quinta-feira, 16 de abril de 2015

EXPRESSO DIÁRIO - 14 DE ABRIL DE 2015

Se legislar não beba‏

Se legislar não beba

Expresso Diário (expressodiario@news.impresa.pt)
 
 
14-04-2015
 
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Expresso
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Nº234
14 de abril de 2015
Se legislar não beba
Proibir o consumo de álcool a menores de idade funciona? A última vez que a lei mudou nesse sentido foi há dois anos e por enquanto não funcionou, revela a análise a cinco estudos sobre os quais escrevemos hoje no Expresso Diário. Noutro tema do dia, noticiamos que o PSD está já a negociar com o CDS a redução da taxa social única para as empresas – e que ela cria um problema no financiamento do sistema de pensões. “Uma obsessão”, diz Bagão Félix, que critica a intenção. Já o FMI diz que vamos ter um crescimento melhor mas um défice pior… Mais? Muito mais: incluindo dois artigos de opinião sobre Marcelo Rebelo de Sousa que se opõe: Henrique Raposo diz que os seus comentários sobre as presidenciais, em que é parte interessada, são uma desonestidade de Marcelo; Ricardo Costa contrapõe que mesmo quando fala em causa própria, Marcelo sabe do que fala. E assim falamos nós hoje, como sempre a partir das 18 horas, no Expresso Diário. Boa leitura!
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Passos negoceia TSU com Portas
TAXA SOCIAL ÚNICA PM vai inscrever no Plano Nacional de Reformas a redução da TSU para as empresas. CDS concorda, mas com reticências. Coligação nervosa por temer impacto da sigla maldita. Bagão critica "obsessão" com a medida
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O QUE FALHOU NA LEI DO ÁLCOOL
PROIBIÇÃO A MENORES Mesmo cerveja e vinho, passam a ser só para maiores de 18. Lei atual não abrandou consumo, acesso ao álcool continua fácil e aumentou o número de comas alcoólicos e de sexo desprotegido
PREVISÕES FMI
Portugal cresce mais, mas não cumpre o défice em 2015 e 2016
CHAMPIONS
Vítor Pereira, ex-treinador do FC Porto, prevê grandes dificuldades do Bayern no Dragão
TERRORISMO
Um ano depois, não há rasto das 200 raparigas raptadas pelo Boko Haram
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CONSUMO
Combustíveis low cost terão preços superiores aos dos hipermercados
CULTURA
Storytelling à portuguesa. No Cinema São Jorge
ÓBIDOS
Deixe-se levar pela sedução do chocolate. Vem aí mais um festival
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ANTÓNIO FONSECA

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 14 DE ABRIL DE 2015

Macroscópio – Günter Grass, a memória da Alemanha, o drama europeu e a tragédia grega‏

Macroscópio – Günter Grass, a memória da Alemanha, o drama europeu e a tragédia grega

Para: antoniofonseca40@sapo.pt
 


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
O Macroscópio de hoje vai recuperar dois temas que deixámos ontem para trás: a morte de Günter Grass  e a evolução da situação na Europa e na Grécia, com alguns desvios pelo meio.
 
Comecemos por Günter Grass e pelo obituário da Spiegel, como não podia deixar de ser, que o faz em Farewell to Germany's Towering Literary Figure. Nele não se deixa qualquer dúvida sobre a importância da sua obra: “As a novelist, he had long been a societal institution, even more of a pivotal figure of the 20th century than Bertolt Brecht. The only man on equal footing with him was Thomas Mann. Even so, nothing could have been more alien to Grass than Mann's affluent and bourgeois milieu. There was something plebeian about the rowdy, clear words with which Grass jumped into the ring throughout his life.”
 
Em Portugal o meu destaque vai para dois textos que evocam a sua obra, e outro que recorda uma das suas grandes controvérsias. Miguel Freitas da Costa, aqui no Observador, em Gunter Grass: o nosso século, lembrou de forma breve mas muito completa como ele foi “Premiado, louvado e honrado na Alemanha e fora dela, [sendo] um valor indiscutível, literária e moralmente. Recebeu em 1965 o Prémio Georg Büchner, em 1977 a Medalha Carl von Ossietzky, foi nomeado membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências. Em 1999 a Academia Sueca outorgou-lhe a consagração final, o Prémio Nobel da Literatura. Tinha à época 72 anos. Atrás dele estavam vários outros romances e escritos, quase todos (ou todos) publicados em Portugal. Era, além de escritor, pintor, escultor, ensaísta, artista gráfico. Tinha escrito discursos para Willy Brandt durante muitos anos. Desconfiava da reunificação alemã. Olhava com suspeita o ‘sonho americano’.
 
O texto de José Riço Direitinho, no Público - Nas águas turvas da História – centra-se na obra literária e, por isso mesmo, o pedaço que selecionei é o referente ao seu primeiro romance, que se tornou imediatamente num clássico em 1959, O Tambor de Lata:
A história de O Tambor de Lata é-nos narrada na primeira pessoa por Oskar Matzerath, que está internado num “asilo de alienados” depois de ter a ssumido ser o autor de um assassinato que não cometeu, o de uma freira por quem se apaixonara. (…) Nas quase setecentas páginas de narrativa lenta que compõem o romance – divididas em três “livros” – Oskar percorre a história alemã desde 1899 até 1954, centrando-se, sobretudo, no período que medeia entre a ascensão do nazismo e os anos do pós-guerra. É, assumidamente, um livro que pretende perpetuar as memórias da infância do Günter Grass na antiga “cidade livre de Danzig” (actual Gdansk, na Polónia), do quotidiano da vida de província, da invasão alemã da Polónia até à chegada dos primeiros soldados russos, as memórias das dificuldades e da culpa sentida. No fundo, acaba por fazer uma análise das fundações éticas e políti cas da Alemanha.
 
Ainda no Público, Jorge Almeida Fernandes escreve sobre a componente mais política da herança de Grass, em No coração da tragédia alemã. Começando por considerar que O paradoxo é que Günter Grass encarnou o combate pela memória dos crimes nazis, mas mentiu durante 60 anos.”, o autor recorda a forma muitas vezes controversa como ele se envolveu, e tomou partido, nos grandes debates que cruzaram a Alemanha nas últimas décadas. Pequeno extrato:
Como intelectual, tornou-se na “consciência crítica” da Alemanha e figura tutelar da esquerda. Em 1970, acompanhou Willy Brandt na dramática cerimónia em que este se ajoelhou perante o memorial da revolta do gueto de Varsóvia. Depois da reunificação de 1990, que denunciou como uma “anexação” da antiga RDA, Grass passa a designar os alemães não apenas como culpados mas também como vítimas. Em 2006 (na véspera da publicação da sua autobiografia, Descascando a Cebola), provoca um choque ao revelar que combateu numa divisão das Waffen SS — a força de elite nazi. 
 
(Em 2006 eu próprio escrevi, então ainda no Público, sobre a polémica em torno desta tardia confissão. Em Günter Grass e o dever da memória notei que “O importante, no caso de Grass, não é pois saber se deixou de valer como escritor=C mas se merece continuar a ser considerado uma referência moral. O importante é perceber como alguém que passou a vida exigindo aos alemães que assumissem a sua memória foi incapaz de revelar a tempo e horas o pedaço mais sombrio da sua própria vida. O importante é levá-lo a responder à pergunta que diz tê-lo atormentado durante toda a vida: "Para mim tudo rodou sempre em torno da mesma questão, a de saber se poderia ter tido consciência do que se passava à minha volta naquele tempo." Isto é, se podia ter evitado apoiar na adolescência o regime nazi.”)
 
Um bom complemento para compreender melhor a forma como pensava Günter Grass é-nos dado pela leitura da que será a sua última entrevista, ainda inédita, e que o El Pais revela hoje. O Observador fez um resumo do essencial - Günter Grass: "Vamos ter uma III Guerra Mundial" – mas vale sempre a pena ir à fonte, isto é, à transcrição pelo El Pais da conversa entre um seu jornalista e o escritor a 21 de março passado, na sua casa de Lübeck: Günter Grass: “El dolor es la principal causa que me hace trabajar y crear”. Pequeno extrato:
Cada persona tiene su propia situación y yo me di cuenta de que no sólo podía expresarme artísticamente sino que tenía que tratar unos determinados temas, el de mi juventud, el de la capitulación absoluta de Alemania, con la destrucción total de todas las casas pero tambié ;n con el desmoronamiento de las personas…
P. Una historia de dolor…
R. Durante toda mi vida, y hasta hoy, esto sigue igual. Y lo increíble es que Alemania es una historia sin terminar, porque el Holocausto y el genocidio, estos horribles crímenes, constituyen una historia que no acaba nunca. Ahora lo vemos en Grecia: nos enfrentamos otra vez con el problema de los horrores causados por los soldados alemanes durante la ocupación… Esa historia nos sigue y nos sigue… Así que vuelvo otra vez al tema del dolor de Camus: el dolor es la principal causa que me hace trabajar y crear.
 
Aproveito a deixa para passar ao tema da crise grega, de que ontem voltámos a ter notícias pouco entusiasmantes. Do lado do FMI ficámos a saber que este não acredita que venha a haver acordo com a Grécia. Já do lado da Grécia veio um aviso em forma de ameaça, como habitualmente protagonizado pelo parceiro nacionalista do Syriza, que “Se houvesse eleições duplicávamos a votação”. Já mais perto do fim da tarde, o vice-presidente da Comissão Europeia veio dizer que não deverá haver acordo para a Grécia na reunião do Eurogrupo de dia 24.
 
O que pode acontecer? Na Spectator escreve-se abertamente o que se sussurra por todo o lado: A Greek default is coming – as soon as next month. Martin Vander Weyer considera nesse texto que “Greece’s tax collections are so feeble, its ability to re-finance maturing public debt so perilous, its commitment to reform so unconvincing and outflows of funds from its banks so torrential that the likelihood of avoiding default — and possibly chaotic exit from the euro — is rapidly vanishing. Even if a last tranche of bailout money is finally released, relief will only be temporary.”
 
Tony Barber, do Financial Times, que está em Atenas, dava-nos hoje mesmo uma antevisão das dificuldades políticas que o primeiro-ministro Alexis Tsipras tem de enfrentar. E fazia-nos o seguinte aviso: Don’t bank on Tsipras dumping Syriza’s leftwing diehards. Depois de recordar que, no Reino Unido dos anos 1930, os trabalhistas de Ramsay MacDonald conseguiram marginalizar os esquerdistas para liderarem um governo de unidade num período de grave crise financeira, Barber não acredita que algo de comparável possa acontecer em Atenas, mas continua a ter dúvidas: “Mr Tsipras seems, then, a flexible politician who, if he chose, could perform a “kolotoumba” and dump the Syriza diehards. A different interpretation is that he is preparing the ground, in the event of a default, for an appeal to all patriotic forces to back him. In only a matter of days, we will find out the truth.
 
Termino com um texto difundido pelo Project Syndicate, de Anders Borg, um antigo ministro das Finanças finlandês, de centro-direita, que faz um apelo dire to: Why Europe Needs to Save Greece. É um texto quase paradoxal, pois nele começa-se por explicar como a Grécia tem sido sempre um caso perdido: “The fundamental problem underlying Greece’s economic crisis is a Greek problem: the country’s deep-rooted unwillingness to modernize. Greece was subject to a long period of domination by the Ottoman Empire. Its entrenched political and economic networks are deeply corrupt. A meritocratic bureaucracy has not emerged. Even as trust in government institutions has eroded, a culture of dependency has taken hold.” E continua por aí adiante, recordando inclusive a experiência pessoal de relacionamento com sete diferentes ministros das Finanças gregos. Tudo isto dito, acaba porém a defender que “There are more im portant questions raised by the crisis in Greece than whether the country deserves to be rescued by European taxpayers. At stake are fundamental values and strategic considerations that are central to the European project. Europe is simply more European with a stable partner in Athens.”
 
Para terminar o Macroscópio de hoje deixo-vos, literalmente, um quebra-cabeças que é um desafio: Descubra se é mais inteligente que um miúdo de 14 anos. Trata-se de um problema de dedução lógica que foi colocado a jovens dessa idade em Singapura e que, como verá (se ainda não viu), exige mesmo que se pense um bocado. Se perder a paciência, pode depois ir ver qual a solução para o quebra-cabeças, mas com um aviso prévio: ele não é tão complicado como parece.
 
E assim me despeço por hoje, com desejos de um bom descanso, muitas leituras e um pouco de treino dos seus neurónios. Até amanhã.

 
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OBSERVADOR - HORA DE FECHO - 14 DE ABRIL DE 2015

Hora de Fecho: UE: É "improvável" um acordo com Grécia este mês‏

Hora de Fecho: UE: É "improvável" um acordo com Grécia este mês

 
 
14-04-2015
 
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Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
FUTURO DA GRÉCIA 
Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, diz que não deverá haver acordo para a Grécia na reunião do Eurogrupo de dia 24. Reunião dos ministros servirá para "fazer ponto de situação".
ÁLCOOL 
Antes de ser ministro da Economia, Pires de Lima criticou proibição de venda de cerveja a menores de 18 anos. Conselho de Ministros promete não ser pacífico. Consumo e venda podem ter regra diferente.
ÁLCOOL 
Dificuldade em perceber a idade dos jovens no momento da compra e falhas na fiscalização tornaram ineficazes as alterações à Lei do Álcool em 2013. Será que a proibição total mudará alguma coisa?
PRESIDENCIAIS 2016 
O apelo é a Marcelo Rebelo de Sousa e a Rui Rio: "Conversem, falem, entendam-se". Para o comentador e dirigente do PSD Morais Sarmento só vai avançar um e mais cedo do que se pensa.
PROGRAMA DE ESTABILIDADE 
Ronda de Maria Luís com partidos já começou. Governo não revelou intenções sobre Programa de Estabilidade. PS diz que não lhe compete apresentar propostas.
ECONOMIA 
FMI espera que a economia portuguesa cresça 1,6% este ano e 1,5% no próximo, previsões mais otimistas do que as apresentadas no final de 2014.
FUTURO DA GRÉCIA 
Economista-chefe do FMI admite que uma saída da Grécia do euro teria custos “extremamente altos”, apesar de os restantes países da moeda única estarem numa “melhor posição”.
FUTURO DA GRÉCIA 
Imprensa grega adianta que Poul Thomsen, diretor europeu do FMI, não está satisfeito com o decorrer das negociações com Atenas. E não acredita que o prazo dado pelos credores será cumprido.
FUTURO DA GRÉCIA 
Panos Kammenos, ministro da Defesa grego pelos Gregos Independentes, exclui por completo qualquer cenário de eleições antecipadas. Mas garante que mesmo que isso acontecesse o governo sairia reforçado
futuro da grécia 
A Grécia veio desmentir a notícia do jornal Financial Times que escreveu que o Governo de Alexis Tsipras se prepararia para declarar bancarrota. 
Opinião

João Salgueiro
O sucesso de nova estratégia económica só depende da nossa capacidade para encorajar e atrair investimentos produtivos, em concorrência com as localizações alternativas hoje disponíveis.

Rui Ramos
A oligarquia partidária não quer um Presidente da República forte. Por isso, talvez não lhe repugne que as eleições de Janeiro de 2016 sejam umas presidenciais dos pequeninos. 

Afonso Reis Cabral
Pagaram de mãos dadas. Embora consternados pelo filho dos amigos, sentiam-se contentes, e nunca o admitiriam, por não terem sido eles a precisar de fiambre.

Miguel Freitas da Costa
Anunciava já, para quem o quisesse ver, as revelações futuras que tanto escandalizaram. É um inolvidável exercício de jornalismo ficcional (passe a contradição). São essas coisas que ficam.

Alexandre Homem Cristo
Ao eleger a popularidade como prioridade, Costa obrigou-se à gestão de avanços e recuos, a dar o dito por não dito, a traçar um percurso incoerente em que nada é definitivo – como o apoio a Nóvoa.
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