sábado, 7 de julho de 2018

GUSTAV MAHLER (158 ANOS) - 7 DE JULHO DE 2018

Gustav Mahler

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Gustav Mahler
Fotografia de Gustav Mahler tirada em 1909.
Informação geral
Nome completoGustav Mahler
Nascimento7 de julho de 1860
OrigemEisenach
Paísborde Boémia
Data de morte18 de maio de 1911 (50 anos)
Ocupação(ões)Compositormulti-instrumentistacantor e maestro.
Gustav Mahler (KalischtBoêmia - Império Austro-Húngaro - atualmente República Checa7 de julho de 1860 — Viena18 de maio de 1911) foi um regente e compositor tcheco-austríaco de origem judaica. Atualmente, Mahler é visto como um dos maiores compositores do período romântico, responsável por estabelecer uma ponte entre a música do século XIX com a do período moderno e por suas grandes sinfonias e ciclo de canções sinfônicas, como, por exemplo, Das Lied von der Erde (A Canção da Terra). É considerado também um exímio orquestrador, por usar combinações de instrumentos e timbres que pudessem expressar suas intenções de forma extremamente criativa, original e profunda. Suas obras (principalmente as sinfonias) são geralmente extensas e com orquestração variada e numerosa. Mahler procura romper os limites da tonalidade, pois que em muitas de suas obras há longos trechos que parecem não estar em tom algum. Outra característica marcante das obras de Mahler é um certo caráter sombrio, algumas vezes ligado ao funesto.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Em 7 de Julho de 1860, no pequeno burgo de Kalischt (hoje Kaliště, em checo), na região da Boêmia, numa região que não ficava muito longe da fronteira da Morávia, nasceu Gustav Mahler. Seus pais foram Marien Hermann (1837-1889) e Bernhard Mahler (1827-1889).[1]
O primeiro filho dos Mahler, Isidor, nascido em 1858, sofreu um acidente fatal ainda durante a infância[2] , passando Gustav a ser o mais velho de seus irmãos. Os Mahler tiveram ao todo catorze filhos, contudo oito não chegaram a atingir a fase adulta.
Gustav e sua família eram judeus e faziam parte de uma minoria alemã que vivia na Boêmia. Anos mais tarde, Gustav Mahler lembraria essa condição: "Sou três vezes apátrida! Como natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco, na Alemanha; como judeu, no mundo inteiro. Em toda parte um intruso, em nenhum lugar desejado!"
Bernhard, o pai, era estalajadeiro e comerciante de licores, desejava uma posição melhor na vida, e procurava estimular a ambição nos filhos. A mãe, Marie, manca, proveniente de uma família pobre, filha de um fabricante de sabão, havia sofrido várias decepções amorosas durante a juventude. Ela casou-se forçada com Bernhard e procurava contentar-se com aquilo que tinha.
O relacionamento entre os pais de Gustav não era muito bom e a atmosfera do lar era pesada, o que influenciou psicologicamente Gustav pelo resto da vida. O pai de Mahler tinha um caráter violento e costumava maltratar a esposa. Sobre eles, Mahler disse certa vez: "Meus pais se davam como o fogo e a água. Ele era um teimoso; ela, a própria candura. Sem essa aliança, nem eu, nem minha Terceira (sinfonia) existiríamos. Quando eu penso nisso, sempre experimento uma estranha sensação."
Em Dezembro de 1861, alguns meses após o nascimento de Gustav, a família mudou-se para Jihlava (Iglau) na Morávia, em busca de uma vida melhor.
Em Jihlava, o exército austríaco era uma presença constante. As marchas e toques de recolher dos soldados ouvidas pelo jovem Gustav marcaram-no bastante, a tal ponto de ter feito uso destes elementos em suas composições.
Gustav Mahler ficou conhecido por utilizar diversas melodias pertencentes ao universo da música popular tradicional europeia em várias obras suas, criando assim estruturas e melodias musicais únicas.

Formação musical[editar | editar código-fonte]

Gustav Mahler teve as suas primeiras lições musicais ao piano, em 1866, quando tinha 6 anos de idade. Seu primeiro professor foi um mestre-capela do teatro de Jihlava, conhecido como Viktorin. Em 1869, ele passou a ter lições de piano com um pianista chamado Brosch.
Em 13 de outubro de 1870, Gustav Mahler deu o seu primeiro recital em público, em Jihlava.
Em 1871, Mahler começou a estudar no Gymnasium de Praga e hospedou-se na casa dos pais de Alfred e Heinrich Grünfeld, futuros músicos. Foi um duro período de maus tratos e humilhações e seu pai, depois de tomar conhecimento da situação insustentável do filho na casa da família Grünfeld, resolveu trazê-lo de volta para Jihlava, em Março de 1872. Em Jihlava as lições musicais prosseguiram. Gustav também lia bastante e para isso contou com a ajuda do pai, que possuía uma boa biblioteca.
Em 1875, durante uma audição, o professor de piano do Conservatório de Viena, Julius Epstein (1832-1926), exclamou: Gustav é um músico nato… É impossível que eu esteja errado. Em 20 de Setembro de 1875, aos 15 anos, Gustav Mahler ingressou no Conservatório de Viena, onde permaneceu por três anos. Por essa época, ele também começou a escrever uma ópera, chamada Herzog Ernst von Schwaben.[3]
No conservatório, Gustav teve aulas de piano com Epstein, de composição com Franz Krenn (1816-1897) e de harmonia com Robert Fuchs(1847-1925). O diretor do conservatório era Joseph Hellmesberger (1828-1893), 47 anos, regente, violonista, considerado personagem pitoresco, fundador de um famoso quarteto de cordas e antissemita.[4]
Entre os colegas de Mahler no conservatório estavam Hugo WolfHans Rott e Rudolf Krzyzanowski, que se tornaria seu amigo mais íntimo neste período. Todos eles eram pobres, contudo Mahler conseguia arrecadar um pouco mais de dinheiro porque trabalhava como professor de música e recebia mantimentos e roupas de seus pais. Mesmo assim, precisou pedir em 1876 ao conservatório uma isenção do pagamento da mensalidade anual. Julius Epstein apoiou Gustav e este pagou apenas metade do valor. Epstein continuou a ajudar Mahler e lhe arrumou mais alunos para piano, chegando inclusive a indicar o próprio filho.
Em 1876, Gustav recebeu vários prêmios de composição e piano. Em 10 de Julho, em Viena, executou o seu Quinteto para Piano e em 12 de Setembro apresentou a sua Sonata para Violino, em Jihlava.

A amizade com Bruckner[editar | editar código-fonte]

Foto tirada em sua infância, (c.1866).
Por volta de 1876Richard Wagner (1813-1883) encontrava-se em um dos pontos mais altos da carreira, e ao mesmo tempo Anton Bruckner (1824-1896) começava a chamar a atenção. Em evidência estava também a figura de Johannes Brahms (1833-1897) que era levada por seus fãs a chocar-se contra as outras duas personagens.
Gustav e seus amigos do conservatório tinham grande admiração por Bruckner. Bruckner, que na época tinha 52 anos, era receptivo aos jovens e costumava ir aos concertos com eles. A amizade e admiração que Mahler teve por Bruckner fez com que muitos tivessem imaginado que este teria sido aluno daquele na universidade, o que não ocorreu, ainda que Mahler tivesse se matriculado em vários cursos só para poder ouvir as conferências de Bruckner.
Sobre seu relacionamento com Bruckner, Mahler escreveu em 1902:
Nunca fui aluno de Bruckner. Todos pensavam que estudei com ele porque em meus dias de estudante em Viena era visto frequentemente em sua companhia e por isso me incluíam entre seus primeiros discípulos. A disposição feliz de Bruckner e sua natureza infantil e confiante fizeram do nosso relacionamento uma amizade franca, espontânea. Naturalmente, a compreensão que obtive então de seus ideais não pode ter deixado de influenciar meu desenvolvimento como artista e como homem.
Em 16 de Dezembro de 1877 a Orquestra Filarmônica de Viena executou a segunda versão da Terceira Sinfonia de Bruckner, sob sua própria regência. A apresentação não foi bem recebida pelo público e muitas pessoas chegaram até a deixar o recinto antes do final. A admiração de Mahler e seu amigo Rudolf Krzyzanowski serviu de consolo para Bruckner, que lhes confiou depois o trabalho de escrever um arranjo da sinfonia para dois pianos. Julius Epstein supervisionou os estudantes, e em 1878 foi publicado. Bruckner ficou contente e em reconhecimento presenteou Mahler com o manuscrito da segunda versão.

A carreira de regente[editar | editar código-fonte]

Em Julho de 1878, então com 18 anos, Gustav Mahler obteve o diploma do Conservatório de Viena, após um período que pode ser considerado bem sucedido, tendo em vista os prêmios que recebeu durante sua estada. No mesmo ano, matriculou-se em Jihlava. Dividiu seu tempo a dar aulas de piano, e começou a escrever a letra de uma cantata chamada Das klagende Lied (A Canção do Lamento). No Outono de 1878 retornou à Viena para assistir a aulas de Filosofia e História da Pintura na universidade.
Em 1879, trabalhou como professor de piano na Hungria e em Viena.
Em Junho de 1880, Mahler decidiu trabalhar por três meses como maestro do teatro de Hall, estação de águas da Alta Áustria, onde dirigiu farsas e operetas. Mahler não tinha demonstrado anteriormente desejo em tornar-se regente. Alguns esperavam que ele se tornasse pianista, por causa de seu ótimo desempenho, principalmente em obras de Beethoven e Bach.
O trabalho no teatro Hall era modesto e a Mahler era confiada também outras tarefas, como por exemplo, fazer a faxina do fosso da orquestra, após o espetáculo.
Em Setembro ele saiu do emprego e foi para Viena. Em 1 de Novembro, terminou sua cantata Das Klagende Lied.
Em 1881, com 21 anos, inscreveu-se para o Prêmio Beethoven, que oferecia 500 florins e fora instituído pela Sociedade dos Amigos da Música (Gesellshaft der Musikfreund). Podiam participar do concurso alunos e ex-alunos do Conservatório. O júri contava com Hans RichterCarl Goldmark e Brahms. Mahler disputou com a cantata Das klagende Lied, uma obra dramática, influenciada pelo romantismo fantástico alemão, que tinha escrito com entusiasmo, mas perdeu.
Ainda em 1881, trabalhou como regente em Laibach e em 1882 em Jihlava. Em janeiro de 1883, recebeu um telegrama que convidou-o a reger em Olmültz, na Morávia, em substituição a um maestro que havia falecido. Em Olmültz inicia-se de fato a carreira de Mahler como maestro.
As condições de trabalho em Olmültz eram muito ruins e o jovem regente era obrigado a improvisar. Seu ótimo desempenho e peculiar forma em dirigir chamou a atenção.
Em Setembro de 1883 Gustav assumiu o cargo de regente substituto do Teatro da Corte em Kassel e ficou em Kassel até abril de 1885.
Em seguida, foi regente em Praga (1885-1886) e em Leipzig (outono de 1886 a maio de 1888).
Enquanto esteve em Praga, notabilizou-se pela ótima interpretação das óperas de Mozart e Wagner.
Em Setembro de 1888, Mahler assumiu o posto de diretor da Ópera Real de Budapeste, onde teve grande liberdade para trabalhar, além da responsabilidade de salvar a companhia da falência.
Seu trabalho com a Ópera Real foi coroado de êxito e ele mostrou ser, além de grande regente, um excelente administrador. Tanto o público como os lucros da companhia aumentaram. Em Janeiro de 1891, Brahms teria assistido a uma apresentação de Don Giovanni, de Mozart e dito que nunca antes assistira a um espetáculo de nível tão elevado.
Por essa época Mahler estudou com afinco Literatura e Filosofia, para completar a sua formação intelectual. Entre os autores lidos por ele constam Fiódor DostoiévskiJean Paul e Nietzsche. Ele também estudara a coleção de poemas folclóricos Des Knaben Whuderhorn (A Cornucópia do Menino).

Viena[editar | editar código-fonte]

Em 14 de Março de 1891, devido a diferenças no trabalho, Mahler pediu a demissão em Budapeste. Em 29 de Março do mesmo ano, assumiu como regente titular do Teatro Municipal de Hamburgo, onde permaneceu por seis anos. Durante a época em que esteve em Hamburgo, a partir de 1894, começou a ter como assistente um jovem chamado Bruno Walter, que anos mais tarde notabilizar-se-ia como um grande regente e um dos melhores intérpretes das suas obras.
Por essa época, Mahler planejava obter um emprego na Ópera da Corte de Viena. Visitava o influente Brahms várias vezes em busca de apoio. Infelizmente, havia um sentimento de que não-católicos e, principalmente, judeus não deviam ocupar cargos na Ópera de Viena. Em 1897, Mahler, que não era um judeu praticante, converteu-se ao Catolicismo. Além de ser conveniente para sua ascensão profissional, o Cristianismo atraía Mahler pelo fato de oferecer uma promessa de redenção, após uma fase de sofrimentos.
Em 1 de Maio, com 37 anos, Gustav foi nomeado Kappellmeister da Ópera da Corte de Viena. Em 13 de Julho tornou-se subdiretor e em 8 de Outubro diretor. Em Viena teve início a parte mais prestigiosa e mais importante da sua carreira.

Da Europa para os Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Durante 10 anos, Mahler permaneceu em Viena onde passou a ser considerado um grande perfeccionista.
Durante os ensaios, mesmo quando os músicos tinham desempenhos brilhantes, ele exigia mais, o que algumas vezes gerava tensão. Mahler costumava dizer: tradição é desordem… No plano humano faço todas as concessões; no plano artístico, nenhuma. Não posso suportar os que se desleixam, só os que exageram me interessam. Essa maneira de ser fez com que ganhasse tantos admiradores, quanto inimigos.
Ele dirigia a Ópera de Viena durante nove meses por ano, e passava as férias compondo, a maior parte em Maiernigg, onde tinha uma pequena casa em Wörthersee. Nesse local ele compôs as sinfonias 4,5,6,7 e 8, mais as cinco canções do Rückert-Lieder, ou Kindertotenlieder (Canções das Crianças Mortas), e as últimas canções dos textos de Des Knaben Wunderhorn (A Cornucópia do Menino), intituladas Der Tambourg'sell.
Em 7 de Novembro de 1901, Mahler conheceu a filha do pintor Emil Schindler, Alma Schindler (1879-1964), que era cerca de 20 anos mais nova. Em 9 de Março de 1902 os dois se casaram.
O casal Mahler teve duas filhas, Anna (1904-1988) que depois se tornou escultora, e Maria Anna (1902-1907) que morreu de difteria em 1907. Neste mesmo ano, Mahler descobriu que tinha uma doença cardíaca (infective endocarditis) e perdeu o emprego na Ópera.
Sua demissão foi em parte provocada pela reação da imprensa antissemita, principalmente após uma tentativa fracassada de promover a sua música. Em sua época, a Quarta Sinfonia chegou até a ser bem recebida por algumas pessoas, mesmo assim, Mahler nunca foi um grande sucesso. Ele teve um pouco mais de reconhecimento somente após a execução da Oitava Sinfonia, em 1910. As obras que escreveu depois não chegaram a ser executadas, enquanto esteve vivo.
Depois que saiu da Ópera de Viena, Mahler aceitou um convite para dirigir a Ópera Metropolitana de Nova Iorque (Metropolitan Opera). Em 21 de Dezembro de 1907 ele chegou a Nova Iorque. Sua estreia na Metropolitana ocorreu em 1 de Janeiro de 1908 com "Tristão e Isolda". Nessa época Mahler tinha 48 anos.
Gustav Mahler dirigiu o Metropolitan durante a temporada de 1908 e só foi deixado de lado em favor de Arturo Toscanini. Durante as férias, como de costume, ele trabalhava em suas composições. No verão de 1908, em Toblach Mahler terminou Das Lied von der Erde (A Canção da Terra).

Últimos anos[editar | editar código-fonte]

Em 1909 Mahler desligou-se do Metropolitan e aceitou contrato de três anos com a recém-organizada Filarmônica de Nova Iorque (New York Philharmonic Orchestra). No verão, de volta à Europa, posou para o artista Rodin em Paris.
Em 1910 terminou a Nona Sinfonia (seu último trabalho completo) e começou a escrever a Décima.
Nesse ano, sua esposa Alma precipitou uma crise conjugal ao fazer amizade com Walter Gropius. Em Leyden, Mahler teve uma consulta com o psicanalista Sigmund Freud.
De volta à América, em Fevereiro de 1911, Mahler ficou extremamente doente. O médico da família, Joseph Fränkel, em Nova Iorque, diagnosticou uma infecção estreptocócica. Por sugestão do médico, no começo de Abril, Mahler partiu para Paris para consultar um bacteriologista. Nessa época Paris, em virtude das descobertas de Louis Pasteur era um centro de referência para o estudo de moléstias de origem bacteriológica.
Por um breve período, Mahler teve uma pequena melhora e chegou até a planejar uma viagem para o Egito. Contudo, ele não conseguiu se recuperar. Um médico especialista em hematologia sugeriu que Mahler fosse internado em Viena e para lá ele foi levado.
A 18 de Maio de 1911, com 50 anos e 46 semanas, Gustav Mahler morreu em Viena, então capital do Império Austro-Húngaro, de uma infecção estreptocócica do sangue. Suas últimas palavras foram: Minha Almschi (uma referência a sua esposa Alma, literalmente traduzido, Minha Alminha) e "Mozart". Como Beethoven, morreu durante uma trovoada. Ele foi sepultado em Viena, no Cemitério Grinzinger,[5] ao lado da filha Maria, conforme revelou antes de partir.

O legado de Mahler[editar | editar código-fonte]

Em certos aspectos Mahler foi para a música do século XX, aquilo que Haydn representou para a geração de músicos que lhe sucederam. As composições de Mahler tiveram um grande impacto em compositores como SchönbergWebern, e Berg, e em maestros como Bruno Walter e Otto Klemperer. Esses dois trabalharam com Mahler e foram ajudados por ele em suas carreiras, e mais tarde ajudaram a difundir a música de Mahler pela América, onde esta influenciaria a composição das músicas para os filmes de Hollywood.
Mahler também influenciou Erich Korngold e Richard Strauss, e as primeiras sinfonias de Havergal Brian.
Entre as inovações introduzidas por Mahler estão o uso de melodias com grandes implicações para a harmonia, a combinação expressiva de instrumentos, em grande e pequena escala e combinação da voz e do coral à forma sinfônica.
Além de compositor, Mahler foi também um grande maestro e suas técnicas de regência sobrevivem até os dias de hoje.
Em sua época Mahler encontrou dificuldades em ver seu trabalho aceito. Por bastante tempo ele ficou mais conhecido por suas excepcionais habilidades como maestro de orquestra do que como compositor. Porém, ele confiava em seu talento e dizia: Meu tempo há de chegar! E de fato, seu tempo chegou, na metade do século XX, pelas mãos de uma geração de regentes e admiradores que o conheceram, como o norte-americano Leonard Bernstein. Em pouco tempo, ciclos completos das sinfonias de Gustav Mahler foram gravados e suas obras foram executadas por muitas orquestras importantes.
Atualmente entre os maiores e mais conhecidos intérpretes de Mahler estão: Pierre BoulezRiccardo ChaillyClaudio AbbadoBernard HaitinkSimon RattleMichael Tilson ThomasZubin MehtaMarkus Stenz e Benjamin Zander.

Conjunto da obra[editar | editar código-fonte]

Gustav Mahler inicialmente seguiu a tradição dos músicos alemães, encabeçada por Johann Sebastian Bach e pela "Escola de Viena" de HaydnMozartBeethoven e Schubert, e que ainda incorporaria uma geração de compositores românticos, tais como Schumann e Mendelssohn. Entretanto, a influência decisiva em seu trabalho veio de Richard Wagner, quem, segundo suas palavras, era o único compositor que realmente tinha o desenvolvimento (ver forma-sonata) em suas músicas, depois de Beethoven.
O conjunto de seu trabalho artístico é formado basicamente de canções (ou lied), 9 sinfonias completas (Mahler chegou a trabalhar numa décima, mas não conseguiu terminá-la) e um poema sinfônico. As sinfonias são as obras que mais se destacam em sua produção artística.
A música de Mahler é bastante pessoal e reflete muito da personalidade e vida do autor. Suas sinfonias são temáticas e são influenciadas pela literatura. As sinfonias são complexas, enormes, tanto na duração, quanto na quantidade de músicos necessários para sua execução. Mahler costumava dizer que suas sinfonias deviam representar o mundo. De maneira parecida com a nona sinfonia de Beethoven, a voz humana é usada nas sinfonias números 2, 3, 4 e 8. Sua sinfonia número 8 requer mais de mil músicos, entre orquestra, solistas e um coral imenso.
Mahler costuma usar melodias folclóricas, marchas, e instrumentos, como trompete, que lembram a música militar, suas sinfonias são muito coloridas, com alternâncias rápidas e inesperadas de notas altas e baixas, sons fortes e fracos, momentos de tragédia, de triunfo, e de paz e extrema beleza. A orquestração é original e o uso que faz dos instrumentos definem um som mahleriano inconfundível.
A morte é o tema presente em sua obra. Passagens alegres dão lugar a outras trágicas e de desespero, que refletem a vida atribulada do próprio compositor. Mahler não teve uma infância fácil, seu pai batia na mulher, viu o irmão querido morrer, seus pais morreram mais ou menos logo, e ele viu-se na condição de chefe da família e responsável pelo sustento dos outros irmãos mais novos. Mesmo após tornar-se adulto e ser independente, a vida não foi fácil. O espectro da morte pairava sobre Mahler, pois ele, da mesma forma como a mãe, sofria de problemas cardíacos; sua filha morreu em 1907; era apaixonado pela esposa, Alma, contudo esta o traía.
Apesar de a tragédia ou a morte estarem sempre presente, não se pode dizer que a obra de Mahler seja pessimista. De todas as suas sinfonias completas, apenas uma (a sexta) termina realmente mal, com a morte do herói sinfônico, e mesmo assim, de forma bastante heróica, no melhor estilo das grandes tragédias gregas. Algumas passagens, como o Adagietto da sinfonia n.º 5, ou o tema Alma da sinfonia n.º 6 são muito belas.
Gustav Mahler foi também o prenúncio de uma nova era da história da música, em que as composições passariam a ser atonais. Músicos famosos, dessa nova era, e que lhe sucederam, como Alban Berg e Arnold Schönberg mostrariam respeito e admiração pelo músico. Schönberg escreveu sobre Mahler: Em vez de perder-me em palavras, talvez fosse melhor dizer logo: acredito firmemente que Gustav Mahler foi um dos maiores homens e dos maiores artistas que jamais existiram.
As sinfonias de Mahler costumam ser divididas em três períodos. As sinfonias do primeiro período são conhecidas como sinfonias Wunderhorn e abrangem as sinfonias números 2, 3 e 4. Elas têm esse nome porque têm vínculos com a música feita por Mahler para os poemas conhecidos como Das Knaben Wunderhorn (A Maravilhosa Cornucópia do Rapaz). Pode-se dizer que elas representam a busca de Mahler por uma fé firme e ao mesmo tempo uma busca para suas respostas sobre a existência.
sinfonia n.º 1 usa elementos do Lieder Eines Fahrenden Gesellen (Canções de um Viajante Errante) e de Das Klagend Lied (A Canção da Lamentação). É puramente instrumental e também tem certa relação com Das Knaben Wunderhorn, ainda que de maneira mais indireta.
As sinfonias do segundo período: 5, 6 e 7, costumam ser chamadas de sinfonias Rückert. Elas têm esse nome porque a composição delas foi influenciada pela musicalização que Mahler fez para os poemas de Friedrich Rückert (1788-1866). Elas são puramente instrumentais e as mais trágicas do ciclo sinfônico.
O último período não tem nome e abrange as últimas obras do artista: as sinfonias 8, 9 e a inacabada 10, além da sinfonia canção Das Lied von Der Erde (A Canção da Terra). A voz humana é usada em grande parte na sinfonia 8, e ela costuma ser chamada às vezes de sinfonia coral.
As sinfonias 9 e 10 são instrumentais, e o poema sinfônico Das Lied von Der Erde (A Canção da Terra) é cantado. Existe um certo mistério em torno dela. A princípio era para ser sinfonia número 9, mas por superstição Mahler preferiu que fosse conhecida como um poema sinfônico.

Principais obras[editar | editar código-fonte]

Sinfonias[editar | editar código-fonte]

Ciclos de canções, coleções e outros trabalhos vocais[editar | editar código-fonte]

Filmes[editar | editar código-fonte]

Sobre o compositor[editar | editar código-fonte]

  • 1974 - Mahler[6][7]
  • 2001 - Paixões ao vento (Bride of the Wind)[8][9]

Trilha sonora[editar | editar código-fonte]

  • 1992, 1993 - O óleo de Lorenzo (Lorenzo's Oil)[10]
  • 1974 - O Jogador (The Gambler) IMDB
  • 1971 - Morte em Veneza (Morte a Venezia)[11][12]
  • 1982 - Legend of the Galactic Heroes (Lenda dos Heróis Galáticos)
  • 1998 - Star Trek: Voyager, episódio: Counterpoint
  • 2008 - Centopeia (filme)
  • 2010 - Shutter Island (A Ilha do Medo)

Recolha através da WIKIPÉDIA  -  


ANTÓNIO FONSECA

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Os Mais Belos Campos Floridos

Há poucas coisas tão agradáveis quanto a visão e o aroma de um campo repleto de radiantes flores. Quando apreciamos essas maravilhas naturais de perto, podemos encontrar pequenos - mas complexos - detalhes e características que tornam cada espécie única. No entanto, se paramos para observar um campo de flores, descobrimos um mar de cores deslumbrantes que infundem o ar com fragrância e beleza. Se você procura uma fonte de inspiração para a semana, pare por alguns minutos para admirar esses campos de majestosas flores.
 
 
1. Um mar de lindos girassóis.
2. O espetacular Vale das Flores, na Índia.
3. Em cada primavera, a região de Provença, na França, veste-se de roxo.
 
4. O contraste das papoulas com o céu nublado ao fundo.
5. Os campos de tulipas, famosos por suas cores.
6. A primavera em Carlsbad, na Califórnia.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
7. Margaridas em uma pradaria, na Inglaterra.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
 
8. As radiantes cores da plantação de Colza, a planta que dá origem ao óleo de canola.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
9. Uma explosão de flores em frente ao Monte Fuji.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
10. O deslumbrante Parque Nacional de Hitachi, no Japão, é coberto por cores diferentes em cada época do ano.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
11. Os fascinantes campos multicoloridos, em Hokkaido.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
12. Mais uma vez, os belos campos de lavanda, na França.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
13. Os campos de colza nas montanhas de Luoping, na China.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
14. Os narcisos formando um campo dourado, no País de Gales.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
15. As papoulas invadem os campos da França.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
16. As coloridas linhas de Furano, no Japão.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
17. Os campos de tulipas: um deleite para os olhos.
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
18. Há melhor maneira de começar o dia do que admirando a beleza das flores?
Pare Para Admirar a Beleza Destes Campos De Flores!
Qual é a sua foto favorita? Compartilhe com amigos e familiares!

OBSERVADOR

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360º

Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia... 
... a polícia metropolitana inglesa confirmou que o agente neurotóxico usado para envenenar o espião russo Sergei Skripall e a sua filha é o mesmo encontrado no casal britânico que está em estado crítico depois de sábado ter sido encontrado inconsciente na sua casa no Wiltshire (a pouco mais de 12 km do local onde aconteceu o caso que levou à crise diplomática com a Rússia). O Novichok afeta a comunicação nos neurónios e o caso já está a ser analisado pelo gabinete de crise do governo britânico.

Em Espanha, o PP começa hoje a escolher o sucessor o de Mariano Rajoy. O João de Almeida Dias traça o perfil às duas grandes favoritas, mulheres, fiéis, trabalhadoras e rivais de sempre: Soraya Sáenz de Santamaría e María Dolores de Cospedal.
Há outra notícia que pode abalar hoje Espanha: a saída de Ronaldo do Real MadridO presidente do clube chamou Jorge Mendes, o agente do avançado, para um reunião urgente para definir o futuro do jogador.

Tudo aponta para uma transferência para a Juventus, porque o namoro é antigo, o dinheiro não é problema e CR7 não gostou de saber que vale apenas 100 milhões para o clube. Cristiano até já fez uma declaração de amor à 'Juve' e os jornais italianos já só falam da contratação.

A nova diretiva dos direitos de autor é esta quinta-feira discutida no Parlamento EuropeuPode pôr fim aos memes, impôr uma uma Internet menos livre, mas também ser a solução para as injustiças das discográficas.

A erupção de vulcão do Fogo na Guatemala fez 2.900 mortos, segundo um grupo de voluntários que resgata vítimas. As autoridades só admitem oficialmente 113.

 
Outra informação relevante Como sobrevivem os 12 rapazes e o seu treinador presos na gruta tailandesa a mil metros de profundidade? O facto de serem crianças e terem menos consciência do perigo, do treinador e do capitão funcionarem como líderes, de já serem uma equipa e terem laços de união, de haver água potável e do corpo aguentar até 25 dias sem comida ajudou a suportar o tempo até serem encontrados. Agora falta o mais difícil, tirá-los de lá. As explicações são dadas à Marta Leite Ferreira por um fuzileiro, uma psicóloga, um geólogo e um espeleólogo.
A situação voltou a complicar-se esta madrugada. Voluntários que não faziam parte da equipa de resgate bombearam, involuntariamente, água de novo para dentro da gruta, voltando a inundá-la. As fotos não páram de chegar.
Por cá, há uma guerra aberta no PSD de LisboaTeresa Leal Coelho acusa a concelhia e a Assembleia Municipal de lhe fazerem oposição. Porque aprovou o mega-projecto de Fernando Medina para a zona de Entrecampos que resolve de vez o imbróglio dos terrenos da Feira Popular e diz que não pode pactuar com o caso Tuttti Frutti se se confirmarem as suspeitas da investigação. A notícia é da Rita Dinis.
Na comissão de inquérito às rendas da energiaMira Amaral, não teve dúvidas em apontar responsáveis. Disse que o "monstro elétrico” teve origem no governo de José Sócrates. O ex-ministro da energia também tem dúvidas sobre como poderiam ser devolvidos os 3.000 milhões de euros de CMECS pela EDP.
O crime aconteceu terça-feira. Durante uma discussão com uma família vizinha, um caçador acabou por atingir duas raparigas a tiro em OdivelasOs outros vizinhos descrevem-no como conflituoso: Carlos “achava que era o dono da rua”, contaram à Sónia Simões e ao João Porfírio.
Confirma-se: nunca o futebol português foi tão escrutinado como agora. A Autoridade Tributária abriu no ano passado 90 processos para investigar transferência de jogadores de e para clubes portugueses.
Vem aí mais uma greve da RyanairOs tripulantes de cabine da companhia aérea low-cost voltam a parar em Portugal devido à falta de progresso nas negociações com a empresa.

Já a TAP vai ser processada pelo Governo regional da Madeira. Miguel Albuquerque considera que a companhia causou danos à economia madeirense com os sucessivos atrasos nos voos, noticia o Público.
Os centros de detenção de menores de imigrantes nos EUA têm ligações à Administração Trump. Uma investigação do The New York Times concluiu que nos últimos anos receberam apoios públicos de mais de mil milhões de dólares.

O Sporting tem mais dois candidatos às eleições de 8 de setembro. Depois de Frederico Varandas, Fernando Tavares Pereira anunciou ontem a sua candidatura e segue-se Pedro Madeira Rodrigues. E não vai ficar por aqui.


No Mundial...

... esta quarta-feira e amanhã são dias de 
descanso. Por isso o tempo é de balanços. E o primeiro é que nunca um Mundial teve tantos penáltis como o russo. Nem nunca uns oitavos-de-final tinham tidos tantos jogos decididos nas grandes penalidades.

Mas a ideia que um penálti é garantia de golo certo está longe de ser uma ciência exacta. Neste Mundial, Ronaldo, Messi e Modric falharam. As taxas de sucesso rondam os 80%, mas se tratar de um penálti decisivo baixam para 44%. É tudo uma questão de cérebro e matemática, como explica a Marta Leite Ferreira.
Este é também um Mundial em que muitos jogadores se vão despedir das grandes competições. De Iniesta a Mascherano, veja quem vai meter os papéis para a reforma.
Já o Bruno Vieira Amaral fala desse jogador mítico que é o número 1o. Que também parece ter-se reformado.


Os nossos Especiais 
Tem sido a grande polémica dos últimos dias (além do estacionamento de Madonna): a das multas que chegaram a casa dos contribuintes a quem não aderiu à ViaCTT. Mas afinal que serviço é este, quanto custou e quantos o usam? Eis a história de um projecto criado para "10 milhões", mas que só funcionou à força de lei, contado pelo Edgar Caetano e o Nuno Vinha.


A nossa opinião
  • Helena Garrido escreve sobre os defensores da não revelação dos grandes devedores da banca: "Se deve mil tem um problema, se deve milhões não se preocupe. Se pertence à elite que partilhou escola ainda se deve preocupar menos. E nada se é parte do grupo certo, seja de que partido ou clube for".
  • Ribeiro e Castro escreve sobre o projecto do PAN para proibir as touradas: "A Disneylândia é um parque de diversões. Já a Disneylei acontece na manhã de sexta-feira, no plenário da Assembleia da República. Aí será discutido o projecto de lei do PAN para proibir as touradas".
  • Kirsty Hayes, a embaixadora do Reino Unido em Portugal, escreve sobre o SNS britânico: "O NHS está numa posição ideal para ser um agente de mudança dos cuidados de saúde a nível mundial. Já contamos com o talento e o profissionalismo dos portugueses, esperamos contar com eles no futuro".



Notícias surpreendentes 
O filme em destaque nas estreias da semana é “Na Praia de Chesil”, escrito por Ian McEwan com base no seu livro. Mas Eurico de Barros fala de "uma tragédia de amor jovem que morre na praia" e dá-lhe só duas estrelas. Estas são as outras opções.

Já se é de ver cinema -- ou séries -- em casa, prepare-se: a Netflix está a estudar novo aumento de preços na EuropaOs aumentos podem chegar aos 20% para um serviço que, em Portugal, custa 14 euros por mês.
Mais uma notícia que não nos descansa: os emails trocados por milhões de utilizadores do Gmail estão a ser lidos por centenas de programadores de outras empresas, segundo uma investigação do Wall Street Journal.

Ricardo Camacho, fundador dos Sétima Legião, produtor musical e médico, morreu ontem aos 64 anos. Os amigos recordam alguém "discreto, curioso e trabalhador", de "grande humanidade". Inês Maria Meneses fala dele em "Os Deuses (des)conhecidos".

A Basílica da Sagrada Família de Gaudí recebeu finalmente a cruz de 18 toneladas que completa mais um passo da icónica obra de Barcelona iniciada em 1882. A conclusão está prevista para 2026.


Estão entregues as principais notícias da manhã. Mas muitas mais se seguirão no Observador. Para ler algumas, não deixe de conhecer o nosso novo programa de assinaturas, o Observador Premium

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Cristina Figueiredo
CRISTINA FIGUEIREDO
EDITORA DE POLÍTICA DA SIC
 
Drama(s) de verão?
5 de Julho de 2018
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Nem sempre a "season" é "silly".O verão passado lembra-nos bem como sol e calor podem ser trágicos sinónimos de tragédia. Mas a maioria das vezes, felizmente, a época é mesmo "tola" (numa tradução livre da expressão anglófona que já vem do século XIX), que é como quem diz, parca em notícias puras e duras, o que leva a que certas histórias ganhem uma proporção mediática que nunca teriam noutra altura do ano. Escrevo isto a pensar em três exemplos em concreto (seriam quatro, se contasse com o estacionamento da Madonna, mas a polémica parece ter estancado). Mas suspendo o raciocínio. Dou por mim a perguntar-me se em qualquer outra altura do ano não daríamos exatamente o mesmo tempo de antena ao...

1) salvamento dos jovens tailandeses presos na gruta;

2) futuro de Cristiano Ronaldo;

3) equilíbrio de forças na "geringonça"?

Provavelmente, sim. O que me leva a outra interrogação, e para esta não tenho resposta: é a "season" que já não é "silly" ou há uma "sillyzação" do ano inteiro? Dramas de verão ou de inverno são, por estes dias, os temas que dominam os noticiários.

Os miúdos tailandeses. Um daqueles casos em que a realidade ultrapassa a ficção. Quando a tragédia parecia inevitável, o milagre aconteceu: dez dias depois de desaparecerem, as crianças e o seu treinador foram encontrados vivos no interior de uma gruta, retidas devido às chuvas fortes que inundaram boa parte das câmaras subterrâneas e inviabilizaram o seu regresso à superfície. Dir-se-ia que tudo está bem quando acaba bem... o problema é que o caso está longe do fim. A operação de resgate é complexíssima e ainda não se sabe bem como (nem durante quanto tempo) se irá processar. O mergulhador Pedro Ivo Arriegas, da Associação de Estudos Subaquáticos, esteve ontem na Edição da Noite da SIC Notícias a explicar as dificuldades. Há mais informação no Observador, no Público, no Diário de Notícias ou (em inglês) neste artigo do The Guardian, com gráficos bastante esclarecedores.

Adiós Madrid, Ciao Turim. A notícia começou a ser avançada na terça-feira e a SIC confirmou-aao início da noite de ontem: Cristiano Ronaldo trocou o Real pela Juventus, vai receber 30 milhões de euros anuais de salário (o clube recebe 100 milhões pela sua saída) e deverá ser apresentado aos adeptos italianos dentro de poucos dias. O diário desportivo espanhol As assegura que foi o jogador quem se ofereceu ao clube de Turim e resume a três as razões para tanto: competitividade (a Juventus permite-lhe continuar a lutar por títulos); afecto mútuo (recorde-se que o estádio inteiro aplaudiu Ronaldo após aquele golo incrível de bicicleta a dois metros de altura que ele marcou aos italianos, em casa destes, nos quartos de final da Champions); e, claro, o salário. No Expresso Diário de ontem (só para assinantes) Bruno Vieira Amaral escreve que a relação de CR7 com o Real nunca foi uma história de amor: "Cristiano não fica no coração dos madridistas porque nunca lá entrou. E nunca lá entrou porque, para começo de conversa, Madrid não tem coração. O Real, sobretudo o de Florentino, tem bolsa e palmarés. Para reforçar este abre os cordões àquela, mas nunca entrega o coração que não tem". Ainda a notícia não estava confirmada e já havia outro tipo de consequências: o valor das ações da Juventus disparava na Bolsa italiana.

Ainda e sempre, a "tensão na geringonça".Começa a ser um clássico de todas as estações. A três meses de mais um Orçamento do Estado (o último da legislatura) ser entregue no Parlamento, vai alta a tensão da "geringonça" (nome "afetuoso" - garante o pai do mesmo, o historiador Vasco Pulido Valente - com que se convencionou designar a atual solução governativa assente num acordo entre PS, PCP, BE e PEV), que é como quem diz o "esticar da corda" por parte de PCP e BE em relação a um PS que se refugia no argumento de que 'já falta pouco para a meta para deitar a perder três anos' de uma cooperação que muitos estranharam mas, verdade seja dita, quase todos entranharam. Terça-feira houve reunião entre António Costa e Jerónimo de Sousa (ah, quem me dera ser mosca!), e ontem o primeiro-ministro encontrou-se também com Heloísa Apolónia, dos Verdes (há duas semanas tinha sido com Catarina Martins). São encontros normais no âmbito da negociação política entre as forças políticas que apoiam o Governo, mas que à luz do acordo sobre as leis laborais (assinado por todos os parceiros menos pela CGTP), do braço-de-ferro entre os professores e o ministério da Educação, e dos protestos crescentes na Saúde ou nos transportes adquirem novos contornos. Marcelo continua a acreditar na concórdia, em nome do país. Rui Rio vinca o óbvio: o OE é um teste (o derradeiro) à geringonça. Eu tenho para mim que o jogo vai continuar a ser jogado até ao último momento, com eleições apenas em outubro de 2019 e não antes.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...


António Costa está em Maputo para uma visita de dois dias, a primeira de um"périplo" do primeiro-ministro a vários países da CPLP - algures, ainda não se sabe quando, há-de aterrar também em Luanda. Lembra o Público que há quatro anos que não havia uma cimeira bilateral Portugal/Moçambique. Nesta vão ser assinados dez acordos de cooperação.

Princípe Aga Khan chega hoje a Portugal(fica até 11 de julho) para celebrar os seus 60 anos como líder espiritual da comunidade ismaelita. Vai ser recebido pelo Presidente da República e discursar na sala do senado da Assembleia da República. A "festa" leva até Lisboa 50 mil fiéis e vai provocar condicionamentos à circulação no Parque das Nações.

O Governo Regional da Madeira vai processar a TAP por considerar que sucessivos cancelamentos de voos da companhia para o arquipélago prejudicaram seriamente o turismo na região. Desde o início do ano que mais de 70 voos foram cancelados, afetando 10 mil passageiros. Miguel Albuquerque acusa a TAP de uma estratégia deliberada e vai exigir uma indemnização nos tribunais.

Nos Açores, a notícia é outra: há meses que quase não chove (!), em particular na Terceira. E a seca pode levar a uma queda de 30 a 40% na produção do leite.

Ontem um taxista agrediu um turista, alegadamente por o ter confundido com um motorista da uber. O cidadão, natural do Koweit, apresentou queixa e o Ministério Público é assim obrigado a abrir um processo. Neste contexto, tão pouco condizente com a imagem da Lisboa cosmopolita que Madonna escolheu para viver, importa recordar que o diploma que legaliza a atividade de plataformas como a Uber , que tinha sido vetado por Marcelo Rebelo de Sousa, será reapreciado na próxima semana no Parlamento.

morte de Ricardo Camacho, dos Sétima Legião, consternou toda uma geração de portugueses e os jornais dão profuso eco disso mesmo. Na Blitz, Pedro Ayres Magalhães e Rodrigo Leão recordam o antigo companheiro.


...E LÁ FORA


Os números oficiais referem 113 mas podem ser mais, muito mais, as vítimas da erupção do vulcão do Fogo, na Guatemala. Os voluntários dos resgates estimam que o número possa subiraté aos 3000.

Um casal britânico (ele 45 anos, ela 44) foi encontrado inanimado em Amesbury, no sudoeste inglês, e as análises clínicas provaram estar intoxicado com o agente químico Novichok, o mesmo que quase vitimou o russo Sergei Skripal e a sua filha Julia (numa localidade próxima) e abriu uma grave crise diplomática entre o reino Unido e a Rússia. Os dois cidadãos estão ainda em estado crítico. A unidade de contraterrorismo da polícia britânica está a investigar a "coincidência".

Hoje é dia de primárias no PP espanhol. Quase 70 mil militantes têm até às 20h30 para escolherem nas urnas o sucessor de Mariano Rajoy (que se demitiu da presidência do partido na sequência da moção de censura que derrubou o seu Governo, em maio). Há seis candidatos ao lugar mas a disputa das preferências do eleitorado deve centrar-se em Soraya Sáenz e Maria Dolores de Cospedal. Mais noticiário aqui e aqui.

Em Espanha ainda, o chefe do Governo Pedro Sanchez conseguiu passar um primeiro teste nas Cortes, ao fazer aprovar à segunda votação a nova direcção da RTVE. Os deputados do Ciudadanos abandonaram a câmara em protesto e o PP admitiu recorrer ao Constitucional mas, para já, a lista passou.

Uma mulher escalou a base da Estátua da Liberdade (30 metros de altura), em Nova Iorque, para protestar contra as leis da imigração, num gesto ainda mais simbólico por ontem ser 4 de julho, o dia em que se celebra o dia da independência de um país que não seria nada do que é sem os imigrantes que o fizeram.


AS MANCHETES DOS JORNAIS E REVISTAS


"Mortes em praxe de Braga sem solução na justiça" (Jornal de Notícias)
"Governo da Madeira processa TAP por danos no turismo" (Público)
"Megafraude em Braga. BCP perdoou 45 milhões mas Santander não cede" (i)
"Um ano à espera de um exame para despistar cancro no figado" (Diário de Notícias)
"Saco azul paga votos no PSD" (Correio da Manhã)
"PS quer impedir uso reiterado do período experimental" (Jornal de Negócios)
"Duelo de milhões nas casas de férias" (Visão)
"As estrelas das dietas" (Sábado)
"Viagem a uma galáxia quase sempre muito distante" (A Bola)
"CR Juve" (Record)
"Bissouma negociado" (O Jogo)


O QUE ANDO A LER E A VER


Estive recentemente no Alto Douro, região que desconhecia. Voltei de lá fascinada com a paisagem, a natural e a que o homem criou. E refiro-me não só aos terraços de xisto em que crescem as vinhas históricas, como ao maravilhoso rio tornado navegável à conta das barragens e dessa formidável obra de engenharia que são as eclusas. Há todo um mundo para lá do Pinhão - onde começa ou termina a maioria dos cruzeiros turísticos -, toda uma história - pouco divulgada - para conhecer. E meia dúzia de dias no local sabe a pouco. Daí que mal cheguei a casa tenha ido à estante buscar "Vindima", o primeiro romance de Miguel Torga, publicado em 1945, e durante muitos anos considerado - "injustamente", ajuizou Urbano Tavares Rodrigues - uma "obra menor" do consagrado autor que nos habituámos a conhecer (e estudar) através de "Bichos" ou "Contos da Montanha". É um retrato de um Douro marcadamente dividido ao meio entre senhores e empregados, ricos e pobres, que já não é o de hoje mas que o explica. E muito. Como o próprio Torga reconhece, num prefácio escrito para a edição inglesa do livro (43 anos depois da edição original): "Conhecer o passado ajuda às vezes a entender o presente".

Por coincidência, alguns dias depois, o zapping levou-me ao Porto Canal e ao programa "Caminhos da história", apresentado pelo historiador portuense Joel Cleto. Já tinha visto um ou outro episódio desta série que conta histórias menos conhecidas da nossa História. O de 23 de junho foi precisamente sobre "os rabelos e o barão de Forrester", um inglês que se perdeu de amores pelo Douro, gastou boa parte da sua fortuna a cartografar o percurso do rio e acabou, cruel ironia do destino, por morrer (em 1861) nas águas tumultuosas do cachão da Valeira, que ele assinalara precisamente como um dos pontos mais perigosos do percurso fluvial (e que só desapareceu com a construção da barragem da Valeira, em 1976).

E o Curto fica por aqui. Entre o passado e, sobretudo, o presente, os sites do Expresso, da SIC Notícias, da Tribuna e do Blitz dão-lhe as orientações de que precisa para não se perder no caudal noticioso de todos os dias. Tenha um dia bom e, se for o caso, boas férias (as temperaturas começam hoje a subir e há francas possibilidades de o verão se tornar mais... estival).
 
Gostou do Expresso Curto de hoje?

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