundo mudou outra vez, desta vez a partir de uma pequena ilha comunista a menos de 400 quilómetros de Miami.

Inevitavelmente, porque o território era limitado e geograficamente desirmanado da Mãe-Rússia, Cuba acabou isolada numa bolha ideológica e física, fechando-se dentro dela com os cubanos, com o regime e os seus ideais, virtudes e defeitos.

Um deles, talvez o maior de todos, a intolerância à diferença, e poucas coisas a representaram tão bem como as UMAP, as Unidades Militares de Ayuda a La Produción, suavização para campos de trabalho forçado de 60-horas-semanais-a-sete-pesos-por-mês.

Era para lá que se enviavam os homens que não queriam cumprir serviço militar (daí, Unidades Militares) por objeção de consciência, mas também os homens religiosos, como Testemunhas de Jeová, e os homossexuais, que eram identificados nas ruas de Havana pelas calças apertadas, óculos escuros e sandálias.

A viril Cuba não podia permitir.

Há relatos de tratamentos de choque e de hormonas e maus tratos avulso; e há um filme extraordinário que explica as UMAP e que é, também, o título de um livro: “Antes Que Anochezca”, de Julian Schnabel com Javier Bardem, que conta a vida do escritor Reinaldo Arenas, homossexual e contestatário de Fidel, que fugiu do país durante o Êxodo de Mariel. 

Ora, porquê esta introdução de cinco parágrafos com histórias do passado?
Porque, aparentemente, Cuba deixou de ser comunista - e o mundo vai mudar um bocadinho mais.

Contexto: a Assembleia Nacional prepara o anteprojeto para uma reforma constitucional histórica com 87 novos artigos e 117 modificações aos anteriores.
Conclusão: esta nova “Carta Magna” prevê, entre outras coisas, o direito à propriedade privada e a figura do primeiro-ministro, lançando as bases para uma uma espécie de liberalismo económico – tudo, claro, devidamente condicionado e supervisionado pelos desígnios do socialismo cubano. Porque “isto não quer dizer que renunciamos às nossas ideias”, atirou Esteban Laz, presidente da Assembleia Nacional.

Por outro lado, a Cuba renascida reconhecerá as relações homossexuais, já que a “Carta Magna” revista fala em “casamentos entre duas pessoas” e não entre “um homem e uma mulher”. E sobre isso falou Mariela Castro, filha de Raúl e sobrinha de Fidel, que é deputada e diretora do Centro Nacional para a Educação Sexual. “Com esta proposta de regulação constitucional, Cuba situa-se entre os países da vanguarda ao nível do reconhecimento e da garantia dos direitos humanos”.

Contexto: Mariela Castro é a imagem do modernismo possível dentro de um país anacrónico. Acontece que ela é, digamos assim, ligeiramente ambígua, como este texto do El País explica: um dia, questionada sobre o escritor Reinaldo Arenas, falou em sobrevalorização cinematográfica de um autor mentiroso e pedófilo.
Conclusão: é complicado

P.S. O povo cubano irá ser consultado sobre esta nova constituição entre 13 de agosto e 15 de novembro.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS
A notícia foi manchete do “Público” de domingo, mas as reações mantiveram-na a pular de noticiário em noticiário até esta segunda-feira: o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deteve vinte menores em 2017no CIT (Centro de Instalação Temporária) no aeroporto de Lisboa; a jornalista descreve uma “bebé de três anos” que está “detida há mês e meio”, o que representa uma clara “violação da convenção dos direitos da criança”. A primeira reação foi do SEF: as crianças não estão “detidas” e sim “retidas” - uma questão semântica - alertando para um aumento de “indocumentados e fortes indícios de tráfico de menores”. Depois, o PSD, por Duarte Marques, que disse que “Portugal tem uma tradição e prática política” de acolher bem. E em terceiro, o BE, por José Manuel Pureza, afirmou “o Estado português é estado parte na Convenção dos Direitos da Criança e portanto ou leva a sério essa circunstância ou, se não leva, a situação é grave”. Acho que todos concordamos com isto.

O que também é grave para a generalidade do planeta, mas na singular cabeça de Donald Trump nem por isso, são as constantes informações que o vão colando a um grande esquema de conluio com a Rússia de Putin durante a campanha para as presidenciais. No domingo, a Administração Trump revelou documentos e transcrições de gravações confidenciais da investigação do FBI a um dos antigos conselheiros de Trump, Carter Page, com o objetivo de mostrar que o processo está inquinado desde o início. “É cada vez mais claro que a campanha de Trump foi ilegalmente espiada para ganhos políticos da Crooked Hillary Clinton e dos democratas”, lançou The Donald no Twitter. O New York Times escreveque o presidente deixou convenientemente de fora dos 280 carateres as suspeitas do FBI sobre Page, pois nos documentos está especificado isto: “O bureau acredita que Page foi um dos alvos de recrutamento da Rússia e que estava a colaborar e conspirar com os russos”. Adiante, que as miudezas não lhe interessam, apenas as capitulares do Twitter com ameaças musculadas ao Irão para criar cortinas de fumo – é que, na quarta-feira, Paul Manafort, outro antigo conselheiro sinistro, irá a julgamento.
 
 
Farto de julgamentos públicos, Mesut Özil deixou a seleção da Alemanha. Num longo comunicado, o internacional acusou de racismo o presidente da federação alemã de futebol e também alguns media e figurões da sociedade germânica. “Chamaram-me porco turco e violador de cabras e mandaram-me para Anatólia. Quando a Alemanha ganha, sou alemão,quando perde, sou turco”, escreveu Özilno comunicado. As críticas ao talentoso médio ofensivo aceleraram quando tirou uma fotografia com o presidente Erdogan.

Por fim, o pacífico, evoluído e democrata Canadá de Trudeau volta a não ficar bem na foto: um tiroteio em Toronto resultou em duas mortes (uma delas, a do atirador) e 13 feridos, sendo que, no meio destes, há uma menor ainda em estado crítico. Há relatos de 25 tiros um país em que, escreve o Expresso, as mortes por violência armada na cidade canadiana aumentaram 53% até ao momento, em relação a igual período do ano passado. Ainda de acordo com informações da polícia, divulgadas na semana passada, o número de tiroteios subiu 13.

Manchetes dos jornais:
“Jornal de Notícias”: “Rendas em atraso nos bairros sociais somam 48 milhões”
“Correio da Manhã”: “Centeno trava carreiras na função pública”
“Público”: “Professores? ‘O OE é para todos os portugueses’”
“I”: “Festivais obrigam os agentes a trabalhar em dias de folga”
“Jornal de Negócios”: “Idade média da reforma no privado sobre para 64 anos”

FRASES
Nos anos 90 os árbitros eram compravam-se árbitros como se compram tremoços. Trios de arbitragem, não era só o árbitro” Manuel-decano-dos-decanos-José, em entrevista à Tribuna Expresso

Atenção, este não é um movimento de apoio à minha candidatura, mas sim para garantir que todos os sócios poderão concorrer livremente às eleições de 8 de setembro” Bruno de Carvalho, no sítio do costume, a propósito de uma recolha de assinaturas que decorre esta segunda-feira

Deputados nunca deviam ter feito acordo. Se Manuel Pinho não queria falar sobre isto, não ia. Tem algo a esconder” Marques Mendes, na SIC, sobre as não-respostas de Manuel Pinho, um clássico à portuguesa

Não há nada pior para a estabilidade política do que ter políticos que, de repente, se tornam impacientes” Manuel-zen- Centeno, em entrevista ao “Público”

“Ronaldo é um pouco narcisista e infantil” John Carlin, fã assumido e irredutível de Messi e do Barcelona, entrevistado pelo “DN”

O QUE ANDO A LER
É impossível ignorar as premissas: hoje, é mais provável morrer por comer em demasia do que por fome, há mais gente a morrer por suicídio do que em guerras ou crimes violentos. Em “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”, a sequela de “Homo Sapiens”, o autor Yuval Noah Harari traça-nos cinicamente um futuro dominado pela tecnologia e pelo Homem que quer assumir o papel de Deus que matou, transformando o meio em que vive, transformando-se a si na busca pela perfeição.

Harari diz-nos que teremos bébés feitos por encomenda, sem dispensar a consulta prévia num catálogo; que seremos dominados pela fixação criada em torno das métricas e da análise obsessiva dos dados, a que ele chama “dataísmo”; que criaremos uma classe social saudável e com uma esperança média de vida longuíssima, mas perigosamente inútil, porque as máquinas vão substituir o trabalho humano e a isso se chama redundância e exclusão.

O autor traça-nos um cenário apocalíptico de seres supersaudáveis e indistinguíveis uns dos outros que irão querer viver para sempre – e eu não sei muito bem o que achar disto tudo enquanto escrevo este Expresso Curto com um portátil ao colo, um olho nas métricas do Google Analytics, e como aveia integral com fruta dita biológica, por causa das coisas.
 
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As Incríveis Esculturas Em Miniatura de Ágnes Herczeg

A arte da escultura, uma das mais antigas e belas que há, é algo que estamos acostumados a ver em galerias, museus, praças ou grandes espaços de exposição que podem acomodar essas grandes obras. Mas você já viu estátuas que podem ser colocadas na palma da mão, sendo menores do que a largura de dois dedos? 
 
Acredito que você nunca viu algo assim, mas se você gosta e conhece as miniaturas da artista húngara Ágnes Herczeg, certamente não ficará surpreso. Herczeg cria uma arte incomum e única! Convidamos agora você a dar uma olhada em alguns dos trabalhos mais minimalistas, atraentes e incríveis dessa artista. Desfrute de uma exposição de escultura diferente de qualquer coisa já vista antes. Estas obras incríveis vão deixar você simplesmente maravilhado. 
 
Fonte: Agnes

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