quinta-feira, 16 de abril de 2015

Macroscópio – O que é que vamos distribuir se não houve crescimento nem riqueza?‏

Macroscópio – O que é que vamos distribuir se não houve crescimento nem riqueza?

Para: antoniofonseca40@sapo.pt
 


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
 
Isto ainda vai acabar mal. “Isto” é a Grécia, pois todos os dias se sucedem notícias de que é pouco ou nenhum o avanço nas negociações. Ontem, como já aqui referimos, soubemos que o FMI não acredita que haverá acordo com a Grécia e que a União Europeia considerou "improvável" que qualquer acordo possa ter lugar ainda este mês. Hoje o cenário adensou-se, com a notícia de que Berlim prepara "default" de Atenas sem saída do euro, um cenário impensável há poucas semanas, isto enquanto o seu ministro das Finanças olhava para a degradação das contas gregas - Greece downgraded further into 'junk' as black hole in public finances widens – e não hesitava em afirmar que o governo grego "destruiu" economia do país.
 
Mesmo assim não vou ocupar muito deste Macroscópio com a Grécia, vou apenas chamar a atenção para uma reportagem de Tony Barber, do Financial Times, em Atenas - Sun is shining, restaurants are full and Athens is far from panic – porque tem uma passagem que me pareceu muito reveladora:
I found myself on Tuesday evening outside an Athens souvenir shop selling a T-shirt with this slogan:
To be is to do – Plato
To do is to be – Aristotle
Do be do be do – Sinatra

Shop owners at Pompeii must have sold items like this in the summer of AD79, just before the eruption of Vesuvius.
 
Fecho o tema grego com uma outra sugestão: a de uma interessante reportagem da Spiegel sobre as duas “metades” do porto do Pireu, a que é gerida por uma companhia chinesa, e a que continua a ser gerida pelo Estado grego. Chama-se One Port, Two Worlds: China Seeks Dominance in Athens Harbor e é bastante instrutiva. Pequena passagem:
In the span of four years, Cosco has quadrupled container traffic, to just under 3 million units a year. If all goes well, annual capacity will be expanded to 6.2 million containers in 2016. (…) The former state-owned terminal -- where harbor unions formerly ruled and ancient diesel-powered pallet trucks once drove around -- has been turned into a highly profitable business. Piraeus has become the story of two worlds -- that of the turbo capitalism of the successors to Mao Zedong on the one side, and a market economy that can move as slowly as a Socialist one on the other. Some people see the port as a symbol of the country's future. It's an image that is a horrific one for many, including a large portion of Syriza voters.
 
À margem da discussão grega, há uma outra discussão que interessa seguir: a que atravessa os partidos socialistas e sociais-democratas europeus, que tantas dificuldades têm tido para se manterem no poder, ou voltarem ao poder. No Real Clear World, Kaj Leers explica bem os seus dilemas em Europe's Leftist Dinosaurs Are in Trouble: “Leftist think tanks, economists and political scientists have for years sought the Holy Grail of new progressive politics. Should the focus be on what is called pre-distribution (higher wages, a living wage, lowering the burden of health care costs) or classic redistribution through progressive tax systems? Or perhaps a mix of both? In countries where taxes are already high, progressive-tax redistribution is increasingly unpopular, including among leftist middle-class voters who realize that they too are in the higher income brackets. Pre-distribution policies, meanwhile, are unpopular in business circles, as higher wages will reduce competitiveness.”
 
Passo agora a outro tema que os leitores do Macroscópio saberão que me preocupa: a de como voltar a fazer crescer a economia num mundo desenvolvido onde isso é cada vez mais difícil ou mesmo impossível. Desta vez o meu ponto de partido é o aviso - em forma de provocação - que deixei hoje, nas páginas do Observador: Os políticos deviam ser proibidos de fazer promessas. Isto porque o meu prognóstico continua a ser relativamente sombrio: “Vamos ter de nos habituar a viver com pouco crescimento económico, o que significa que não há espaço para fazer promessas ou alimentar expectativas. Com ou sem austeridade, o tempo não volta para trás”.
 
Nesse texto faço referência à discussão que medra entre os macroeconomistas sobre se estamos no início de um longo período de estagnação económica ou apenas perante uma crise derivada do excesso de poupança e timidez no investimento. Algumas referências:
  • Larry Summers, que foi secretário do Tesouro dos Estados Unidos, começou por cunhar a ideia de “estagnação secular”. Num texto mais técnico, resultado de uma conferência realizada em Fevereiro de 2014, podemos vê-lo aqui a expor o seu ponto de vista: U.S. Economic Prospects: Secular Stagnation, Hysteresis, and the Zero Lower Bound. Faço notar que o texto se refere à realidade americana, e do lá de lá do Atlântico o crescimento tem sido bem maior do que na nossa velha Europa;
  • Ben Bernanke, que foi presidente da Reserva Federal até há um ano, tem sido um dos que se opõem aos argumentos de Summers, nomeadamente nestes textos publicados no site da Brookings: Why are interest rates so low, part 2: Secular stagnation e Why are interest rates so low, part 3: The Global Savings Glut. São dois textos que continuam a ser muito técnicos.
  • Para uma introdução mais jornalística a este debate, sugiro dois textos do Financial Times: Free Lunch: The great and the good on secular stagnation, de Martin Sandbu, que faz uma boa síntese do debate e tem a vantagem de remeter para muitos outros textos que têm vindo a ser publicados um pouco por todos o lado; e Macroeconomists need new tools to challenge consensus, do conhecido Wolfgang Münchau, onde se tem a franqueza de admitir que as ferramentas do ofício daqueles que prevêem o futuro das economias e recomendam as melhores políticas estão algo enferrujadas.
  • Para uma perspectiva assumidamente keynesiana, recomendo o texto de Robert Skidelsky no Project Syndicate, Messed-Up Macro. (pequena nota à margem: Skidelsky será um dos oradores convidados para as Conferências do Estoril que se realizarão no próximo mês de Maio). Mesmo assim assume os limites da sua abordagem: “As a Keynesian, I firmly believe that market economies need to be stabilized by policy. But Keynesians have to face the uncomfortable truth that the success of stabilization policies may depend on the business community having Keynesian expectations. They need the confidence fairy to be on their side.”
  • Tudo isto com um pano de fundo de algum pessimismo: IMF warns of long period of lower growth escrevia-se no mesmo FT há uma semana, enquanto hoje, no Observador, se destacavam, citando o mais recente relatório do mesmo FMI, dois dos problemas que podem complicar a saída da crise do nosso país: Inflação baixa aumenta fardo da dívida pública portuguesa (esta parte do relatório do FMI é da responsabilidade do departamento actualmente dirigido por Vítor Gaspar) e Portugal no top das maiores dívidas privad as, tanto dos particulares como das empresas. São fardos que, no Estado e nas nossas casas, não nos livraremos facilmente.
 
Para terminar este Macroscópio muito centrado na economia, mais duas reflexões desta área, estas da imprensa portuguesa:
  • No Diário de Notícias, João César das Neves escreve um texto de homenagem a Siulva Lopes que merece ser citado: “Ouvi-o várias vezes expressar essa dificuldade numa frase singela mas sentida: “Tenho o coração à esquerda e a cabeça à direita.” Via-se que isso era algo que o perturbava e, por vezes, até angustiava. O drama não era pessoal e idiossincrático, pois a raiz é profunda e generalizada. Na v erdade, este problema, que a teoria formulou como “conflito eficiência-equidade”, constitui um dos elementos mais fundamentais da vida em sociedade. As leis económicas da concorrência, produtividade e eficácia chocam muitas vezes com a benevolência, generosidade e redistribuição pelos grupos na comunidade; frequentemente, é preciso sacrificar abundância à justiça ou igualdade à produção. Qualquer dirigente que se defronte seriamente com problemas sociais sente-lhe o embate a cada passo.”
  • No Diário Económico, Bruno Faria Lopes escreve, em A moldura para o próximo Governo, sobre um dilema que a nossa democracia nos vai colocar: “a maioria política que apresenta em brev e em Bruxelas um Programa de Estabilidade (PE) a quatro anos e um Programa Nacional de Reformas pode não ser a mesma que irá ter que cumpri-lo na legislatura seguinte.” Mais: isto acontece precisamente porque “Para quem fez as regras europeias o propósito é precisamente este - forçar alguma estabilidade na política económica (dentro da filosofia favorecida hoje na Europa) e evitar flutuações grandes com a mudança de ciclo político.”O autor defende, mesmo assim, que continua a haver muito espaço para o debate político. Não haverá é para promessas irrealistas.
 
E por hoje é tudo. Bom descanso, boas leituras e (mesmo podendo ir um pouco tarde), bom futebol.
 
Até amanhã. 

 
Mais pessoas vão gostar da Macroscópio. Partilhe:
no Facebook no Twitter por e-mail
Leia as últimas
em observador.pt
Observador
©2015 Observador On Time, S.A.
Rua Luz Soriano, n. 67, Lisboa

Se pretende deixar de receber a Newsletter Macroscópio clique aqui


================

ANTÓNIO FONSECA

EXPRESSO DIÁRIO - 15 DE ABRIL DE 2015

Carlos Tavares arrasa justificações do Banco de Portugal‏

Carlos Tavares arrasa justificações do Banco de Portugal

Expresso Diário (expressodiario@news.impresa.pt)
 
 
15-04-2015
 
 Grupos, Newsletters
Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

publicidade
Publicidade
Expresso
NEWSLETTER
Nº235
15 de abril de 2015
Ricardo Costa
POR RICARDO COSTA
Diretor
Carlos Tavares arrasa justificações do Banco de Portugal
Amanhã é Dia D para a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES/GES, com  a divulgação pública do relatório final durante a manhã. Mas o Expresso antecipa parte das conclusões e aponta várias das recomedações dos deputados.Filipe Santos Costa explica as indicações que vão ser dadas à supervisão, à banca e também às auditoras. Ainda sobre o BES, contamos como a CMVM arrasa as justificações que o Banco de Portugal deu para não se pagar aos clientes do retalho do papel comercial. Carlos Tavares acha que Carlos Costa não tem razão e defende que seja tudo pago. Um artigo de Isabel Vicente, Sónia Lourenço e Filipe Santos Costa que merece ser lido e que antecipa uma guerra jurídica muito complexa e com muitos lesados. 
Temos uma boa notícia sobre o preço do Gás Natural, que vai descer e não é pouco. O Miguel Prado explica porquê em dez perguntas e dez respostas que o vão ajudar a perceber a conta do gás. Na opinião, João Vieira Pereira explica as novidades do IMI e Daniel Oliveira fala dessa sigla maldita, a TSU. Henrique Monteiro segue o rasto do dinheiro da Venezuela até aos bolsos de dirigentes do Podemos eHenrique Raposo explica porque sem creches não haverá pensões, um tema que hoje também esteve em destaque no Parlamento. 
Ah, e temos música: quem ganha e quem perde no fabuloso mundo da música digital. Há muita coisa em jogo e o Miguel Cadete explica tudo sobre esta guerra dos tronos, com auscultadores, wi-fi e 4G...  
    
  
Ler o Expresso Diário
Carlos Tavares arrasa Banco de Portugal no papel comercial do GES
DOCUMENTO CMVM desmonta argumentos da instituição liderada por Carlos Costa e afirma que que clientes de retalho devem receber na íntegra
imagem
INQUÉRITO BES: CONCLUSÕES APONTAM MUDANÇAS DRÁSTICAS NA BANCA E REGULAÇÃO
EXCLUSIVO EXPRESSO Documento tem 400 páginas, foi feito em sigilo e é apresentado quinta-feira. Há recomendações para mudar funcionamento da banca, supervisão e auditores. E sugestões de alterações legislativas.
imagem
JONAS Quem é o avançado do momento e como Jesus o andou a seguir durante anos e o convenceu a vir para o Benfica
BANCO CENTRAL EUROPEU
Protesto “sabota” conferência de imprensa de Mario Draghi
STREAMING
O que vai mudar no mundo na música. E quem vai mandar.
ENTREVISTA
Juan Pablo Escobar, filho do antigo barão da droga: “Já fui milionário, mas nunca fui tão pobre”
O grupo Impresa pretende oferecer um serviço personalizado de qualidade, respeitando sempre o direito à sua privacidade. Os seus dados são tratados de forma confidencial, sendo utilizados apenas para envio de informação do grupo.

Para deixar de receber newsletters do Expresso clique aqui


=============

ANTÓNIO FONSECA

HYPE SCIENCE - 15 DE ABRIL DE 2015

Leia isso antes de julgar uma pessoa com depressão‏

Leia isso antes de julgar uma pessoa com depressão

 
 
15-04-2015
 
 Newsletters
Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

Leia isso antes de julgar uma pessoa com depressão

Link to HypeScience

Posted: 14 Apr 2015 01:02 PM PDT
A depressão é uma doença facilmente mal compreendida. Tanto por quem a tem quanto por quem convive com alguém depressivo. Continua...
 
Posted: 14 Apr 2015 11:31 AM PDT
Alguns lugares inóspitos do mundo escondem maravilhosos lagos cor-de-rosa que você poderia jurar que são frutos de alguma história de fantasia Continua...
 
Posted: 14 Apr 2015 10:08 AM PDT
Ron Weasley é um cara sábio – não apenas porque e Continua...
 
Posted: 14 Apr 2015 09:53 AM PDT
Sente sono demais? De menos? Não consegue dormir direito? Demora a pegar no sono? Os distúrbios do sono não são poucos - conheça alguns bem desagradáveis Continua...
 
Posted: 14 Apr 2015 07:59 AM PDT
Donos de cães geralmente pensam que seus animais são "acima da média". Esse é um efeito psicológico comum Continua...
 
Posted: 14 Apr 2015 07:45 AM PDT
Apesar de teorias sugerirem que o egoísmo é o melhor caminho para se dar bem, ser legal com os outros tem mais benefícios a longo prazo Continua...
 
Posted: 14 Apr 2015 07:32 AM PDT
Clique e aprenda a programar sua cabeça para parar de comprar um monte de bugigangas que você não precisa Continua...
 


=================

ANTÓNIO FONSECA

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue