pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
O golpe de 25 de Novembro de 1975 foi uma tentativa de golpe militar por parte de forças associadas às forças políticas radicais cuja derrota resultou no fim da influência que esta exercia sobre o país e permitiu que se instaurasse em Portugal uma democracia pluralista do estilo ocidental.[1]
"Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder do Conselho da Revolução, civis e militares começaram a contar espingardas para um possível confronto armado. Este, tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de Novembro de 1975, tropas pára-quedistasocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas opondo-se-lhes eficazmente um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta substituindo o PREC - "Processo Revolucionário em Curso" pelo "Processo Constitucional em Curso"[2]
Contexto histórico[editar | editar código-fonte]
O golpe de estado em 25 de Abril de 1974, conhecido por a Revolução dos Cravos, teve como objectivo principal a solução política da guerra colonial, e em segundo plano a implantação em Portugal de um regime democrático. A definição desse regime não foi consensual entre as diversas facções partidárias e movimentos sociais e políticos que surgiram então. Com a adesão espontânea de grande parte da população das principais cidades do País, o Golpe de Estado transformou-se em processo revolucionário (PREC). Na noite de 25 de Abril de 1974 o MFA deu a conhecer à população portuguesa o seu Programa político e militar, o qual comportava diversas medidas de carácter político, jurídico, social e económico. O Programa do MFA não apontava para qualquer tipo específico de regime democrático mas, em contrapartida, no seu ponto 6 apontava para uma reorganização e social do País de tipo socialista (ou no mínimo socializante), anti-monopolista e favorável às classes e camadas sociais mais desfavorecidas. Foi sobretudo a favor ou contra estas provisões do Programa do MFA que a luta política, social, ideológica, económica e militar - a luta de classes - se iria desencadear. E ainda permanece entre nós... ao nível de historiadores, politólogos, especialistas de relações internaccionais, políticos profissionais.
As forças mais identificadas com o modelo económico e social dito de 'economia de mercado', ou de 'livre iniciativa', ou 'capitalista' na acepção científica, como o PS, o PPD, o CDS, o PPM e as facções militares suas aliadas (spinolistas, Direita Militar mais conservadora, meloantunistas/moderados mais ou menos aliados à ala direita do PS (soarista)) iriam tudo fazer para inviabilizar a implementação do ponto 6 a) e b) do Programa do MFA. Aliar-se-iam inclusive a potências estrangeiras e às respectivas agências de espionagem (EUA, RU/GB, RFA).
Algumas forças agarram-se ao referido PREC - "Processo Revolucionário em Curso", nomeadamente as coladas à extrema-esquerda parlamentar e constitucional, formada pelo MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral e a UDP União Democrática Popular e de vez em quando aliadas ao PCP - Partido Comunista Português. Constituíam o que se chamou Frente de Unidade Revolucionária e todas visavam a implantação de uma República popular. Todas elas detinham, em conjunto com o PCP, 36 dos 250 Deputados Constituintes.
Por oposição outras facções mais moderadas que um ano depois, em 1975, detinham uma ampla maioria dentro da Assembleia Constituinte, (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por PS - Partido Socialista, PPD - Partido Popular Democrático e CDS - Centro Democrático Social, defendem a implantação de uma Democracia constitucional de cariz semi-presidencialista.
Antecedentes[editar | editar código-fonte]
A 25 de Abril de 1975 decorreram as eleições para a Assembleia Constituinte. O Partido Socialista vence as eleições, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos e com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos, o Partido Popular Democrático obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o Centro Democrático Social obtêm 7,6% e e 16 eleitos, MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, UDP União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e aAssociação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM; representava os interesses deMacau e estava conotada com o CDS) obtém 0,3% e 1 eleito.
A 21 de Junho, Otelo Saraiva de Carvalho, à data detentor do comando do COPCON, juntamente com o capitão Marques Júnior, à data membro do Conselho da Revolução, iniciaram uma visita de 10 dias a Cuba. A viagem foi realizada a pedido do Partido Comunista Português e apoiada pelo comunismo internacional, e tinha com o intuito atrair Otelo para o seu lado e assim garantir o controle do poder militar por parte dos comunistas.[3]
A 11 de Novembro, uma manifestação de trabalhadores da construção civil cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento, após 36 horas. No dia 13 de Novembro o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.
Em 16 de Novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial deLisboa e das Unidades Colectivas de Produção alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.
A 20 de Novembro o VI Governo Provisório auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente aoPalácio de Belém a favor do "Poder Popular", Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.
No dia 21 de Novembro, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Vasco Lourençoligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques, o mesmo conta com milhares de pessoas. No dia seguinte em 24 de Novembro, os populares de Rio Maior[4] e os agricultores associados da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), na altura conotados com a direita tradicional e patriótica, cortam as estradas de acesso a Lisboa, separando o Norte de Portugal e o Sul.
Golpe Militar de 25 de Novembro[editar | editar código-fonte]
No dia 25 de Novembro:
- na sequência de uma decisão do coronel piloto-aviador José Morais da Silva, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea[5] , que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, pára-quedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o tenente-coronel Aníbal Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva;
- este actos são considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como o PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar o país;
- o Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotado com a Esquerda Militar, toma posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas;
- forças da Escola Prática de Administração Militar ocupam a RTP e a PM controla aEmissora Nacional, as duas Unidades militares eram conotados respectivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas').
- O Regimento de Comandos da Amadora, conotada com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores conservadores e ultra-conservadores militares, e identificados com os partidos da Direita política parlamentar, a Igreja e sectores da Extrema-Direita) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados', identificados com o PS e o 'grupo do Florida'), cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos Para-quedistas, e a emissão da RTP é transferida para o Porto;
- Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contra-revolucionário previamente estabelecido, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam ao moderado Pires Veloso no Quartel da Região Militar Norte, através do General piloto-aviador José Lemos Ferreira que teria oferecido resistência ao seu comandante o brigadeiro graduado Eurico de Deus Corvacho;
- O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos;
- o Tenente-coronel António Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço e futuro presidente da republica, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades;
- Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa eMário Tomé, todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na UDP; diversos Oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de Novembro de 1975') e o PPD.
- o "Grupo dos Nove", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extra-parlamentar) e os seus aliados controlam a situação.
No dia 26 de Novembro:
- Jaime Neves com uma sua força dos Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacam o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária, após a rendição o resultado são 3 mortos[6] ;
- prisões dos militares revoltosos;
- forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa;
- Melo Antunes declara na RTP que o PCP: "é indispensável à democracia". Afastando as veleidades da direita saudosista, que tendo um plano de tomada de poder se colou ao "Grupo dos Nove".
No dia 27 de Novembro:
- os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON;
- Ramalho Eanes é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em General. O COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas.
- por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica;
- são enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro;
- Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.
Acalmia[editar | editar código-fonte]
A 28 de Novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados, no dia seguinte em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada, o PS tem idêntica atitude.
É levantado o estado de sítio em Lisboa a 2 de Dezembro[7] , no dia seguinte a Assembleia Constituinte PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de Novembro.
Em conferência de imprensa, a 4 de Dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de Novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "anti-comunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nesse mesmo dia o PS a par do PPD e CDS defendem a revisão do "Pacto MFA-Partidos".
O PCP realiza, em 7 de Dezembro, um comício no Campo Pequeno, Álvaro Cunhalreconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução".
A 1 de Janeiro de 1976 a GNR intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam quatro mortos e seis feridos [8]
É preso, em 19 de Janeiro, Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de Novembro, alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.
É realizada uma grande manifestação popular, no dia 20 de Fevereiro, em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.
No dia 3 de Março de 1976, Otelo Saraiva de Carvalho, é libertado e passa ao regime de residência fixa.
{{mais notas|data=fevereiro de 2013| arte=| Brasil=| ciência=| geografia=| música=| Portugal=| sociedade=|1=Este artigo ou secção|2=|3=|4=|5=|6=}}
O '''golpe de 25 de Novembro de 1975''' foi uma tentativa de [[golpe militar]] por parte de forças associadas às forças políticas radicais cuja derrota resultou no fim da influência que esta exercia sobre o país e permitiu que se instaurasse em Portugal uma democracia pluralista do estilo ocidental.
<ref>{{citar periódico
|autor=Manuel Braga da Cruz
|data=1994
|titulo=O Presidente da República na génese e evolução do sistema de governo português
|jornal=Análise Social
|volume=29
|numero=125/126
|paginas=237-265
|url=http://www.jstor.org/stable/41011055
}}</ref>
"Após um [[Verão quente|Verão Quente]] de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder do [[Conselho da Revolução]], civis e militares começaram a ''contar espingardas'' para um possível confronto armado. Este, tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de [[25 de Novembro]] de [[1975]], tropas [[Escola de Tropas Paraquedistas|pára-quedistas]] ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do [[COPCON]]. Mas opondo-se-lhes eficazmente um grupo operacional de militares, chefiado por [[Ramalho Eanes]], liquidou a revolta substituindo o [[PREC]] - "''[[Processo Revolucionário em Curso]]''" pelo "''[[Processo Constitucional em Curso]]''"<ref>[http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=th10 25 de NOVEMBRO- QUANTOS GOLPES AFINAL? - Maria Manuela Cruzeiro - Centro de Documentação do 25 de Abril]</ref>
== Contexto histórico ==
O [[golpe de estado]] em [[25 de Abril de 1974]], conhecido por a [[Revolução dos Cravos]], teve como objectivo principal a solução política da guerra colonial, e em segundo plano a implantação em [[Portugal]] de um regime [[democrático]]. A definição desse regime não foi consensual entre as diversas facções partidárias e movimentos sociais e políticos que surgiram então. Com a adesão espontânea de grande parte da população das principais cidades do País, o Golpe de Estado transformou-se em processo revolucionário (PREC). Na noite de 25 de Abril de 1974 o MFA deu a conhecer à população portuguesa o seu Programa político e militar, o qual comportava diversas medidas de carácter político, jurídico, social e económico. O Programa do MFA não apontava para qualquer tipo específico de regime democrático mas, em contrapartida, no seu ponto 6 apontava para uma reorganização e social do País de tipo socialista (ou no mínimo socializante), anti-monopolista e favorável às classes e camadas sociais mais desfavorecidas. Foi sobretudo a favor ou contra estas provisões do Programa do MFA que a luta política, social, ideológica, económica e militar - a luta de classes - se iria desencadear. E ainda permanece entre nós... ao nível de historiadores, politólogos, especialistas de relações internaccionais, políticos profissionais.
As forças mais identificadas com o modelo económico e social dito de 'economia de mercado', ou de 'livre iniciativa', ou 'capitalista' na acepção científica, como o PS, o PPD, o CDS, o PPM e as facções militares suas aliadas (spinolistas, Direita Militar mais conservadora, meloantunistas/moderados mais ou menos aliados à ala direita do PS (soarista)) iriam tudo fazer para inviabilizar a implementação do ponto 6 a) e b) do Programa do MFA. Aliar-se-iam inclusive a potências estrangeiras e às respectivas agências de espionagem (EUA, RU/GB, RFA).
Algumas forças agarram-se ao referido PREC - "''Processo Revolucionário em Curso''", nomeadamente as coladas à [[extrema-esquerda]] parlamentar e constitucional, formada pelo [[Movimento Democrático Português|MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral]] e a [[União Democrática Popular|UDP União Democrática Popular]] e de vez em quando aliadas ao [[Partido Comunista Português|PCP - Partido Comunista Português]]. Constituíam o que se chamou [[Frente de Unidade Revolucionária]] e todas visavam a implantação de uma [[República popular]]. Todas elas detinham, em conjunto com o PCP, 36 dos 250 [[Assembleia Constituinte (Portugal)|Deputados Constituintes]].
Por oposição outras facções mais moderadas que um ano depois, em [[1975]], detinham uma ampla maioria dentro da [[Assembleia Constituinte (Portugal)|Assembleia Constituinte]], (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por [[Partido Socialista (Portugal)|PS - Partido Socialista]], [[Partido Social Democrata (Portugal)|PPD - Partido Popular Democrático]] e [[CDS - Partido Popular|CDS - Centro Democrático Social]], defendem a implantação de uma [[Democracia liberal|Democracia constitucional]] de cariz [[Semipresidencialismo|semi-presidencialista]].
== Antecedentes ==
A [[25 de Abril]] de 1975 decorreram as [[Eleições para a Assembleia Constituinte de 1975|eleições para a Assembleia Constituinte]].
O Partido Socialista vence as eleições, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos e com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos, o Partido Popular Democrático obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o Centro Democrático Social obtêm 7,6% e e 16 eleitos, MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, UDP União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e a [[Associação para a Defesa dos Interesses de Macau|Associação para a Defesa dos Interesses de Macau]] (ADIM; representava os interesses de [[Macau]] e estava conotada com o [[CDS - Partido Popular|CDS]]) obtém 0,3% e 1 eleito.
A 21 de Junho, [[Otelo Saraiva de Carvalho]], à data detentor do comando do [[COPCON]], juntamente com o capitão Marques Júnior, à data membro do Conselho da Revolução, iniciaram uma visita de 10 dias a [[Cuba]]. A viagem foi realizada a pedido do [[Partido Comunista Português]] e apoiada pelo comunismo internacional, e tinha com o intuito atrair Otelo para o seu lado e assim garantir o controle do poder militar por parte dos comunistas.<ref>{{cite news
|url=http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=618100
|title=Otelo em Cuba a pedido do PCP
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|date=31 julho 2005
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A [[11 de Novembro]], uma manifestação de trabalhadores da construção civil cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do [[Palácio de S. Bento]], após 36 horas.
No dia 13 de Novembro o almirante [[Pinheiro de Azevedo]] é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.
Em 16 de Novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de [[Lisboa]] e das [[Unidades Colectivas de Produção]] alentejanas no [[Terreiro do Paço]], em Lisboa, de apoio ao "''Poder Popular''", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no [[Porto]], correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.
A [[20 de Novembro]] o [[VI Governo Provisório]] auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao [[Palácio de Belém]] a favor do "''Poder Popular''", [[Costa Gomes]] fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.
No dia 21 de Novembro, o [[Conselho da Revolução]] destitui o general [[Otelo Saraiva de Carvalho]] do comando da [[Regiões Militares|Região Militar de Lisboa]] e substitui-o pelo capitão [[Vasco Lourenço]] ligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na [[Alameda D. Afonso Henriques]], o mesmo conta com milhares de pessoas. No dia seguinte em [[24 de Novembro]], os populares de [[Rio Maior]]<ref>[http://aventar.eu/2010/11/25/memorias-do-25-de-novembro-a-moca-de-rio-maior/ Memórias do 25 de Novembro: A «moca» de Rio Maior, Aventar]</ref> e os agricultores associados da [[CAP]] ([[Confederação dos Agricultores de Portugal]]), na altura conotados com a direita [[tradicionalismo|tradicional]] e [[patriotismo|patriótica]], cortam as estradas de acesso a [[Lisboa]], separando o [[Norte de Portugal]] e o Sul.
== Golpe Militar de 25 de Novembro ==
'''No dia [[25 de Novembro]]:'''
* na sequência de uma decisão do coronel piloto-aviador [[José Morais da Silva]], [[Chefe do Estado-Maior da Força Aérea]]<ref>[http://observador.pt/2014/12/30/morreu-coronel-morais-da-silva-ex-chefe-estado-maior-da-forca-aerea/ Morreu coronel Morais da Silva, ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Observador, 30 de Dezembro de 2014]</ref>, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, [[Escola de Tropas Paraquedistas|pára-quedistas da Base Escola de Tancos]] ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o tenente-coronel [[Aníbal Pinho Freire]] e exigem a demissão de Morais da Silva;
* este actos são considerados pelos militares ligados ao ''[[Grupo dos Nove]]'' como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como o PS e o PPD e depois do [[Presidente da República Portuguesa|Presidente da República]], General [[Francisco da Costa Gomes]] ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar o país;
* o [[Regimento de Artilharia de Lisboa]] ([[RALIS]]), conotado com a Esquerda Militar, toma posições no [[Aeroporto da Portela|aeroporto de Lisboa]], portagem de Lisboa [[A1 (autoestrada)|A1]] e [[Depósito Geral de Material do Exército|Depósito de Material de Guerra de Beirolas]];
* forças da [[Escola Prática de Administração Militar]] ocupam a [[RTP]] e a [[Polícia do Exército (Portugal)|PM]] controla a [[Emissora Nacional]], as duas Unidades militares eram conotados respectivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas').
* O [[Regimento de Comandos da Amadora]], conotada com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores [[conservadorismo|conservadores]] e ultra-conservadores militares, e identificados com os partidos da [[Direita política]] parlamentar, a Igreja e sectores da Extrema-Direita) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados', identificados com o PS e o 'grupo do Florida'), cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos [[Tropas Paraquedistas de Tancos|Para-quedistas]], e a emissão da RTP é transferida para o Porto;
*[[Mário Soares]], [[Jorge Campinos]] e [[Mário Sottomayor Cardia]], da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contra-revolucionário previamente estabelecido, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam ao moderado [[Pires Veloso]] no Quartel da [[Regiões Militares|Região Militar Norte]], através do General piloto-aviador [[José Lemos Ferreira]] que teria oferecido resistência ao seu comandante o brigadeiro graduado [[Eurico de Deus Corvacho]];
* O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da [[Região Militar de Lisboa]], e teve um papel determinante na contenção dos extremos;
* o Tenente-coronel [[António Ramalho Eanes]], adjunto de Vasco Lourenço e futuro presidente da republica, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades;
* Vasco Lourenço dá voz de prisão a [[Diniz de Almeida]], [[Campos Andrada]], [[Cuco Rosa]] e [[Mário Tomé]], todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na [[União Democrática Popular|UDP]]; diversos Oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de Novembro de 1975') e o PPD.
* o "''Grupo dos Nove''", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extra-parlamentar) e os seus aliados controlam a situação.
'''No dia [[26 de Novembro]]:'''
* [[Jaime Neves]] com uma sua força dos [[Comandos da Amadora]], ligados aos moderados, atacam o [[Polícia do Exército (Portugal)|Regimento da Polícia Militar da Ajuda]], unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária, após a rendição o resultado são 3 mortos<ref>[http://www.dn.pt/gente/interior.aspx?content_id=1199189 Jaime Neves - Militar de elite chega a general na reforma] para de ambos os lados, Diário de Notícias, 11 abril 2009]</ref>;
* prisões dos militares revoltosos;
* forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa;
* [[Melo Antunes]] declara na RTP que o PCP: "é indispensável à democracia". Afastando as veleidades da direita [[Estado Novo|saudosista]], que tendo um plano de tomada de poder se colou ao "''Grupo dos Nove''".
'''No dia [[27 de Novembro]]:'''
* os Generais [[Carlos Fabião]] e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON;
* [[Ramalho Eanes]] é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em [[General]]. O COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas.
* por decisão do Conselho de Ministros a [[Rádio Renascença]] é devolvida à Igreja Católica;
* são enviadas para a [[Custóias (Matosinhos)|prisão de Custóias]] algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro;
* Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.
== Acalmia ==
A 28 de Novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados, no dia seguinte em conferência de imprensa, [[Francisco Sá Carneiro|Sá Carneiro]] acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada, o [[Partido Socialista (Portugal)|PS]] tem idêntica atitude.
É levantado o estado de sítio em Lisboa a [[2 de dezembro|2 de Dezembro]]<ref>{{citar web|URL = https://dre.pt/application/file/302388|título = Decreto N.º 674-B/75 - Diário do Governo N.º 278/1975, 1º Suplemento, Série I de 1975-12-02|data = 2 de dezembro de 1975|acessadoem = |autor = Presidência da República|publicado = Imprensa Nacional Casa da Moeda - Diário da República Electrónico (DRE)}}</ref>, no dia seguinte a Assembleia Constituinte [[Partido Socialista (Portugal)|PS]], [[Partido Social Democrata|PPD]] e [[CDS - Partido Popular|CDS]] acusam o [[Partido Comunista Português|PCP]] de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de Novembro.
Em conferência de imprensa, a [[4 de Dezembro]], Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de Novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "''anti-comunismo retrógrado''" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nesse mesmo dia o PS a par do PPD e CDS defendem a revisão do "''Pacto [[Movimento das Forças Armadas|MFA]]-Partidos''".
O PCP realiza, em 7 de Dezembro, um comício no [[Campo Pequeno]], [[Álvaro Cunhal]] reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "''unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução''".
A [[1 de Janeiro]] de [[1976]] a [[GNR]] intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de Novembro de que resultam quatro mortos e seis feridos <ref>Diário de Lisboa, 2 e 3 de Janeiro de 1976</ref>
É preso, em [[19 de Janeiro]], Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de Novembro, alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.
É realizada uma grande manifestação popular, no dia [[20 de Fevereiro]], em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.
No dia [[3 de Março]] de [[1976]], Otelo Saraiva de Carvalho, é libertado e passa ao regime de residência fixa.
{{Referências}}
== Ligações externas ==
* [http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=139 25 de Novembro, o fim do Verão Quente, Áreamilitar]
* [http://www.comandosportugal.web44.net/hist_25n.html O 25 de Novembro de 1975, A Nossa História, comandosportugal]
* [http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=th10 Maria Manuela Cruzeiro, «25 de NOVEMBRO- QUANTOS GOLPES AFINAL?», Centro de Documentação do 25 de Abril, Universidade de Coimbra, Comunicação apresentada em 2005 no Colóquio sobre o 25 de Novembro, realizado no Museu da República Resistência (Lisboa)]
* [http://resistir.info/portugal/25_nov_livro_ac.html O 25 de Novembro, por Álvaro Cunhal]
== Fontes virtuais ==
*[http://www.forumcidadania.org/politica/partidos_files/historia_ps/principal.html '''Partido Socialista - 25 anos''' no sitio do Fórum Cidadania]
*[http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=Cronologia Centro de Documentação 25 de Abril - Cronologia de '''A Revolução Portuguesa de 25 de Abril''']
*[http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/ano Fundação Mário Soares - '''Cronologia Século XX''']
*[http://politicaoperaria.no.sapo.pt/cadernos/caderno6.htm '''O VERÃO QUENTE''' - Caderno n.º 6 - Francisco Martins Rodrigues (Política Operária nº 1 e 2, 1985)]
== {{Ver também}} ==
* [[Revolução dos Cravos]]
* [[Verão quente]]
* [[Partido Socialista]]
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[[Categoria:Política de Portugal]]
[[Categoria:História política de Portugal]]
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ANTÓNIO FONSECA