terça-feira, 15 de maio de 2018

DIA INTERNACIONAL DA FAMILIA - 15 DE MAIO DE 2018

FAMÍLIA


família (do termo latino familia) é um agrupamento humano formado por indivíduos com ancestrais em comum e/ou ligados por laços afetivos e que, geralmente, vivem numa mesma casa.[1] Constitui uma das unidades básicas da sociedade.

Descrição

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É formado por pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimónio ou adoção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Dentro de uma família, existe, sempre, algum grau de parentesco. Membros de uma família, geralmente pai, mãe e filhos e seus descendentes, costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes diretos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.
Família substituta é aquela nascida dos institutos jurídicos da guardatutela e adoção. É uma situação excepcional, podendo ser a adoção, que é definitiva ou guarda e tutela que são transitórias.[2]
No interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, formados pela geraçãosexo, interesse e função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetrosculturais, mas possuindo as mesmas raízes universais (MINUCHIN,1990).
Uma família brasileira
Alberto Eiguer, psicanalista francês, em seus livros “Um Divã para a Família” e "O Parentesco Fantasmático" estabelece alguns “organizadores” que orientam a escolha de parceiro. Para ele, os casamentos e, por extensão, a família, se estruturam por mecanismos inconscientes ligados às primeiras experiências de vinculação.
Para Eiguer, são três organizadores: 1) Escolha de objeto; 2) as vivências do "eu familiar" e "sentimentos de pertença"; 3) o romance familiar, vivido na primeira infância, representando uma imagem idealizada dos pais.
Quanto ao primeiro item - "escolha de objeto" - haveria três modelos:
A família de Filipe V de Espanha
  1. Escolha objetal anaclítica, ou assimétrica: o homem ou a mulher buscam um parceiro que lhes forneça amparo e apoio (mãe ou pai da infância). É uma escolha alimentada pela pulsão de conservação e visa, antes de tudo, a dominar a angústia de perda das figuras parentais. Haveria uma identificação mútua na perda e cada um idealiza o outro. De alguma forma, o casal se julga sabedor de como um deve sanar a falta do outro. Dois caminhos se oferecem:
a) defensivo: quando o homem escolhe uma mulher que é o oposto ao pai e vice-versa; b) regressivo: quando se identifica, no parceiro, um sucedâneo da figura parental de identificação.
2. Escolha objetal narcisista, ou simétrica: neste caso, a pessoa se liga a um parceiro que se assemelha: a) ao que se é; b) ao que se foi; c) ao que gostaria de ser; d) ao que possui uma parte do que se foi.
O vínculo se estabelece a partir de uma ideia de poder, orgulho, onipotência e ambição. Por exemplo: o parceiro seria alguém que seja difícil, a fim de se comparar com ele em força e em capacidade manipuladora. Há um jogo sadomasoquista na relação. Exemplo: uma pessoa, muito fechada, tímida e insegura se sente atraída pelo parceiro arrogante e sociável. É provável que uma das partes acabe desprezando a outra.
3. Escolha objetal edípica, ou dissimétrica: trata-se de uma escolha regida pela identificação madura e adulta ao pai do mesmo sexo.
Alguns exemplos: a) um rapaz se casa com uma mulher que, de alguma forma, representa a mãe dele; b) casais que procuram o significado de sua relação amorosa, de interação homem-mulher, baseados nas vivências satisfatórias em suas famílias de origem.
As afirmações de Alberto Eiguer se basearam em pesquisas feitas durante anos, na França, com casais que procuraram terapia. As bases teóricas se fundamentam na teoria psicanalítica do Complexo de Édipo e sua resolução – teoria esta colocada em cheque por inúmeros autores. Afinal, Freud viveu na época vitoriana e tinha, por modelo, a família estruturada pelo pai, mãe e filhos. Esse tipo de família, por incrível que pareça, somente foi definido por Littré, em 1869 (há menos de duzentos anos).

ParentesGrauPercentagem de sobreposição genética
Pais/FilhosPrimeiro50%
IrmãosPrimeiro50%
Gêmeos IdênticosPrimeiro100%
Meio-IrmãosSegundo25%
Avós/NetosSegundo25%
Tios/SobrinhosSegundo25%
PrimosSegundo25%
Meio-Tios/Meio-SobrinhosTerceiro12,5%
Bisavós/BisnetosTerceiro12,5%
Trisavós/TrisnetosQuarto6,2%
Primos (2º Grau)Quinto3,1%

Estruturas familiares

A família assume uma estrutura característica. Por estrutura, entende-se, "uma forma de organização ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de maneira específica e recorrente" (WHALEY e WONG, 1989; p. 21). Deste modo, a estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em posições, socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente, também ela socialmente aprovada. A família pode, então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que consiste em duas pessoas adultas (tradicionalmente uma mulher e um homem, mas não necessariamente) e nos seus filhos, biológicos ou adotados, habitando num ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário.
Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental, tratando-se de uma variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcioóbito, abandono de lar, ilegitimidade ou adopção de crianças por uma só pessoa.
família ampliada, alargada ou extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais ampla, que consiste na família nuclear, mais os parentes directos ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos, tios e sobrinhos.
Para além destas estruturas, existem também as por vezes denominadas de famílias alternativas, estando entre estas as famílias comunitárias e as famílias arco-íris, constituídas por pessoas LGBT (lésbicasgaysbissexuais ou transgêneros) e os seus filhos.
As famílias comunitárias, ao contrário dos sistemas familiares tradicionais, onde a total responsabilidade pela criação e educação das crianças se cinge aos pais e à escola, nestas famílias, o papel dos pais é descentralizado, sendo as crianças da responsabilidade de todos os membros adultos.
Quanto ao tipo de relações pessoais que se apresentam numa família, LÉVI-STRAUSS (citado por PINHEIRO, 1999), refere três tipos de relação. São elas, a de aliança (casal), a de filiação (pais e filhos) e a de consanguinidade (irmãos). É nesta relação de parentesco, de pessoas que se vinculam pelo casamento ou por uniões sexuais, que se geram os filhos.
Segundo ATKINSON e MURRAY (cit. por VARA, 1996), a família é um sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciados, consubstanciam o funcionamento do sistema como um todo. O conceito de família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções, como se têm vindo a verificar.
Em todas as famílias, independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou tem determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo orientados por papéis. Papéis estes, que não são mais do que, "as expectativas de comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada posição na família ou no grupo social" (DUVALL ; MILLER cit. por STANHOPE, 1999; p. 502).
Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam muito, tendo NYE (cit. por STANHOPE, 1999) considerado como característicos os seguintes: a "socialização da criança", relacionado com as actividades contribuintes para o desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança; os "cuidados às crianças", tanto físicos como emocionais, perspectivando o seu desenvolvimento saudável; o "papel de suporte familiar", que inclui a produção e/ ou obtenção de bens e serviços necessários à família; o "papel de encarregados dos assuntos domésticos", onde estão incluídos os serviços domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família; o "papel de manutenção das relações familiares", relacionado com a manutenção do contacto com parentes e implicando a ajuda em situações de crise; os "papéis sexuais", relacionado com as relações sexuais entre ambos os parceiros; o "papel terapêutico", que implica a ajuda e apoio emocional aquando dos problemas familiares; o "papel recreativo", relacionado com o proporcionar divertimentos à família, visando o relaxamento e desenvolvimento pessoal.
Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e receptores, em simultâneo, do processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura familiar. "Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protectores, interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre equidade, formando alianças, discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros" (Idem; p. 502). Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade, assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, aquando, por exemplo, um dos membros não possa desempenhar o seu (SOARES, 2003).

Funções de família

Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias, como já foi referido. As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno, como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros (MINUCHIN, 1990). Existe, consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade (STANHOPE, 1999).
DUVALL e MILLER (cit. por Idem) identificaram, como funções familiares, as seguintes: "geradora de afecto", entre os membros da família; "proporcionadora de segurança e aceitação pessoal", promovendo um desenvolvimento pessoal natural; "proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade", através das actividades que satisfazem os membros da família; "asseguradora da continuidade das relações", proporcionando relações duradouras entre os familiares; "proporcionadora de estabilidade e socialização", assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente; "impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto", relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das sociedades humanas. Para além destas funções, STANHOPE (1999) acrescenta, ainda, uma função relativa à saúde, na medida em que a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e resposta às necessidades básicas em situações de doença. "A família, como uma unidade, desenvolve um sistema de valorescrenças e atitudes face à saúde e doença que são expressas e demonstradas através dos comportamentos de saúde-doença dos seus membros (estado de saúde da família)" (Idem; p. 503).
Para SERRA (1999), a família tem, como função primordial, a de protecção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas. FALLON [et al.] (cit. por Idem) reforça ainda que, a família ajuda a manter a saúde física e mental do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações potenciadoras de estresse associadas à vida na comunidade.
Relativamente à criança, a necessidade mais básica da mesma, remete-se para a figura materna, que a alimenta, protege e ensina, assim como cria um apego individual seguro, contribuindo para um bom desenvolvimento da família e consequentemente para um bom desenvolvimento da criança. A família é, então, para a criança, um grupo significativo de pessoas, de apoio, como os pais, os pais adoptivos, os tutores, os irmãos, entre outros. Assim, a criança assume um lugar relevante na unidade familiar, onde se sente segura. A nível do processo de socialização a família assume, igualmente, um papel muito importante, já que é ela que modela e programa o comportamento e o sentido de identidade da criança. Ao crescerem juntas, família e criança, promovem a acomodação da família às necessidades da criança, delimitando áreas de autonomia, que a criança experiência como separação.
A família tem também, um papel essencial para com a criança, que é o da afectividade, tal como já foi referido. Para MCHAFFIE (cit. por PINHEIRO, 1999), a sua importância é primordial pois considera o alimento afectivo tão imprescindível, como os nutrientes orgânicos. "Sem o afecto de um adulto, o ser humano enquanto criança não desenvolve a sua capacidade de confiar e de se relacionar com o outro" (Idem; p. 30).
Deste modo, "(...) a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de referência, estabelecido através das relações e identificações que a criança criou durante o desenvolvimento" (VARA, 1996; p. 8), tornando-a na matriz da identidade.

Conceito histórico de família

O termo "família" é derivado do latim famulus, que significa "escravo doméstico". Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão legalizada.
No direito romano clássico, a "família natural" cresce de importância - esta família é baseada no casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos. A família natural tem, por base, o casamento e as relações jurídicas dele resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos.[3] Se, nesta época, predominava uma estrutura familiar patriarcalem que um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas novas famílias, fazia, também, parte, a descendência gerada, que, assim, tinha duas famílias: a paterna e a materna.
Com a Revolução Francesa, surgiram os casamentos laicos no Ocidente e, com a Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades maiores, construídas em redor dos complexos industriais.
A família de Maria Antonieta
Estas mudanças demográficas originaram o estreitamento dos laços familiares e as pequenas famílias, num cenário similar ao que existe hoje em dia. As mulheres saem de casa, integrando a população activa, e a educação dos filhos é partilhada com as escolas. Os idosos deixam também de poder contar com o apoio directo dos familiares nos moldes pré-Revoluções Francesa e Industrial, sendo entregues aos cuidados de instituições de assistência (cf. MOREIRA, 2001). Na altura, a família era definida como um "agregado doméstico (...) composto por pessoas unidas por vínculos de aliança, consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada" (MOREIRA, 2001, p. 22). Nesta definição, nota-se a ambiguidade motivada pela transição entre o período anterior às revoluções, representada pelas referências à família alargada, com a tendência reducionista que começava a instalar-se reflectida pelos vínculos de aliança matrimonial.
Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo de pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente (como no casamento e na adoção). Muitos etnólogosargumentam que a noção de "sangue" como elemento de unificação familiar deve ser entendida metaforicamente; dizem que em muitas sociedades e culturas não-ocidentais a família é definida por outros conceitos que não "sangue". A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série de regulamentos de afiliação e aliança, aceites pelos membros. Alguns destes regulamentos envolvem: a exogamia, a endogamia, o incesto, a monogamia, a poligamia, e a poliandria.
A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, económicas e socioculturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sociocultural que pode ser continuamente renovado e reconstruído; o conceito de próximo encontra-se realizado mais que em outro espaço social qualquer, e pode ser visto como um espaço político de natureza criativa e inspiradora sendo vital para qualquer circunstância a transmissão de valores socialmente aceites.
Assim, a família deverá ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que se insere. De encontro a esta afirmação, JANOSIK e GREEN, referem que a família é um "sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro da família e interacção com outros membros" (STANHOPE, 1999, p. 492).
Engels, em seu livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, faz uma ligação da família com a produção material, utilizando-se do materialismo histórico dialético e relacionando a monogamia como "propriedade privada da mulher".
Através de uma análise de DNA, pesquisadores coordenados por Wolfgang Haak, da Universidade de Adelaide, na Austrália, identificaram quatro corpos como sendo uma mãe, um pai e seus dois filhos, de 8 ou 9 anos e 4 ou 5 anos. Com uma idade de 4 600 anos, a descoberta consiste no mais antigo registro genético molecular já identificado de uma família no mundo.[4][5]

Família real

Ver artigo principal: Família real
Outro tipo conhecido de estrutura familiar são as famílias reais. Denomina-se família real a relação estendida dos membros de um soberano, geralmente de um estado monárquico. Os membros das famílias reais recebem destaque e privilégio perante o círculo social de sua nação, sendo muitas vezes tidos como personalidades políticas destes. Uma das mais famosas famílias reais do mundo é a Família real britânica.

Conflitos na Família

Inevitavelmente todo relacionamento e toda família enfrenta, com maior ou menor intensidade, momentos de conflitos. É consenso que a prevalência do amor, do perdão e do diálogo são, em geral, as mais eficientes posturas diante desses conflitos. “Sai sempre ganhando quem sabe amar e perdoar; não quem tudo sabe e tudo julga”, afirma Hermann Hesse, escritor alemão. “Num relacionamento, cada um deve se perguntar: ‘sou capaz de dialogar prazerosamente com essa pessoa até a velhice?’ Tudo o mais é transitório, pois as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar”, defendia o filósofo alemão Nietzsche[6].

Texto recolhido através da Wikipédia



ANTÓNIO FONSECA

CALDAS DA RAINHA - Feriado Municipal - 15 de Maio de 2018

Caldas da Rainha

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Caldas da Rainha
Brasão de Caldas da RainhaBandeira de Caldas da Rainha
Caldas da Rainha Pavilhões do Parque.jpg
Pavilhões do Parque do Hospital Termal
Localização de Caldas da Rainha
GentílicoCaldense
Área255,69 km²
População51 729 hab. (2011)
Densidade populacional202,3  hab./km²
N.º de freguesias12
Presidente da
câmara municipal
Fernando Tinta Ferreira (PSD)
Fundação do município
(ou foral)
1511
Região (NUTS II)Centro
Sub-região (NUTS III)Oeste
DistritoLeiria
ProvínciaEstremadura
OragoNossa Senhora do Pópulo
Feriado municipal15 de Maio (Fundação da Cidade)
Código postal2500 Caldas da Rainha
Sítio oficialwww.cm-caldas-rainha.pt
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg
Caldas da Rainha DmTE é uma cidade portuguesa com 30 343 habitantes no seu perímetro urbano (2012),[1] é uma cidade do distrito de Leiria, pertencente à sub-região do Oeste, região Centro, e integrando a Comunidade Intermunicipal do Oeste.
É sede de um município com 255,69 km² de área[2] e 51 729 habitantes (2011),[3][4] subdividido em 12 freguesias.[5] O município é limitado a nordeste pelo município de Alcobaça, a leste por Rio Maior, a sul pelo Cadaval, a oeste pelo Bombarral e por Óbidos e a noroeste pelo Oceano Atlântico.
Na Praça da República (conhecida popularmente como "Praça da Fruta") realiza-se todos os dias, da parte da manhã, ao ar livre, o único mercado diário horto-frutícola do país, praticamente inalterável desde o final do século XIX.[6]
Ainda hoje, a cidade das Caldas da Rainha mantém como armas, o brasão da Rainha D. Leonor, ladeado à esquerda pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e à direita pelo emblema de D. João II (o pelicano). Ao manter estas armas, a cidade é das poucas povoações do país a utilizar um brasão anterior à normalização da heráldica municipal levada a cabo em meados do século XX, não estando de acordo com a legislação em vigor.[7]

História[editar | editar código-fonte]

Edifício em estilo Arte Nova.
A história da cidade está intimamente ligada aos seus recursos hidro-termais.
Ver artigo principal: Hospital Termal Rainha D. Leonor
Acredita-se que, em 1484, durante uma viagem de Óbidos à Batalha, a rainha D. Leonor, esposa de João II de Portugal, e a sua corte, tenham passado por um local onde várias pessoas do povo se banhavam em águas de odor intenso. Fazendo alto, a rainha indagou-lhes por que razão o faziam, uma vez que, naquele tempo, o banho não era comum, muito menos em águas de odor tão acentuado, sendo-lhe respondido que eram doentes, e que aquelas águas possuíam poderes curativos. A rainha quis comprovar a veracidade da informação e banhou-se também naquelas águas, de vez que também ela era doente (não existe unanimidade entre os autores com relação à natureza do mal: alguns autores afirmam que a rainha padecia de uma úlcera no peito, outros, problemas de pele, e outros ainda, que tinha apenas uma ferida no braço). De qualquer modo, de acordo com a lenda, a soberana curou-se e, no ano seguinte, determinou erguer naquele lugar um hospital termal para atender todos aqueles que nele se quisessem tratar.
Para apoiá-lo, a rainha fundou uma pequena povoação com trinta moradores, dando-lhes benefícios como não terem de pagar os seguintes impostos: jugada (antigo tributo que recaía em terras lavradias), oitavossiza e portagem, privilégios que também se estendiam aos mercadores que viessem de fora para comprar ou vender.
O desenvolvimento das Caldas da Rainha iniciou-se com Afonso VI de Portugal, que fez reconstruir e ampliar o hospital. Durante treze anos, até ao fim da sua vida, ele, a família real e a corte usufruíram anualmente das águas termais, o que permitiu à vila desenvolver-se.
Caldas da Rainha atingiu o estatuto de vila em 1511. Apesar do desenvolvimento e prosperidade que conheceu na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, o Concelho das Caldas da Rainha foi criado apenas em 1821.
Foi durante o século XIX que a vila conheceu o seu maior esplendor, com a moda das estâncias termais, passando a ser frequentada pelas classes mais abastadas que aqui buscavam as águas sulfurosas para tratamentos.
Complementarmente, a abundância de argila na região, permitiu que se desenvolvessem numerosas fábricas de cerâmica, que converteram a então vila num dos principais centros produtores do país, com destaque para as criações de Rafael Bordalo Pinheiroiniciadas na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, entre 1884 e 1907.
O crescimento demográfico vivido no século XIX prosseguiu no século XX, com a elevação da vila à categoria de cidade em 1927. Ao longo do tempo, outras artes além da cerâmica aqui prosperaram, como a pintura e a escultura, fazendo das Caldas da Rainha um centro de artes plásticas, onde se destacaram nomes como os de José MalhoaAntónio Duarte e João Fragoso.
A 26 de Abril de 1919 foram feitas Dama da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.[8]
O malogrado "Levantamento das Caldas", em 16 de Março de 1974, foi precursor da Revolução dos Cravos.

Texto recolhido através da Wikipédia



ANTÓNIO FONSECA

segunda-feira, 14 de maio de 2018

1173
14 MAI 2018
José Cardoso
POR JOSÉ CARDOSO
Editor Adjunto
 
Edição Especial Israel
O Expresso Diário desta segunda-feira é uma edição especial sobre os 70 anos de um Estado cujos pais fundadores perseguiam uma utopia. Um Estado fundado há 70 anos, que aproveitou um pretexto surgido há um século, se baseou numa ideia lançada há 123 anos e se escora em documentos com mais de dois milénios. Eis as balizas, de jure, da construção do Estado de Israel, um dos países mais amados e odiados desde que foi autoproclamado, no dia 5 do mês de lyar de 5708 do calendário judaico.

Os documentos com mais de dois milénios são textos da Bíblia, mais em concreto o Antigo Testamento, que os judeus mais extremistas brandem como título de propriedade; a ideia lançada há 123 anos estava contida no livro “O Estado judeu”, publicado em 1895 pelo pai do sionismo moderno, o austro-húngaro Theodor Herzl; o pretexto surgido há um século foi a célebre declaração Balfour, a carta que o então ministro britânico dos Negócios Estrangeiros Lord Arthur Balfour enviou a 2 de novembro de 1917 ao barão Lionel Rothschild, líder da comunidade judaica do Reino Unido, na qual referia a intenção do Governo britânico de facilitar o estabelecimento de um Lar Nacional judeu na Palestina; o Estado nasceu no dia 14 de maio de 1948 do calendário ocidental.

Após séculos de perseguições, após as exações do fim do século XIX, à medida que se aproximava o ocaso do Império Otomano, após os pogrom antes e depois do nascimento do império soviético, após o Holocausto e as limpezas étnicas nazis e não só, os judeus tinham finalmente uma casa.

“Um povo sem terra para uma terra sem povo”, expressão que foi usada para justificar a criação do Estado. Mas não só a terra tinha povo, como o novo Estado foi erguido, também, na ponta da espingarda e à bomba.

Os seus pais fundadores sonhavam com um Estado sionista e socialista. Não socialista à moda soviética, não socialista versão maoista, mas sim socialista-idealista, quase a fazer lembrar “Utopia”, de Thomas More. Um socialismo idealista de que são exemplo os famosos kibutz, as quintas coletivas criadas pelos pioneiros (numa das quais vivia aliás o “pai” do Estado, David Ben-Gurion), ou o próprio sistema eleitoral, em que 1% dos votos permitia eleger 1 deputado, para que todos as comunidades judaicas tivessem representação política.

No entanto…

Desde o primeiro segundo que Israel é um Estado “impossível”. Impossível no sentido em que todos os prognósticos, todas as probabilidades de sobrevivência foram nesse sentido. Desde a sua criação, entrou em guerra pelo menos uma vez em cada década (1948, a chamada guerra de libertação; 1956, contra o Egito; 1967, contra todos os vizinhos árabes; 1973, contra o Egito e a Síria; 1982, invasão do Líbano; de 1988 até agora as várias “intifadas”).

Localizado no meio de um mar árabe e muçulmano, sobrepõem-se em Israel três conflitos: um conflito local, opondo os nacionalismos palestiniano e judeu; um conflito regional, opondo Israel aos países árabes (que bastas vezes se alimentaram do primeiro); e um conflito geoestratégico, seja a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética dos tempos da Guerra fria seja a atual entre EUA e Rússia — e respetivos aliados na região.

Neste estado de guerra quase permanente houve, porém, um ponto de viragem: a Guerra dos Seis Dias. É sob o espetro dela que Israel ainda hoje vive. Ao conquistar os territórios palestinianos da Cisjordânia, de Gaza e a parte leste de Jerusalém e os Montes Golã à Síria (a península do Sinai foi depois devolvida ao Egito), criou um dilema, que meio século depois não só persiste como está mais vivo do que nunca: o que fazer com mais de cinco milhões de palestinianos e respetivo território, que a ONU e quase todo o mundo defendem que deve ser um estado independente?

Israel opõe-se terminante e ferozmente, invocando razões de segurança (mas há também uma questão de “espaço vital”, para não falar em equações como as reservas aquíferas, um bem que na região é mais precioso do que o petróleo). E não podem anexá-los, porque deixaria de ser um estado judaico para passar a ter maioria muçulmana.

Israel vive, portanto, um paradoxo. É um país que é, politicamente, a única democracia digna deste nome numa vasta região que vai muito além do Médio Oriente. E é, ao mesmo tempo, um país que administra na prática um espaço físico com o dobro do seu tamanho onde promove todos os dias o apartheid e a repressão.

De que houve novos exemplos no próprio dia do 70º aniversário do país, dia em que a repressão de protestos palestinianos contra a mudança da embaixada dos Estados de Telavive para Jerusalém já tinha feito até meio do dia mais de quatro dezenas de mortos e centenas de feridos.

“Estou certo de que o mundo julgará o Estado judaico por aquilo que ele fizer com os árabes”, dizia em 1949 o primeiro Presidente de Israel, Chaim Herzog. Em 2018 isso é mais verdade do que nunca — e o mundo julga-o, hoje, quase exclusivamente por isso.

A utopia dos pais fundadores ficou há muito para trás.
Future
 
  
Assim serão os carros do futuro
Quer se trate de um carro ou de qualquer outro objeto, há que ter em conta as medidas e a matemática, não apenas as ideias. A magia é contribuir com ideias que se possam realizar.

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