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Por Ricardo Costa
Diretor de Informação da SIC
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17 de Outubro de 2016 |
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Mosul: começou a batalha final pela cidade onde nasceu o Estado Isâmico
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Foi em junho de 2014 que Abu Bakr al-Baghdadi proclamou um novo califado e se declarou Califa, na mesquita de Nouri, em Mosul.
Desde essa altura que a cidade do norte do Iraque – segunda maior do
país - se transformou numa das capitais de facto do Estado Islâmico
(Daesh) e num dos exemplos mais cruéis da sua brutalidade e violência.
É por isso que o Expresso Curto hoje começa pelo norte do Iraque e pelo anúncio da batalha final pela reconquista de Mosul, num
assalto liderado pelas tropas iraquianas, com o apoio dos guerrilheiros
peshmergas curdos e de uma coligação internacional, liderada pelos
americanos.
É uma batalha fundamental na reconquista de território
ao Daesh, que já controlou um terço do território do Iraque e da Síria e
que apesar de ter perdido muito terreno continua a controlar esta
cidade, o seu último grande bastião urbano iraquiano. Acima de tudo, é o dia zero de uma reconquista que esperou mais de dois anos, deixando pelo menos um milhão de pessoas – dos quais cerca de metade serão menores – na cidade desde 2014.
A batalha final por Mosul era aguardada há algumas semanas e foi anunciada esta madrugada
pelo primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi, numa operação militar
de grande escala, sem precedentes desde a entrada dos EUA no Iraque. O
governo americano associou-se de imediato ao que chamou “a derrota decisiva do Daesh”. E as Nações Unidas declararam extrema preocupação com a situação humanitária que pode decorrer de uma longa batalha urbana.
As imagens fotográficas e televisivas da batalha – muitas em direto – não param de chegar e vão marcar o dia em todo o mundo.
É natural que se prolonguem por algum tempo, porque Mosul é uma cidade
grande, tem uma multidão de civis indefesos e está no meio de demasiadas
manobras diplomáticas. A Turquia, por exemplo, apesar de não ter sido
“convidada” já tem tropas em pleno Iraque porque Mosul fica perto da sua
fronteira sul.
Apesar de sabermos o que vai acontecer com o passar do tempo - a
banalidade das imagens, da violência, da contabilidade de mortos e
feridos, a análise da conquista rua a rua (tal como acontece em Alepo
perante a enorme indiferença internacional), a batalha pela reconquista
de Mosul é uma das grandes notícias do ano e um golpe extremo na
paranóia do Daesh.
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OUTRAS NOTÍCIAS
O PS ganhou com facilidade as eleições regionais nos Açores, mantendo a maioria absoluta. Os socialistas perderam votos e até um deputado, mas podem celebrar mais uma vitória folgada e encarar outra legislatura sem necessitar de acordos com a oposição.
As variáveis eleitorais do arquipélago dão para muitas leituras. PS e PSD continuam a dominar o arquipélago (com 49 dos 57 deputados), mas perderam em conjunto 16 mil votos.
Ao mesmo tempo, CDS, Bloco e CDU subiram em votos,
mas os comunistas acabaram por paradoxalmente perder um deputado devido
às contas do círculo de compensação. O Bloco foi quem mais subiu e o
CDS também cresceu em todos os planos, tendo os dois razões para
festejar.
Uma nota preocupante: a abstenção atingiu um nível recorde. Mais de 59% não foram votar, um número muito alto e uma subida preocupante, já que há quatro anos tinha sido de 52%.
Marcelo Rebelo de Sousa está na Suíça, onde tem sido recebido em euforia
para desespero e surpresa da polícia local. Presidente não fala do
Orçamento enquanto está fora mas já anunciou uma ronda de conversas
sobre este tema com os partidos com assento parlamentar.
Continua a caça ao homem ao fugitivo de Arouca. Pedro Dias terá sido ontem avistado numa pequena localidade do concelho, mas conseguiu fugir depois de imobilizar duas pessoas que reconheceram o alegado homicida.
Depois de roubar o carro, terá fugido para Vila Real onde prossegue a
caça ao homem que tem sido acompanhada a par e passo desde os trágicos
acontecimentos da semana passada. O médico de Pedro Dias deu ontem uma
pouco habitual conferência de imprensa, onde apelou ao fugitivo para se
entregar.
Faltam dois dias para o último debate televisivo das eleições americanas e Trump perde margem nas sondagens.
O debate decorre na noite de quarta para quinta-feira (duas da manhã em
Portugal) e é considerado decisivo para qualquer hipótese de
recuperação de Trump, depois de ter perdido o primeiro debate e usado um
discurso tão violento no segundo que acabou por fazer ricochete nas
intenções de voto.
O Reino Unido está a estudar a hipótese de continuar a pagar a Bruxelas
para que a City de Londres e outros setores económicos possam continuar a
ter acesso direto ao mercado único europeu. O “plano” foi noticiado pelo Financial Times e está contabilizado em milhares de milhões de libras anuais.
Ainda o Brexit, mas agora na variação irlandesa. O Guardian noticia que o governo de Dublin está a ficar seriamente preocupado com a gestão da fronteira com a Irlanda do Norte, tecnicamente a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a EU.
Ninguém sabe exatamente como se vão processar as coisas num território
que passou por um dos mais duros processos de paz das últimas décadas e
que tem sérios problemas económicos.
A China lançou esta manhã (7h30, hora local) uma missão com dois astronautas que vão ficar trinta dias numa estação espacial.
O foguetão, com a nave Shenzhou-11 a bordo, foi lançado numa base no
deserto de Gobi. Treze minutos depois, a cápsula entrou em órbita e dentro de dois dias vai acoplar-se ao laboratório espacial Tiangong 2, onde os astronautas vão passar 30 dias antes de regressar à Terra.
Nos jornais desportivos, ganha espaço a jornada europeia que começa amanhã.
O Sporting vai receber amanhã o difícil Dortmund, dia em que o Porto
joga com o modesto Brugge e tenta recuperar no grupo. O Benfica tem um
difícil jogo na quarta-feira com o Dínamo de Kiev,a Ucrânia.
Antes disso, hoje é um dia de enorme desafio para José Mourinho,
que se desloca a Liverpool para a Premier League. O embate está a ser
dissecado pela imprensa britânica como decisivo para o treinador
português.
Morreu Jia Jia, a mais velha panda gigante em cativeiro.
Com 38 anos – o que, segundo os cientistas equivale a cerca de um
século de vida num humano – a panda era o animal da sua espécie que estava há mais tempo em cativeiro. Os médicos do Jardim Zoológico de Hong Kong recorreram à eutanásia para evitar prolongar o sofrimento de Jia Jia.
FRASES
“O facto é que ao fim de quatro anos particularmente desafiantes, (…) o Partido Socialista mantém uma maioria estável”. Vasco Cordeiro, líder do PS Açores
"Vamos ter de viver numa restrição orçamental muito bem definida". Mário Centeno, Ministro das Fianças, em entrevista ao Jornal de Negócios
“Esta eleição está a ser uma fraude, promovida pelos media distorcidos e desonestos que apoiam a pequena vigarista Clinton”. Donald Trump, candidato presidencial americano, no twitter.
O QUE EU ANDO A LER
Deixo duas sugestões para uma semana em que há mais um debate (o
último…) entre Clinton e Trump e que permitem algumas das leituras mais
interessantes sobre as possibilidades eleitorais e matemáticas da
corrida à Casa Branca.
Nos media dos EUA há muitas opções. Cada um terá as suas preferências de
leitura, mas as minhas vão diretas para dois sites de jornalismo de
dados:
FiveThirtyEight
The Upshot
O primeiro é uma dissidência do New York Times, liderado pela estrela do
jornalismo estatístico Nate Silver, e tem sempre secções que nos põem a
par do que se passa e ângulos nada óbvios.
Para começar, tem o Election Update: Where The Race Stands With Three Weeks To Go, com o ponto da situação na corrida e nas sondagens, muitíssimo bem explicado. Vale a pena espreitar sempre o Who will win the presidency?, com os gráficos interativos estado a estado e as probabilidades de vitória para cada lado, que, já agora, estão assim: Hillary com 86,2% de chances e Trump com 13,8%.
Para quem duvide a que ponto chega o detalhe deste site, espreite o Swing-o-Matic,
que analisa as possibilidades e tendências de mudanças de voto de um
campo para o outro e onde o leitor pode “brincar” com variáveis sociais e
demográficas e ver o que acontece aos resultados.
No The Upshot há coisas igualmente bem feitas. Pode começar pelo clássico Who Will Be President?, que neste caso dá 89% contra 11% para Hillary e está muito bem explicado. A seguir espreite a corrida para o senado e leia um excelente texto sobre como ler a chuva de sondagens que aí vêm: The Savvy Person’s Guide to Reading the Latest Polls.
Aconselho a quem se interessa pelas eleições americanas a seguir o que
se passa nestes dois sites e, claro, no Expresso Online, onde
atualizamos tudo o que se passa ao longo do dia. O Expresso Diário é
editado às 18h e o Expresso Curto regressa amanhã bem cedo. Tenha um bom
dia.
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