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Por Cristina Peres
Jornalista de Internacional
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22 de Junho de 2016 |
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O Brexit faria do Reino Unido a mais odiada das nações
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Quem o diz é o historiador britânico Antony Beevor num artigo publicado ontem no Guardian no qual defende que as falhas da União Europeia não justificam a sua desintegração.
A verdade é que “o espectro da rotura assombra a Europa”, como admitiu o
presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o admite Beevor. Interrupção para ligar ao jogo hoje das 17h no qual Fernando Santos afirma uma fé inabalável na vitória de Portugal. É o que escreve a nossa enviada Mariana Cabral: mesmo sem André Gomes e Raphaël Guerreiro, Portugal vencerá a Hungria. Consulte o site euro2016.expresso.pt e ficará a saber tudo com (um)a (das) melhor(es) cobertura(s) do Europeu de França. Entretanto, veja aqui o vídeo de motivação que Fernando Gomes usou com os jogadores da nossa seleção. De volta ao Brexit, saberemos já amanhã se haverá futuro ou não para esta União desenhada para aproximar os cidadãos europeus
e encontrar uma nova forma de viver em conjunto depois de guerras que
se sucederam a guerras. Beevor não entra em contradição com o que disse em entrevista ao Expresso em março do ano passado (leia aqui)
a propósito das eleições gerais no Reino Unido. Foi antes de se saber
que a hipótese de referendar a permanência do país na UE avançada por um
David Cameron quando estava empenhado em neutralizar o nacionalismo
rampante do Ukip e em suster os conservadores mais radicais acabaria por
lhe rebentar nas mãos ao obter a maioria absoluta a 7 de maio. Beevor
sublinhava em 2015 a “incrível” vontade dos britânicos em permanecer na
UE e advertia para o efeito perverso - esse sim! - do excesso de
controlo de Bruxelas. Consulte aqui o balanço do derradeiro debate televisivo de ontem à noite na BBC. O primeiro-ministro David Cameron critica o facto de o debate se ter fechado questão da imigração
e apelou à oportunidade de o eleitorado mostrar que o Reino Unido é a
democracia multi-étnica de maior sucesso. Boris Johnson, líder do
pró-Brexit, disse que esta quinta-feira poderia ser o “dia da
independência” do país. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, fez
um apelo comovido à permanência na UE pedindo aos ingleses que não façam
“a escolha errada”. A última sondagem da YouGov para o Times apurava 39% dos votos para a saída, 34% para ficar com 17% de indecisos… Fique a conhecer aqui neste artigo da CNN o impacto com que os Estados Unidos contam da possível saída do Reino Unido da União.
Contém um “guia não-britânico para o Brexit”, ou seja, um Q&A sobre
as consequências diretas e indiretas na América, incluindo o que pensam
os candidatos que lideram a corrida à Casa Branca. Leia aqui como é que a imprensa britânica toma partido na votação reportado para o Expresso a partir de Londres: Quando os media dão orientação de voto.
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OUTRAS NOTÍCIAS Dezoito anos de pena para Jean-Pierre Bemba, 53 anos, sentenciou ontem o Tribunal Pena Internacional (TPI),
condenando assim o dirigente de mais alto nível desde que foi fundado
em 2002 como “tribunal de último recurso”. O ex-vice-presidente da
República Democrática do Congo e chefe de milícia responde assim pelas
violações, crimes e pilhagem cometidas pelas suas tropas na República
Centro-Africana entre 2002-2003. Esta pena do TPI foi a primeira a reconhecer a violação como arma de guerra e
a empregar a doutrina da responsabilidade de comando. Quer dizer que os
líderes passam a ser responsabilizados pelos crimes dos seus
subordinados. Um ponto de viragem para milhares de mulheres e crianças
que foram vítimas da campanha orquestrada de Bemba. Os 28 deliberaram prolongar por mais seis meses as sanções à Rússia, insistindo deste modo na pressão ao país por causa do conflito que mantém no leste da Ucrânia. A deliberação dos responsáveis pela diplomacia europeia foi tomada por unanimidade
(obrigatório) e permitirá aferir melhor até 31 de janeiro de 2017 em
que termos Moscovo está ou não a cumprir o tratado assinado em Minsk
para terminar o conflito naquela região ucraniana. A luta continua ainda que longe de estar ganha: é o que prova mais esta derrota sofrida por Barack Obama na tentativa de encerrar a prisão de Guantánamo,
uma das bandeiras mais importantes da campanha eleitoral de há oito
anos que continua por hastear. O Departamento da Justiça norte-americano
opôs-se a mais uma proposta do Presidente, como aqui conta a Reuters.
Em três meses, a procuradora-geral Loretta Lynch interveio duas vezes
para bloquear as propostas da administração Obama argumentando com a
violação dos procedimentos e regras da justiça criminal. Protestos nos arredores de Pretória estão a marcar a pré campanha para as eleições regionais de agosto.
O Governo divulgou ontem à tarde um comunicado em que apela à calma.
Manifestantes atiraram pedras aos carros-patrulha da polícia chamada a
intervir na área de Tshwane. Na origem dos tumultos está o candidato
escolhido pelo ANC (Congresso Nacional Africano) para Tshwane, Thoko
Didiza, que substituirá o atual mayor Kgosientsho Ramokgopa. A
liderança de Jacob Zuma é mais uma vez posta à prova desde que a tensão
não para de aumentar esta semana, conta o sul-africano Mail&Guardian. Leia aqui a análise do The Economist sobre a necessidade de a África do Sul encontrar uma oposição de fôlego ao ANC. Por cá, Ricardo
Félix Mourinho esteve reunido com os parceiros do Governo no Parlamento
para explicar o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. A Helena Pereira e a Cristina Figueiredo contam o que o Expresso confirmou
sobre as reuniões e as explicações para os quatro mil milhões de euros
de capitalização. Entretanto ficou a saber-se hoje pela Antena 1, que o
plano para a CGD já está pronto e poderá até chegar aos cinco mil
milhões de euros implicando a dispensa de 2500 trabalhadores. Marcelo
Rebelo de Sousa mandou fazer uma auditoria às contas da presidência e o
Expresso foi ver em que é que o Presidente gasta dinheiro.
Descobriu que o dinheiro previsto para deslocações e estadas em 2016
chega ais 154 mil euros. As comunicações consomem 600 mil euros, mas são
as remunerações que levam a maior fatia das despesas. Leia aqui os pormenores. Oi a um passo da falência leva CMVM a suspender as ações da Pharol. A
administração da operadora brasileira Oi, a braços com uma divida de 65
mil milhões de reais, está sob pedido de proteção judicial de credores. A Anabela Campos explica aqui
como é cada vez mais incerto o futuro da Oi, empresa com a qual a
Portugal Telecom (PT) se fundiu em 2014 para criar o maior operador de
telecomunicações de língua portuguesa. Fernando Pinto,
que agora lidera a TAP com outros três elementos sucedendo a Humberto
Pedrosa, reclama prémios de gestão suspensos desde 2009
argumentando com a sua contratualização com o Estado. Apesar de o
presidente executivo ainda não ter discutido o assunto com o Governo,
declarou aos jornalistas que o faria. Verifique aqui no Económico. A Comissão Europeia critica a inação de Portugal no caso Banif. Como escreve o Público,
Bruxelas distribui responsabilidades pelo Governo anterior, o Banco de
Portugal e a gestão do banco para concluir que a gestão do banco
contrastou com a de outros bancos portugueses. Já agora, fique a saber que o preço das casas deu um salto de 6,9% nos últimos três meses, o maior desde 2010. O preço das casas em Portugal sobe há dez meses consecutivos, como aqui pode ler
no Económico. O número de casas vendidas está também a recuperar.
Segundo o CM, vendem-se 327 a cada dia. E, claro, é cada vez mais caro
viver em Lisboa. FRASES “Em tempos de finanças apertadas, a presidência terá de dar o exemplo”, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República a propósito da auditoria às contas da presidência “Teríamos de vê-lo como uma chamada à realidade e um aviso para não continuarmos o business as usual”, Wolfgang Schäuble,
ministro alemão das Finanças à revista Spiegel caso os britânicos votem
a favor da saída da UE ou apenas uma escassa minoria de votos os
mantenha entre os 28 “Porque é que eu não hei de acreditar?”, Fernando Santos, selecionador nacional a propósito da vitória de Portugal à Hungria no jogo de hoje “Tudo
deveria ter sido feito antes. A venda do banco em Malta deveria ter
sido feita antes, a da Açoreana deveria ter sido feita hoje, o próprio
Banif também”, Mário Centeno, ministro das Finanças “Eu escolho resolver a crise dos refugiados com a UE”, Sadiq Khan, mayor de Londres no último debate transmitido ontem em direto pela BBC O QUE ANDO A LER
Tudo o que (me) esclareça sobre a complexidade e multiplicidade das
consequências daquilo que pode ser já a partir de amanhã, quinta 23 de
junho, o acontecimento do ano. Escolha o Reino Unido sair ou não da UE, a Europa (e como tal, o mundo) não voltará a ser a mesma.
Mais comentário sobre jogo sujo, menos raciocinado esclarecido, mais
oportunismo ou revelação de caráter subterrâneo, recomendo este long read que a revista E do Expresso publicou no sábado passado, um trabalho esclarecedor de Filipe Ribeiro Meneses: Brexit: que Europa é esta?. Outro long read, este na Aljazeera, leva Kenan Malik a argumentar em “Beyond the Brexit debate” que nem a saída nem a permanência terá as consequências radiciais que se têm previsto. O terceiro long read que li e sugiro foi publicado ontem no Guardian e é dedicado à eurofobia britânica. Geoffrey Wheatcroft diz que os britânicos estão muito mais à procura da sua própria identidade do que a fugir à Europa.
Na segunda-feira, foi a vez de Alan Posener adiantar consequências da
saída dos britânicos da UE nos vizinhos europeus. O Brexit, diz em
“German nacionalism can only be contained by a united Europe ”, Posener
esclarece como o Brexit poderia fortalecer a direita xenófoba da Alternativa para a Alemanha (AfD), transformando-a num perigo para Berlim. Na sequência da famosa capa que a revista alemã “Der Spiegel” com 23 páginas em língua inglesa em que titulou “Please don’t leave! /
Bitte geht nicht! - Why Germany needs the British”, Jenny Hill explica a
preocupação dos alemães pela hipotética saída dos britânicos neste artigo divulgado na BBC: “Prospect of Brexit bemuses and worries Germany”. O “Spiegel Online Internacional” (em inglês) explica como é que a posição de liderança dos britânicos nos mercados financeiros mundiais pode ser posta em causa com o Brexit. Leia aqui
“Betting the Banks: Will Brexit Be End of Party for London?”. E aqui
fica uma entrevista com o ministro das Finanças alemão, Wolfgang
Schäuble, onde ele declara que “Out is out”, anunciando o fim do “business as usual” caso os eleitores do Reino Unido escolham sair da UE. É um trabalho da revista “Spiegel” deste mês. Ricardo Costa chama ao referendo “inevitável e importante”, leia aqui porquê. E pronto, terminado o café, acompanhe o Expresso Online ao longo do dia até à hora do Expresso Diário, minutos antes das 18h. Passe bem a que poderá ser a última quarta-feira a 28. Bom jogo com temperaturas acima dos 30ºC!
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