terça-feira, 11 de agosto de 2015

OBVIOUS MAGAZINE - 11 DE AGOSTO DE 2015

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onde não há espaço para a saudade

por Carlos Henrique dos Santos em 11/08/15  





A vida em movimento em O Céu de Suely, de Karin Ainouz.


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super-arquitetura

por Ramon S Nunes em 11/08/15  





Reflexões sobre o super-estruturalismo heroico e o homem dinossauro


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por trás destes lipídios existe uma pessoa legal

por Bruno Lemos em 11/08/15  





O
texto trata das dificuldades das pessoas gordas na sociedade narcisista
moderna, mas ressalta que beleza física nem sempre é sinônimo de
parceria no Amor nem de relacionamentos duradouros.


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a garrafa verde

por Pedro Lacerda em 11/08/15  





A
história do sequestro de Freddy Heineken vira filme pela segunda vez.
No entanto, o sacrífico da fidelidade aos fatos não se traduz em ganho
dramático e o filme peca por não ser nem uma boa ficção e nem uma boa
aula de história.


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quando nos apaixonamos loucamente pela ideia de amar

por Sílvia Marques em 11/08/15  





Quando
amamos ou imaginamos amar deixamos de ser um estranho para nós mesmos e
descobrimos todo nosso potencial destrutivo e revolucionário. Para o
cineasta espanhol Luis Buñuel, amor e revolta eram as palavras mais
revolucionárias que existem. E quanto mais ingênuo, iludido e patético é
o amor que sentimos ou desejamos sentir, mais nos revelamos , mais
revelamos o que inconscientemente ou não escondemos de nós mesmos.
Quando amamos, as máscaras caem e já não existem mais meias palavras.
Somos o que somos.


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brisa marinha: a arte de rafael cabral

por Arthur Silva em 11/08/15  





Através
dos metais, das cores espalhadas pelo pincel e da cerâmica, Rafael
Cabral retrata um mundo excêntrico, onde a beleza se une à imaginação
tomando o partido de narrar a fé, a anatomia, a beleza e também o caos.


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a honra na construção do reich

por Carlos Feitosa Tesch em 11/08/15  





Resenha
analítica de “Não Iremos Mais à Floresta” de Gilbert Ziebura. Uma
análise da ligação entre a Honra e os retrocessos antidemocráticos que
culminaram no Terceiro Reich.


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a trilha sonora que incentivou a luta contra o apartheid e o merecido reconhecimento a sixto rodriguez

por Emerson Pinheiro em 11/08/15  





Sem
saber, Sixto Rodriguez foi uma lenda da música durante e depois do
"apartheid", na África do Sul. Ele compôs a trilha sonora que incentivou
a revolta popular contra o regime opressor da época. Tornou-se um ídolo
nacional, comparável a Elvis Presley em termos de popularidade e a Bob
Dylan quanto ao seu talento para compor letras impactantes e
inesquecíveis. Em 2012, um documentário retratou como tudo começou e
como ele alcançou o merecido reconhecimento.


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o brilho eterno das mentes que se permitem recordar

por Dona Iaiá em 11/08/15  





Assim
como não há borboleta que não tenha de sair de um rijo casulo, não há
amadurecimento que não se origine de duras lembranças.


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em oslo, há mais barcos que prédios.

por Felipe Pergher em 11/08/15  





Registro
das impressões que causa uma cidade a quem vem de sua exata
contraparte. Pequeno ensaio sobre o céu da cidade de baixos prédios e
horizontes longos. O que acontece quando a arquitetura torna-se a
paisagem ao invés de ocultá-la.


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o rap: antes e depois do racionais mc´s

por Ronan Gonçalves em 11/08/15  





Racionais marcou um antes e um depois na história do rap brasileiro.


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#partiupasárgada

por Marcel Camargo em 11/08/15  





“Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei”

(Manuel Bandeira)


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onde estão nossos heróis?

por Marina Zotesso em 11/08/15  





Crescemos
acreditando em heróis, crianças ainda sustentam a ideia de poderem
brilhar e orgulhar o país com os poderes que nos são dados, a coragem e a
determinação de atletas. Mas até que ponto agimos nós, os brasileiros
como um time, e orgulhamos nossas crianças dando o devido exemplo?


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o infinito do agora retratado na arte de dogz

por Cristina Souza em 11/08/15  





Esbarrar
com o trabalho de Dogz - seja nos muros de Florianópolis ou retratado
em um quadro na parede - te faz navegar entre as infinitas
possibilidades que a arte desperta. Em uma conversa leve, o artista abre
as janelas para falar sobre suas inspirações e processo de criação.


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luz própria- resgate

por Fernanda Villas Boas em 11/08/15  





Urgente—o
momento urge movimento. Se eu não for, você vem? Acho que o sonho da
gente deve ser aqui no Brasil. A gente até já sabe que é diferente.
Aliás, a gente sabe um bocado de coisas. Aprendemos mais cedo que os
outros.


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==========ANTÓNIO FONSECA

BLOG HUMANISTA - 11 DE AGOSTO DE 2015

O Blog Humanista‏

O Blog Humanista

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

O Blog Humanista


Wiphala - A Bandeira dos Povos de Toda a América
Posted: 11 Aug 2015 12:09 AM PDT
A Wiphala é a bandeira dos povos indígenas da América, mais precisamente da América andina, é baseada nas cores do arco-íris, e é formada por 49 quadrados, contendo um conjunto de sete quadrados brancos, que desce em diagonal da parte superior esquerda até à parte inferior direita.


A palavra Wiphala é da língua aimará e é baseada em duas palavras, eiphay e phalax, que respectivamente querem dizer, a alegria, e o sonho de conduzir uma bandeira.


As tem significados e representam ideias e conceitos importantes para os povos indígenas, sendo os seguintes:
  • vermelho representa o planeta Terra;
  • a cor de laranja, representa a sociedade e a cultura;
  • o amarelo a energia e a força;
  • o branco, o tempo e a dialética;
  • o verde, a economia e a produção;
  • o azul, o espaço cósmico e o infinito;
  • o violeta, a política e a ideologia.


Autor Filipe de Freitas Leal
 
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ANTÓNIO FONSECA

EL VENTANO - 11 DE AGOSTO DE 2015

el ventano

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

el ventano


Papá, a ver, ¡¿pero qué te has puesto?!
Posted: 10 Aug 2015 07:30 AM PDT





Las vacaciones suelen ser fechas en las que el personal aprovecha para expulsar la represión con que los convencionalismos sociales va cargando su existencia. Por ello, hay quien mano de diversos recursos para soltar algo de lastre, como puede ser la vestimenta...












Sus señorías también viajan por asuntos de partido a cargo del Congreso
Posted: 10 Aug 2015 02:54 AM PDT




Los viajes de sus señorías por asuntos propios de su condición de parlamentarios no están suficientemente diferenciados con los que realizan por motivos partidistas, como la asistencia a un mitin, aunque es el Parlamento el que los paga, según ha denunciado Transparencia Internacional. El gasto en desplazamientos en el primer semestre del año ha sido de 2,6 millones de euros, lo que supone que cada diputado ha gastado 1.200 euros al mes en viajes.

Por primera vez, y debido a la tramitación de los presupuestos generales y la posible convocatoria de un pleno sobre el rescate a Grecia, aún sin fecha, sus señorias tendrán que acercarse al Congreso de los Diputados en un mes habitualmente cerrado por vacaciones.

Esa circunstancia elevará el gasto en viajes que durante el primer semestre del año ha ascendido a 2,59 millones de euros, según los datos publicados trimestralmente por el Congreso. Ese importe supone que a diario la Cámara se gasta 14.000 euros en cubrir los desplazamientos de los 350 diputados. Parlamentarios que de media se gastan 1.200 euros al mes en viajes que corren a cargo de los presupuestos del Congreso.

Tras la polémica desatada por los viajes a Canarias de José Antonio Monago, el Congreso acordó publicar desde enero el gasto global en viajes, aunque sin desglosar nombres, trayectos, número, coste concreto de cada viaje o motivo del mismo, cuya justificación se deja a la supervisión y aval interno de cada grupo parlamentario.

Más del 80% del coste total corresponde a actividad parlamentaria aunque cerca de 300.000 euros se destinaron a sufragar desplazamientos en concepto de actividad política. Una confusión indeseable, a juicio de Manuel Villoria, miembro del consejo directivo de Transparencia Internacional. "De ese modo, cabe la posibilidad de que acaben cargándose al presupuesto del Congreso desplazamientos por actividades como mítines, encuentros políticos para recabar apoyos para primarias, o un largo etcétera de cuestiones que guardan más relación con la actividad interna de los partidos.

Villoria considera insuficiente la transparencia del sistema adoptado en el Congreso y pone como ejemplo la regulación del Consejo General del Poder Judicial que recoge en detalle dónde viajan sus vocales y el coste de sus desplazamientos o comidas. "A mi juicio, en la próxima legislatura, con la irrupción de nuevas formaciones políticas en el Congreso, forzosamente se tendrá que avanzar en esta cuestión", pronostica Villoria.


Fuente


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ANTÓNIO FONSECA

Quando a Bíblia Sagrada ameaça o Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung - Observador

Quando a Bíblia Sagrada ameaça o Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung - Observador








Quando a Bíblia Sagrada ameaça o Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung

10 Agosto 2015




Há quase tantos cristãos na China como membros do Partido
Comunista. O cristianismo está a crescer e o regime não gosta disso. Wei
foi espancado por acreditar em deus. Hoje, pede asilo em Portugal.


Só pararam de bater em Wei quando a sua cabeça começou a jorrar sangue.

Seis
horas antes, às 17h00 de 14 de julho de 2014, estava a sair de mais um
culto da sua igreja, a Igreja da Família. Ia acompanhado por outras três
pessoas quando lhes apareceu uma carrinha descaracterizada à frente. Lá
de dentro saíram oito homens.

“Vocês que acreditam em deus, subam já!”

Wei está em Lisboa desde março deste ano. (Fábio Pinto / Observador)
Wei
não sabia para onde o levavam ao certo, mas não devia ser muito longe
da sua aldeia na região de Shanxi. A viagem durou 30 minutos. Quando a
carrinha parou, os quatro “que acreditam em deus” foram separados e
levados cada um para o seu quarto.

À espera deste operário de construção de linhas de comboio
de 26 anos estavam cinco homens. “Como é que se chama o líder do vosso
culto e onde é que ele está?”, perguntaram-lhe. Wei não respondeu. Eles
insistiram, com uma nova pergunta: “Onde é que vocês guardam o dinheiro
do peditório na vossa igreja?” Wei voltou a nada dizer.

À medida
que as horas passavam, a frustração dos interrogadores começou a
esgotar-se. Entretanto, fez-se noite. “Atrasado mental, por causa de ti
hoje saímos mais tarde!”, ouviu um deles a gritar-lhe, entre outros
insultos. Pouco depois, começaram a agredi-lo. Demoraram pouco a passar
das chapadas que lhe davam na cara para lhe puxarem o cabelo,
obrigando-o a dar voltas sobre si mesmo com as costas curvadas. Quando
se desequilibrou e caiu no chão, começaram a pontapeá-lo em todo o
corpo.

Wei foi interrogado num quarto fechado entre as
18h00 e a meia-noite. Foi entregue a cinco homens que o espancaram
durante horas. Queriam saber quem eram os líderes do seu grupo cristão e
onde é que eles estavam.
A seguir, um dos homens
ordenou-lhe que se levantasse e que ficasse virado para um dos lados
daquela divisão. Novamente pegando-lhe pelo cabelo, empurrou-lhe a
cabeça para a frente, esbarrando-a contra a parede. Depois, puxou-o para
trás com força, até que a sua nuca bateu na quina de uma mesa. Já eram
23h30, e por entre a cabeleira negra de Wei começou a escorrer sangue,
que não demorou a manchar-lhe a camisola de vermelho.

Finalmente,
apareceu um polícia fardado — a primeira pessoa que viu vestindo um
uniforme desde que foi empurrado para dentro daquela carrinha — que lhe
deu ordem de soltura. “Vai ao hospital tratar dessa ferida que tens na
cabeça”, disse-lhe o agente. Quando se preparava para fechar a porta
do quarto, Wei ainda o ouviu dizer: “Devias saber que na China não vale a
pena ir contra o Partido Comunista Chinês. Quem manda aqui é o partido,
não é deus”. À saída, apercebeu-se de que tinha estado aquele tempo
todo num hotel.

Wei contou a sua história ao Observador já em Lisboa, onde aguarda resposta ao pedido de asilo por perseguição religiosa.

A conversão de Wei

Dois anos antes deste incidente, Wei era apenas mais um entre os
milhões de pessoas que vivem uma vida pacata e ordeira na China rural,
alternando entre o trabalho e a vida pessoal, sem que para isso sintam a
necessidade de um guia espiritual. De um qualquer deus. Como aquele
sobre o qual um pequeno grupo falava à sua vizinha, depois de esta lhes
ter aberto a porta numa pequena aldeia na região de Shanxi.


“Se o vosso deus é tão grande e tão bom, então ele que cure a
vizinha do lado”, respondeu-lhes a mulher perante a tentativa de
evangelização.

A “vizinha do lado” era a mãe de Wei. Já há algum
tempo que era uma pessoa doente, apesar de jovem. Sem aviso, o seu corpo
ficava dormente ao ponto de ela não se conseguir manter de pé. A doença
levou-a à cama, da qual já não se conseguia levantar. Quando os
sintomas começaram a ser mais graves, a família levou-a um hospital. Os
médicos puseram-na a soro, o que melhorou consideravelmente o seu
estado, mas não conseguiam determinar qual era a sua doença. Noutro
hospital, a situação repetiu-se. Depois, Wei foi aconselhado a levar a
mãe a um velho médico de Medicina Chinesa. Este, apesar dos vários anos
de experiência, também não conseguiu ajudá-la. Disse até que não era
“normal uma mulher que ainda é nova ter tanto ar magoado dentro de si”.
Chegaram a tentar um terceiro hospital, mas o resultado foi o mesmo: a
saúde da mãe de Wei piorava a olhos vistos e ninguém sabia o que fazer.


"Antes de me converter ao cristianismo nunca tinha
pensado muito em religião, porque para mim não fazia sentido. Só tinha
duas ideias sobre o assunto. A primeira, é que o budismo é a religião
dos orientais. A outra, é que o cristianismo era dos ocidentais."
Wei
O desespero tem destas coisas. Wei fez algo que nunca tinha feito
antes na vida: tentou a religião. Chegou a ir para um jardim com
estátuas budistas, pedir fosse a que deus fosse, que a saúde da sua mãe
melhorasse. Uma vez que já tinha chegado a esse ponto, quando os
missionários que momentos antes falavam com a sua vizinha lhe bateram à
porta e perguntaram se podiam entrar para orarem pela sua mãe, Wei não
fez mais do que pô-los à vontade.

Wei recorda esta história com um tom de voz sibilino e arrastado. Fala com bastante calma. É difícil imaginá-lo a gritar.

“Os
missionários ficaram à volta da cama da minha mãe e começaram a orar
por ela. E depois disso passaram a ir lá mais vezes. Passados seis meses
destas orações, depois de rezarem tanto pela saúde da minha mãe, ela
começou a melhorar. Começou a conseguir levantar-se, deixou de passar o
tempo todo na cama. Voltou a fazer os trabalhos domésticos.”

Foi
quanto bastou para que Wei e a sua mãe, ateus desde sempre, se juntarem à
Igreja da Família — uma das várias organizações religiosas clandestinas
que funcionam em casas privadas e que são banidas pelo Partido
Comunista da China.

O “Livro Vermelho” e a “Bíblia Sagrada” na mesma prateleira? 

A relação da China comunista, fundada em 1949, com a religião nunca foi pacífica. Na sua autobiografia,
o líder religioso budista, Dalai Lama, relembra um encontro que teve em
1955 com o líder da República Popular da China, Mao Tsé-Tung. Dalai
Lama recorda-se das palavras que o líder comunista lhe dirigiu: “A
religião é um veneno (…). Primeiro, reduz a população, porque os monges e
as freiras praticam o celibato, e, segundo, porque desvaloriza o
progresso material”.

Foram os anos da Revolução Cultural, que não
deixava espaço a nada que fosse para além do maoismo, cujas linhas
orientadoras ficaram eternizadas no “Livro Vermelho”, com citações de
Mao Tsé-Tung. Esta era durou até 1976, quando, no dia 9 de setembro o
único líder que a China comunista tinha tido até então morreu.


"A religião é um veneno (...). Primeiro, reduz a
população, porque os monges e as freiras praticam o celibato, e,
segundo, porque desvaloriza o progresso material."
Mao Tsé-Tung, dirigindo-se a Dalai Lama em 1955
Seguiram-se anos de relativa reforma. E, inevitavelmente, chegaram novos livros. A “Bíblia Sagrada” foi um deles.

Em
1979, o governo chinês voltou a autorizar a existência
da Igreja Patriótica das Três Autonomias. Desde essa altura que este é o
único movimento de expressão cristã permitido pelo regime. E, sem
surpresa, fortemente condicionado pelo mesmo. Ali, doutrinas do
Protestantismo são misturadas com noções de patriotismo, ou vistas à luz
do combate contra o imperialismo ocidental. Os padres são aprovados e
controlados pelas autoridades locais, para que a população não seja
exposta a ideais que não as tradicionais. Segundo o The Guardian, no Partido Comunista Chinês há quem se refira ao cristianismo como “yand djiáu”. Isto é, “ensinamentos estrangeiros”.

Em
reação, cada vez mais chineses começaram a juntar-se em casas
particulares para celebrarem cerimónias cristãs. Esta religião
espalhou-se sobretudo nos meios rurais, onde o acesso à educação é mais
difícil e o contacto com o exterior é ainda menor do que noutras partes
da China.

Em 2014, o Partido Comunista Chinês anunciou
que tinha 86,7 milhões de membros. O número de adesões caiu pela
primeira vez numa década. Por outro lado, o número de cristãos está a
subir, dizem os especialistas. Já serão quase 70 milhões.
“Começaram
a aparecer muitas pessoas a dizer que eram cristãs, entre aqueles que
têm poucos estudos, quase por uma questão de conveniência. No
cristianismo existe um deus que trata de tudo, podemos rezar para esse
deus e pedir qualquer coisa, enquanto que no taoismo, que os chineses
culturalmente conhecem melhor, existe um deus para cada coisa. Se querem
saúde, têm de rezar a um. Depois para dinheiro, é outro. E se quiserem
ter boas colheitas têm outro, também. Ora, no cristianismo existe um
deus para tudo.”

Quem o diz é Fenggang Yang, diretor do Centro
para a Religião e Sociedade Chinesa da Purdue University, nos EUA. Na
sua ótica, mais do que a ligeira abertura da liberdade religiosa na
China a seguir à morte de Mao Tsé-Tung, o momento-chave que levou ao
verdadeiro crescimento do cristianismo naquele país deu-se em 1989, o
ano dos protestos na praça de Tiananmen, em Pequim.

A Bíblia em mandarim
“O ser humano sempre teve perguntas, faz parte da sua natureza. E a
seguir ao que se passou em Tiananmen muitas pessoas começaram a procurar
um sentido para a vida delas, para o que acontecia à sua volta”,
explica ao Observador, numa conversa por Skype. “Só que aí, finalmente,
começaram a procurar as respostas a essas perguntas na religião, porque
acharam que a política do Partido Comunista já não lhes chegava.”

Segundo
Yang, a partir dessa altura o cristianismo passou a ir para outros
grupos da sociedade chinesa, para além do campesinato. “Hoje em dia, a
população cristã vai desde os meios mais rurais — onde há uma visão mais
simples da religião — até a pessoas com estudos, jornalistas,
académicos… E, claro, cidadãos comuns.”

Yang nasceu, como Wei e
tantos outros chineses, numa família ateia. Em 1997, foi para os EUA
estudar e, pelo caminho, converteu-se ao cristianismo. Poucos anos
depois, em 2000, fez uma experiência numa viagem que fez de volta ao seu
país. “Comecei a perguntar às pessoas se me podiam indicar uma igreja
ali por perto.” Yang sabia que estava a apenas 100 metros de uma. O seu
objetivo era, antes, saber se os outros também sabiam que tinham uma
igreja nas imediações. “Ninguém sabia que havia algo do género naquela
zona, parecia que lhes estava a falar de algo completamente fora do
normal.” Mas, numa viagem “recente”, repetiu a experiência e teve novos
resultados: “Hoje em dia, metes-te num táxi e pedes para ir a uma igreja
e o taxista até te pergunta a qual é que queres ir!”.

Não é certo
quantos cristãos vivem na China. Os números oficiais apontam para 23
milhões de protestantes — uma estimativa que muitos têm como aquém dos
verdadeiros números. Num estudo de 2010, o Pew Research Center adiantou
que deverão existir cerca de 67 milhões de cristãos em todo o país. Algo
que não foge muito aos números avançados por Yang, que fala em 5% de
toda a população e num aumento de 10% a cada ano.


"Em 2030, a China vai quase de certeza ser o país com o
maior número de cristãos em todo o mundo. E isso é algo que preocupa
bastante o Partido Comunista, causa-lhe medo"
Fengggang Yang, diretor do Centro para a Religião e Sociedade Chinesa da Purdue University
Por outro lado, números oficiais do Partido Comunista Chinês
revelados em 2014 indicam que este tem 86,7 milhões de membros. O número
de novas adesões nesse ano desceu pela primeira vez numa década — uma
quebra de 25,5%.

“Em 2030, a China vai quase de certeza ser o país
com o maior número de cristãos em todo o mundo. E isso é algo que
preocupa bastante o Partido Comunista, causa-lhe medo”, diz Yang.

É
esse “medo” que move a perseguição de cristãos na China, algo que se
intensificou desde que Xi Jinping se tornou Presidente, em 2012. O
número de relatos semelhantes ao de Wei, em que membros de grupos
religiosos clandestinos são alvo de agressões e os seus líderes são
presos, são cada vez mais. Ao mesmo tempo, na região de Jendjiang, foram
demolidas cerca de 400 igrejas desde 2014.

“Lá em Portugal eles tratam do teu assunto depressa”

Em consequência, muitos cristãos decidem abandonar a China por razões
de segurança. Em março deste ano, o Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras (SEF) registou o pedido de asilo de 40 cidadãos chineses —
foram os primeiros a fazê-lo em Portugal. Wei é um deles.

“Depois
da minha agressão falei com uma pessoa da minha igreja que me falou dos
perigos que eu corria… Mais tarde, disse-me que daquela vez em que eles
me levaram para o hotel e me espancaram, um dos líderes do nosso grupo
foi preso. Por isso, tomei a decisão de sair do meu país.”

Wei foi até uma agência de viagens que lhe foi aconselhada, por já
estarem habituados a tratar de viagens de chineses que pretendem sair do
país com rapidez. A troco de 80 mil Yuan (quase 12 mil euros),
trataram-lhe do visto e da viagem. Lá, aconselharam-no a ir para
Portugal. “Eles lá tratam do teu assunto depressa”, disseram-lhe. Oito
meses depois de ter sido espancado naquele hotel, fez as malas,
despediu-se da família e embarcou num avião. Pelo caminho, fez escala em
Istambul, na Turquia. Depois, chegou a Lisboa. No dia 8 de abril,
apresentou um pedido de proteção internacional ao SEF. Até hoje, aguarda
uma resposta.


Desde que chegou a Portugal, Wei só foi a Lisboa uma
vez. Quis ir a uma igreja no Martim Moniz. Estava decidido a entrar, mas
quando viu o edifício pela frente parou o passo e hesitou. Pensou
duas vezes.
Até agora, Wei fala pouco português — fá-lo com o mesmo tom de voz
que usa para falar mandarim, mas neste caso este vem acompanhado de um
sorriso atrapalhado. Todos os dias, junta-se com outros chineses que
também alegam terem sido vítimas de perseguição religiosa no seu país
para rezar. As cerimónias são feitas com a ajuda de uma pequena bíblia
em mandarim, de capa preta e com as folhas coloridas a rosa choque na
parte de fora.

Para já, ainda não conhece bem a capital
portuguesa. Só foi uma vez de livre iniciativa ao centro lisboeta. Mais
precisamente a uma igreja no Martim Moniz, cuja localização exata não se
recorda ao certo. Estava decidido a entrar, mas quando viu o edifício
pela frente abrandou o passo e hesitou. Pensou duas vezes e, por fim,
voltou para trás. “Não sabia se era seguro.”

– – –
Nota:
Wei é um nome fictício, que usámos por razões de segurança. Pelo mesmo
motivo, não divulgámos o nome da sua aldeia nem a sua morada em
Portugal.

Texto: João de Almeida Dias

Fotografias: Fábio Pinto





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ANTÓNIO FONSECA

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

AGRESSÃO .... - 10 DE AGOSTO DE 2015

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Senhor Primeiro Ministro 

Tenha um pouco de vergonha na cara. 


PORQUE NÃO FALA COM AS PESSOAS ?

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