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POR José Cardoso
Editor Adjunto
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Bom dia,
Burquíni, explicado ao Expresso por quem o inventou. As guerras da
“Selva”. A paz na selva. Jogos pouco Olímpicos (e coisas mais
importantes do que conquistar medalhas). Diamantes que fazem sangue - e
dão (muito) dinheiro, que se esvai por aí. Não quis atualizar o
telemóvel? (então não diga depois que não o avisei…) As
Escolhas do Editor de artigos que publicámos ao longo da semana no
Expresso Diário são dominadas, este sábado, por temas internacionais –
ou, pelo menos, vindos de fora, embora alguns também digam respeito a
todos nós, por serem assuntos que têm a ver com a própria civilização. Começo por uma das questões que tem estado na berlinda na Europa, particularmente em França: o polémico burquíni,
a vestimenta que algumas muçulmanas estão a usar quando vão à praia.
Tão polémica como esta peça de roupa que cobre todo o corpo foi a
decisão de vários municípios franceses, como Nice e Cannes, de proibir o
seu uso na praia. Na edição de quinta-feira, a Mariana Lima Cunha conta
não só o que se tem passado (e promete continuar a passar-se,
independentemente da decisão do tribunal francês que ontem se pronunciou
contra as proibições) como a própria origem do burquíni (sabe que já
foi criado há 12 anos?). A estilista que o inventou, a libanesa Aheda Zanetti, que vive na Austrália desde os dois anos, explicou-lhe como teve a ideia:
ao ver uma sobrinha, de 11 anos, a jogar andebol toda “enchouriçada”. E
até nem foi a pensar nas idas à praia que desenhou a peça. (sobre o assunto burquíni, muçulmanas e liberdades, no mundo muçulmano e fora dele, não perca também as crónicas do Henrique Monteiro e do Daniel Oliveira desta sexta-feira) Outra questão de atualidade, mesmo que ultimamente tenha estado quase arredada dos noticiários, é a dos refugiados, em França e na Europa (ainda agora a Hungria anunciou a construção de mais um muro na sua fronteira). Em Calais, França, o gigantesco acampamento de refugiados conhecido como “A selva”,
onde já fizemos várias reportagens, continua lá. Cada vez mais cheio de
gente (em setembro serão 10 mil), à espera de conseguir escapulir-se
para dentro de um camião ou de um comboio para atravessar o túnel sob a
Mancha e chegar ao Reino Unido. A Cristina Peres fez, à distância, uma “reportagem” em “A selva”, pelos olhos da universitária portuguesa Marta Costa, que lá está a trabalhar até ao fim deste mês como voluntária da organização Help Refugees e que ao longo de uma semana lhe foi contando como é a vida no campo.
Um campo cuja demolição está prometida mas que nunca teve tantos
habitantes e onde a situação é explosiva, como diz o Daniel Ribeiro, que
também já lá esteve por várias vezes. Os dois artigos foram publicados
na edição de segunda-feira. Na quinta-feira surgiu uma notícia histórica: o
Governo colombiano e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia estabeleceram um acordo de paz, que põe fim a mais de meio
século de guerra. No artigo que publicámos no Expresso Diário de quinta-feira, a Ana França conta não só o que foi este devastador conflito, que fez mais de 220 mil mortos e seis milhões de refugiados internos, como que passos é agora preciso dar
(um referendo para validar o acordo, reintegração dos guerrilheiros na
sociedade, etc.), o maior dos quais será o processo do perdão, de parte a
parte. Os Jogos Olímpicos do Rio já lá vão, mas, em jeito de
balanço, recomendo a leitura de dois artigos que publicámos esta
segunda-feira (e prometo fechar com isto o dossiê Olímpicos). O primeiro é uma entrevista da Isabel Paulo ao ex-presidente do Comité Olímpico Português Vicente Moura, que sobre a participação portuguesa não tem dúvidas: “Foram os piores Jogos do milénio. Não há como tornear isso”.
Atribuindo o desaire (tivemos uma medalha de bronze e dez diplomas) à
falta de uma política desportiva de base no país, Moura diz recear que
próximos Jogos, em Tóquio, signifiquem “mais do mesmo ou pior”. Além da
entrevista publicamos também um quadro completo das medalhas obtidas por cada país – Portugal ficou na 78ª posição. Mas “Há acontecimentos na vida mais importantes que uma medalha”, como diz o título do segundo artigo cuja (re)leitura sugiro. O etíope Feyisa Lelisa conseguiu
uma – não de ouro, mas de prata -, na maratona, mas ficou nas notícias
mais pelo que fez ao cortar a meta do que pelo tempo em que terminou a
prova: ao cruzar a meta levantou os braços e formou com eles um
“X”, o sinal com que a sua etnia protesta contra a repressão do Governo
do seu país. A Mariana Lima Cunha pega nos braços em X de Lelisa para contar o que está a passar-se na Etiópia, onde nos últimos anos ganhou novos contornos um dos conflitos mais esquecidos do mundo. Esta semana voltámos aos Panama Papers. Na edição de quinta-feira contámos a história de uma mina de diamantes, de como essa mina é um tormento para quem lá trabalha e para a população das localidades das redondezas – e do labiríntico percurso dos milhares de milhões de dólares lá gerados, que fluem por todo o mundo através de offshores,
até se lhes perder o rasto. A mina é de diamantes, na Serra Leoa, mas o
esquema não é um exclusivo daquela mina e daquele país. Também é usado
noutras paragens e com outros minérios, como o tântalo que é usado nos
nossos telemóveis. (e na edição de sexta-feira publicámos mais
uma investigação do Consórcio Internacional dos Jornalistas de
Investigação, de que o Expresso é parceiro, sobre como Beyoncé meteu sem querer o pé nos Panama Papers)
Para concluir, e de novo na perspetiva de notícias de “serviço
público”, (re)leia o artigo que o meu camarada da Exame Informática
Pedro Miguel Oliveira escreveu sobre a mais recente falha de segurança do sistema operativo da Apple para dispositivos móveis.
Mesmo que não tenha um iPhone ou um iPad e utilize telemóveis ou
tablets com sistema Android, não perca o artigo do Pedro, que além de
contar a história do programa-espião que até ontem representava uma das maiores ameaças de sempre aos iPhones lhe explica como ter o seu telemóvel (seja ou não desta marca) sempre protegido.
Além destas sete (e três brindes extra) sugestões de leitura,
aconselho-o também a ler a edição do Expresso semanário que chegou hoje
às bancas, que traz a revista E (em cuja capa está o código que permite
ler gratuitamente o Expresso Diário durante toda a semana, basta
fotografá-lo com o telemóvel) e o sétimo dos oito romances de
Camilo Castelo Branco que estamos a oferecer aos nossos leitores. Desta
vez é “O retrato de Ricardina”. Boas leituras e um excelente fim de semana, sem burquíni e com telemóvel atualizado
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