Cidade do Vaticano (RV) – O Papa iniciou a quinta-feira, (19/05), celebrando a Missa na capela de sua residência, a Casa Santa Marta.
Na
homilia, Francisco comentou primeira leitura do dia, extraída da carta
de São Tiago. Trata-se de uma forte advertência aos ricos que acumulam
dinheiro explorando as pessoas.
“As
riquezas em si mesmas são boas – explicou o Pontífice, mas são
“relativas, não uma coisa absoluta.” De fato, erra quem segue a chamada
“teologia da prosperidade”, segundo a qual “Deus mostra que você é justo
se lhe dá tantas riquezas”. O problema é não apegar o coração às
riquezas, porque – recordou o Papa – “não se pode servir Deus e as
riquezas”.
Estas
podem se tornar “correntes” que tiram “a liberdade de seguir Jesus”.
São Tiago diz: “Vede: o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos
campos, que vós deixastes de pagar, está gritando, e o clamor dos
trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso”:
Sanguessugas
“Quando
as riquezas são feitas explorando as pessoas, aqueles ricos que
exploram: explorando o trabalho dos outros e aquela pobre gente se torna
escrava. Mas pensemos hoje, aqui: em todo o mundo isso acontece. ‘Quero
trabalhar’ – ‘Ok: será feito um contrato. De setembro a junho’. Sem
possibilidade de aposentadoria, sem assistência médica… Em junho o
contrato é suspenso, e em julho e agosto deve-se alimentar de ar. E em
setembro se recomeça. Quem faz isso são verdadeiras sanguessugas e vivem
do sangue que jorra das pessoas transformadas em escravos do trabalho”.
Trabalho informal
Francisco
citou o que lhe disse uma jovem que encontrou um emprego de 11 horas
diárias por 650 euros na informalidade. E disseram a ela: “Se quiser, o
emprego é seu, caso contrário, pode ir embora. Há quem queira”, há uma
fila atrás de você!
Esses
ricos – observou – “amontoam tesouros” e o apóstolo diz: “cevando para o
dia da matança”. “O sangue de toda esta gente que vocês sugaram” e “do
qual viveram é clamor ao Senhor, é um grito de justiça. A exploração das
pessoas – afirmou ainda o Papa - “hoje é uma verdadeira escravidão” e
acrescentou:
“Nós
pensávamos que os escravos não existissem mais, mas existem. As pessoas
não vão mais buscá-los na África para vendê-los na América: não. Mas
estão em nossas cidades. E existem esses traficantes, estes que tratam
as pessoas com trabalho sem justiça”:
“Ontem,
na audiência, meditamos sobre o homem rico e Lázaro. Este rico estava
em seu mundo, não percebia que do outro lado da porta de sua casa havia
alguém que tinha fome. Aquele rico não percebia e deixava que o outro
morresse de fome. Isto é pior. É fazer as pessoas morreram de fome com o
seu trabalho para o meu proveito! Viver do sangue das pessoas. Isto é
pecado mortal. É pecado mortal. É preciso muita penitência, muita
restituição para se converter deste pecado”.
No caixão não entram riquezas
O
Papa recordou a morte de um homem mesquinho e as pessoas que diziam: “O
funeral foi arruinado. Não puderam fechar o caixão”, porque “ele queria
levar consigo tudo o que tinha, e não podia”. “Ninguém pode levar
consigo as próprias riquezas”. O Papa Francisco concluiu:
“Pensemos
neste drama de hoje: a exploração das pessoas, o sangue das pessoas que
se tornam escravas, os traficantes de seres humanos e não somente
aqueles que traficam prostitutas e crianças para o trabalho infantil,
mas aquele tráfico mais ‘civilizado’: Eu pago você, mas sem direito a
férias e assistência médica, tudo clandestino. Porém, eu me torno rico!
Que o Senhor nos faça entender aquela simplicidade que Jesus nos diz no
Evangelho de hoje: É mais importante um copo de água em nome de Cristo
que todas as riquezas acumuladas com a exploração das pessoas”.
Veja o vídeo: