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Por João Vieira Pereira
Diretor-Adjunto
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2 de Setembro de 2015 |
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Tudo o que precisa saber sobre como não vender um banco
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Bom dia, Este é o seu Expresso Curto. O meu primeiro regressado de férias. E nada melhor para celebrar do que aterrar em pleno novo episódio da novela da venda do Novo Banco. Afinal a Anbang, aquela que teria a melhor proposta, não foi a eleita para comprar a parte boa do ex-BES. Falhadas as negociações, (o Jornal de Negócios diz hoje que foi por falta de acordo sobre o valor do aumento de capital do banco que vai ser necessário fazer), o Banco de Portugal anunciou que iria começar a falar com o segundo classificado. Só que ao contrário do que todos pensavam esse lugar era ocupado pelo outro fundo chinês, a Fosun. A Apollo fica mais uma vez em lista de espera. Desde que começou este folhetim só uma coisa é certa: a informação flui ao estilo do Banco de Portugal: pouca ou nenhuma.
Como se não fosse já estranho que um regulador esteja a vendar um
regulado, a confusão é ainda pior com a falta de transparência em todo o
processo. As dúvidas são mais do que muitas. Porque falharam realmente as negociações com a Anbang? Quanto ofereciam pelo Novo Banco? E quanto oferecem os outros? O que está a fazer o BNP Paribas
contratado para vender o banco? Por muito secretismo que estes
processos tenham de ter, quando se trata de dinheiro público devia
haver, pelo menos, uma melhor explicação do que se passou. É uma questão
de bom senso. O senhor que se segue é Guo Guangchang,
considerado, aos 48 anos, um dos 10 homens mais ricos da China. Em
Setembro do ano passado o Expresso publicou um perfil seu com o
sugestivo título “Quem é o empresário que está a comprar Portugal?”. Vale a pena reler aqui. O Governo continua a dizer que os contribuintes não serão chamados a pagar qualquer prejuízo com a venda do Novo Banco. As palavras de Maria Luis Albuquerque são taxativas. “Digo o que sempre disse: os contribuintes não serão chamados a cobrir prejuízo”. Explique lá outra vez! É que se o Fundo de Resolução
é financiado em parte pelo imposto extraordinário que os bancos pagam,
dinheiro que sendo cobrado em forma de imposto devia entrar como receita nos cofres do Estado, como é que os contribuintes não pagam? Continuo na China, para dar conta de algo que pode prejudicar ainda mais a venda do Novo Banco. É que a constipação do dragão já
se transformou em gripe. E o vírus está a alastrar ao resto do mundo. O
índice que mede a actividade industrial na China caiu abaixo dos 50
pontos, o mesmo que dizer recessão. Depois de um Agosto vermelho para esquecer, Setembro não recebeu as bolsas com melhores perspectivas. Os analistas falam em meltdown com as praças americanas a acentuar as perdas da Europa e da Ásia. E hoje os índices das praças asiáticas abriram de novo em queda. É que as más notícias da indústria na China, repetem-se na Europa e nos EUA. Além disso o Canadá está oficialmente em recessão, as exportações da Coreia do Sul caíram quase 15% e Christine Lagarde avisou já que o crescimento mundial deverá ser mais baixo do que o esperado. É juntar estes ingredientes numa panela, mexer bem e temos bolsas outra vez em pânico e o petróleo de novo em forte queda e de novo abaixo dos 50 dólares (isto depois de ter recuperado mais de 20% em apenas três dias). Para quem foge à procura de uma vida nada disto importa. Alemanha, Alemanha, Alemanha! Gritavam centenas, talvez mais de mil de pessoas ontem à porta da principal estação de comboios de Budapeste,
exibindo bilhetes só de ida. As autoridades Húngaras fecharam a
estação, acabando por a reabrir mais tarde mas sem permitir a entrada
aos migrantes. Ontem todos os caminhos pareciam ir dar à Alemanha. Só na passada segunda-feira este país registou a entrada de mais 3500 refugiados. Vale a pena rever os acontecimentos num fantástico trabalho do The Telegraph. Mas hoje vão dar de novo ao Reino Unido. Já de madrugada a circulação do Eurotunel teve de ser suspensa depois de vários migrantes terem invadido as linhas e subido para cima dos comboios. O Comissário Europeu para a Migração e Assuntos Internos, Dimitris Avramopoulos, afirmou que o novo plano da União Europeia para fazer frente ao flagelo humanitário deverá ser apresentado na próxima semana.
Avramopoulos adiantou à Reuters que alguns dos países mais relutantes a
aceitar migrantes estão a mudar de ideias porque perceberam que “este não é um problema de outras países mas também deles”. Para finalizar este tema não pode mesmo perder a reportagem, agora em versão multimédia, de João Santos Duarte na fronteira entre a Hungria e a Sérvia, onde está a ser construído um novo muro da vergonha. E já agora espreite este trabalho que explica e crise dos migrantes em 90 segundos. Catarina e Jerónimo. Assim começaram os debates televisivos
entre os líderes dos partidos que concorrem às próximas eleições
legislativas. E como seria de esperar não foi Catarina contra Jerónimo,
mas antes Catarina e Jerónimo contra todos os outros. Houve uma
espécie de tréguas entre dois partidos condenados a nunca se entenderem
para passarem ao ataque à coligação e, claro está, ao PS onde mais
facilmente podem ir buscar votos. Se perdeu o debate, Rosa Pedroso Lima faz aqui um resumo de tudo o que precisa de saber sobre a conversa de café amigável entre Dupond e Dupont. A não perder é a viagem aos melhores debates televisivos. Um texto de Henrique Monteiro e Ricardo Costa publicado originalmente em 2014 na Revista do Expresso e agora republicado (para já só a primeira parte) no site do Expresso. OUTRAS NOTÍCIAS Rui Rio escreve hoje um artigo de opinião no Jornal de Notícias onde diz que só em Outubro decide se é ou não candidato às eleições presidenciais. Sport TV e Meo estão
mais perto de uma acordo depois de a primeira ter ameaçado cortar o
sinal por não chegar a acordo com a PT sobre os valores que devia
receber pela disponibilização do serviço. Para já, e até ao final de
Setembro, tudo continua na mesma já que um acordo pode ser assinado nas próximas semanas. A comissão eleitoral do Reino Unido pediu a David Cameron para mudar a pergunta sobre o referendo
(ainda sem data marcada) que decidirá a permanência na União Europeia. E
o primeiro-ministro já disse que aceita a recomendação. Assim os
britânicos em vez de responderem com um simples ‘sim’ ou ‘não’ à pergunta ‘Deve o Reino Unido continuar como membro da União Europeia?’, irão responder à questão ‘Deve o Reino Unido continuar como membro da União Europeia ou sair da União Europeia?’.
E neste caso a resposta terá de ser uma escolha clara entre ‘Continuar
como membro da União Europeia’ ou ‘Sair da União Europeia’. A alteração
surge depois das fortes críticas à pergunta no referendo escocês que
alguns consideravam que favorecia um dos lados. Francisco,
o Papa, não deixa de surpreender. Desta vez ordenou que se desse o
perdão a todos os arrependidos. Presos por qualquer crime, mulheres que
praticaram o aborto ou mesmo os mortos com pecados por expiar podem ser
perdoados. E nem é preciso ir a Roma. Começa hoje oficialmente a 72ª edição do Festival de Veneza. Como habitualmente o Expresso acompanha o evento e terá todos os dias no Expresso Diário crónicas de Jorge Leitão Ramos. A Nova Zelândia vai mudar de bandeira
e divulgou as quatro propostas finais. A população será agora chamada a
pronunciar-se sobre qual a bandeira que querem numa consulta que
decorrerá entre o final de Novembro e princípio de Dezembro. Seis meses
depois haverá nova bandeira. O último mercado para as transferências de futebol (Reino Unido) fechou oficialmente ontem. O Observador fez as contas: 2,61 mil milhões de euros gastos nas cinco principais ligas. Claro que foram os clubes ingleses que lideraram e só a Premier League bateu todos os recordes ao gastar mais de 1.300 milhões de euros num ano. A grande surpresa acabou por ser a contratação do jovem francês de 19 anos Anthony Martial
pela módica quantia de 49 milhões de euros, valor que pode no futuro
chegar aos 80 milhões. É a transferência mais cara de sempre de um
jogador tão jovem e tem o dedo do inevitável Jorge Mendes. Na Grécia, (não nos podemos esquecer do tema que mais marcou 2015), Tsipras parece estar a perder vapor. O líder do Syrisa
que chegou a ter uma taxa de aprovação superior a 70% está agora nuns
singelos 29,5%. Mas o pior é que o seu partido também tem perdido
intenções de voto com as sondagens a colocar a Nova Democracia à distância de apenas 3 pontos. Terça-feira, dia 1 de Setembro de 2015, também foi o dia em que a Google anunciou o seu novo logo. Se não deu por isso, veja aqui a evolução do mesmo ao longo de 17 anos. Para finalizar relembro que ontem foi publicada em Diário da República a lei que aumenta a licença obrigatória a gozar pelo pai aquando do nascimento de um filho de 10 para 15 dias úteis. Pena que não tenha efeitos retroactivos… dava-me jeito. FRASES “Não quero dizer nada que possa prejudicar as negociações” António Costa sobre o fracasso das primeiras negociações para a venda do Novo Banco. “A questão está em saber o que quer o PS fazer pelo País e não o que queremos nós fazer pelo PS”, Catarina Martins sobre uma possibilidade de coligação com o Partido Socialista. “A
'Primavera de Atenas' foi esmagada por razões que não têm nada a ver
com a política de esquerda do Governo grego. A EU rejeitou e denegriu
políticas de mero bom senso, umas atrás das outras”, Yanis Varoufakis O QUE EU ANDO A LER
Ainda mal regressado de férias continuo mergulhado num dos últimos romances de Haruki Murakami - 1Q84 (2). O segundo volume de uma trilogia absolutamente genial. Abri o livro como uma espécie de preparação para a publicação em versão inglesa de um livro que reúne os seus primeiros dois romances – Hear the wind sing e Pinball, 1973.
Se conhece a escrita de Murakami sabe que não pode perder estas obras.
Se ainda não, aconselho a começar não por um romance, mas pelo seu livro
sobre... corrida. A tradução do título em Português é bastante infeliz:
“Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo”. Por isso
fiquemos com o título em inglês: “What I talk about when I talk about
running”. Um livro simplesmente fantástico sobre como a corrida pode
mudar aquilo que somos. Se ficou com curiosidade não perca este texto recentemente publicado no The Guardian sobre a obra. Por hoje é tudo mas não se esqueça que o Expresso é também hiperactivo e por isso não gosta de ficar parado. Já está aí o nosso Snapchat (Snap-Expresso) e a operação de WhatsApp
para as legislativas no número 966281213. Tem que colocar o número nos
contactos do seu telemóvel e depois enviar-nos por WhatsApp uma mensagem
com a palavra ‘subscrever’. A sério só arrancamos na sexta de manhã,
mas já pode espreitar e dizer-nos de sua justiça. Resta-me desejar uma ótima quarta feira. Amanhã o Expresso Curto regressa pelas mãos de Miguel Cadete.
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ANTÓNIO FONSECA
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