terça-feira, 29 de dezembro de 2015

OBVIOUS MAGAZINE - 29 DE DEZEMBRO DE 2015

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quem mente engana a si mesmo

por Marcel Camargo em 29/12/15  


“As mentiras são como os muros: elas poderão de início até nos proteger, mas inevitavelmente também nos isolarão, inclusive de nós mesmos, a ponto de não mais nos reconhecermos.” 

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o paraíso de a praia

por Farah Serra em 29/12/15  


O filme “A Praia” tenta nos revelar que o paraíso não é um lugar que podemos procurar, porque não é aonde vamos. É como nos sentimos em um momento da nossa vida. 

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10 filmes para quem não tem preguiça de pensar-parte 18

por Sílvia Marques em 29/12/15  


Esta lista traz opções variadas, mas todas bem instigantes e intrigantes. É reflexão na veia para todos os gostos. 

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verdadeiro demais para ser bom

por Bernardo P. Küster em 29/12/15  


Dizer que uma ideia está errada se tornou um disparate. A única coisa errada é dizer que há algo de errado, não é mesmo? 

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o valor da honestidade

por Leandro Dupré Cardoso em 29/12/15  


Qual a vantagem de ser íntegro quando o malandro é o ambicionado esperto que sempre se dá bem enquanto resta apenas o desonroso papel de trouxa ao mané pé-rapado que só leva uma passada de perna atrás da outra? 

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você é feliz no trabalho?

por Mariana Staudt em 29/12/15  


O desrespeito no mercado de trabalho é desgastante. Somos obrigados (somos?) a viver uma dinâmica falsamente glamourizada, em que precisamos saber e fazer tudo. Se nos negarmos, somos ameaçados por uma fila de pessoas dispostas a trabalhar por menos. Um preço que, na verdade, não tem valor. E por que decidir largar essa vida gera tanto medo nos outros? Por que sair da zona de conforto causa tanto desconforto? 

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sobrevivendo às revelações / 1

por Lucas B. Friedmann em 29/12/15  


Eles estavam aproveitando alguns dias de descanso mergulhando em algum desses paraísos do Caribe. Era um casal já com anos de convivência, com carreiras, com filhos e assim por diante. Mas ela tinha algo novo em mente, um plano que talvez não o incluísse. 

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não peça desculpas, banque suas atitudes

por Bruna Girardi Dalmas em 29/12/15  


Não peça desculpas, mude as suas atitudes. Desça de cima do muro, tome uma atitude e saiba aguardar as consequências. Vamos parar de usar desculpas e começar a dar mais cliques aqui no mundo real. Um convite para repensar nossos pedidos de desculpas e quando devemos mesmos usar as nossas desculpas. 

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o lixo do natal

por Anderson Henriques em 29/12/15  


Após uma noite de tantos desejos de coisas boas, de tantos presentes, o que efetivamente ainda nos resta e o que já está devidamente empacotado e jogado no lixo? 

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o guia do idiota para projetos digitais

por Gabriel Oro em 28/12/15  


Muitas pessoas que trabalham com projetos envolvendo produção digital já se encontraram na delicada situação de conversar com um colega e perceber que ele não tem a menor ideia do que está falando. Não tema, o guia do idiota para projetos digitais é uma série de dicas e informações simples para introduzir qualquer pessoa aos básicos de trabalhar com programadores. 

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15 filmes comerciais que são um show - parte 2

por Sílvia Marques em 28/12/15  


Preparado para mais uma deliciosa lista de filmes comerciais muito bons? 

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freaks

por João Ricardo em 28/12/15  


Todos têm o seu método tal como todos têm a sua loucura; mas só consideramos sensato aquele cuja loucura coincide com a da maioria. 

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pena branca e xavantinho: violeiros do romantismo brasileiro?

por Profeta do Arauto em 28/12/15  


A dupla Pena Branca e Xavantinho interpretavam canções em forma de poesias musicadas na viola, as quais guardam restrita relação com a Primeira Fase do Romantismo Brasileiro. 

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sobre aquele amor que está fadado a não durar

por Egydio Terziotti em 28/12/15  


Dos bonsais que a gente carrega ao longo da vida. 

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30 frases idiotas que você certamente já ouviu

por Bruno Inácio em 28/12/15  


“Não existe ateu quando o avião está caindo”, “Homem trai mesmo”, “Abusar de mulher feia é fazer um favor” e outros clássicos da ignorância 

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ponte dos espiões: não foi desta vez

por Flávia Farhat em 28/12/15  


Não tenha medo de odiar um filme só porque um grande nome teve a infelicidade de assiná-lo. Depois de alguns fracassos como Lincoln, Guerra dos Mundos e Cavalo de Guerra, Spielberg já deixou mais do que claro que, de vez em quando, também odeia a todos nós. 

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sketches do busão

por Renato Cambraia em 28/12/15  


Tentar manter o bom humor na cidade grande não é fácil. Mas não é impossível! 

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por que amo tanto meus animais

por Aline Rollo em 28/12/15  


Ouço muita gente dizer que o mundo está mais obcecado por bichos do que por crianças abandonadas. Ouço todo tipo de crítica. Meus animais não são tratados como gente. São tratados como cachorro e gato. Eu simplesmente tento retribuir todo o amor que eles me dão, todos do dias quando, mesmo me enlouquecendo muitas vezes, conseguem me passar a mensagem mais importante pra mim atualmente: gratidão. 

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amor ou liberdade?

por mariamariaalice em 28/12/15  


Qual o preço que pagamos pela liberdade sexual, tão reivindicada pela geração anterior à nossa? Como lidamos com o desapego característico e gritado a alto e bom tom por todos à nossa volta? O que sobra quando deitamos a cabeça no travesseiro, sozinhos, ao final do dia? 

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tudo está dando errado na sua vida? pare e reflita nestes 13 aspectos

por Soraya Rodrigues de Aragão em 28/12/15  


Se você está passando pela fase das "bruxas soltas" este texto foi feito especialmente para você. Este é o momento de parar, respirar fundo e refletir em 13 aspectos para serem lembrados e praticados em momentos delicados. 

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diversidade na cultura pop: somos bem representados? – parte ii

por Thais Moraes em 28/12/15  


Sobre a representatividade feminina nos HQs, Mangás e Animes, e a erotização 

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EXPRESSO DIÁRIO - 29 DE DEZEMBRO DE 2015


Qual dos três grandes fez o melhor acordo?

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

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29 DEZ 2015
Martim Silva
POR MARTIM SILVA
Editor-Executivo
 
Qual dos três grandes fez o melhor acordo?
Boa tarde,
Os dois destaques maiores de hoje vão para o negócio milionário do Sporting com a NOS e para a corrida à sucessão de Portas no CDS.
515 milhões de euros pela venda dos direitos de transmissão dos jogos caseiros dos leões durante 12 anos. Este é o terceiro negócio deste género em poucas semanas envolvendo os três grandes. Olhando para os dados que já se conhecem dos três negócios tentamos chegar a uma conclusão: qual dos três fez um acordo mais vantajoso? A resposta parece ser Benfica (que não cedeu os direitos de publicidade nas camisolas ou no estádio). Embora as diferenças não sejam muito significativas.
No CDS, Portas sai de cena. E faz apelos à concórdia, para evitar divisões e feridas nos próximos tempos. Na corrida, quatro nomes parecem os maiores favoritos à sucessão. Nuno Melo, Assunção Cristas, João Almeida e Mota Soares. Analisamos as chances, os pontos fortes e mais frágeis de cada um deles. E o texto do Filipe Santos Costa ainda explica como Portas pediu na última noite que da luta interna não saiam clivagens e divergências e divisões profundas no partido.
Além disso, escrevemos sobre terrorismo.
Fazemos um retrato negro do ano de 2015, com mais de 5 mil mortos causados por mais de 100 atentados um pouco por todo o mundo. Paris chocou o planeta (por duas vezes) mas o terror foi sendo espalhado por muitos pontos do globo.
No terreno, o Estado Islâmico está a ser pressionado e contra-ataca… com palavras. Após a conquista de Ramadi aos jiadistas, as autoridades iraquianas apressaram-se a identificar a próxima Batalha, Mosul, e a prometer o fim do Daesh para o próximo ano.
Na Alemanha, o Mein Kampf, a bíblia do mal nazi, volta a ser publicado. A nova edição, preparada por uma equipa de historiadores, sai no momento em que expiram os direitos de autor da obra. O tema, como facilmente se percebe, é altamente polémico na Alemanha.
Finalmente, continuamos a publicar alguns dos melhores trabalhos que fomos fazendo ao longo do ano. É o caso deste texto sobre Cavaco Silva, intitulado “30 anos em rodagem”. Um perfil do político que há décadas jura que não é político e que no próximo mês sai de cena.

Por hoje é tudo, amanhã estaremos de volta
LER O EXPRESSO DIÁRIO
FUTEBOL
Sporting faz contrato de 515 milhões com a NOS (mas Benfica tem o acordo mais rentável)
TELEVISÃO Afinal quem fez o melhor negócio? Em poucas semanas, Benfica, Porto e Sporting quebraram recordes pela venda dos direitos televisivos. Com os dados que se conhecem, avaliamos cada um deles
Portas pede ao partido que evite querelas internas
E AGORA? Os senhores (e a senhora) que se podem seguir. Há quatro nomes na linha da frente. As forças, fraquezas e trunfos de cada um dos possíveis sucessores
TERRORISMO
2015 negro: Mais de 5 mil mortos numa centena de ataques terroristas
104 ATAQUES O Expresso contabilizou 104 ataques terroristas desde janeiro de 2015. No total morreram mais de cinco mil pessoas e milhares ficaram feridas
O melhor do Expresso em 2015. Cavaco, 30 anos em rodagem
O melhor do Expresso em 2015. Cavaco, 30 anos em rodagem
Ricardo Costa
Quanto vale hoje o CDS?
 
Daniel Oliveira
Portas retira-se e começa a contagem decrescente para Passos
 
Henrique Raposo
O melhor Paulo Portas chegará em breve
 
ALEMANHA
O “Mein Kampf”, bíblia do mal nazi, volta a ser publicado
TERRORISMO
Pressionado no terreno, Daesh ataca com palavras
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OBSERVADOR - 29 DE DEZEMBRO DE 2015

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


16 anos é muito tempo. Pelo menos é muito tempo enquanto dirigente de um partido em democracia. No caso de Paulo Portas foram 5.727 dias de liderança do CDS. Uma pequena eternidade nas poucas décadas que dura a nossa democracia e a que quis pôr fim na última noite, anunciando que não se recandidatará à liderança do partido. Teremos muito tempo para amadurecer esta saída e recordar o que foram os seus anos à frente do CDS, pelo que por hoje apenas vos recomendo um breve apanhado, realizado por Helena Pereira e Rita Dinis aqui no Observador, das suas principais vitórias e derrotas. Boa altura para recordar, por exemplo, como chegou à liderança em 1998, como não controlou a dissidência do “queijo limiano” ou como será sempre perseguido por uma palavra – “irrevogável” – e por um caso – o dos submarinos.

151 anos é muito mais tempo, o tempo que leva de vida o Diário de Notícias, o segundo diário nacional mais antigo (o mais antigo é publicado em Ponta Delgada, é o Açoreano Oriental). Curiosamente a data – 29 de Dezembro – também diz alguma coisa ao Observador, porque foi num 29 de Dezembro, mas de 2011, que este projecto começou a germinar. Mas fiquemos no DN que, cumprindo a tradição, publicou uma edição especial com muitos textos de convidados. Desses textos seleccionei três para vos recomendar:
  • Ensino e avaliação, de João Lobo Antunes, uma crónica muito pessoal onde recorda como viveu, na sua infância, os seus primeiros exames, com destaque para o da 4ª classe: “A Mãe, que era a favor das avaliações, entendeu que como preparação para o exame de admissão ao liceu eu teria de fazer o exame de instrução primária. As tias assistiram, fazendo tricot, sentadas nas carteiras. Não esqueço a pergunta cuja resposta falhei: "Porque é que uma galinha quando é atropelada oferece alguma resistência?" Eu duvidei da resistência e achei a pergunta muito estúpida. A resposta certa era: "Porque é vertebrada e tem esqueleto."
  • A agenda do Papa, de D. Manuel Clemente, onde o Patriarca de Lisboa procura olhar para 2016 através das lentes do Papa Francisca e das mensagens que ele tem enviado.  Por exemplo: “Para os crentes, a mútua atenção que se prestam adequa-os à própria atenção com que Deus acompanha as suas vidas. A esta atenção divina chama o Papa "misericórdia", palavra latina que resume várias passagens bíblicas - e mesmo extrabíblicas - em que Deus manifesta um amor entranhado pelo povo, sobretudo pelos mais pobres e frágeis. Misericórdia traduz-se por "coração voltado para os pobres". Assim sendo, a misericórdia é o contrário da indiferença. Para os católicos, o Papa Francisco abriu um Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015 - novembro de 2016), que há de ser vivido na conversão de cada um e no maior compromisso solidário de todos.”
  • Cristãos e muçulmanos, de Claudio Torres, que não é mais uma reflexão sobre a relação entre os seguidores de duas das religiões do Livro, antes um bom resumo daquilo que a arqueologia nos permitiu saber sobre a passagem dos muçulmanos pela Península – e por Portugal. Escreve ele: “O que sabemos hoje é que não foram esses exércitos ou soldados [árabes e berberes] a trazer o Islão e a implantá-lo na Península. A islamização, como uns séculos antes acontecera com a cristianização, foi um processo lento e gradual alimentado pelas grandes rotas do comércio mediterrânico. Os grandes movimentos de ideias, as grandes religiões nunca foram ou são difundidas ou impostas por militares. Estes não sabem dialogar ou convencer. O seu papel e eficácia é o saque e a conquista.”

Feita esta referência obrigatória, passo a uma mão-cheia de outras sugestões que cobrem temas bastante variados, algumas delas de textos que têm vindo a ser recuperados para este final de ano pela sua qualidade e pelo impacto.

Começo porém por um texto de hoje para poder regressar a um tema já tratado no Macroscópio de ontem: o caso da morte de David Duarte no Hospital de S. José. Faço-o para recomendar o texto de Paulo Rangel no Público, A propósito da morte no S. José. Destaco em especial esta passagem:
Quase todo o debate foi feito com alarde e com demagogia, numa lógica de aproveitamento “político”. Primeiro, pelos actores partidários e depois pelos candidatos presidenciais. Quase todos, praticamente sem excepção, afinando pelo mesmo diapasão: o de que a falta de neurocirurgião de serviço é uma consequência imediata da política de cortes cegos na saúde e no Serviço Nacional de Saúde. Sintomaticamente, a única voz que, de um modo responsável e sereno, chamou a atenção para que esta falha não era uma simples decorrência dos ajustamentos financeiros na saúde foi a do Ministro Adalberto Campos Fernandes. Com efeito, e num momento em que teria sido fácil embarcar na “corrida ao populismo”, o novo titular da pasta chamou a atenção para que estava também em jogo um problema de “organização” e deu até os exemplos dos hospitais de Coimbra e do Porto, onde uma situação desta natureza não teria nunca sucedido.
Ainda há muito por esclarecer sobre este caso, e não estou seguro que Rangel tenha toda a razão quando escreve, mais adiante, que “o nosso Serviço Nacional de Saúde atenta profundamente contra a equidade territorial”, mas é de sublinhar que, tal como nos textos de ontem, também aqui se foge da demagogia sobre os “cortes” que tudo explicariam.

Recupero a seguir uma entrevista já com mais dias, a do Expresso ao escultor Rui Chafes, que ganhou este ano o Prémio Pessoa:“Não existe arte sem a ambição de parar o tempo”. É uma conversa longa e rica, de que destaco a passagem que sustenta o título, uma reflexão que me pareceu especialmente interessante:
Sou alérgico a uma grande parte da atitude da arte contemporânea, que é produto de um grande facilitismo, de uma época em que tudo é low cost, as viagens, a gasolina, a arte. E, portanto, uma grande parte dessa atitude não me agrada porque é pouco profunda, é superficial, vai desaparecer, não tem capacidade para nos agarrar. A arte não contemporânea, nem que seja uma escultura do Camboja, tem a paragem do tempo. E para mim não existe arte se não houver essa ambição de parar o tempo. Essa ambição de criar silêncio, de criar um momento onde o tempo é suspenso. E alguma arte contemporânea suspende o tempo.

Prossigo agora com um texto da Spectator, um daqueles que a revista recuperou para este final de ano, uma peça de Douglas Murray escrita pouco depois dos ataques ao Charlie Hebdo e a que os atentados de Novembro vieram dar toda a actualidade:‘Religion of peace’ is not a harmless platitude. É um texto que procura contrariar o discurso dominante sobre o Islão:
We have spent 15 years pretending things about Islam, a complex religion with competing interpretations. It is true that most Muslims live their lives peacefully. But a sizeable portion (around 15 per cent and more in most surveys) follow a far more radical version. The remainder are sitting on a religion which is, in many of its current forms, a deeply unstable component. That has always been a problem for reformist Muslims. But the results of ongoing mass immigration to the West at the same time as a worldwide return to Islamic literalism means that this is now a problem for all of us.

Um interessante contraponto a esta visão – ou um complemento, se preferirem – um texto da Quartz sugestivamente intitulado A letter to a young Muslim on the future of Western Islam. Sem iludir os preconceitos que possam existir no Ocidente, o autor é directo: “People will also ask you, “Do you condemn terrorism?” And you must not say “Islam is a religion of peace.” You will do more than condemn, too. You will show that you are actively involved in building narratives that compete with the dangerous ones. I know you won’t do this because powerful people are asking the questions, but because you, like me, want better for your communities.”

Continuando por estas águas, é importante termos consciência de que o terrorismo faz cada vez mais vítimas, algo que é bem visível nos gráficos de um artigo do Asian Times, The tolerable level of terrorism, um dos quais que reproduzo a seguir:

O autor do texto, David P. Goldman, argumenta longamente, e com muitos dados, sobre a evolução da nossa relação com os islamistas radicais, notando que a sua forma de actuar coloca problemas nunca antes conhecidos:
Cultivating “good Islamists” (good because they refrain from violence even though they have the same sentiments and objectives as the terrorists) and “bad Islamists” (who actually kill people) was a dodgy approach to begin with. The trouble is that very large numbers of Muslims are willing to kill themselves in order to harm enemy noncombatants, and the number appears to be increasing. To my knowledge that is something new under the sun. Japanese kamikazes and Nizari assassins in the Middle Ages, like the pre-1917 Bolsheviks, were wiling to die to kill public officials or soldiers. But the murder of noncombants through suicide attacks (or attacks likely to prove suicidal) is something we have never before witnessed.

Para terminar este bloco, um última recomendação: a de uma reportagem fora-de-série do New York Times, A Syrian Family’s Tragedy Goes Beyond Iconic Image of Boy on Beach, um trabalho onde se dá conta de como os vários ramos da família do pequeno Alan Kurdi, cujo corpo deu à praia este Verão na Turquia, provocando a comoção geral, tem procurado fugir do inferno sírio. É um trabalho impossível de sintetizar mas que se baseia em conversas com os membros de uma família alargada e que a guerra espalhou pelo mundo: alguns, poucos, ainda estão na Síria, os outros vivem, ou sobrevivem, na Turquia, no Iraque, na Alemanha e no Canadá. Leiam, vale a pena.



Antes de terminar por hoje regresso a Portugal para vos apresentar uma nova colaboradora do Observador, a escritora Djaimilia Pereira de Almeida que nos brinda com uma deliciosa crónica, Um halo de migalhas, onde nos conta como tentou aprender, com pouco sucesso, a fazer filhoses enroladas com a ajuda da avó de uma amiga, algo que exige saberes que se passam de geração em geração mas não através de livros de receitas. Pequena e significativa passagem:
Mortos os nossos mortos, viramo-nos para as suas receitas e talentos, na esperança de uma ressurreição mimética. Filhos sexagenários, até então desapaixonados da comida insossa da sua mãe, incitam as mulheres a que aprendam a fazê-la. Filhas e netas revezam-se, ano a ano, na tentativa de acertar num pudim molotov que não coube a ninguém por testamento. E cada Natal é este menu de erros, tentativas, aproximações seguidas à risca, fados e atrasos, halos de migalhas, carne seca demais, sonhos engordurados: a pauta adulterada dos anos que precedem o momento em que alguma coisa se torna própria, muito antes de nos esquecermos para sempre do que lhe dera origem.

Não me enganarei muito se pensar que ainda deverá haver migalhas em muitas das mesas dos leitores do Macroscópio, doces que sobraram e esperam durar até ao Ano Novo, alguma coisa de que talvez se acabem por esquecer no fundo do frigorífico. É isso que também faz a nossa vida, neste tempo, em que o Natal resiste, mesmo quando aqui e além lhe querem dar outro nome e significado. Mas deixo essas dores para outra altura, por hoje despeço-me com votos de bom descanso e melhores leituras.

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