São Guinefort
São Guinefort | |
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Ilustração moderna de Guinefort | |
Cachorro santo | |
Morte | Século XIII perto de Lyon, França |
Veneração por | católicos |
Festa litúrgica | Venerado localmente em 22 de agosto |
Padroeiro | crianças |
Suprimido do catolicismo | por Igreja Católica |
Portal dos Santos |
São Guinefort (pronúncia em francês: [ɡin.fɔʁ]) foi um lendário galgo inglês oriundo da França no Século XIII que recebeu veneração local como um santo folclórico.[1][2][3]
Em uma das primeiras versões da história, descrita pelo monge dominicano Stephen de Bourbon em 1250, Guinefort, o cão de caça cinzento nascido no dia 27 de maio de 1242 e falecido no dia 22 de agosto do ano de 1250, pertencia a um cavaleiro que vivia em um castelo perto de Lyon.[4] Um dia, um cavaleiro foi caçar e deixou seu filho bebê aos cuidados de Guinefort. Quando ele voltou, encontrou o berçário em caos - o berço havia sido derrubado e a criança não era avistada em nenhum lugar, tendo Guinefort ido cumprimentar seu mestre com sua boca com sangue. Acreditando que Guinefort tivesse devorado seu filho, o cavaleiro então matou o cão. Ele então ouviu uma criança chorando; ele virou o berço e encontrou seu filho deitado debaixo do mesmo, são e salvo, junto com o corpo de uma víbora morta, ensanguentada e com mordidas de cachorro. Guinefort havia matado a cobra e salvado a criança, e ao perceber o erro, a família juntamente com o cavalheiro colocou o corpo do cão num poço, cobriu-o com pedras e plantou árvores ao seu redor, montando um santuário para o Guinefort. Ao saber do triste martírio do cão, os habitantes locais veneraram o cão como um santo e visitaram seu santuário de árvores quando precisavam, especialmente mães com filhos doentes.[4] Os camponeses locais ouvindo a nobre ação do cão e sua morte inocente, começaram a visitar o local e honrar o cão como mártir em busca de ajuda para suas doenças e outras necessidades.[2][3][5]
O costume era considerado prejudicial e supersticioso pela igreja, que se esforçava para erradicá-lo[2][3] Ao surgir no Século XVI, as igrejas protestantes "criticaram o culto ao Guinefort vendo nele um exemplo dos abusos e erros da Igreja Católica". A hierarquia católica adotou a crítica e procurou suprimir as crenças e práticas do Guinefort e ostracizar os praticantes[6][7] Apesar desta tentativa inicial de ridicularizar e desprezar o culto de São Guinefort, a tradição local continuou.[nota 1] O culto a este santo cão persistiu por vários séculos, apesar das repetidas proibições da Igreja Católica.[3][8] A memória comunitária das práticas ainda estava presente nos anos 70, com a última visita conhecida de alguém ao Bosque Saint Guinefort para efetuar uma cura para uma criança doente ocorrendo por volta dos anos 40.[9]
O filme francês Le Moine et la sorcière de 1987 (nos EUA conhecido como "A Feiticeira") é uma história ficcional baseada no texto original de Stephen de Bourbon sobre Saint Guinefort e o povo local.[1]
Thomas de Hookton, o personagem principal da trilogia de Bernard Cornwell, The Grail Quest (2000-2003), é um crente em São Guinefort, rezando ao santo e usando uma pata em um pedaço de couro ao redor de seu pescoço.[10]
No romance O Conto do Inquisidor, de Adam Gidwitz, de 2017, o galgo de estimação dos personagens principais, Gwenforte, tem uma forte semelhança com São Guinefort, especialmente na maneira de sua morte e ressurreição no início do romance.[11]
- Saint Guignefort Légende, Archéologie, Histoire em francês.
- Schmitt, Jean-Claude (1983). The holy greyhound : Guinefort, healer of children since the thirteenth century. Cambridge: Cambridge University Press. OCLC 8709317
Referências
- ↑ ab Rist, R., ed. (2019). «The papacy, inquisition and Saint Guinefort the Holy Greyhound» (PDF). Reinardus: The Yearbook of the International Reynard Society. 30 (1). University of Reading. pp. 190–211. ISSN 0925-4757. doi:10.1075/rein.00020
- ↑ ab c Halsall, Paul, ed. (8 de setembro de 2000). «Stephen de Bourbon (d. 1262): De Supersticione: On St. Guinefort Etienne de Bourbon». Medieval Sourcebook. Fordham University. Consultado em 5 de outubro 2013
- ↑ ab c d «A Faithful Hound». Lapham’s Quarterly (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ ab Stey, Marie-Madeleine Van Ruymbeke (1 de junho de 2007). «Saint Guinefort Addressing Thomas Aquinas's Shadow». Journal of Jungian Scholarly Studies (em inglês). ISSN 1920-986X. doi:10.29173/jjs77s. Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ «O cão que virou santo proibido pela Igreja». BBC News Brasil. Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ ab «The Cult of Guinefort: An Unusual Saint». The Ultimate History Project (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ Medievalists.net (30 de junho de 2020). «Oh My Dog! St Guinefort and St Christopher». Medievalists.net (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ «O cão que virou santo proibido pela Igreja». G1. Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ «Association Saint Guignefort - La légende de Saint Guignefort». www.association-saint-guignefort.fr (em francês). Consultado em 14 de outubro de 2022
- ↑ Cornwell, Bernard (16 de julho de 2013). 1356. [S.l.]: Editora Record
- ↑ Quattlebaum, Mary (27 de setembro de 2016). «Adam Gidwitz tells story of holy hound in 'The Inquisitor's Tale'». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 14 de outubro de 2022
Notas
- ↑ Em 1879, um folclorista chamado Vayssière passou pela "madeira de São Guinefort" e encontrou-a ainda intacta. Da mesma forma, o historiador moderno Jean-Claude Schmitt encontrou evidências do culto ainda em prática após a Primeira Guerra Mundial.[6]
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