Permitam-me que hoje comece desta maneira: há 40 anos Portugal estava a eleger, pela primeira vez de forma livre, os seus representantes na Assembleia da República. A Constituinte tomou em mãos a missão mais difícil: fazer uma Constituição, de um país democrático e plural.
A partir de hoje e durante 50 dias,
o Observador presta a sua homenagem aos constituintes, propondo-se debater a Constituição que temos - ousando pôr a discussão pública um projeto de um novo texto constitucional, mais curto mas muito aberto, feito por um grupo de jovens académicos.
Não vou enchê-lo com informação, antes dizer-lhe que temos um
Editorial onde explicamos o que pretendemos, um texto onde dizemos
que projeto é este, um
Explicador sobre a CRP, uma
síntese da proposta em 13 pontos e uma pergunta - que mudaremos todos os dias, sempre com questões desafiantes sobre a Constituição que nos une (e também nos divide). A pergunta de hoje?
"Qual é o único nome próprio referido na Constituição?". Deixo-lhe tudo isto, com a certeza de que esta é parte da nossa missão: debater consigo, pensar em conjunto sobre o país.
Vamos às notícias, agora.
Enquanto dormia A agência de rating S&P avisou que
a Grécia está perante um risco considerável de falência, devido à derrapagem das negociações com a União Europeia - que está a prejudicar fortemente a economia do país. A S&P decidiu
cortar o rating do país, que já estava na categoria de "lixo". Lembro-o que ontem apareceram notícias sobre um
"default" sem saída do euro - e as
palavras duras de Schauble, ministro das Finanças alemão.
O Parlamento Europeu pediu à Turquia que reconheça o
genocídio levado a cabo pelas tropas do Império Otomano ao povo arménio durante a Primeira Guerra Mundial. A
exigência surge três dias depois de o Papa Francisco ter utilizado o termo “genocídio” para descrever as cerca de 1,5 milhões de mortes que ocorreram entre 1915 e 1922, a primeira vez que a Igreja Católica utilizou o termo.
Por cá,
no Estádio do Dragão, mais de 50 mil pessoas viveram um sonho. Deixo-lhe um pedaço da
crónica maravilhosa do Hugo Tavares da Silva:
"Num jogo de loucos, com muitos erros, qualidade, momentos de génio, combinações, movimentos que mais pareciam sair de um musical, o FC Porto venceu o Bayern Munique por 3-1 na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões."Informação relevanteE lá vem
mais um anúncio de greve na TAP. Os pilotos cumpriram a ameaça de rutura e decidiram parar dez dias, a partir do 1º de maio. As
razões invocadas estão aqui, o
lamento de Passos Coelho aqui (ainda sem querer dizer se o Governo voltará à requisição civil) e também a reação da TAP, que admite
perdas de 70 milhões de euros. Pelo caminho, há
uma proposta espanhola pela companhia aérea que já caiu.
Em sentido contrário,
voltou a ser desconvocada a greve do Metro prevista para sexta-feira.
Esta manhã vamos conhecer as
conclusões da comissão de inquérito ao BES, ainda preliminares (em direto a partir das 10h00, aqui no Observador). O Expresso Diário antecipava ontem que vêm aí
alterações substanciais à supervisão e auditoria. E o JN acrescenta esta manhã que o relatório propõe uma solução para os lesados do papel comercial - que não sabermos ainda se é igual ao
parecer jurídico entregue na Assembleia pela CMVM, que responsabiliza o Novo Banco pelo reembolso do papel comercial emitido pelo BES.
Já agora, vale a pena passar os olhos por este
raio-x publicado pela Renascença. É multimédia e bem feito.
Esta manhã, o Conselho de Ministros deve aprovar o chamado
Plano Nacional de Reformas - que explica a Bruxelas as políticas a seguir na próxima legislatura, mas
ainda sem detalhar a redução da TSU que Passos quer inscrever no seu programa eleitoral - intenção que levou o Negócios a rever
como é cá e lá fora, para nos dar um comparador útil.
As primeiras ideias económicas do PS chegarão apenas na terça-feira. Em ambos os casos, convém ter em conta este
relatório divulgado ontem pelo FMI, que deixa um cenário difícil bem vincado.
Também em Conselho de Ministros, deve ser aprovada a
nova lei do tabaco - que
vai estender a proibição de fumar a todos os locais públicos fechados, incluindo aqui os cigarros eletrónicos. Uma proposta que demorou muito a negociar na coligação.
A propósito de coligação, o DN refere hoje que causaram
incómodo no CDS as declarações de Passos Coelho pouco entusiásticas com a coligação pré-eleitoral que estará a ser avaliada. Acreditando no JN, também no PSD começa a haver preocupação com um adiamento de um acordo.
Por fim, anote que o Governo decidiu antecipar a
penalização dos consumidores que não mudem os contratos da luz e gás,
diz o Económico, no momento em que foram anunciada uma
forte baixa do preço do gás até junho.
Os nossos especiaisQuem consegue defender quem mata um filho? Há advogados que recusam representar suspeitos de determinados crimes, a maioria envolvendo crianças. Outros aceitam, como a advogada que vai defender o pai que matou o filho bebé à facada. A Sónia Simões falou com ela, também com outros advogados que defenderam arguidos em casos destes, para perceber como e porquê.
Deixo-lhe um trecho, porque vale muito a pena ler tudo:
"O fim de semana não foi fácil. Familiares e amigos perguntaram-lhe porque o faria. Nas redes sociais começavam a nascer insultos. Porquê defender um crime tão hediondo?"Joaquim Carreira: a história do quarto português "Justo entre a Nações". Ontem, um quarto português foi homenageado pelo Memorial do Holocausto de Jerusalém. Com Roma ocupada pelos nazis, arriscou tudo para salvar judeus e dissidentes.
A história deste português que nos orgulha é aqui contada pela Sara Otto Coelho.
Notícias surpreendentes
Esta não é uma história fácil de digerir, mas é uma história que tem de ser contada:
um grupo de crianças, todas elas vítimas do Boko Haram, estão a ser protegidas pela Unicef. Nos últimos tempos, entraram numa terapia diferente: desenharam aquilo que se lembram dos ataques a que foram sujeitas.
Os desenhos delas estão aqui - e nunca deixarão ninguém indiferente.
Agora mudo de registo, para lhe falar de um estudo científico que merece atenção. Começo pelo fim:
o seu analgésico pode estar a tirar-lhe não só a dor, mas também a alegria. Os autores do estudo terão confirmado que
o cérebro tem os mesmos circuitos para lidar com a dor física e a dor emocional. Mas ainda vão investigar mais, para reforçar as certezas.
Já agora que falamos de alegria, trago-lhe
a história do "melhor patrão do mundo". Chama-se Dan Price e, depois de ler um estudo sobre felicidade,
resolveu aumentar os salários na sua empresa para uma meta mínima de 70 mil. Como? Reduzindo o seu. Imagina a felicidade dos trabalhadores?
É assim que me despeço. Gostava de lhe desejar um dia também feliz, produtivo e informado. Para esta última missão conte connosco:
O Observador por aqui estará, sempre pronto a atualizá-lo.
Até já!