sexta-feira, 8 de abril de 2016

OBSERVADOR - 8 DE ABRIL DE 2016


Macroscópio – Um banho de água fria chamado Mario Draghi

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
O Presidente da República teve a ideia original (mais uma) de convidar Mario Draghi para participar no Conselho de Estado de quinta-feira. O mesmo Draghi que muitos vêem, nos dias pares, como o salvador da Europa com a sua política monetária e, nos dias ímpares, como um dos seus diabos por causa da ortodoxia e falta de transparência do Banco Central Europeu. Sentado à mesa de um órgão consultivo do Presidente da República de um país da periferia do euro, para mais recentemente saído de um processo de resgate, Mario Draghi não arriscou e procedeu como habitualmente: trouxe um discurso escrito e, apesar de em Portugal se entender que o que é dito no Conselho de Estado fica no Conselho de Estado, o presidente do BCE publicou de imediato a sua intervenção no site da instituição: Participation of the President in the Portuguese Council of State. Ainda bem. Duplamente: porque assim ficámos a saber exactamente o que disse, e porque o que disse foram coisas importantes.
 
Apesar das notícias publicadas pela imprensa portuguesa – incluindo o Observador: "Não se justifica anular reformas anteriores" – é interessante consultar o documento original e lê-lo com atenção. Duas passagens:
a) The signs of the euro area and Portuguese economic recovery should not be an indication that we can rest on our laurels. The euro area as a whole only just managed last year to return to the levels of economic activity seen before the crisis and some countries, among them Portugal, are still not there. And our economies are still marked by significant vulnerabilities which need to be swiftly addressed. 
b) Portugal’s reform efforts were (…) both remarkable and necessary. We now see clear signs that these remarkable efforts are paying off here and elsewhere. Just to name a few examples: buoyant employment growth since 2014 suggests that labour market reforms are making the economy more adaptable. (…) However, all reforms take time to yield results. This is true for Member States across the Union, large and small. There is no case for unravelling past reforms. In addition to upholding past achievements, further reform efforts are needed across the euro area. (…) Improving the functioning of the labour market remains key in this respect, with a view to ensuring a rapid adaptation to shocks or structural change. This area remains an important challenge in Portugal.
 
Ou seja, a mensagem de Mario Draghi acabou por constituir um aviso a Portugal e à reversão das reformas realizadas nos últimos anos. Razão tinha o Bloco de Esquerda para dizer que ele não era bem vindo… (Já agora: repararam que Francisco Louçã apareceu de gravata?)
 
Independentemente disso, alguns textos publicados nos últimos dias sublinharam precisamente a mesma ideia: a de que a recuperação económica corre riscos, em Portugal e não só. Vale a pena chamar a atenção para alguns deles, com perspectivas diferentes, mas que ajudam a pensar a realidade actual:
  • Um par de bofetadas sérias, de Henrique Monteiro no Expresso, onde não se discute João Soares, mas sim o tema das cativações que já ameaça o orçamento das nossas Universidades: “57 milhões de cativações, ou seja dinheiro orçamentado para o Ensino Superior, já distribuído pelas respetivas Universidades (e também Politécnicos), que estas cam impedidas de gastar sem autorização especial. Para quem não sabe, a cativação é um modo de as Finanças (neste caso a Direção Geral do Orçamento) controlar os gastos do Estado. Pode ser virtuoso e pode ser desastroso. De qualquer modo, com este movimento, as Universidades caram com menos dinheiro do que aquele de que dispunham no tempo do Governo anterior.” Parece que afinal, conclui o cronista, “Esperemos que sim, que seja possível às Universidades “virar a página da austeridade”, mas já percebemos que nas Finanças a célebre frase de Vítor Gaspar – “Não há dinheiro, qual das três palavras não compreende?” – mantém-se muito atual.”
  • O futuro meteu a marcha atrás, de Maria João Avillez, no Observador, onde fala de preocupações com a situação económica, as quais ilustra exactamente com o exemplo das cativações ao orçamento das Universidades: “Qualquer pessoa séria sabe que não é bem assim, as noticias não são boas, há uma deterioração que os números, mesmo que se manipulem, ainda que se deturpem, nunca poderão esconder: mais perto que longe, a realidade se encarregará de fazer a sua “fracassante” entrada em cena. E não é preciso evocar o papão europeu, os “mercados”, ou seja o que for. Basta só atender à realidade intramuros, quando ela começar a dar de si.”
  • O passado, o futuro ou bater no muro da realidade, que eu mesmo publiquei também no Observador, comentando o artigo do Expresso onde se mostrava, com base nos números do INE, que há 20 anos que o rendimento dos mais novos está cair por comparação com o dos mais velhos: “O pensamento dominante tende a reagir a este tipo de revelações (…) defendendo subidas administrativas de salários (como o salário mínimo) e regimes laborais que contrariem a “precarização”. A verdade porém é que não se pagam salários mais elevados sem que se crie mais riqueza, nem se criam mais empregos sem que as empresas sejam capazes de competir nos mercados abertos do tempo da globalização. É por isso que há muito se fala, em toda a Europa, da necessidade de reformas do mercado de trabalho, reformas que a Alemanha e os países nórdicos já concretizaram no essencial, reformas que são violentamente combatidas na Europa do sul”. A seguir explicava como os últimos aumentos do nosso salário mínimo parecem estar já a prejudicar a criação de novos empregos.
  • Os cúmplices do mal, de Miguel Angel Belloso, no Diário de Notícias, onde relata a sua experiência de participação num debate numa televisão espanhola, um debate formatado para defender ideias próximas das do Podemos, como a de uma forte subida do salário mínimo: “Só lamento não ter tido acesso a tempo ao relatório elaborado pelo Departamento Federal de Emprego da Alemanha no qual se faz o balanço da introdução do salário mínimo no país, que foi uma das condições exigidas pela esquerda para formar o governo de coligação com o partido de Merkel. A conclusão deste relatório é que a introdução de um salário mínimo de 8,5 euros por hora desde janeiro de 2015 destruiu 60 mil empregos na principal locomotiva do continente.”
  • Interesses totalitários, de João César das Neves, no Diário de Notícias, a propósito de um cartas da Fenprof onde se escrevia que "os nossos impostos são para investir na escola pública, não para gastar com privados": “A frase representa a atitude corporativa, clientelar e burocrática que há séculos impõe o atraso nacional. Foi também esta mentalidade protecionista e interesseira que gerou a recente crise orçamental e financeira. Os professores são apenas um dos muitos grupos que se instalaram nas instituições nacionais, pondo o seu interesse particular no lugar do bem público que deveriam promover. Através de muito meios, mas sobretudo pelo Orçamento, esta distorção foi gerando a dívida que agora nos paralisa, bem como os incentivos, regulamentos e institutos que bloqueiam o desenvolvimento.”
  • Gratuito? Não acredite: alguém vai pagar a factura, de Paulo Ferreira, no Observador, a propósito do anúncio de que os estudantes do 1º ciclo do Básico passaram a dispor de manuais escolares gratuitos: “Os manuais passam a ser “gratuitos” para quem os utiliza mas são pagos pelo Estado, portanto por todos os contribuintes, às editoras, que mantêm o seu negócio. Como a medida vai ser universal, as famílias mais abastadas serão tão beneficiadas como as mais carenciadas. É o mesmo truque de magia das SCUT. Neste caso a factura não é paga na livraria mas sim na repartição de finanças.”
  • Reabilitar, de Vital Moreira no Diário Económico, a propósito do programa de reabilitação urbana e da intensão de algumas autarquias de criarem rendas acessíveis para a classe média: “As rendas “acessíveis” colocam um problema de “concorrência desleal”, suscitando a questão de saber se o Estado pode praticar rendas reduzidas na oferta de habitações ou estabelecimentos no mercado de arrendamento. Uma coisa é a obrigação do Estado (e dos municípios) de assegurar o direito à habitação a quem não tenha meios (oferta de “habitação social”, subvenção de rendas das pessoas de baixo rendimento, etc.), outra coisa é participar como agente no mercado de arrendamento e abster-se de cumprir as suas regras.”
  • Dinheiro das pensões para a construção civil?, de Pedro Sousa Carvalho no Público, sobre o mesmo programa de reabiçitação urbana, onde critica o modelo de financiamento: “A engenharia financeira é parecida: o Estado, as câmaras, as IPSS e até os privados podem entregar os seus imóveis a um fundo que, por sua vez, trata de os recuperar e de os colocar no mercado, segundo o Governo, com rendas acessíveis e abaixo do preço de mercado. Em troca recebem unidades de participação do fundo e, ao longo dos anos, previsivelmente dez, vão recebendo dividendos gerados pelas receitas das rendas e pelo produto da eventual venda de imóveis. (…) [O dinheiro virá do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, só que “pôr ao serviço da construção civil e da reabilitação urbana, sem garantia de retorno, já que as rendas serão fixadas abaixo do preço de mercado, é um risco desnecessário para a Segurança Social.”
  • Ainda o Estado maternal social-democrata, de José Manuel Moreira, no Diário Económico, sobre as discussões ideológicas contemporâneas: “A conversão da direita ao estatismo e a sua contaminação pelo politicamente correcto ajudaram a agravar a crise, talvez teminal, de uma social-democracia que foi tornando insustentável o Estado fiscal-social(ista) de Bem-estar (dos políticos). Poderíamos dizer, corrigindo a profecia de Schumpeter sobre o fim do capitalismo, que a social-democracia foi vítima do seu êxito. Absorvendo de tal modo as populações e as classes dirigentes na sua rede de interesses que a situação parece já não ter saída.”
  • A culpa é sempre do capitalismo, de Francisco Assis, no Público, onde constata que, sobre os Panama Papaers, Daniel Oliveira não usou palavras muito distintas das que Marine Le Pen: “Sejamos sérios: nenhum dos pensadores ou teóricos do capitalismo receitou ou defendeu a selvática ausência de regras de enquadramento do funcionamento dos mercados. Pelo contrário  (…) preconizaram sempre a necessidade da existência de regras como condição imprescindível à prevalência do princípio da livre concorrência. Se nalguma coisa falharam foi justamente nesse excesso de optimismo que os levou a desvalorizar a dimensão política e a desguarnecer a salvaguarda de uma forte intervenção da instância estatal. (…) O sucesso da social-democracia reside precisamente aí, na capacidade de regular as pulsões próprias de um modelo capitalista, integrando-as numa perspectiva mais geral de uma sociedade eminentemente democrática. Quando o socialismo pretendeu ir mais longe do que isso revelou-se uma tragédia.”
 
Como viram consegui fazer hoje um Macroscópio quase sem me debruçar sobre o episódio das bofetadas, entretanto encerrado com a demissão do ministro. Não foi por acaso: os ministros vão e vêm, o país e os portugueses é que estão cá antes, durante e depois e não nos convém nem ignorar as recomendações de Mario Draghi, nem deixar de questionar e reflectir sobre o rumo que estamos a seguir.
 
Tenham um bom fim-de-semana, reencontramo-nos na segunda-feira.

 
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EXPRESSO - 8 DE ABRIL DE 2016



Bofetadas derrubam ministro (e a frase que começou tudo). Piratas no poder? Jane Fonda e os seus dois maridos desperdiçados

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com
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08 ABR 2016
José Cardoso
POR JOSÉ CARDOSO
Editor Adjunto
 
Bofetadas derrubam ministro (e a frase que começou tudo). Piratas no poder? Jane Fonda e os seus dois maridos desperdiçados
Boa tarde,

Antes de fazer a síntese dos principais temas do Expresso Diário desta sexta-feira, respondo já a uma pergunta que certamente muitos leitores terão feito ao longo de uma semana dominada pelo caso Panama Papers, o escândalo das offshore: então e os portugueses? Não há portugueses envolvidos?

. E poderá saber (muito) mais sobre isto no semanário que chega amanhã às bancas, no qual dedicamos várias páginas ao assunto e fazemos revelações sobre aquilo a quem poderia chamar os “Panama Portuguese Papers”.

Enquanto o semanário não chega às bancas (mas se tiver assinatura digital pode lê-lo já a partir desta meia noite), fique com os principais temas do Diário desta sexta-feira. Onde também falamos de Panama Papers, mas hoje em artigos um pouco diferentes.

Antes disso vamos ao tema de abertura, o caso João Soares. A Isabel Leiria conta a história da demissão, o que disse Soares justificando a demissão (“Não aceito prescindir do direito à expressão da opinião”) e o que disse António Costa ao aceitá-la (“Teria sido um grande ministro”. E relembra a frase com que tudo começou, dita há uns meses por João Soares a propósito do Plano Ajuda-Belém e visando o então presidente do CCB: “É um disparate total”.

Voltando aos Papéis do Panamá, publicamos nesta edição do Diário dois artigos “colaterais”.

O primeiro intitula-se “O povo que admite dar o poder aos piratas” e fala da Islândia, país onde os Panama Papers transformaram o Governo num vulcão, como diz a Joana Beleza. Num trabalho multimédia, com depoimentos em vídeo de islandeses, a autora conta como o escândalo lhes levou o primeiro-ministro e as próximas eleições estão em vias de lhes trazer os piratas.

O segundo é sobre um dos dois homens cujo nome está no centro do furacão. O senhor Fonsecada sociedade de advogados panamiana Mossack Fonseca. Chama-se Ramón Fonseca Mora , é um dos dois sócios do escritório de advogados especializado em “offshores” e também é escritor. A Anabela Natário leu o seu mais recente livro, chamado“Mister Politicus”, e conta do que se trata. E trata-se de umahistória de corrupção, de aproveitamento de bens do Estado, de desvio de dinheiros que é desvendada por uma pasta de documentos pertencente a Óscar, assessor de um deputado aspirante à Presidência do Panamá. É romance, é. Mas o senhor Fonseca tem uma nota curiosa no início do seu livro: “Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência”.

No Expresso Diário desta sexta-feira, publicamos também umaentrevista à atriz Jane Fonda, que esteve por cá. A lenda de Hollywood contou à Mariana Lima Cunha como se tornou feminista e percebeu que merecia tanto respeito - e dinheiro - como os colegas homens. Ela que, quando era nova, “achava que merecia receber menos do que os homens”. O artigo tem vídeos da estrela feitos pelo João Santos Duarte.

Também sobre cinema e igualmente com vídeo, levantamos-lhe (mais) o véu do próximo “Guerra das Estrelas”.Chama-se “Rogue One” e só sairá lá para o Natal, mas o Nuno Galopim, que sabe muito do assunto, conta já o que aí vem e o que aí pode vir. E diz que “O mais quente dos rumores é que vamos ter Darth Vader”.

Depois de um artigo do Hugo Franco e da Margarida Fiúza sobreas novas buscas da PJ na TAP, por causa do negócio da compra de uma empresa de manutenção e engenharia no Brasil, temos ainda as habituais sugestões para o fim de semana(leituras da revista E, espetáculos e lazer, festival de peixe em Lisboa) e as também habituais crónicas das sextas-feiras, às quais se acrescenta hoje a do Bernardo Ferrão, que escreve sobre “Marcelo e os livros da “Anita”.

Nicolau Santos disserta sobre “Alegre, Cavaco e as palavras”, o Henrique Raposo diz que “Trump e Lincoln não cabem na mesma sala”, o Daniel Oliveira escreve sobre um ministro “Obviamente, demitido” e o Henrique Monteiro sai a terreiro para “Defender o jornalismo”.

Boas leituras, um bom resto de dia e um excelente fim de semana, que pode ser a rever filmes de Jane Fonda ou a comer peixe em Lisboa

Não se esqueça que amanhã há semanário, com revelações sobre portugueses dos Panama Papers e com a revista E, que traz na capa o código que lhe permitirá ler gratuitamente o Expresso Diário durante toda a próxima semana.

Que a força esteja consigo.
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135 DIAS
JOÃO SOARES DEMITE-SE “Não aceito prescindir do direito à expressão da opinião” ANTÓNIO COSTA ACEITA “Teria sido um grande ministro” GOVERNO Durou intacto 135 dias ANÁLISE A origem das história das bofetadas
O povo que admite dar o poder aos piratas
O povo que admite dar o poder aos piratas
A PJ voltou à TAP (e não deve ficar por aqui). O que se está a passar?
A PJ voltou à TAP (e não deve ficar por aqui). O que se está a passar?
Nicolau Santos
Alegre, Cavaco e as palavras
 
Bernardo Ferrão
Marcelo e os livros da “Anita”
 
Daniel Oliveira
Obviamente, demitido
 
Henrique Monteiro
Defender o jornalismo
 
PANAMA PAPERS
O livro de ficção de Fonseca que já explicava a tramoia
VÍDEO
Entrevistámos Jane Fonda (que simpatia): “Só a partir do 3º marido é que vivi como deve ser”
ROGUE ONE
Nuno Galopim explica-nos os mistérios do denso novo trailer do próximo Star Wars
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Temos o melhor dos guarda-chuvas para o fim de semana: cultura
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Zuckerberg, polegar levantado e o mundo a seus pés: o novo imperador disto tudo
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Carlos Paz
Carta aberta aos MORALISTAS que povoam os media e as redes sociais
(Jornalistas, Comentadores, Políticos, Fiscalistas, Advogados, Banqueiros, Gestores Públicos, Administradores do PSI20, etc.)
Meus caros,
NUNCA MAIS ME VÃO CALAR!
Nos últimos quase 6 anos fomos OBRIGADOS a ouvir os VOSSOS discursos MORALISTAS:
- Que tínhamos de EMPOBRECER porque vivíamos acima das nossas possibilidades;
- Que tínhamos de EMIGRAR porque o País não tinha riqueza para tantos;
- Que tínhamos de nos portar bem e cumprir TUDO o que os nossos credores mandassem (a tese do BOM ALUNO), porque o dinheiro era deles e nós é que o tínhamos usado.
Cada vez que um de nós questionava o que quer que fosse, lá vinham as VOSSAS respostas MORALISTAS:
- Que era IMORAL ter os povos trabalhadores do norte da Europa (especialmente da Alemanha, da Finlândia e da Áustria) a sacrificarem-se para pagar aos preguiçosos do sul da Europa (especialmente de Portugal, da Grécia e de Espanha);
- Que era IMORAL ter usado o dinheiro dos credores e, agora, tentar questionar os juros que nos cobravam, os prazos que nos exigiam ou as condições que nos impunham;
Todos os VOSSOS discursos e os VOSSOS argumentos eram baseados no conceitos de MORALIDADE e IMORALIDADE.
Que era IMORAL exigir aos nossos CREDORES (os RICOS, DONOS do DINHEIRO):
- Sustentar os nossos Reformados (que ganhavam demais e se tinham reformado cedo demais);
- Sustentar os nossos Funcionários Públicos (que eram demais, ganhavam demais e, principalmente, trabalhavam de menos);
- Sustentar os beneficiários do RSI (que eram todos uns oportunistas, mentirosos e desonestos);
- Sustentar os nossos Desempregados (que eram todos uns preguiçosos que preferiam receber subsídios do que trabalhar);
- Sustentar os nossos DOENTES (com os quais não valia a pena gastar tanto dinheiro para os manter vivos, especialmente os mais velhos e já não produtivos).
Durante quase 6 anos, todos os VOSSOS discursos e os VOSSOS argumentos eram baseados neste conceito de MORALIDADE: Que era IMORAL exigir alguma coisa aos nossos CREDORES (os RICOS, DONOS do DINHEIRO) – nós TODOS é que teríamos de ser bem comportados e OBEDECER cegamente a TUDO o que eles exigissem e VOCÊS dissessem!
No fundo, durante 6 anos, todos VOCÊS nos tentaram convencer (e, a muitos, conseguiram convencer mesmo), que os RICOS são todos BONS (que até nos emprestam dinheiro) e MORAIS (e eventualmente, cumpridores dos ditames da santa madre igreja) e que nós todos, os Pobres, somos todos PREGUIÇOSOS, INDIGNOS do País que temos, do Povo que somos.
E, que sabemos agora?
Que os tais DONOS DO DINHEIRO:
- O escondem;
- Fogem aos impostos;
- Corrompem os Políticos para ganhar negócios;
- Promovem, patrocinam, financiam ou lucram com todo o tipo de negócios escuros e sem escrúpulos.
Seis (6) anos a ouvir-vos falar de MORALIDADE?
Moralidade?
6 anos?
Chega! Calem-se!
NENHUM de vocês tem, neste momento, qualquer MORAL para falar de MORALIDADE!
Meus caros, a mim, NUNCA mais me vão calar!
Vão ter de me ouvir!
Vão ter de ouvir os meus argumentos e vão ter de arranjar argumentos vossos que não sejam os da MORALIDADE, porque essa, a MORALIDADE (e a HONESTIDADE) os vossos DONOS (os DONOS do Dinheiro), NÃO TÊM NENHUMA (provaram-no)!
Repito: Meus caros, a mim, NUNCA mais me vão calar!
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