sábado, 16 de maio de 2015

OBVIOUS MAGAZINE - 14 DE MAIO DE 2015

OBVIOUS - Escolhas do editor‏

OBVIOUS - Escolhas do editor

obvious magazine (newsletter@obviousmag.org)
 
 
14-05-2015
 
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da repressão ao excesso: o sexo no século xxi

por Ana Maria Lima em May 14, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like da repressão ao excesso: o sexo no século xxi on Facebook Google Plus One Button

Que a mulher e o homem tenham expectativas bastante opostas sobre a sexualidade, não é nenhuma novidade. Mas as condições limítrofes dos tempos atuais, em oposição a repressão da era vitoriana, colocam os corpos em uma posição de oferta que vai além disso, torna-se uma imposição ao gozo imediato.

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olá, sociedade

por Clarice Amélia em May 14, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like olá, sociedade on Facebook Google Plus One Button

A sociedade em sua constante evolução, entrega para os mortais a virtualidade antes mesmo de entregar virtudes. As informações estão mais rápidas e menos filtradas pela nossa consciência. Porém, o ser humano não é um robô...

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vou-me embora pra macondo

por Carolina Carettin em May 14, 2015 02:50 pm   share on Twitter Like vou-me embora pra macondo on Facebook Google Plus One Button

"Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias. Houve épocas de chuvisco em que todo mundo pôs a sua roupa de domingo e compôs uma cara de convalescente para festejar a estiagem, mas logo se acostumaram a interpretar as pausas como anúncios de recrudescimento."

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como nÃo virar um zumbi

por André Camargo em May 14, 2015 02:50 pm   share on Twitter Like como nÃo virar um zumbi on Facebook Google Plus One Button

Em The Walking Dead, os seres humanos começam a se transformar em mortos-vivos. Parece o mundo de hoje. Você vai ver no texto como usar Zygmunt Bauman para entender essa metáfora, e que referências me ajudam a manter o rumo na Terra Devastada dos dias de hoje. Como (sobre)viver em meio a experiências e relacionamentos em que predomina o elemento Água?

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e por falar em saudade... quem vive em você?

por Simone Bittencourt Shauy em May 14, 2015 02:50 pm   share on Twitter Like e por falar em saudade... quem vive em você? on Facebook Google Plus One Button

Somos muitos personagens e mundos do lado de dentro, mas na grande parte das vezes, por milhares de motivos que só cada um sabe, somos quase sempre somente máscaras do lado de fora...

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vocÊ acredita em deus? e deus... acredita em vocÊ?

por Ana Macarini em May 14, 2015 02:50 pm   share on Twitter Like vocÊ acredita em deus? e deus... acredita em vocÊ? on Facebook Google Plus One Button

Atingida por uma situação muito difícil de perda, na tentativa de aplacar a dor e a revolta, esbravejei “O mundo está essa bagunça porque Deus é homem! Se Deus fosse mulher, tudo seria diferente!”. Esse pensamento atingiu minha mente em cheio e reverberou para o meu peito uma sensação de paz e entendimento. Por alguns segundos senti como se tivesse aberto a Caixa de Pandora. Toda a iniquidade do mundo foi explicada e justificada pela agressividade masculina de Deus. Deste dia em diante, mudei minha relação com o invisível. Tirei de Deus o poder da divindade; fiz dele alguém passível de erro. Curiosamente reinventei a minha fé. Sendo Deus humano como eu, sou então capaz de assumir o caráter iluminado da divindade. Deus pode existir em mim, assim como eu posso existir nele.

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a cultura cyberpunk - os rebeldes da era digital

por Eli Boscatto em May 14, 2015 02:50 pm   share on Twitter Like a cultura cyberpunk - os rebeldes da era digital on Facebook Google Plus One Button

O cyberpunk é definido como uma subcultura, um subgênero de ficção cientifica, mas é possível dizer que sua origem embrionária foi sendo gerada na desilusão por regimes de governo que prometiam “sociedades perfeitas” em uma época não muito distante e depois pela exclusão digital da maioria, cenário que mudou muito nos últimos tempos.

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ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir

por Bruna Costa em May 14, 2015 02:40 pm   share on Twitter Like ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir on Facebook Google Plus One Button

“Malèna”, trama dirigida por Giuseppe Tornatore, é dilacerante por si só, e mais dilacerante ainda por ser familiar demais. Malèna é parte de todas nós, que diariamente sofremos julgamentos e apedrejamentos muito antes e, como bem sabemos, muito depois da absolvição de Cristo. 
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a linguagem cria, mas também destrói

por Bruno Braz em May 14, 2015 02:30 pm   share on Twitter Like a linguagem cria, mas também destrói on Facebook Google Plus One Button

A linguagem é, por si só, um reino humano à parte — uma representação humana da realidade. Mas até que ponto conseguimos reconhecer seu poder destrutivo de generalização e abstração? Como lidamos com seu aspecto criativo? Afinal, é possível separar a dádiva da maldição?

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viva

por Tainá Viana Alves em May 14, 2015 02:20 pm   share on Twitter Like viva on Facebook Google Plus One Button

A vida é uma só e passa num instante sobre nossos olhos, afinal, não controlamos o tempo, que passa muito rápido. Mas será que estamos controlando nossa vida para aproveitar esse tempo da melhor forma possível?

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o pobre-diabo atualizado: o anti-herói no romance pilatos, de carlos heitor cony

por Gilmar Luís Silva Júnior em May 13, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like o pobre-diabo atualizado: o anti-herói no romance pilatos, de carlos heitor cony on Facebook Google Plus One Button

O romance Pilatos, de Carlos Heitor Cony, merece uma leitura detida. Crítica do regime militar, desaforo ao modelo de herói consagrado na literatura, o livro de Cony maneja com maestria tabus como sexo, liberdade e repressão, dosados com o óleo amenizador do humor e com a tinta da picardia. Conheça um pouco dessa indispensável obra!

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a redoma de vidro em que vivemos

por Eliza Doré em May 13, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like a redoma de vidro em que vivemos on Facebook Google Plus One Button

Viver pode parecer algo extremamente cansativo e chato. Sylvia Plath aborda o suicídio e a depressão em seu livro "A Redoma de Vidro", de 1963. Finalizando o rumo de sua personagem com a própria vida.

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mãe, escrevi pra senhora

por Felipe Azevedo em May 13, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like mãe, escrevi pra senhora on Facebook Google Plus One Button

tentei fazer artesanato e até pensei em comprar um perfume, mas escrever sobre uma antiga ferida no pé foi o que me restou pra dizer o quanto amo minha mãe

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Às impressões da vida ─ monet e a luz dos teus olhos!

por Bianca Ferreira em May 13, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like Às impressões da vida ─ monet e a luz dos teus olhos! on Facebook Google Plus One Button

As luzes de Monet que invadem os olhos também colorem a alma. A vida, feita das impressões que temos sobre tudo e todos, pode ser mais bonita quando olhamos com o coração.

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adirley queirós: cinema brasileiro contemporâneo

por Duda Ribeiro em May 13, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like adirley queirós: cinema brasileiro contemporâneo on Facebook Google Plus One Button

Cineasta da Ceilândia/DF, tem recentemente chamado atenção dos festivais e da crítica especializada fazendo filmes sobre a comunidade onde nasceu. Não é raro ver periferias do cinema nacional: o que destaca Adirley da tradição brasileira não é (só) narrar sobre ela, mas a partir dela.

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filme “o segredo dos seus olhos”: e a tridimensionalidade da profundidade humana

por Natali Maia Marques em May 13, 2015 01:40 pm   share on Twitter Like filme “o segredo dos seus olhos”: e a tridimensionalidade da profundidade humana on Facebook Google Plus One Button

O segredo dos seus olhos é uma narrativa que te transporta para a tela, e sem precisar dos recursos tecnológicos de 3D. Ainda que se trate de um filme de 2009, eu não assisti um a altura da profundidade com que consegue tratar tantos temas da humanidade. Afinal, um filme que consegue abordar drama, romance, suspense, ação pode ser considerado no mínimo genial e admirável. Caso eu pudesse resumir em uma frase esse filme, seria: exitem filmes que não cabem muitas explicações, apenas assistir: Esse é um. Mas como sou fascinada por ele, fiz este texto.

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como lidar com as incertezas?

por Domie Lennon em May 13, 2015 01:00 pm   share on Twitter Like como lidar com as incertezas? on Facebook Google Plus One Button

Uma reflexão que me escorreu feito água de rio sobre a confusão de pensarmos sobre as incertezas de nossas vidas.

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uma longa jornada

por Eva Camargo em May 13, 2015 01:00 pm   share on Twitter Like uma longa jornada on Facebook Google Plus One Button

Uma Longa Jornada é um filme que te aproxima tanto da história que pode sentir-se dentro dela. Você vive as lutas dos personagens principais, busca pelo o que buscam, anseia pelo o que anseiam. Sophia e Luke, Ira e Ruth e, por fim você e eu, vivemos através de uma história o verdadeiro sentido do amor, se é que ele tem algum e se sonhos inventados podem ser melhores do que temos no dia a dia: o sonho da vida acontecer.

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quando o orgasmo do sexo É ultrapassado pelo prazer da conchinha

por Eduardo Lima Cabral em May 13, 2015 01:00 pm   share on Twitter Like quando o orgasmo do sexo É ultrapassado pelo prazer da conchinha on Facebook Google Plus One Button

Eu sei, a imagem confunde. Também sei que a conchinha vem, geralmente, logo depois do sexo e, fugindo das pseudo sabedorias do autor, este não é o tipo de artigo extenso, é um parágrafo que resume de forma direta e reta aquilo que mais sentimos nesta atualidade líquida, onde o que nos assusta não é o sexo, a cama, a posição ou qualquer tara, mas a intimidade de pegar no sono falando tudo aquilo que não deve, como alguém que bebe, se abrindo intensamente, numa época que vale mais e se sai melhor, todo aquele que mente; linhas que valem a leitura:

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tarantino vem aí, o bicho vai pegar

por Julio Benck em May 13, 2015 01:00 pm   share on Twitter Like tarantino vem aí, o bicho vai pegar on Facebook Google Plus One Button

O fim do ano nos reserva mais um disparate de um dos mais, se não o mais, criativos diretores da fábrica norteamericana de cinema. Ainda bem que existe Tarantino! 
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powerwall e as provocações energizantes do mundo tesla

por Vitor Hugo Cid em May 12, 2015 03:10 pm   share on Twitter Like powerwall e as provocações energizantes do mundo tesla on Facebook Google Plus One Button

O anúncio do lançamento das baterias Powerwall, com aplicações residenciais e comerciais, da Tesla Energy desafiam a matriz energética atual. Seria esta proposta bem recebida no mundo em que vivemos e quais os impactos no nosso dia-a-dia?

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os retratos imorais de correia de brito

por Raul Albuquerque em May 12, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like os retratos imorais de correia de brito on Facebook Google Plus One Button

No dia do meu aniversário, uma das minhas maiores alegrias foi receber, de presente, um livro do Ronaldo Correia de Brito.

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a amarga aversão a si mesmo(a)

por Veruska Queiroz em May 12, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like a amarga aversão a si mesmo(a) on Facebook Google Plus One Button

"A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas (...) a palidez cobre seu rosto, seu corpo é descarnado, o olhar não se fixa em parte alguma. Tem os dentes manchados de tártaro, o seio esverdeado pela bile, a língua úmida de veneno. Assiste com despeito o sucesso dos homens e esse espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesmo, e este é seu suplício". (P.Ovídio Nasão)

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filmes que cortam a nossa cabeça em câmera lenta

por Karam em May 12, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like filmes que cortam a nossa cabeça em câmera lenta on Facebook Google Plus One Button

Existem filmes que passam diante de nós... e então desaparecem. Existem filmes que nos habitam... e de nós não saem mais.
E existem filmes que cortam a nossa cabeça em câmera lenta. É o caso de "Amores Imaginários", de Xavier Dolan.

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a linguagem secreta das imagens: sobre algum analfabetismo visual

por Paula Peregrina em May 12, 2015 02:50 pm   share on Twitter Like a linguagem secreta das imagens: sobre algum analfabetismo visual on Facebook Google Plus One Button

"Alguma noção pobremente romantizada, equivocadamente extraída e descontextualizada, subsidia colocações que propõem a arte enquanto intuição, sentimento puro e adjetivações semelhantes. Nesta mesma via segue a carroça da escrita artística - a polêmica literatura. Todavia, seria isso então? Nascemos com o instinto da contemplação, da compreensão e do fazer da arte?"

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ANTÓNIO FONSECA

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 14 DE MAIO DE 2015

Macroscópio – Sócrates, “The Neverending Story”‏

Macroscópio – Sócrates, “The Neverending Story”

Para: antoniofonseca40@sapo.pt

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
Não, não vou falar do romance de Michael Ende "Uma História Interminável". Mas mesmo assim vou falar de um livro: “Cercado – Os dias fatais de José Sócrates”. Porque este, de alguma forma, vem acrescentar novos c apítulos a uma história que, tal com a fantasia do escritor alemão, não parece conhecer fim. Lançado hoje ao fim da tarde em Lisboa, a obra de Fernando Esteves, editor de Política da revista Sábado, vem dar a conhecer muitos detalhes e revelar pequenos segredos que não só ajudam a compor melhor o retrato do actual preso nº 44, como dão conta da forma como lidava com colaboradores e jornalistas.
 
A Sábado, naturalmente, divulgou os extractos mais longos do livro, em pré-publicação, mas não os disponibilizou on-line. Aí, em Novo livro faz revelações explosivas sobre José Sócrates, revelam-se apenas alguns pormenores. Por exemplo, que “A 21 de Novembro de 2014, dia em que foi detido no aeroporto de Lisboa, José Sócrates enviou, a partir de Paris, onde se encontrava antes de viajar para Portugal, um e-mail desesperado a oferecer-se para colaborar com a justiça portuguesa na operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro é suspeito dos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção. A comunicação foi dirigida ao director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra.” Ou ainda que “Na segunda-feira, 24 de Março de 2014, Sócrates telefonou ao jornalista da RTP José Rodrigues dos Santos. Na noite anterior, no seu programa de comentário na estação pública, tinha sido submetido a um interrogatório por parte do jornalista de que não estava à espera. Quis transmitir-lhe a sua revolta. Resposta do jornalista:  "Olhe, vou-lhe dizer o que as pessoas que o senhor conhece disseram sobre a entrevista: o Zé Rodrigues dos Santos é um cabrão, fez isto e fez aquilo, e tu aguentaste-te muito bem, tiveste calma e deste grandes respostas. Tu é que ficaste a ganhar. Disseram-lhe ou não lhe disseram isso? (…) O senhor acha-me com cara de ter tempo a perder para ouvir políticos a aldrabarem as pessoas e a venderem a banha da cobra?"
 
O Observador teve acesso a um dos capítulos (que transcreveu em formato de pré-publicação), aquele em que, como escrevemos em título, se conta como A queda de Sócrates começou aqui: As escutas do curso mal explicado. É um processo de que já quase tudo tinha sido contado – e que conheci por dentro, pois dirigia o Público quando a investigação sobre o curso da Independente saiu pela primeira vez nesse jornal –, mas a que no livro se acrescentam alguns pormenores importantes, sobretudo os revelados por escutas que, entretanto, deixaram de estar em segredo de Justiça. Trata-se de conversas entre José Sócrates e o Reitor de Universidade Independente, Luís Arouca, onde ambos combinam o que deveria ser entregue de documentação ao jornalista que estava a fazer perguntas incómodas, Ricardo Dias Felner. Lendo as transcrições há passagens relativamente surpreendentes – ficamos com a percepção de que o então primeiro-ministro não se lembrava sequer de quantas cadeiras tinha feito na Independente... – e consegue perceber-se como não conseguiu controlar o processo, pois a Universidade acabaria por entregar ao jornalista fotocópias de tudo, e seria com base nessa documentação que o jornal construiria o seu caso. Pequena passagem, depois da transcrição de uma dessas escutas comprometedoras:
A chamada termina e Sócrates não quer acreditar que a ingenuidade do reitor seja inversamente proporcional à dimensão de um micróbio. Como foi possível fornecer as fotocópias do processo a Felner?! Agora é oficial: o ouro está nas mãos do bandido.
 
Já o Expresso, cujo director, Ricardo Costa, foi quem hoje apresentou o livro do Hotel do Chiado em Lisboa, preferiu seleccionar episódios mais recentes, já relacionadas com a “Operação Marquês”. Em Sócrates chegava a pedir 20 mil euros com um dia de intervalo, conta-se pela primeira vez, com detalhes e sempre com base no livro de Fernando Esteves e dos documentos por ele consultados, o circuito das 40 entregas de dinheiro feitas por Carlos Santos Silva a José Sócrates só no período que durou a investigação. Por exemplo: “O ritmo de pedidos foi sempre elevado. A 27 de setembro de 2013, Santos Silva entregou 10 mil euros a Sócrates ao final do tarde, depois de mais um telefonema em que o antigo líder do PS dizia ao amigo que “precisava de levar alguma coisa” porque tinha esgotado o plafond do cartão de crédito e Sofia Fava, a ex-mulher e mãe dos seus filhos, ia nesse dia ainda para Paris, necessitando de dinheiro. Mas sete dias antes já tinham sido outros 10 mil euros. E quatro dias antes disso outros cinco mil.”
 
Outra publicação com acesso a excertos de “Cercado” foi o jornal i. Neste caso o que se relata é A multiplicação de fúrias no arranque da última campanha. Não só ficamos a saber que, para aguentar os últimos comícios, José Sócrates teve de tomar injecções, como nessa  altura já tinha percebido que o destino seria uma pesada derrota eleitoral. Eis alguns dos episódios recordados: “Também houve outra tensão forte, logo no debate com Passos Coelho, que Sócrates perdeu, “Nunca o tinha visto assim, Há um momento em que parecia desistir (...) acho que ele sempre acreditou que a eleição estava p erdida”, comenta um ex-membro do seu staff.”; ou “Ou a fúria final com a jornalista, da Renascença – “que [em privado] qualifica[ria] com termos nada católicos” – que, na declaração de derrota, lhe perguntou se temia que a partir dali acelerassem os processos judiciais que o envolviam.”; ou ainda o acesso que Fernando Esteves teve ao “diário profissional de Judite de Sousa [disponibilizado pela própria], escrito em 2009, onde a jornalista fala mesmo em tentativa de condicionamento antes da entrevista onde Sócrates se referiu ao Jornal de Sexta da TVI [então apresentado por Manuel Moura Guedes] como ‘jornal travestido’”.
 
Pelo Público, em O livro que mostra S ócrates sem maquilhagem,ficamos a saber que “Sempre que o ex-primeiro-ministro José Sócrates participava num evento público onde era expectável a presença de câmaras de televisão, o antigo governante nunca descurava a sua imagem. Por isso, além de recorrer nos eventos mais decisivos a maquilhadoras profissionais, como Cristina Gomes, Sócrates tinha um estojo próprio de maquilhagem, com pinturas e base, que aplicava em si antes de chegar aos eventos.”
 
Contudo, se com este livro que agora vai chegar às livrarias vamos poder conhecer os bastidores de alguns dos casos mais controversos e, também, um retrato mais pormenorizado da forma como Sócrates trabalhava e se relacionava com os seus colaboradores, a verdade é que, nesta “neverending story”, parece continuar a haver muito por esgravatar. Hoje, por exemplo, também soubemos que é possível uma fuga de informação que venha a revelar partes das escutas que não estão no processo “Operação Marquês”. A informação foi divulgada pela Sábado e, na síntese feita no Observador, notava-se que tal a fuga de informação “deverá visar especificamente conversas crispadas onde o ex-primeiro-ministro tem um tom crítico sobre algumas pessoas do mundo político incluindo de dentro do próprio PS, nomeadamente sobre os últimos dois líderes socialistas, Antó nio José Seguro e António Costa.” É um tema que está a preocupar a Procuradoria Geral da República, sendo que o DCIAP já abriu um inquérito.
 
Mas chega de José Sócrates por hoje. O que não significa que o Macroscópio fique já por aqui, pois quero deixar-vos mais sugestões que prolongam o tema de ontem, o das opções e do futuro da esquerda democrática na Europa. São apenas mais três textos, todos publicados hoje:
  • João Miguel Tavares, no Público, em O partido flutuante, considera que António Costa, “perante um eleitorado que não flutua ou flutua pouco, é o seu partido que está obrigado a flutuar. Outra coisa, ali&aacu te;s, não tem ele feito nos últimos tempos, o que lhe vai valendo críticas à direita quando se põe a prometer o regresso dos feriados e das 35 horas de trabalho, e críticas à esquerda quando aparece de braço dado com Mário Centeno e as suas propostas de austeridade levemente mitigada.”
  • Francisco Assis, no mesmo Público, em O erro de Ed Miliband, escreve que “Na hora da verdade, o projecto trabalhista soçobrou por um problema de credibilidade. Claro que o futuro não passará por um regresso acrítico ao blairismo e aguarda-se com expectativa a discussão que antecederá a escolha de um novo líder. Agora uma coisa ficou clara – o centro-esquerda só está em condiç ;ões de ganhar eleições se associar credibilidade económica com um forte compromisso com a justiça social.”
  • Carlo Accetti and Francesco Ronchi, ambos do Instituto de Ciências Políticas de Paris, escrevendo no Wall Street Journal, consideram que a esquerda populista já chegou ao limite da sua possível expansão: The Populist Left’s High-Water Mark. Eis a razão porque assim pensam: “The problem with the left-wing version of populism is that its two key components—the anti-institutional stance and the antiausterity policies—are in tension with one another. Any attempt at substantively changing Europe’s economic response to the continuing crisis must work through the very institutions that these movements a lso want to challenge.”
 
E por hoje é tudo. Bom descanso e boas leituras. E ainda melhores “histórias intermináveis”.
 
Até amanhã. 

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ANTÓNIO FONSECA

 

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