|
|
MIGUEL CADETE
DIRETOR-ADJUNTO
|
|
|
O mundo mudou e a NATO, a UE e a ONU estão em risco
|
|
|
|
|
|
O Ocidente já não é o Ocidente e o centro do mundo, muito provavelmente, já não se encontra no Atlântico. Ontem, aqui neste cafezinho matinal, Pedro Santos Guerreiro falava da forma como Donald Trump destratou os alemães na NATO. Hoje podíamos falar da forma como o Presidente dos EUA foi a Londres irritar Theresa May. O Pacífico é o novo Atlântico?
A caminho de Helsínquia, onde se irá encontrar com Vladimir Putin um dia depois da final do Mundial 2018, Donald Trump fez a vida ainda mais negra à primeira-ministra britânica. Uma renovada relação bilateral dos Reino Unido, agora que encara o Brexit com bastante maior preocupação, não está porém nos planos de Trump, como confidenciaram em uníssono ao Expresso Bernardo Pires de Lima e Eduardo Paz Ferreira. “Há uns meses, Theresa May andava a tentar negociar um acordo comercial bilateral com os EUA como forma de compensação pela saída da UE, mas parece difícil que Trump esteja disponível para acordos de comércio livre”, disse o segundo.
Em entrevista ao “The Sun”, citada pelo “The Guardian”, Donald Trump arrasou o soft Brexit de Theresa May, colocando-se ao lado de Boris Johnson que há dias se demitiu do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. “Eu avisei-a mas ela não me ouviu. Quis ir por outro caminho”. O outro caminho, o soft Brexit de May, fez cair o projecto – fundamental para as pretensões do Reino Unido - de uma relação privilegiada com os EUA: “se fizeram um acordo desses, estaremos a negociar com a União Europeia, e isso muito provavelmente mataria esse acordo. Se firmarem esse acordo, então o acordo bilateral com os EUA para o comércio não acontecerá”.
Nessa mesma entrevista a um dos jornais diários mais sensacionalistas e contrários à ideia da União Europeia, Trump ainda infernizou mais a vida de Theresa May, quando acrescentou que Boris Johnson daria um excelente primeiro-ministro. O Reino Unido está debaixo de fogo mas a principal visada é a Europa. Para Trump, o projecto de soft Brexit não é nada senão uma traição a todos os que votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia.
A viagem do Presidente dos EUA por Inglaterra prossegue hoje com um chá no Castelo de Windsor com a Rainha Isabel II. Enquanto espalhava bombas, Melania encontrava-se com Philip, o marido de Theresa May, tal como faz parte do protocolo. Ainda hoje, Trump voa para a Escócia onde irá visitar os seus próprios campos de golfe em Aberdeenshire e Ayrshire. |
|
OUTRAS NOTÍCIAS
A chamada geringonça abana mas é pouco provável que venha a cair já. Ana Catarina Mendes, enquanto secretária-geral adjunta do PS, considera que o entendimento com o PCP e o BE se deve manter mesmo que o seu partido ganhe as eleições de 2019 com maioria absoluta. Em declarações no programa da SIC Notícias Quadratura do Círculo, disse ainda que os seus parceiros não estão desiludidos com o acordo.
Não é a opinião de Luís Marques Mendes que, enquanto comentador, não acredita que esta solução se repita. E acrescentou: “o primeiro-ministro tem tanta paixão pela geringonça como eu, que é nenhuma”.
O NOS Alive começou ontem com casa cheia, uma situação que se repete nos outros dois dias. A BLITZ está a acompanhar em permanência o festival do Passeio Marítimo de Algés. Leia tudo o que interessa sobre os concertos dos Arctic Monkeys (que não foram particularmente eficazes), Nine Inch Nails (que deram provas de vitalidade com uma versão de “I’m Afraid of Americans”) e Bryan Ferry (o eterno charme e, sim, “o amor é a droga”) além de muitos outros. Textos de Lia Pereira e fotos de Rita Carmo incluídas. Hoje o festival, que já tem todos os bilhetes vendidos, prossegue com Queens of the Stone Age e The National como nomes maiores do palco principal.
O “Correio da Manhã” continua a revelar mensagens SMS trocadas entre dirigentes do Sporting. Hoje mostra alguns exemplares que viajaram entre os telefones de Bruno de Carvalho e André Geraldes, o diretor que está envolvido no processo Cashball de compra de jogadores de outras equipas. E conclui que aquilo que veio a acontecer no balneário de Alcochete era do conhecimento dos dirigentes pois a claque Juve Leo terá sido utilizada para intimidar o plantel do clube de Alvalade, nessa e noutras ocasiões, devido aos maus resultados conseguidos. A Polícia Judiciária está na posse, garante o diário, das telecomunicações trocadas entre os dois dirigentes ao longo de dois anos.
William deverá ser apresentado hoje como jogador do Bétis, lê-se na primeira página dos diários desportivos. O contrato terá sido assinado já ontem e levam o passe do ex-jogador do Sporting para Espanha durante as próximas cinco temporadas. O “Record” fala em 17 milhões por 75% do passe mais dez milhões por opção de compra de 20% mais quatro milhões por objectivos. O que pode totalizar 31 milhões de euros.
Paula Amorim e Claude Berda sofrem revés na compra da Comporta. Uma alteração na forma como são apresentados os dossiês coloca em desvantagem o consórcio entre a líder do grupo Amorim e o investidor em imobiliário francês. O vencedor será conhecido a 27 de julho mas o mais recente desenvolvimento poderá desequilibrar a balança a favor do consórcio entre o empresário britânico Mark Holyoake e a Portugália. “A correção ora notificada deve-se à necessidade de precisar que a proposta de aquisição dos investidores Oakvest & Portugália não inclui no perímetro da transacção os créditos do Herdade da Comporta – Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado sobre a DCR&HDC Developments – Actividades Imobiliárias, Lda”, explica a Gesfimo, gestora do fundo imobiliário da Comporta.
Queixas dos vizinhos vão poder fechar alojamentos locais. Afinal os condóminos vão pronunciar-se sobre os alojamentos locais, segundo a manchete do “Público”. Caso o descanso esteja a ser posto em causa e se registem queixas de mais de metade dos vizinhos, este podem opor-se ao aluguer de curta-duração, segundo o novo projecto do PS que substitui o anterior mas volta a insistir nesta ideia. CDS e PSD defendem intervenção das câmaras nas freguesias com maior pressão.
Estado da Nação em avaliação. Tem início às 9h30, com um discurso do primeiro-ministro, a que se seguirão intervenções dos grupos parlamentares e o debate, uma discussão sobre o estado de Portugal. Esquerdas louvam a geringonça, direitas nem por isso. A SIC Notícias diz que para uns o copo está meio cheio mas para os outros encontra-se meio vazio. Sem a chama dos incêndios, não se vislumbram motivos para que se transforme o debate num estado danação. O Expresso, pela pena de Mariana Lima Cunha, elenca aqui os cinco temas quentes desta sexta-feira, 13.
FRASES
“Não é numa saída de Portugal da NATO que traço qualquer fronteira política. Mas traço-a entre os que acham que Portugal pode gastar em defesa muito mais do que gasta em segurança, vinte vezes mais do que gasta em cultura, metade do que gasta em educação ou um terço do que gasta em saúde”. Daniel Oliveira, no Expresso Diário
“Faz sentido gastar 17 milhões de euros num edifício quando a saúde está subfinanciada?”João Almeida Lopes, presidente da Apifarma, em entrevista ao jornal “i”
“Nós temos a liberdade (uma possibilidade) e a responsabilidade (um dever) de mudar ou modelar os nossos hábitos. Os vícios não são o destino do “feitio” de cada um”. Henrique Raposo, no Expresso Diário
O QUE ANDO A OUVIR
Há um erro muito comum entre os apreciadores de música pop que é o de confundir a idade dos protagonistas com a do seu público. Isso facilmente se desmonta participando como observador atento num dos festivais que por esta época preenchem a programação cultural das nossas cidades, vilas e aldeias. Outro erro não menos comum é considerar que é entre os de mais tenra idade que se encontram as propostas mais “progressistas” senão mesmo mais evoluídas. Digo isto a propósito do concerto de David Byrne, senhor de provecta idade que em maio chegou aos 66 anos.
O concerto que veio apresentar ao Cool Jazz, na quarta-feira, em Cascais, provou que a sua proposta se encontra a anos-luz da esmagadora maioria da concorrência, pelo arrojo da produção desnuda mas, sobretudo, pelo conteúdo da mesma. Comparado com aquilo que os imensamente mais jovens Arctic Monkeys apresentaram ontem no festival Alive penso que estamos conversados quanto ao viço e vigor de ambos.
A única comparação possível seria, aliás, com outro senhor já vetusto, Nick Cave, 60 anos no Cartão de Cidadão se é que ele o tem. Mas enquanto Nick Cave usa a plateia para encenar uma comunhão com os espectadores, David Byrne cinge-se ao palco para demonstrar que a sua música é puro teatro: desde o drama até ao musical. E que, afinal, a santíssima trindade do baixo-guitarra-bateria pode dar origem a soluções bastante menos conservadores do que aquelas apresentadas por bandas e artistas estão na moda mas que se ficam pelo tradicionalismo mais preguiçoso.
Daqui retiro só uma lição: a idade, na música popular, deixou de contar (mas ainda não é um posto). E o seu não menos importante corolário: julgar uma canção ou um artista pela sua popularidade é tanto infantil quanto desconsiderar Hitchcock por os seus filmes terem sido êxitos de bilheteira.
Por hoje é tudo. Siga o debate e toda a demais informação atualizada em permanência no Expresso Online. A BLITZ está no NOS Alive para contar tudo o que por lá se passa. Às 18 horas há Expresso Diário e amanhã estamos nas bancas. Tenha um bom dia! |
|
|