Bom dia
Vamos às
últimas do
e-toupeira. Depois do
primeiro interrogatório, onde os
arguidos ficaram em silêncio,
Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD do Benfica para quem o Ministério Público tinha pedido a proibição de entrar no estádio da Luz, entre outras medidas,
saiu em liberdade. Fica
proibido de contactar com os outros arguidos. José Silva, o
técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça ficou em
prisão preventiva, a investigação acredita que ele terá roubado a
password de
uma procuradora para aceder aos processos.
Depois de serem conhecidas as medidas de coação, o Benfica veio reiterar a
total confiança em Paulo Gonçalves. Em
comunicado, o clube da Luz voltou a expressar total
disponibilidade para colaborar com a justiça e diz que este processo vai demonstrar que os procedimentos e condutas do assessor jurídico estão
dentro da legalidade.
Antes, na SIC Notícias,
Nuno Gaioso Ribeiro, vice-presidente do Benfica e a primeira voz oficial do clube a vir a público,
deixou a garantia que
“nunca nenhuma das matérias foi objeto de decisão nas reuniões da SAD”. Gaioso Ribeiro reconheceu que o caso é “grave institucionalmente. Não o podemos esconder”. “É evidente que a nossa reputação é afetada.
Isto afeta a nossa marca”, acrescentou.
Pode ou não a SAD benfiquista ser apanhada na investigação das toupeiras? Como fica
Luís Filipe Vieira com esta investigação? A Polícia Judiciária acredita que o presidente do Benfica
sabia do roubo de informação de processos judiciais. A SIC avançou no Jornal da Noite que o assessor jurídico mantinha Luís Filipe Vieira
informado de tudo. Ou seja, Paulo Gonçalves agiria com o
consentimento do presidente. Mas segundo a mesma reportagem da SIC, os e-mails do Benfica divulgados pelo diretor de comunicação do Futebol Clube do Porto e entregues à PJ podem não servir de prova para implicar Vieira.
Entretanto, Luis Filipe Vieira
deu voz à estratégia do clube que tenta
desviar as atenções para a violação do segredo de justiça. Os encarnados apostam tudo nesta frente e vão entregar à PGR
provas, dizem eles, de que há informação da investigação que está a circular há um mês em
blogues associados a outros clubes. A declaração rápida de Vieira –
“O que sei é pelos jornais. Já têm feito o papel todo” – dá corpo a essa argumentação.
É óbvio que o clube da Luz tem todo o direito a defender-se. Mas se querem ter essa discussão, talvez seja importante lembrar que, a provar-se a tese da investigação, o
Benfica também violou o segredo de Justiça através do alegado esquema do seu assessor jurídico Paulo Gonçalves. O braço direito de Vieira alegadamente pagava a funcionários judiciais para ter acesso a ficheiros da rede Citius relativos a investigações sobre o Benfica, Sporting e Porto. O
JN escreve esta manhã que os funcionários judiciais arguidos nesta operação foram
apanhados em escutas telefónicas a conspirar com Paulo Gonçalves sobre processos que envolvem clubes rivais.
Viramos a página.
A
revista Visão conta na edição de hoje que
há riscos na Ponte 25 de Abril. Numa investigação exclusiva (e explosiva), a Visão teve acesso a um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que dá conta de graves problemas da travessia sobre o Tejo inaugurada em 1966. E não afasta os
riscos de colapso. “Há fissuras, brechas e ‘parafusos’ sem aperto a necessitar de intervenção imediata”. Se nada for feito, o mesmo relatório avisa que poderá ser necessário
restringir-se o tráfego de pesados e de comboios de mercadorias.
O cenário traçado é grave e o Governo não pode dizer que não sabia. Segundo a Visão, nos últimos
3 anos foi sendo alertado por vários organismos. A verdade é que só na
véspera da investigaçãochegar às bancas é que o Executivo decidiu atuar. Com o aparente intuito de se antecipar à revelação pública do relatório, o Governo pôs a
Infraestruturas de Portugal a anunciar trabalhos de reparação de 18 milhões de euros. Ainda este mês será lançado o concurso internacional. O CDS já chamou o ministro Pedro Marques ao Parlamento. De facto,
alguém tem de explicar porque só agora se vai avançar com a empreitada? Porque esteve o
relatório guardado na gaveta?