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10/07/2018
 
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A formiga na carreira
 
Os professores andam preocupados com os nove anos, quatro meses e dois dias de serviço congelados. Com as sucessivas greves às avaliações, fizeram a vida negra aos pais e alunos. Não ao Governo, que tem fortes razões para não ceder. Desde logo, a caixa de Pandora que a cedência provocaria noutras profissões ligadas ao Estado. O país não está preparado para receber mais despesa e, apesar de os professores legitimamente reivindicarem os anos em que as carreiras foram congeladas, há outras equações que deveriam obrigar os docentes a repensar a sua estratégia. Qual é? Não olhar para o umbigo. É evidente que é com esse propósito que existem os sindicatos. Não se estranha o corporativismo e até é salutar que exista em doses razoáveis. Mas foi também graças a este ministro que andamos, pais e alunos, nesta novela rocambolesca: prometeu o que não devia a troco de, momentaneamente, manter os docentes sossegados. Os professores, em particular, e os funcionários públicos, em geral, foram os mais prejudicados pelos anos de resgate desde que a troika aterrou em Portugal. E apesar da intervenção internacional ter já levantado voo, o país continua sem capacidade para aguentar um impacto financeiro anual de tal escala. Pior. Se o Governo ceder, teria de "compensar" também os médicos, enfermeiros, juízes, maquinistas, auxiliares etc., etc. Uma lista infindável que poria qualquer ministro das Finanças com os nervos em franja e que destruiria qualquer esforço de recuperação. Para toda a sociedade ter orgulho nos professores - que assumem cada vez mais responsabilidades e, muitas vezes, ostracizados pelas famílias dos alunos -, a reivindicação não pode ficar só pelo dinheiro. Se falamos de carreiras, lembremos também que deveria haver um sistema de avaliações, de meritocracia, de dar ao docente o prestígio que teve em tempos. E isso é culpa do Governo, que não propõe, e dos sindicatos, que não estão interessados em discutir o tema.
 
 
 
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EXPRESSO CURTO

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João Vieira Pereira
JOÃO VIEIRA PEREIRA
DIRETOR-ADJUNTO
 
É hoje, é hoje
10 de Julho de 2018
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Oito vidas ganhas, cinco à espera Esqueça tudo o resto. A história do ano, que está a prender o mundo a qualquer tipo de écran, decorre na gruta de Tam Luang. A terceira operação de resgate já começou. Eram 10 horas da manhã na Tailândia quando os primeiros 19 mergulhadores entraram nas águas geladas (mais se seguirão). A operação, que pode seguir aquifoi antecipada devido às chuvas fortes que se abateram sobre a região durante a noite. Se tudo correr bem é hoje que são retirados os restantes quatro rapazes e o seu treinador das profundezas do terra. Não há promessas nem tão pouco certezas, apenas a confiança de quem está a fazer tudo.

Se ainda não sabe como está a decorrer o resgate não perca estas infografias, a do Channel NewsAsia e a do The New York Times. Uma leitura claustrofóbica do que é preciso passar para sair daquele labirinto de água, rochas e lama. E aqui pode perceber porque é que este é mesmo um dos mergulhos mais difíceis do mundo.

O dia de ontem foi de boas notícias, com as águas a não subirem dentro da gruta, apesar da chuva intensa, o que permitiu um resgate mais rápido das quatro crianças que foram retiradas na segunda tentativa de resgate.

Exit do Brexit Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. A vida de Theresa May não está fácil. Precisa de um bom acordo com a Europa para que o Brexit seja o mais suave possível, mas isso significa forte oposição interna. E foi exatamente isso que recebeu nas últimas 48 horas. Duas demissões importantes, a de David Davis, conhecido como o ministro do Brexit, e de Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros, por discordarem daquilo que consideram cedências inaceitáveis nas negociações. Pode ler aqui o que levou às demissões.

Mas Theresa cai? Isso vai depender do seu partido. Primeiro são necessárias 48 cartas de deputados conservadores a pedirem o seu afastamento. Se se chegar a esse número (desconhecendo-se até isso acontecer quantas cartas foram já enviadas), então May terá de enfrentar um moção de censura que, se for aprovada por maioria simples entre os deputados conservadores, ditará a sua queda.

Depois desta crise, é claro que Jeremy Corbyn, líder trabalhista, exigiu de imediato a cabeça de May.

Jeremy Hunt, até agora secretário de Estado da Saúde e da Assistência Social, vai substituir Boris Johnson na pasta dos Negócios Estrangeiros.

Em reação a estas demissões, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, fez questão de dizer que os políticos vão e vêm, mas que os problemas que causaram às pessoas permanecem — “O desastre causado pelo Brexit é o maior problema na história das relações entre a UE e o Reino Unido e ainda está muito longe de estar solucionado, com ou sem o senhor Davis”, disse.

Lembram-se dele? Nigel Farage é a cara chapada de Caius Detritus, em todos os aspetos. A célebre personagem das aventuras de Astérix assenta perfeitamente ao ex-líder do UKIP, até fisicamente. Foi o grande defensor do Brexit, lançou o caos na Grã-Bretanha e saiu de mansinho. Agora ameaça voltar.
 
Future
 
  
O fascínio do Big Data
O trabalho de Lupi tenta conjugar dicotomias aparentemente opostas: a frieza dos dados com o calor de histórias pessoais, a análise matemática com a intuição ou a aparência acinzentada dos números com a paleta multicolor do desenho.
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OUTRAS NOTÍCIAS
A ira do Norte 
primeiro foi Rui Moreira a ameaçar deixar a Associação Nacional de Municípios (ANMP) a falar sozinha. Agora foi Vítor Rodriguespresidente da câmara de Gaia. Tudo por causa da descentralização de António Costa. Rodrigues, em carta enviada à ANMP, lamenta a “missão tarefista, mais do que descentralização efetiva” e diz que o atestado de “menorização” passado às autarquias “não serve ninguém, nem mesmo os municípios mais pequenos”.

Faça-se luz Depois de o PSD de Rui Rio ditar que mais uma reforma em Portugal tem os dias contados, a da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, a sua autora, responde com um simples: “Iluminem-nos! Desejo que nos iluminem a todos!”Está lançado o desafio.

Peixe nem vê-lo Até ao final do ano a Europa depende do pescado importado. O alerta é da New Economics Foundation que adianta que em Portugal esse dia já passou há muito (5 de maio), já que somos o principal consumidor europeu de peixe.

Lisboa bate Algarve Pela primeira vez desde 2007, Lisboa superou o Algarve em receitas da hotelaria. Lisboa conseguiu em 2017proveitos totais de €1.065 milhões, enquanto a hotelaria algarvia ficou nos €1.028 milhões.

A economia é como os interruptores Às vezes para cima, outras para baixo. Com uma diferença, no caso da economia é possível antecipar quando pode descer. E a OCDE diz que estamos numa altura de arrefecimento. O índice compósito que aquela organização calcula e que antecipa quando pode virar o ciclo económico, está a cair há oito meses consecutivos e atingiu o nível mais baixo desde setembro de 2013. Não se preocupem! O Ronaldo das Finanças vai marcar um livre quase nos descontos e resolver.

Ninguém pára Alcochete Há mais oito detidosna sequência das agressões em Alcochete. A PSP e a GNR anunciaram as novas detenções e avisam que pode haver mais. No total já há 35 detidos.

Alojamento local só em 2019 A legislação do alojamento local deverá ficar pronta esta quarta-feira. Mas o diploma só entrará em vigor no próximo ano.

Não ao Panteão O CDS quer as coisas no seu devido tempo e está contra a transladação do corpo de Mário Soares para o Panteão Nacional antes do tempo previsto, ou seja, em 2037. É a resposta à proposta de PS e PSD para que a lei fosse alterada de forma a reduzir o tempo de espera de duas décadas para dois anos. O partido está contra leis "feitas à medida".

O óleo de Lourenço 
O convite foi feito por Marcelo Rebelo de Sousa. O ‘sim’ foi dado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros angolano. João Lourenço, Presidente da República de Angola, visitará Portugal no próximo outono. Antes, António Costa ainda terá de ir a Angola mas a data para a visita do primeiro ministro ainda não foi marcada.

O voo da TAP A CNN apresentou os novos aviões da Airbus, os A330-900neo, e escolheu os aviões da TAP para o fazer.

O turco O todo poderoso Erdogan prometeugovernar com todos os seus poderes (renovados) para assegurar a herança de Ataturk. E para o provar decretou mais uma purga. No total já foram despedidos mais de 18 mil funcionários públicos, grande parte deles ligados às forças de segurança.

Milhões das Big 4 As quatro principais firmas de consultoria fiscal — Deloitte, KPMG, EY e PwC — receberam contratos no valor de dezenas de milhões de euros nos últimos cinco anos para assessorar a Comissão Europeia. O Financial Times conta que estes contratos estão a levantar dúvidas sobre conflitos de interesse, depois de estas empresas terem sido envolvidas em investigações como os Panama Papers.

Fechem a faixa O exército israelita anunciou o encerramento do único ponto de passagem de mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza, em reação aos papagaios de papel incendiários lançados daquela região.

Golpe de Macron Já vários grupos financeiros disseram sim ao plano de Macron para os levar para Paris. Agora foi a vez da BlackRock e do Citigroup decidirem a expansão para a capital francesa na sequência do Brexit.

Trump não desilude O Presidente americano nomeou a nova estrela dos conservadores para o Supremo. Quem é Brett Kavanaugh?

Deixem-no falar Na véspera de mais uma cimeira da NATO (que arranca hoje em Bruxelas), Trump volta à carga ao atacar a Alemanha e outros aliados europeus por gastarem muito pouco em defesa.

Japão de luto As piores cheias desde 1983 já fizeram 124 mortos, mas o número de vítimas mortais pode ser mais elevado à medida que começam as operações de busca e salvamento.

A vitória da mama A proposta deveria ter sido aprovada sem qualquer problema numa reunião da Assembleia Mundial da Saúde, o órgão de decisão da Organização Mundial de Saúde(OMS). Uma simples resolução que defendia que o leite materno e a amamentação é o melhor para a criança e que os países deviam combater o mercado de substitutos de leite. Só que esse mercado vale 70 mil milhões de dólares e os Estados Unidos pararam a votação defendendo os interesses da indústria. Depois seguiram ameaças de sanções ao Equador, obrigando-o a mudar de posição. Até à própria OMS foi ameaçada. O mesmo aconteceu com outros países pobres da América Latina e de África. A história é contada pelo The New York Times e só acaba bem porque a Rússia salvou o dia.

Notícias do Mundial O futebol regressa hoje para a primeira meia final. A França defronta a Bélgica às 19 horas num encontro que promete ser histórico.

Para já, fique com esta reportagem do The New York Times sobre um mundo de futebol, ou do soccer como dizem os norte-americanos. Uma quinta de relva no ‘The Garden State’ que é New Jersey, passou a receber torneios de futebol como forma de enfrentar a crise. Em pouco tempo podem montar dezenas de campos de futebol prontos a serem usados. 35 campos para ser mais exato, se bem que o espaço dava para colocar muitos mais. Não têm bancadas, cafés, placards eletrónicos, mas recebem vários torneios por ano. No último fim de semana do Memorial Day, feriado que acontece na última segunda feira de maio, receberam mais de 300 equipas e 25 mil visitantes. Vai uma aposta de qual o país que no futuro vai ser mais uma grande potência do futebol?

As manchetes Eis as principais notícias dos jornais do dia:

O Público escreve que os trabalhadores a recibo verde no Estado voltaram a subir em 2017.

Universidades duplicam o número de estudantes estrangeiros faz a manchete do Jornal de Notícias.

O Correio da Manhã destaca o travão de Marcelo Rebelo de Sousa aos despejos

O ‘i’ diz que Manuel Monteiro está de regresso ao CDS.

E o Negócios diz que as alterações à Lei Laboral vão prejudicar súper e hipermercados.

O QUE EU ANDO A LER
Com as férias à porta, aqui fica uma sugestão para colocar na bagagem. O Man Booker Prize, ou apenas Booker Prize, é um dos principais galardões da literatura inglesa. Este ano para comemorar os 50 anos foi criado um prémio especial: o Golden Man Booker Prize.

Da lista dos anteriores vencedores foram escolhidas, por diferentes personalidades, cinco obras que ilustram cada uma das últimas cinco décadas.

O também escritor Robert McCrum nomeou “In a Free State”, de Naipul (vencedor em 1971). Para representar os anos 80, o poeta Lemn Sissay escolheu Penepole Lively e o seu “Moon Tiger”“The English Patient”, de Michael Ondaatje (covencedor de 1992), foi escolhido por Kamila Shamsie. Mantel, que ganhou o prémio em 2009 com o romance “Wolf Hall”, foi eleita por Simon Mayo. E o vencedor do ano passado, George Saunders, foi escolhido pela poetiza Hollie McNish com a obra “Lincoln in the Bardo”.

A votação final coube ao público e a vitória a Michael Ondaatje com o seu “O Paciente Inglês”. Para quem não a leu, eu incluído, a obra que deu origem a um filme que arrebatou nove Óscares deve fazer parte das suas férias. Fica a sugestão. Boas leituras!

Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima terça-feira. E atenção ao Sol. O índice ultravioleta estará muito elevado ou mesmo no máximo em todo o país (com exceção de algumas ilhas dos Açores).
 
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