quarta-feira, 26 de novembro de 2014

HYPE SCIENCE - 26 de Novembro de 2014


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5 Roubos reais que são melhores do que os de cinema!


Publicado em 26.11.2014
Quem resiste a um bom filme de roubos? Eu nem tento mais. E eu sei que comigo vem uma legião de pessoas. E é fácil perceber o porquê. Acontece que com todas as perseguições emocionantes envolvendo os pequenos carros britânicos, a pirataria, o bonitão, aviões e helicópteros de Los Angeles, a coisa toda fica muito atraente. Mas, desculpe por trazer essa triste notícia, esse tipo de coisa não acontece na vida real.
Na vida real, os ladrões não precisam das engenhocas todas que a gente vê no 
cinema
. Eles só precisam de um plano ridículo e muita coragem para executá-lo.
Como por exemplo…

5. A gang francesa que cavou um túnel até o cofre de um banco e fez a festa lá dentro

roubos festa no cofre
Um dia no final de 1970, o fotógrafo francês e ex-paraquedista na Guerra do Vietnã Albert Spaggiari teve uns 5 minutos de loucura (quem nunca) e decidiu que fazer fotos de casamento realmente não era o que ele queria da vida. Então, ele se reuniu com um grupo de profissionais, incluindo alguns colegas da época do exército, um cara que havia tentado cometer um assassinato, e um avaliador de joias, para planejar um assalto que, se bem sucedido, iria ser o gran finale de todos eles e início de uma generosa aposentadoria. Ao longo de um fim de semana prolongado devido ao Dia da Bastilha, o grupo iria limpar o cofre do banco Société Générale.
Então o plano começou. Durante meses, os homens fizeram turnos noturnos de 10 horas para cavar um túnel de 30 metros sob o centro de Nice, cavando no modo lesma: 15 cm por noite. Até que em 16 de julho de 1976, a equipe ficou presa através da parede exterior do cofre do banco. Mas isso não era nada que um pouco de raciocínio rápido não pudesse resolver. Não demorou muito até que eles conseguissem entrar e se transformassem de assaltantes de bancos bem sucedidos em uns absolutamente desagradáveis.
Veja bem. Uma vez que eles chegaram lá, eles soldaram a porta da sala do cofre por dentro e, reza a lenda, vestiram camisas de marinheiro listradas e boinas vermelhas, enquanto cantavam em alto e bom som “oh-Ho-Hoh-Hoh”. Claro, estavam estavam armados para fazer uma boquinha também. Levaram pão, queijo e patê para a sala do cofre e fizeram a festa. Não sei como, nem porque, mas garrafas de vinho também estavam na cena do crime. E de alguma forma, durante toda essa farra, eles também encontraram tempo para entrar em centenas de caixas do depósito de segurança e roubar algo em torno de $8 milhões a $10 milhões em ouro, dinheiro vivo, joias e pedras preciosas.
Como se poderia esperar de um crime tão ridiculamente audacioso, não demorou muito tempo para que as autoridades apanhassem Spaggiari e forçassem uma confissão dele. Mas, eles ainda não tinham visto a verdadeira versão audaciosa dele ainda.
Olha só o que ele fez: enquanto no gabinete do magistrado, ele reclamou do calor e perguntou se poderia abrir uma janela. Quando seu desejo foi concedido, Spagster pulou a janela, caiu no teto de um carro 3 metros abaixo e, em seguida, pulou para a parte traseira de uma motocicleta em alta velocidade.
Ele foi condenado à prisão perpétua à revelia. Que é mais ou menos como aquele convite de jantar de uma tia distante: enquanto você não se incomodar em ir até lá, você nunca terá que lidar com essa situação. E só para esfregar sal na ferida, ele acabou passando todo seu tempo livre relaxando em sua casa de campo na Argentina (adquirido com dinheiro do assalto) para escrever um livro sobre tudo isso.

4. O cara que roubou um cofre usando chocolates, muitos chocolates (e dos bons)

roubos chantagem chocolate
Mais da metade do comércio de diamantes em todo o mundo fica no pequeno distrito em torno da estação de trem em Antuérpia, Bélgica. E aqui nós estamos falando de mais de US $ 23 bilhões de dólares que fluem por ali a cada ano. E como você pode imaginar, a segurança parece coisa de cinema: maletas algemadas aos pulsos, câmeras filmando as multidões de muitos ângulos, uma delegacia de polícia especial, e círculos de pilares de aço em ambas as extremidades do distrito são algumas das coisas vemos por lá.
Então, como alguém poderia furar uma esquema de segurança como esse? Bom, conseguir uma chave de acesso aos diamantes incrustados ao seu cofre certamente seria uma ideia indolor. E foi isso que esse cara fez.
Por mais de um ano, Carlos Hector Flomenbaum era um cliente muito querido e confiável do ABN Amro Bank, possivelmente porque eles não podiam deixar de amar um cara com um nome como Carlos Heitor Flomenbaum, ou possivelmente porque ele se parecia com o vovô de todos que trabalhavam por lá.
Ou ainda talvez fosse porque Flomenbaum passou aquele ano inteiro puxando o saco do pessoal, distribuindo chocolates caros para todos. Até o dia que alguém teve a brilhante ideia de retribuir tanta generosidade e dar uma chave VIP especial que lhe concedeu acesso completo aos bastidores do banco. Parece que até mesmo o maior dos sistemas de segurança de alta tecnologia não é páreo para um bom e clássico charme. Parece que não é só o par perfeito que se conquista pelo estômago.
Naturalmente, ele então utilizou a chave para entrar no cofre em um fim de semana em Março de 2007 e pegar de lembrancinha mais de 120 mil quilates de diamantes, estimados em algo em torno de US $ 28 milhões de dólares. Seu acesso era tão irrestrito que os funcionários não tinham nem certeza de exatamente quando ele fez isso. Só depois que ele foi muito longe alguém se deu conta de que (grande choque aqui) Carlos Heitor Flomenbaum era uma identidade falsa – algo que, aparentemente, não surgiu durante o processo de documentação para um passe livre ao cofre de um banco supersecreto… Pelo menos não se você estiver carregando com você a quantidade certa de chocolate. #FicaDica

3. A gang que roubou uma ponte inteira

roubo ponte de metal
Uma coisa é cometer um crime particularmente imprudente e depois ser pego. Outra coisa bem diferente é roubar algo que qualquer pessoa não insana perceberia a falta, como, por exemplo, digamos assim, uma maldita ponte de 10 toneladas. E, em seguida, estar a uma distância segura, até que todo mundo perceba o que está acontecendo.
Oi? Isso seria possível fora dos estúdios de 
Hollywood
?
Sim. E foi exatamente isso que uma quadrilha tcheca de ladrões de metal fez em abril de 2012.
Os ladrões foram até os empregados ferroviários em um depósito em Slavkov e apresentaram documentos falsos dizendo que eles haviam sido “contratados para demolir a ponte, e remover uma linha férrea indesejada para abrir caminho para uma nova rota”. Bastante convincente a história, temos que concordar.
Depois de realizar uma verificação de antecedentes nada consistente, os funcionários da ferrovia liberaram o tal serviço. E foi só depois que os homens haviam dirigido para muito longe com toneladas de metal a serem vendidas que os funcionários perceberam que hey, talvez uma ponte não seja tão “irrobável” assim.
Pois é.
O metal roubado foi estimado em torno de 6.300 dólares. Nem parece tanto, especialmente se a gente for pensar no custo total para a construção de uma ponte – que deve estar em torno de alguns milhões de dólares. Mas, mesmo assim, não é o tipo de roubo que deva passar desapercebido.

2. Julian Altman tocou durante meio século com violino roubado de US $ 4 milhões

roubos violino
Julian Altman era um talentoso violinista, mas – pelo menos de acordo com sua própria mãe – ele não tinha uma habilidade importante e necessária para fazer carreira: a capacidade de possuir um violino impagável.
Em 1936, Altman conseguiu um emprego para tocar em um bar não muito glamoroso em Nova York. Mas tinha a vantagem de ser perto do famoso e badalado Carnegie Hall. Ele, que não era bobo nem nada, logo fez amizade com os músicos e porteiros do local, comprando-os com charutos para que o deixassem entrar e assistir a concertos nas asas. Ele inclusive levou sua mãe e filha junto para fazer uma imagem do quão agradável ele era.
Até que um dia qualquer, o famoso violinista polonês Bronislaw Huberman estava na cidade, e era de conhecimento de TODOS que ele tinha um raro (e cobiçado) Violino 1713 Stradivarius. Depois de molhar a mão do porteiro com mais bons charutos e dizer que ficaria de olho na entrada enquanto ele fumava, Altman invadiu sorrateiramente o camarim de Huberman, deslizou o Strad sob seu traje cigano (talvez eu tenha esquecido de dizer que o bar onde ele tocava ali perto exigia uma fantasia de cigano), e saiu fora na maior cara de pau.
Depois de deixar o valioso violino em casa, ele ainda conseguiu voltar a tempo para seu trabalho e tocar uma música. O curioso é que ele jamais foi questionado em relação ao roubo. E Huberman simplesmente dançou conforme a música. Ele fez o espetáculo com seu outro violino reserva, eu também era ridiculamente valioso (a Guarnerius) e em sem grandes alardes recolheu o dinheiro do seguro.
Mas o que Altman fez com o instrumento? Bom, ele tocou com o Stradvarius. Por 50 anos. Ele nunca conseguiu chegar ao nível de Huberman de fato, mas na maior parte de sua vida, ele carregou seu Stradivarius roubado para bares, igrejas e encontros sociais. Até que finalmente, em 1985, Altman confessou em seu leito de morte que o violino que ele tinha tocado por toda a sua vida havia sido roubado.
Na época do roubo, contudo, ele havia alegado ter comprado o instrumento de um ladrão não identificado, mas mais tarde admitiu que era sua mãe a grande cabeça do crime. Sua história foi corroborada quando sua viúva encontrou recortes de jornais sobre o roubo dentro do gabinete do próprio violino.
Essa viúva também saiu ganhando nessa história. Ela embolsou uma quantia de nada menos que 6 dígitos, pagos pelo Lloyd’s of London, um mercado de seguro e resseguro britânico – que inclusive havia pago o dinheiro do seguro do violino por todos os anos em que ele esteve desaparecido. Depois, o instrumento foi comprado pelo solista Joshua Bell por quase US $ 4 milhões. Quatro milhões de dólares. Música para os ouvidos de quem recebeu toda essa grana.
Isso sem contar que, para disfarçar a peça roubada, Altman havia lambusado o violino com graxa de sapato preta. Imagina se ele estivesse intocado, quanto não iria custar.

1. Um homem japonês usa fantasia porcaria de policial e uma bomba de fumaça para roubar 300 milhões de ienes

roubos japão
O dia 10 de dezembro de 1968 começou como um dia típico para quatro funcionários do banco japonês Nippon Trust Bank. O motorista Sekiya Ryoichi levava o gerente do banco, Nakata Eiji, outros dois funcionários do banco e nada menos ¥ 300.000.000 pelas ruas de Tóquio. O destino era uma fábrica Toshiba. Só que, pela época, você deve imaginar que este não era um carro blindado ou qualquer coisa assim. Era apenas um carro regular com caixas de metal cheias de dinheiro no porta-malas.
Ao se aproximarem do local de entrega do dinheiro, um “policial” em uma motocicleta parou o carro (o que não era totalmente fora do comum, uma vez que a essa também era a rota de quem estava saindo de um presídio). O “oficial”, então, afirmou que a casa do gerente do banco tinha acabado de explodir e que, além disso, havia uma bomba debaixo do carro e eles realmente precisavam cair fora dali.
Coincidentemente (ou não), o gerente da agência tinham efetivamente recebido uma ameaça de bomba, poucos dias antes. Os quatro saltaram imediatamente para fora do carro e o policial se arrastou por baixo do veículo para dar uma olhada. Quase imediatamente, a fumaça começou sair do carro e o “oficial” começou a gritar enlouquecidamente: “É dinamite!!! O CARRO VAI EXPLODIIIIR! SALVE-SE QUEM PUDER!!!”.
Como os quatro funcionários do banco naturalmente correram para salvar suas vidas, o “policial” despreocupadamente entrou no banco do motorista e foi embora, deixando nada para trás – além, é claro, da bomba de fumaça que ele havia acionado em baixo do carro e uma motocicleta policial falsa.
Foi quando o grupo de funcionários do banco provavelmente parou, passou uma enorme quantidade de tempo olhando para o carro se afastando, depois olharam um para o outro, olharam de volta para o carro se afastando, e de volta para o outro antes de expirar um suspiro coletivo de “Ohhhhhh merda”.
O assalto resultou na maior investigação da história da polícia japonesa, com centenas de oficiais envolvidos na investigação (sendo que dois deles quase “morreram de cansaço trabalhando no caso”) e um gasto de três vezes o valor do dinheiro roubado. Mas, mesmo querendo muito, os policiais não conseguiram resolver o caso e a investigação só chegou a dois suspeitos reais, um dos quais se envenenou, e outro cujo álibi, eventualmente, foi comprovado verdadeiro.
Ou seja: acabou em pizza.[Cracked]

Autor: Gabriela Mateos
é publicitária e não passou sequer um dia de seus 25 anos sem procurar alguma coisa nova para fazer.
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Memória Online - Por Outro Lado - RTP Memória - RTP



Dedicado aos protestantes "católicos" de Canelas.

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JORNALDENEGÓCIOS.PT - 26 de Novembro de 2014



ATENÇÃO  -  Esta notícia já é de Abril, mas parece que ainda não foi ultrapassada a questão. Por isso repito-a aqui. AF.




Carlos Tavares: "Custos da electricidade em Portugal são 40% superiores aos de França"
03 Abril 2014, 11:13 por João Carlos Malta | joaomalta@negocios.pt
De visita a Portugal, após ser empossado presidente da PSA Peugeot Citroën, Carlos Tavares estará reunido com o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, para falar sobre energia e logística.
Carlos Tavares almoça esta quinta-feira, 3 de Março, com Sérgio Monteiro para falar sobre energia e logística. Um dos assuntos que será tratado durante o encontro será o desnível de preços da electricidade praticados pela indústria a nível europeu. "Os preços da electricidade em Portugal são 40% mais altos do que em França", afirmou Carlos Tavares durante uma mesa redonda com jornalistas portugueses.

“O custo da energia é 40% superior a França o que é uma penalidade muito grande, porque a indústria automóvel usa muita electricidade sobretudo na pintura. Os custos de energia para um país como o nosso têm de ser os mais baixos possíveis e é difícil, obviamente.”

“Este é um factor de não competitividade. Tudo o que puder ser feito para melhorar os preços da energia vai ajudar não só a indústria automóvel mas muitas outras indústrias. Temos uma força que é a nossa energia renovável, e podemos trabalhar para fazer com que a energia limpa baixe os custos para sermos mais competitivos”, salientou.

O presidente executivo do grupo de automóvel francês levantou o véu sobre os temas que discutirá com o secretário de Estado, Sérgio Monteiro, que além da energia incluirá assuntos relacionados com a logística. Neste aspecto, Carlos Tavares considera de vital importância a construção de uma linha ferroviária que permita escoar os automóveis da fábrica de Mangualde para o Porto de Vigo, onde posteriormente serão exportados.

Recorde-se que a PSA possui uma fábrica de produção automóvel localizada em Mangualde onde são produzidos os comerciais Berlingo e Partner.
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terça-feira, 25 de novembro de 2014

"POLVO" - Semanário SOL - 25 de Novembro de 2014





Adriano Silva partilhou a foto de Semanário SOL.
Não vai ser fácil, porque não tirei o diploma ao domingo e depois é um organograma com demasiadas setas. (continuo a gostar muito de filmes de índios)




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ANTÓNIO FONSECA

NOTÍCIAS - OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 25 de Novembro de 2014


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
O debate continua, o Macroscópio continua atento. Ontem à noite, já tarde, foi conhecida a decisão do juiz Carlos Alexandre sobre as medidas de coação a aplicar a José Sócrates e aos restantes arguidos, e estas suscitaram novas ondas de choque. Vamos a elas, com uma selecção das melhores análises e opiniões.
 
Vou começar hoje pelo Público e por dois textos escritos ainda antes da decisão de manter o antigo primeiro-ministro em prisão preventiva. João Miguel Tavares, em “O incomparável José Sócrates”, volta a a um antigo argumento e à necessidade de “explicar pacientemente, persistentemente, teimosamente, que José Sócrates era diferente, que era único, que não se podia comparar a ninguém, que ele era a pior coisa que nos tinha acontecido desde o PREC”. Parte daí para contrariar algumas ideias sobre a crise do regime:
O regime tem imensas falhas e a política infindáveis problemas, mas Passos Coelho tem toda a razão quando afirma que nem toda a gente é igual. E José Sócrates, graças a Deus, não é igual a ninguém. Ele é o special one da indistinção entre verdade e mentira, pela simples razão de que nunca viu diferença entre uma e outra. A sua detenção não é o fim do regime. Pelo contrário: foi durante o seu consulado que o regime esteve quase morto. O que está agora a acontecer é o oposto disso: é o regime a funcionar outra vez.
 
Paulo Rangel, em “Decência, justiça, regime e presidenciais”, também aborda de passagem a questão da eventual crise regime, mas o ponto mais interessante do seu artigo é a discussão, suscitada por uma intervenção pública de Pedro Adão e Silva, sobre o equilíbrio futuro entre os poderes legislativo, executivo e judicial. Apesar de considerar que o caso Sócrates “inscreve-se numa competência tradicional do poder judicial”, não deixa de expor a sua visão do futuro:
Numa sociedade poliárquica, com múltiplos centros de poder, de fronteiras abertas e porosas, a capacidade de afirmação do eixo de poder legislativo-executivo diminuiu francamente. Daí que, diante dos problemas hodiernos, os governos e os parlamentos dos Estados nacionais revelem uma reiterada dificuldade de resposta. Nas democracias pós-territoriais, o lugar e o papel dos tribunais vai ser seguramente muito mais relevante e muito mais visível do que foi até aqui. 
 
Aqui no Observador Rui Ramos, que já escrevera sobre “a hora mais perigosa do regime”, volta a abordar o tema colocando uma questão pertinente: “Como poderão os cidadãos confiar outra vez num regime cuja classe política não parece ter meios ou vontade para escrutinar e filtrar os menos idóneos?” Esse é o ponto de um texto intitulado “Há vida para além de Sócrates?”, onde recorda a mudança da IV para a V República em França para defender que é possível mudar de regime em democracia:
É possível falar de um novo “regime” no sentido de uma nova fase da democracia, da mesma maneira que os franceses falam do “regime da V República”. Mas o fim de um regime pressupõe forças para construir outro. Haverá em Portugal essas forças – outras pessoas, outras disponibilidades, outros meios — para refundar a democracia, como o general De Gaulle fez em 1958 em França, perante o descalabro militar e financeiro da IV República? Não sabemos. 
 
Luís Rosa, director do jornal I, utiliza argumentos semelhantes para defender que esta pode ser “Uma oportunidade para a regeneração”. Mas para isso será necessário que os partidos fundadores da Terceira República “percebam que nada voltará a ser igual. PSD, PS e CDS têm de ser mais exigentes com os seus dirigentes, têm de estar mais atentos à promiscuidade entre a gestão da coisa pública e os interesses económicos subjacentes, têm de impedir de facto que o financiamento partidário ilícito ou a corrupção possam marcar parte da condução do interesse público e têm de perceber que os servidores da causa pública não podem enriquecer ilicitamente à custa da política.” 
 
Passando às circunstâncias concretas deste caso, e em especial à decisão de decretar a prisão preventiva, noto que André Macedo, director do Diário de Notícias, está entre os que encontram motivos compreensíveis para o juiz Carlos Alexandre assim ter decidido. Escreve ele:
Estando sobre a mesa os crimes de corrupção e branqueamento de capitais -isto é, havendo factos considerados suficientemente fortes pelo juiz de instrução – e sendo o arguido um antigo primeiro-ministro (é evidente que o cargo importa) a prisão preventiva não se apresenta como excessiva ou desmesurada. O perigo de perturbação do inquérito era uma possibilidade, talvez uma tentação para Sócrates. A medida, em teoria, é proporcional. Esse risco não podia, por isso, ser desvalorizado por quem o julgou. 
 
O jurista e professor universitário André Ventura acrescenta, num texto publicado no jornal Oje, alguns argumentos a este ponto de vista. Para ele “a opção não poderia ter sido outra”. Isto porque o ex-primeiro-ministro poderia “perturbar o normal funcionamento do inquérito, seja através da mobilização de um conjunto de contactos naturalmente existentes ou de um amplo esforço de influências que se alastram desde os meios judiciais aos corredores parlamentares e ao universo empresarial”.
 
Já entre os que se mostram incomodados com o comportamento das autoridades judiciais, o destaque deve ir para Mário Soares e para o seu texto no DN de hoje intitulado “Uma semana difícil”. Lamenta aí “o que foi feito a um ex-primeiro-ministro com um anormal aparato fortemente lesivo do segredo de justiça não pode passar em vão”. E acrescenta: “Também não pode passar em vão o espetáculo mediático que a comunicação social tem feito, violando também ela o segredo de justiça ao revelar factos que era suposto só serem conhecidos quando um juiz se pronunciasse. O que não aconteceu.”
 
Esta linha de abordagem, muito crítica do poder judicial e muito solidária com o antigo primeiro-ministro, suscitou-me um comentário, aqui no Observador: “É talvez altura de nos curarmos de vez do socratismo”. Deixo-vos apenas uma passagem:
O que distingue o socratismo não é uma visão da forma de ser socialista, é uma visão schmittiana de exercício do poder. Compreendo que o seu estilo de líder forte possa ter fascinado quem cavalgou a onda, mas é bom que hoje olhem para o elixir que provaram e que os inebriou, e percebam que era um veneno. Ou seja: acordem para a realidade. Depois do que se passou nos últimos dias, do que já sabemos sobre os contornos do processo e das acusações, do que imaginamos mas ainda não sabemos, a pergunta que muitos têm de intimamente fazer é “como foi possível?”, “como é que acreditei?”. 
 
Termino chamando a atenção para uma perspectiva muito diferente, mas especialmente importante: a do embaixadorFrancisco Seixas da Costa que, no Diário Económico, chamou a atenção para os problemas de reputação que um caso deste tipo, em cima de uma sucessão de outros casos, pode acarretar para o país. Avaliando o impacto de crises como as do BES e da PT e de escândalos como os da rede de corrupção dos vistos gold e os que levaram à prisão de José Sócrates, conclui com uma perspectiva sombria:
Se, apesar do efeito reputacional destes eventos, o país não se afundar perante o mundo, só uma conclusão é legítimo tirar: já não somos nós que nos sustentamos perante o mundo, é apenas a nossa irrelevância no jogo global que nem sequer nos permite sermos sujeitos da nossa própria crise. Porventura, é melhor assim.
 
Termino por hoje, na expectativa de que amanhã já possa mudar de tema, até porque Portugal e o mundo não pararam de girar. Boas leituras e bom descanso. 

 
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