terça-feira, 31 de maio de 2016

OBSERVADOR - 31 DE MAIO DE 2016

360º - Acordo com a Grécia? O Diabo está nos detalhes (e são muitos)

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormiaPortugal desceu três lugares no chamado "ranking da competitividade". Este índice é publicado todos os anos pelo IMD World Competitiveness Center e agrega, no total, 61 economias. Estamos agora na 39.ª posição.

Mas também há outra forma de olhar para as coisas: o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, vê "sinais positivos" na economia portuguesa por causa do aumento do índice de melhoria de confiança dos consumidores, revelado pelo INE.

E uma chamada de atenção agora que já está acordado: termina hoje o prazo de entrega da declaração de IRS  para todos os que tenham rendimentos de trabalho independente ou outras categorias que não de trabalho dependente e pensões. Confirme lá se está tudo em ordem consigo.

O Gil Vicente pode estar de regresso à I Liga. O Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa deu razão ao clube no caso Mateus, que tinha levado à sua despromoção. Agora, pode ser preciso fazer um alargamento da I Liga.

Informação relevanteAcordo com a Grécia? Qual acordo? A história mete um governo endividado com apenas 17,5% de intenções de voto nas sondagens, um ministro alemão sarcástico, polémicas com o FMI e 10,3 mil milhões de euros. A Grécia voltou a escapar do buraco? Talvez, talvez. Mas, pelo sim, pelo não, é melhor ler o artigo do Nuno André Martins sobre um enredo complicado que nos afecta a todos.

De qualquer forma, sobre a relação entre Portugal e a União Europeia e sobre a eventual aplicação de sanções há pelo menos uma pessoa optimista: o Presidente da República. Marcelo rebelo de Sousa saiu ontem  de uma reunião com Angela Merkel, em Berlim, e afirmou: "Não vi nenhum sinal de preocupação da chanceler em relação a Portugal, mas sim sinais de compreensão".

O antigo ministro das Finanças de José Sócrates, Teixeira dos Santos, junta-se às críticas a Bruxelas e afirma que a Comissão Europeia deve deixar de ser um "elemento desestabilizador constante": "Estamos a discutir imenso se a União Europeia vai ou não vai aplicar sanções a Portugal. (...) E, enquanto andamos nisto, desfocamo-nos do que é importante".

Há uma mudança no regime das 35 horas. Na última versão do PS, que será votada amanhã no parlamento, há uma reposição das 35 horas a 1 de julho, mas cai a data limite de 31 de dezembro para aplicação da medida. Os sindicatos estão divididos na reação à novidade.

É a primeira resposta a Francisco Assis. Depois de o crítico da coligação das esquerdas ter afirmado que o PS estava "manietado" pela ligação ao PCP e ao BE, Manuel Alegre veio agora dizer à agência Lusa que a realidade é exatamente ao contrário: " Se não houvesse esta mudança, o PS estaria capturado pelo PSD." O congresso do partido é já neste fim de semana.

Ainda à esquerda: o Público revela hoje que existe um pacto de não agressão entre PS e PCP para as eleições autárquicas. A ideia é evitar que os comunistas percam poder nas câmaras - se isso acontecesse, o partido poderia sentir-se ameaçado e romper a coligação de governo.

São os "caça-emelgas". Há um grupo no Facebook com o nome "Eu vi um gajo da EMEL" que se dedica a publicitar a localização dos funcionários que têm a função de multar e bloquear os carros mal estacionados. A sua palavra de ordem é “Bloqueia a EMEL antes que a EMEL te bloqueie a ti”. Sobre fenómenos como este, a empresa reage: “Há grupos [nas redes sociais] que funcionam como verdadeiras auditorias de qualidade, sinalizando alguns erros e oportunidades de melhoria. Outros não merecem comentários”.

O anúncio foi feito ontem: os jogos do Benfica vão continuar a ser transmitidos na BTV. O canal pago só está disponível na NOS (a Meo tem os direitos de transmissão dos encontros do FC Porto).

Mais uma demissão no novo governo brasileiro. O ministro da Transparência (sim, todos percebemos a ironia), Fabiano Silveira, foi apanhado numa escuta telefónica a criticar a Operação Lava Jato. Essa conversa aconteceu antes de chegar ao Governo, mas o calendário é irrelevante neste caso.Responsável pelo combate à corrupção no executivo de Michel Temer (olhem aí a ironia outra vez), Fabiano Silveira aparecia nas gravações a dar sugestões sobre como escapar à justiça.

Depois de Berlim, a Islândia: vêm aí novas restrições nos alugueres através do site Airbnb. Uma proposta de lei na Islândia pretende impedir que os residentes disponibilizem as suas casas a turistas durante mais de 90 dias por ano. Um dos objetivos é contrariar o enorme aumento nos preços das casas situadas no centro de Reiquiavique.

Na área da opinião, há três artigos a ler esta manhã no Observador. Rui Ramos analisa a relação entre o PS, o BE e o PCP - e entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. Djaimilia Pereira de Almeida escreve sobre " a linguagem que nos fossiliza em tenra idade". E Laurinda Alves conta a singular história de uma mãe e um filho.

Os nossos Especiais

A acusação contra Pereira Cristóvão. É já amanhã que começa o julgamento do processo que envolve Paulo Pereira Cristóvão e vários polícias. A Sónia Simões consultou o processo e conta os detalhes de um caso impressionante, em que a dada altura vários homens arrancaram o soalho de uma casa à procura de milhões do BPN (não encontraram nada).

O que diz um escritor. John Banville, que venceu o Booker e o prémio Príncipe das Astúrias, esteve na Feira do Livro de Lisboa e falou com o Observador. O autor de A Guitarra Azul conversou sobre crises de meia idade, sobre a mania de vivermos presos ao passado e sobre a forma como gosta de escrever - como um homem amargo e descontente (calma, não é tão deprimente como parece).

Notícias surpreendentes

Um prémio aos 80 anos. O escritor brasileiro Raduan Nassar ganhou o Prémio Camões deste ano. Há duas décadas que não publica nada. "Essa fuga dos holofotes e dos salões da literatura fez dele um mito, um autor de culto”, diz Francisco José Viegas.

São 24 fotografias históricas onde aparecem crianças - infelizmente. Cenários de guerra, de fome e de destruição mostram-nos que nem sempre conseguimos proteger os mais fracos.

A vingança dos "desdentados". Há seis anos, num programa de televisão, José Cid descreveu os transmontanos como sendo "pessoas assim medonhas e feias, desdentadas". Agora, as imagens reapareceram e o cantor está a ter problemas: a sua página de Facebook foi suspensa por causa dos insultos que recebeu, formaram-se grupos nas redes sociais contra ele e um concerto que estava marcado para Alfândega da Fé acabou por ser cancelado pela câmara. José Cid já fez um "imenso pedido de desculpas".

O santo da sardinha. Pois, vem aí o Santo António e há sardinhas, arraiais e casamentos - e há também música, teatro e livros. Pegue lá na agenda, clique aqui e faça os seus planos com a ajuda da Rita Cipriano.

Duelo de chefs. O restaurante Bastardo, em Lisboa, serve de ringue. De um lado, o chef Luís Rodrigues, a defender a comida portuguesa; do outro, um chef, a representar uma cozinha estrangeira. Já passaram por lá o Japão, a França e o México e agora, revela o Tiago Pais, é a vez da Itália. Chiara Ferro, da Osteria, leva consigo, entre outras coisas, risotto di mirtilli e polpette di tonno. O recontro acontece a 1 e 2 de junho - e quem quiser assistir pode ver como aqui.

Cerveja para ouvir, não para beber (OK, também para beber). A Sara Otto Coelho foi visitar a Casa da Cerveja, na fábrica da Unicer em Leça do Balio. É um museu, onde pode conhecer a história da Super Bock - e tudo acaba, claro, numa sala para provas.

E com esta boa notícia pode avançar para um novo dia. Vá passando pelo Observador sempre que puder para se atualizar - nós vamos estar sempre aqui.
Até já
Mais pessoas vão gostar da 360º. Partilhe:
no Facebook no Twitter por e-mail
Leia as últimas
em observador.pt
Observador
©2015 Observador On Time, S.A.
Rua Luz Soriano, n. 67, Lisboa

Se pretende deixar de receber a Newsletter 360º clique aqui

Demasiadas newsletters? Pode anu

EL VENTANO - 31 DE MAIO DE 2016

Entrada nueva en El Ventano

Por qué llamé tirano a Cebrián en su propia casa

by cesar
JUAN SOTO IVARS  Hace ya años que Cebrián parece más acostumbrado a la opacidad de las altas esferas que a la transparencia y la información. Jamás he oído a un solo profesional que lo defienda, pero en cambio es rarísimo leer una crítica por escrito. Cebrián no impone respeto, sino miedo ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------   Hace un […]
Leer más de

EXPRESSO - 31 DE MAIO DE 2016

Que sanção?

Expresso Curto (expresso@news.impresa.pt)
09:58
Grupos, Newsletters
Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


publicidade
Publicidade

Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Pedro Santos Guerreiro
Por Pedro Santos Guerreiro
Diretor
 
31 de Maio de 2016
 
Que sanção?
 
Marcelo está em todas. Não é uma expressão idiomática. É literal. Está nas primeiras páginas do Correio da Manhã, do Jornal de Notícias, do Público, do Diário de Notícias, do i e do Negócios. Por causa da visita à Alemanha. Por causa das sanções a Portugal que, podendo haver, ainda não há e talvez não haja.

“Merkel seduz Marcelo” (CM), “Merkel recetiva a argumentos de Marcelo” (JN), “Vou satisfeito com o que senti e ouvi da parte de Angela Merkel” (Público), “A conversa correu muitíssimo bem” (DN), “Marcelo vai continuar a fazer avisos sobre as contas de Costa” (i).

Marcelo vai estar no museu de cera de Madrid. Marcelo é irmão de Pedro, que lhe dedicou um texto neste dia que é dia dos irmãos. Marcelo irradiou otimismo na capital alemã e hoje é isso que interessa.

Vai ou não Portugal ser sancionado por não ter cumprido a meta de défice orçamental? O Presidente não disse mas sinalizou que não. Ou sabe que não ou acredita que não. E, como disse Miguel Sousa Tavares na SIC, “Merkel sabe que Marcelo foi lá porque está numa posição de ter de pedir coisas à Alemanha”

Também Assunção Cristas por lá andou ontem e encontrou-se com a chanceler alemã, e com o presidente da Comissão Europeia, tentando sensibilizá-los para a “injustiça” de aplicar sanções a Portugal e a Espanha. Confiante está Mário Centeno. O ministro das Finanças diz que a execução orçamental de abril mostra que Portugal está “no bom caminho”.

Portugal, uma Pátria feita contra a sorte”, escreve Marcelo no Negócios, na edição comemorativa do 13º aniversário do diário de economia que há quase 19 nasceu como site na Internet. “Sempre ou quase sempre contra a sorte. Para não dizer contra o vento. Muitas vezes tarde, ou tarde demais para o que seria o cenário ideal, a reboque dos acontecimentos ou desperdiçando ensejos irrepetíveis. Mas sempre contra a sorte. E com o povo na liderança.”

Não podemos confiar na sorte”, escreve António Costa na mesma edição do Negócios, que junta depoimentos e opiniões de vários líderes políticos e económicos. Um dos artigos mais importantes é o de Carlos Costa, que escreve sobre para onde o sistema bancário deve ir, e, nisso, defende a criação do banco mau, sem nunca usar a expressão:

“Uma das medidas essenciais para repor a rentabilidade é extrair do balanço os ativos não produtivos através da venda a terceiros ou da transferência para um veículo que assuma a gestão e a recuperação do respetivo valor. Isto implica aceitar um desconto relativamente ao valor de balanço líquido de imparidades.” O texto relança o tema, que vai continuar a dar que falar.

Marcelo termina o seu texto no Negócios numa espécie de manifesto anti-Almada, que escreveu a célebre frase de que “o Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades!” O Presidente discorda. Escreve ele:

Qual sorte! Qual ilusão de que alguém gosta mais da nossa terra, da nossa gente, da nossa História, do nosso futuro do que nós próprios! A nossa única sorte é termos nascido portugueses!”

Marcelo está em todas.
 

publicidade
Publicidade

OUTRAS NOTÍCIAS

Três frentes negociais:

1. Escolas. Depois da manifestação defendendo a manutenção dos contratos de associação, o Movimento Defesa da Escola Ponto quer desfazer “equívocos” na questão do financiamento aos colégios e garante que os contratos de associação não custam mais dinheiro ao Estado e que o Ministério não está a cumprir o que assinou em 2015. Segue-se um pedido de audiência com António Costa. Mas para o governo, este é um “assunto encerrado”. É?

2. Função Pública. A um mês da data fixada por António Costa para a reposição das 35 horas semanais para os funcionários públicos, as negociações prosseguem. A maioria dos funcionários do Estado tem um Contrato de Trabalho em Funções Públicas e não se sabe ainda se só estes serão abrangidos ou se o serão também aqueles que têm contratos individuais de trabalho mas, como o Expresso noticiou no sábado, o alargamento a todos pode ser decisivo para que os sindicatos aceitem que as “horas a mais” sejam pagas com dias de férias e tempo livre. Os ministérios vão negociar com sindicatos exceções para os que continuarão a trabalhar 40 horas por semana.

3. Portos. Sindicato que já venceu nas suas reivindicações foi o dos trabalhadores portuários. Para o Bloco e PCP, luta dos estivadores é exemplo a seguir.

O PS e PCP têm um “pacto de não-agressão” para as autárquicas, noticia o Público.

Carvalhão Gil, o espião que foi apanhado a vender informações confidenciais a um agente russo, estava a ser investigado há meses sem que nada o incriminasse. Até que uma simples frase ao telefone o tramou. O Expresso conta como.

Os lesados do BES ficam mais um mês a aguardar desfecho para serem compensados. Mas esperam solução em junho.

A não perder: a história do Banif, numa série de três episódios na SIC. O primeiro é transmitido hoje. Cinco meses depois do colapso do Banco Internacional do Funchal, a estação revela “o que permanecia oculto entre guerras familiares, processos judiciais e complexas operações financeiras”. “Pecados capitais”.

Termina hoje o prazo de entrega do IRS para os trabalhadores independentes, lembra o Económico.

Se não há Jesus, há Espírito Santo”, escreve a Isabel Paulo, sobre a escolha do próximo treinador do FC Porto, Nuno Espírito Santo, contratado para “salvar o banco mau do FC Porto”. Mas o processo foi conturbado, explica a jornalista: a escolha “está a dividir a SAD do FC Porto, partida entre a aposta em Marco Silva e a vinda de um técnico ainda verde mas que encarne a mística azul e branca. Pinto da Costa deu a bênção à fação do filho Alexandre, defensora do regresso do ex-guarda-redes da casa ao reino do Dragão, pela mão do eterno amigo Jorge Mendes. Antero Henrique é o perdedor no braço de ferro com Alexandre Pinto da Costa. O entusiasmo dos mais entusiastas portistas não é lancinante. “Nuno Espírito Santo está no desemprego por alguma razão”, comentou ontem um deles, Miguel Sousa Tavares, na SIC. E Peseiro já não mora no Dragão

Como o Expresso noticiou no sábado, os jogos do Benfica vão continuar na BTV.

Dez anos depois, o Gil Vicente pode voltar à I Liga. O Tribunal Administrativo de Lisboa considerou que a descida à II Liga do clube foi injusta e que deve ser reposta a legalidade.

Portugal gastou €9 mil por dia em 2015 em produtos para deixar de fumar. Hoje (também) é dia mundial sem tabaco.

Uma fábrica de antenas em Vila Real aposta no exercício físico antes de cada turno de trabalho. Ora veja.

O governo interino de Michel Temer no Brasil tem poucas semanas mas já vai na segunda baixa por suspeitas de corrupção. Fabiano Silveira, ministro da Transparência, Fiscalização e Controlo, demitiu-se após surgir em gravação a criticar os investigadores da Lava Jato e a dar dicas ao Presidente do Senado, Renan Calheiros, e ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sobre como evitar acusações formais de corrupção.

Desejo que tenham uma filha mulher!”. Este foi um dos milhares de gritos de revolta no Brasil sobre a chocante história da jovem de 16 anos violada por 33 homens, que gravaram e partilharam aqueles momentos de horror.

O Daesh está prestes a perder o controlo de Fallujah, a cidade que está há mais tempo sob o controlo do autoproclamado Estado Islâmico.

Os Estados Unidos e o Egito confirmam que o voo MS804 emitiu sinal de emergência antes de se despenhar. Quase duas semanas depois do desastre aéreo que vitimou 66 pessoas, sabe-se que o sinal do Airbus A320 da EgyptAir foi captado por satélites minutos depois de ter desaparecido dos radares ao sobrevoar o Mediterrâneo.

Alguns dos maiores nomes mundiais da astrofísica e da cosmologia reúnem-se a partir de hoje no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para debater a missão espacial Euclid, que irá lançar em 2020 um satélite para detetar cerca de dois mil milhões de galáxias, que servirão para mapear a distribuição da matéria escura no Universo.


FRASES
“A Fenprof é a entidade que mais tem prejudicado a escola pública”, Miguel Sousa Tavares, na SIC.

“Ai meu Deus. Tantos, tantos, tantos…” Resposta de José de Faria Costa, provedor de Justiça, à pergunta “Tem muitos pedidos de idosos?”, do Público.

“Podemos discutir a forma como Snowden fez o que fez, mas penso que na verdade ele executou um serviço público ao elevar o debate sobre como nos envolvemos e as mudanças que alcançamos”. Eric Holder, que era procurador-geral dos Estados Unidos quando, em junho de 2013, Snowden fez as primeiras revelações de documentos confidenciais da NSA sobre um programa secreto de vigilância em massa de cidadãos. No The Guardian.


O QUE EU ANDO A LER
“Os olhos no teto, nudez dentro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos que do corpo”.

Antes de ler este livro eu ouvi-o ler e logo “Lavoura Arcaica” se tornou num dos muitos livros da minha vida. O escritor brasileiro Raduan Nassar nasceu em 1935, no Estado de São Paulo, filho de libaneses. Tem uma obra breve. Foi ontem anunciado como Prémio Camões 2016.

"Meu pai sempre dizia que o sofrimento melhora o homem, desenvolvendo seu espírito e aprimorando sua sensibilidade; ele dava a entender que quanto maior fosse a dor tanto ainda o sofrimento cumpria sua função mais nobre; ele parecia acreditar que a resistência de um homem era inesgotável. Do meu lado, aprendi bem cedo que é difícil determinar onde acaba nossa resistência, e também muito cedo aprendi a ver nela o traço mais forte do homem; mas eu achava que, se da corda de um alaúde - esticada até o limite - se podia tirar uma nota afinadíssima (supondo-se que não fosse mais que um arranhado melancólico e estridente), ninguém contudo conseguiria extrair nota alguma se a mesma fosse distendida até o rompimento. Era isso pelo menos o que eu pensava até a noite do meu retorno, sem jamais ter suspeitado antes que se pudesse, de uma corda partida, arrancar ainda uma nota diferente (o que só vinha confirmar a possível crença de meu pai de que um homem, mesmo quebrado, não perdeu ainda sua resistência, embora nada provasse que continuava ganhando em sensibilidade)".

As temperaturas sobem a partir de hoje, dia dos irmãos, dia que o Expresso como sempre acompanha e em que como sempre o acompanha. Tenha um excelente dia.
 
Publicidade

 
O grupo Impresa pretende oferecer um serviço personalizado de qualidade, respeitando sempre o direito à sua privacidade. Os seus dados são tratados de forma confidencial, sendo utilizados apenas para envio de informação do grupo.

Para deixar de receber newsletters do Expresso clique aqui
 

Demasiadas newsletters? Pode anular a subscrição.

OBSERVADOR - 31 DE MAIO DE 2016

Macoscópio – Francisco Assis, a natureza do PS e o debate sobre o futura da esquerda. Em Portugal e na Europa

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


Nota: Por um problema temporário no nosso sistema de envio de newsletters, este Macroscópio que devia ter sido distribuído ontem ao fim do dia só agora segue para os nossos leitores, a quem pedimos desculpa pelo atraso.

Francisco Assis, a única voz socialista de peso que se tem oposto, desde o início, à solução governativa costurada por António Costa, deu este fim-de-semana três entrevistas – ao Observador, ao Diário de Notícias/TSF e ao Expresso – onde, uma semana antes do Congresso do PS, desenvolveu os motivos pelos quais pensa que a “geringonça” é uma má solução para o país. Vale a pena partir de algumas das suas afirmações para regressar ao tema do futuro do PS e, também, de uma esquerda que, em Portugal e na Europa, hesita sobre os caminhos a tomar.

Comecemos pela entrevista ao Observador, onde Francisco Assis defendeu que “A coligação não trouxe nada de bom ao país”. Isto porque “Esta coligação, sendo contra-natura, é atrofiadora em relação ao PS. O PS mantém-se no poder, mas os partidos extremistas — BE e PCP –, alcançam algo ainda mais importante que é a possibilidade de condicionarem o poder do PS. Isso parece-me que se concretizou ao longo destes seis meses. E vai concretizar-se ao longo do tempo em que esta solução sobreviver. Esse é o grande problema. Nunca pensei que o PS viesse a radicalizar-se. Pareceu-me que o PS ficaria profundamente manietado devido a esta dependência de dois partidos que têm divergências profundíssimas em questões que não são menores e que se manifestam no dia-a-dia da governação.

Para Assis, o problema de o PS estar “manietado” pelo PCP e pelo Bloco é que “não crê “que com estes parceiros parlamentares seja possível fazer qualquer reforma.” Em contrapartida defende que, até pelo que se passa na Europa, o PS tem de negociar à sua direita: "Há aqui uma cisão histórica no relacionamento institucional com a direita em Portugal. Não precisamos de deixar de ser um partido de centro-esquerda para mantermos um diálogo sério com os partidos situados à nossa direita. São partidos de uma direita democrática e de uma direita liberal que nos devem merecer todo o respeito."

Na entrevista ao Diário de Notícias/TSF este tema da natureza da direita mereceu mesmo honras de título – É "uma deturpação da realidade" dizer que Passos é neoliberal –, tendo Assis explicado porque se opõe a uma frase chave da moção de António Costa ao congresso do PS – "O adversário principal da esquerda socialista, social-democrática e progressista não são as forças à sua esquerda, é o forte desvio neoliberal do centro-direita conservador e a emergência da direita populista, nacionalista, autoritária e xenófoba". Para o eurodeputado esta frase “reflete uma reorientação política, estratégica e não sei até que ponto programática do PS e instala uma situação de relativa esquizofrenia, na medida em que no espaço europeu nos entendemos preferencialmente com o centro-direita e depois aqui em Portugal queremos fazer do centro-direita o adversário absoluto e fazer da extrema-esquerda o nosso parceiro permanente.”

Mas há quem, no PS, já começa a procurar teorizar a mudança por que está a passar o PS. Foi isso que fez Pedro Adão e Silva ouvido num trabalho de São José Almeida no Público – Nova política de alianças pode significar fim do “partido charneira” – onde considera que “o arco da governação existia porque havia eleitorado do centro", o qual está "em erosão por toda a Europa, afastou-se e a única forma de reconstruir um espaço de compromisso é através da cooptação dos extremos". Ao mesmo tempo esse sociólogo defende que "O compromisso do Bloco Central era Estado Social e Europa Connosco, a partir do momento em que há degradação de condições materiais e a Europa deixa de estar connosco é natural que esse espaço deixe de existir", afirma. E questiona-se mesmo sobre por que razão "o PS continua a aparentemente defender o optimismo em relação à União Europeia". Isto quando, "pela primeira vez, os interesses do norte e da periferia são contraditórios". E há no PS uma "renovação geracional que corresponde a um euro pessimismo e a um euro cepticismo camuflado".

Resulta bastante evidente destas duas abordagens que há, no PS, visões muito diferentes, pelo que é interessante ver o que se passa noutros países, onde também há fortes clivagens na área que habitualmente identificamos com o socialismo democrático. No Diário de Notícias, Leonídio Paulo Ferreira fala do que se passa em França, em O estilhaçar do PS francês, enquadrando essa crise na crise mais geral da esquerda europeia: “É péssimo para a esquerda europeia este estado calamitoso do PSF? É. Até porque em geral a vida não corre bem aos socialistas e afins. No Reino Unido, têm um líder demasiado à esquerda para chegar a primeiro-ministro, em Espanha arriscam-se a passar a terceira força e na Alemanha são o apoio da direita. Sim, governam na Suécia, em Portugal e na Itália, mas em minoria.”

É um retrato pouco entusiasmante, se acrescentarmos o quase desaparecimento do PASOK, na Grécia. É interessante por isso ver um pouco sobre o que tem escrito em França, e sobre França, país que neste momento atravessa mais um período de forte contestação social, desta vez contra um pacote legislativo promovido por François Hollande onde se procura liberalizar um pouco mais o mercado de trabalho.

Natalie Nougayrède, antiga responsável do Le Monde e colaboradora do Guardian, escreve neste diário britânico que France’s chaos stems from its failure to adapt to globalisation. Na sua perspectiva “Within the French left old disputes have returned with a bang. Never before, under the Fifth Republic, has a socialist government been confronted with this degree of social unrest. It’s true there is political polarisation, as elsewhere on the continent. But one specific ingredient is that France has hung on rigidly to its welfare state, while other countries moved to reform theirs years ago. (…) France has been unable to adapt to globalisation in the way others in Europe have done, as if social rights could only be protected if nothing changes.”

Do debate francês destaco dois textos do Le Monde:
  • « Les vraies ruptures qui attendent la gauche », do cientista político Vincent Tournier: “Croit-on vraiment que l’Etat-providence, projet éminemment national dans son essence, puisse avoir un avenir dans le monde globalisé ? Peut-on justifier des mécanismes de régulation comme la carte scolaire, le temps de travail, la protection de l’environnement, la laïcité ou la lutte contre l’obésité tout en vantant continuellement les vertus de la liberté ? Ce serait oublier que l’intérêt général ne peut se réalise pas sans contraintes, et même – disons le mot – sans autorité. Mais il suffit de relire les grands auteurs républicains et socialistes pour voir que certains mots ne sont pas infâmes en eux-mêmes : tout dépend de ce qu’on en fait.”
  • « La gauche a subi un hacking idéologique », de Jérôme Batout (paywall): “Hypothèse : à partir des années 80, au moment où le déclin puis la chute du communisme et la montée de la mondialisation ont marché main dans la main, quelque chose a eu lieu dans les profondeurs, qui est passé inaperçu. Cette chose, c’est l’appropriation par le néolibéralisme des prémices idéologiques classiques de la gauche”.

Como leituras complementares, sugiro mais duas reflexões no Observador e ainda uma recensão de um livro recentemente saído nos Estados Unidos. Começo por um texto que eu mesmo escrevi, A difícil relação da esquerda (alguma) com a liberdade, um texto onde parte de alguns exemplos portugueses recentes para reflectir sobre o historicismo da esquerda, a sua convicção de possui uma espécie de superioridade moral sobre os demais. Eis o meu argumento: “Vamos às origens, que é mais fácil compreender. E ir às origens é ir a Robespierre, para quem “o Terror é a luta da liberdade contra seus inimigos”. De novo parece estarmos perante uma evidente contradição: como é que, guilhotinando todos os que tinham opiniões diferentes, se estava, na opinião de Robespierre, a defender a liberdade? A explicação é simples: Robespierre achava que sabia o que era bom para o povo, pelo que aqueles que se lhe opunham só podiam ser contra o povo e, por isso, merecer a guilhotina. A única liberdade que considerava digna desse nome era a liberdade da sua facção revolucionária. Esta ideia de que há políticos que são melhores do que os demais porque são “progressistas” (uma palavra que diz muito), e que eles é que estão do lado certo da História e sabem o que é bom para o povo foi elevada a novos patamares quando o marxismo pretendeu interpretar “cientificamente” o sentido da História e determinar, por via do chamado “materialismo histórico”, não apenas quem representava o futuro, mas como seria essa futuro.”

Este fim-de-semana Gabriel Mithá Ribeiro defendeu mesmo que estamos perante O colapso moral da esquerda: Freud explica. O que este colunista estranha é que seja difícil a uma parte da esquerda tirar lições da história do século XX: “Será difícil as direitas retomarem a autoidentificação de ‘nacional-socialistas’ ou ‘nazis’, sintoma de uma relação moral saudável com o passado entre os que aprendem com os seus próprios erros. Em sentido contrário, as esquerdas persistem em autoidentificações como ‘socialistas’ ou ‘comunistas’ como se Estaline, Mao Tsé-Tung, Pol Pot e outros tantos ditadores não partilhassem essas identidades enquanto praticavam genocídios ou escapavam a responsabilidades diretas pela morte de milhões de seres humanos.”

Termino com a recensão do Wall Street Journal a um livro polémico, recentemente publicado nos Estados Unidos, The Closing Of The Liberal Mind, Kim R. Holmes. Em Progressivism’s Macroaggressions (Paywall) defende-se que “Perhaps the fundamental difference between yesterday’s liberals and today’s postmodern progressives is each side’s conception of truth. Liberals believe truth is external and can be determined through reason. A good liberal uses his reason to achieve justice and equality for all. But postmodern progressives are moral relativists. For them, truth is internal, discerned by and specific to particular individuals. Today a good progressive defends the individual’s internal truth—particularly if the person is an “oppressed minority”—against all foes, including reason. Small wonder that the postmodern left has turned on its own.”

O cisma a que assistimos nas primárias dos democratas, com Bernie Sanders a conseguir criar sérios problemas a Hillary Clinton, é mais um sintoma de como são de facto vários os caminhos que se abrem à esquerda (ou aos “liberals”, como são designados nos Estados Unidos). A discussão que Francisco Assis gostava que houvesse no Congresso do PS é uma discussão que está longe de ser caseira.

Tenham bom descanso, boas leituras, e reencontramo-nos amanhã.

 
Mais pessoas vão gostar da Macroscópio. Partilhe:
no Facebook no Twitter por e-mail
Leia as últimas
em observador.pt
Observador
©2015 Observador On Time, S.A.
Rua Luz Soriano, n. 67, Lisboa

Se pretende deixar de receber a Newsletter Macroscópio clique aqui



Demasiadas newsletters? Pode anular a subscri

Nº 19 - FOTO BLOG - 1ª PÁGINA - 31 DE MAIO DE 2016


Evidentemente CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO


À direita da Câmara, o edifício Capitólio


Palácio BALSEMÃO em Carlos Alberto


Edifício da Ordem do Carmo - P. Carlos Alberto


Rua de Cedofeita


Rua de Cedofeita


Frontaria de estabelecimento na Rua de Cedofeita


Outro edifício em Cedofeita, com lindezas varandas


Edifício renovado em Cedofeita


Esquina da Rua Miguel Bombarda com Rua de Cedofeita - edifício com parede bastante deteriorada.



*********************

Embora ultimamente eu as tenha editado no meu Facebook, nem todas o foram, por conseguinte, sou capaz de as enviar também para essa rede social.

Aguardo os vossos Feedback e agradeço a vossa atenção.


ANTÓNIO FONSECA


NOTA: Desculpem a má qualidade de algumas destas fotos

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue