A única maioria absoluta que existe em Portugal
Apesar
da indefinição que reina na vida política, as eleições legislativas de
quatro de outubro produziram uma maioria absoluta inequívoca: 70 por
cento dos eleitores votaram nos projetos que se comprometem a manter o
défice público abaixo dos três por cento, a reduzir a dívida pública e a
respeitar os compromissos assumidos com os nossos parceiros europeus.
Não pode haver mensagem mais clara: 70 por cento dos eleitores pedem
aos políticos portugueses que resolvam o problema do buraco nas contas
do Estado, que façam baixar o stock de dívida, que garanta a confiança
dos investidores nos mercados internacionais, que garantam que os
impostos não vão aumentar mais e até comecem a baixar, que os cortes de
salários e o congelamento de pensões sejam progressivamente afastados.
Mais, esta maioria absolutíssima pede que os políticos resolvam os problemas que são pagos para resolver.
Esta maioria está farta de truques e táticas que seguem os interesses
dos partidos e esquecem os interesses do país. Na semana passada fiquei a
saber foram congelados mais dois projetos, de valor superior a 100
milhões de euros e que iriam criar mais de 500 postos de trabalho.
Esta maioria receia com razão que os investidores comecem a retrair as decisões de investimento e a criação de novos empregos.
O
que esta maioria receia é que os juros da dívida pública voltem a subir
em flecha e que tenhamos de voltar a pedir um resgate aos credores
internacionais.
O que esta maioria absoluta receia é que venha a
ser chamada em breve a pagar mais impostos e a sofrer novos cortes de
salários pensões e subsídios. Esta maioria absoluta é composta pelos
votos do CDS, do PSD e do Partido Socialista.
Nenhum destes
votantes viu até agora um acordo escrito assinado por António Costa,
Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a comprometerem-se a manter o
défice público abaixo dos três por cento do PIB e a controlar a despesa
pública.
Se e quando houver esse acordo terão acabado os cheques em branco passados à tal maioria que ainda ninguém viu.A ÚINICA MAIORIA