Vigília pascal
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Vigília Pascal ou Grande Vigília, é uma celebração cristã sabatina realizada na véspera do Domingo de Páscoa (Sábado de Aleluia), a partir das 18h. Nesta vigília, celebra-se ritualmente a ressurreição de Jesus Cristo. A vigília é tradição antiquíssima no catolicismo, considerada a "mãe de todas as vigílias", na celebração os fiéis exortam diversas passagem das leituras sagradas e do evangelho, que está adornada pelo cumprimento de todas as profecias de vinda do messias e sua ressurreição dos mortos.
Rito Romano
Na tradição católica romana, a Vigília Pascal consiste em quatro partes:
Liturgia da Luz
Liturgia da Palavra
Liturgia Batismal
Liturgia Eucarística
Para os católicos a vigília inicia após o pôr-do-sol no sábado santo, o inicio da celebração se dá fora da igreja, tendo em vista que o fogo que ascenderá as velas da assembleia e o círio pascoal tende de ser abençoado pelo celebrante, é o fogo novo que simboliza o esplendor de Jesus Cristo ressuscitado dissipando as trevas do pecado e da morte.[1] O círio pascoal será usada em todo o Tempo Pascal, tempo litúrgico seguinte permanecendo no santuário da igreja, e durante todo o ano em batismos, crismas e funerais, recorda-se desta forma a todos que Jesus Cristo é a "luz do mundo".
Assim que a vela for acesa segue o antigo rito do Lucernário, em que a vela é carregada por um sacerdote ou diácono através da nave da igreja, em completa escuridão, parando-se três vezes e cantando a aclamação: "Lumen Christi" ou Luz de Cristo (em português), ao qual a assembleia responde "Deo Gratias", Graças a Deus em português. A vela prossegue através da igreja, e os presentes portam velas que são acesas a partir do fogo do círio pascal, este gesto simbólico representa a "Luz de Cristo" que se espalhando por todos, a escuridão que é diminuída.
Assim que a vela foi colocada num lugar dignamente preparado no santuário, ela é incensada pelo diácono, que entoa solenemente o canto Exsultet, de tradição milenar. Ele é conhecido também como Proclamação da Páscoa, ou Pregão Pascal. Nele, a Igreja pede que as forças do céu exultem a vitória de Cristo sobre a morte, passando pela libertação do Egito e até mesmo agradecendo a Adão pelo seu pecado "indispensável", pois as consequências de tal pecado foram o motivo da vinda de Cristo.
Precônio Pascal
É o texto da Proclamação da Páscoa, proferido pelo celebrante ou diácono durante a liturgia da Luz em forma de cântico. Eis o texto:
Em português | Em latim |
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Exulte de alegria a multidão dos anjos, Exultem de Deus os ministros; soe a triunfal trombeta, Esta vitória de um tão grande Rei!
| Exsúltet iam angélica turba cælórum: exsúltent divína mystéria: et pro tanti Regis victória tuba ínsonet salutáris. Gáudeat et tellus, tantis irradiáta fulgóribus: et ætérni Regis splendóre illustráta, tótius orbis se séntiat amisísse calíginem. Lætétur et mater Ecclésia, tanti lúminis adornáta fulgóribus: et magnis populórum vócibus hæc aula resúltet. Quaprópter astántes vos, fratres caríssimi, ad tam miram huius sancti lúminis claritátem, una mecum, quæso, Dei omnipoténtis misericórdiam invocáte. Ut, qui me non meis méritis intra Levitárum númerum dignátus est aggregáre, lúminis sui claritátem infúndens, cérei huius laudem implére perfíciat. [V/ Dóminus vobíscum. |
Ao findar do canto, apagam-se as velas e inicia-se a Liturgia da Palavra, composta de sete leituras do Antigo Testamento, que são como um resumo de toda a história da salvação. Cada leitura é seguida por um salmo e uma oração relativa a aquilo que foi lido. Depois de concluir todas as leituras, é entoado solenemente o hino de louvor, Gloria in excelsis Deo, os sinos, sinetas e campainhas da igreja são tocados. É a primeira vez que se entoa o hino de louvor desde a quarta-feira de Cinzas, com exceção da quinta-feira Santa. No pré-rito Vaticano II, as imagens, que foram cobertas durante a última semana, são reveladas neste momento.
Uma leitura da epístola aos Romanos é lida, e se segue o canto do Salmo 118. O canto de aleluia então é cantado pelo celebrante, também de forma muito solene, pois também não é cantado desde o início da quaresma. Após a celebração da Liturgia da Palavra, se entoa a ladainha de todos os santos, em seguida a água da pia baptismal é solenemente abençoada e quaisquer catecúmenos e candidatos à plena comunhão são iniciados na Igreja, pelo batismo ou confirmação. Após a celebração destes sacramentos da iniciação, a congregação renova os seus votos batismais e recebem a aspersão da água batismal. A oração dos fiéis (do qual os recém-batizados são agora uma parte) se seguem.
Depois da oração, a Liturgia Eucarística continua como de costume, sendo tradição a utilização da Oração Eucarística I, ou Cânon Romano, a mais solene de todas. Esta é a primeira missa do dia da Páscoa. Durante a Eucaristia, o recém-batizados adultos recebem a Sagrada Comunhão pela primeira vez, podendo ou não serem crismados também. De acordo com as rubricas do Missal, a Eucaristia deve terminar antes do amanhecer.[2]
Rito Oriental
A páscoa na Igreja Ortodoxa e no oriente é referida como Pascha. Note que na tradição bizantina, o que corresponde estruturalmente a vigília pascal é a vesperal e litúrgica do Sábado Santo, comemorada no sábado de manhã (como foi a Vigília na Igreja Católica Romana até 1955). Esta é a celebração que inclui as longas séries de leituras do Antigo Testamento e os ritos do Batismo, como no Ocidente. Embora a Igreja Católica Romana pratique atualmente a celebração da Vigília pascal durante a noite. A vesperal liturgia reconta a angustiante do inferno, foi o momento, de acordo com a teologia ortodoxa, que os justos mortos foram autorizados a deixar Lúcifer e a entrar no Paraíso. A boa nova de Jesus Cristo, do triunfo sobre a morte, ensina que somente nessa altura revelada a partida. A revelação ocorreu quando foi descoberto o seu túmulo vazio conforme o evangelho segundo Marcos no capítulo 16, versículo 2.
A ordem da vigília pascal para os ortodoxos e orientais é a seguinte, ressalvadas as pequenas variações locais:
O ofício da meia-noite é celebrado no Sábado Santo pouco antes da meia-noite. Na sua conclusão, todas as luzes da igreja são extintas, exceto a sobre o altar, e todos esperam em silêncio na escuridão. No golpe da meia-noite, o padre vai com o turíbulo ao redor do altar, e acende sua vela. Então, todo o clero e as pessoas saem da igreja e vão em procissão cantando um hino da ressurreição, durante a procissão os sinos tocam incessantemente. Esta procissão reconta a jornada ao túmulo de Cristo. Antes na frente da porta da igreja, o chefe celebrante dá a bênção para o inicio a matins. O clero, seguido pelo povo, cantam, a saudação pascal "Cristo ressuscitou!", "Verdadeiramente Ele ressuscitou!", é tocada pela primeira vez. Então, todos entram na igreja cantando. O resto da Matins é celebrada de acordo com especial pascal rubricas. Tudo que a celebração se destina é ser exultante e cheia de luz. Nada é lido, mas tudo é cantado. Durante a celebração, o sacerdote icensa a Igreja. As horas pascais são cantadas. Estas são completamente diferentes do que em qualquer outra altura do ano. A divina liturgia de São João Crisóstomo é celebrada como de costume, mas com características especiais que são únicos para a época pascal. No final da celebração, o sacerdote abençoa o Artos, uma grande fatia de pão, que representa a ressureição de Cristo.
Em seguida, fixado ao lado do ícone da ressurreição e é venerado pelos fiéis em todo Semana Santa. As velas acesas à meia-noite são detidas pelas pessoas ao longo de todo a celebração, tal como é feita pelos recém-batizados. Durante a vigília, normalmente perto do final da Matins, a pascal homilia de São João Crisóstomo é proclamada. Na sequência da emissão da divina liturgia, ovos abençoados que foram tingidos de vermelho são normalmente distribuídos à população para a quebra do Grande jejum da Quaresma, e cestas de alimentos para a festa que se segue são abençoados com água benta. A celebração geralmente termina em torno de 4:00 da manhã. Mas, no domingo tarde há um especial, Vésperas pascais, em que o Evangelho é cantado em muitas línguas.
A semana que começa no domingo de Pascal é chamada "Feliz Semana" ou "Semana iluminada", e são considerados contínuos dias. As Santas Portas dos Iconóstase são deixadas em aberto a semana, sendo fechada apenas no final da Nona Hora do sábado.
Referências
Sábado de Aleluia
Sábado de Aleluia | |
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Túmulo de Jesus na Igreja de São Roque em Lisboa | |
Tipo | Cristão |
Data | feriado móvel; sábado antes da Páscoa |
Significado | Recordação do corpo morto de Jesus e de Nossa Senhora da Solidão |
Frequência | anual |
O Sábado de Aleluia (em latim: Sabbatum Sanctum), também conhecido como Sábado Santo e Véspera da Páscoa,[1] é uma festividade religiosa que celebra o aguardo pela ressurreição de Jesus após sua crucificação no Calvário, conforme o relato do Novo Testamento. É o último dia da Semana Santa, na qual os cristãos se preparam para a celebração da festa da Páscoa. Nele se celebra o dia que o corpo de Jesus Cristo permaneceu sepultado no túmulo.[2][3]
Para alguns cristãos, particularmente os católicos, foi neste dia que Maria, mãe de Jesus, como Nossa Senhora das Dores, recebeu o título de "Nossa Senhora da Solidão", uma referência ao profundo sentimento de solidão associado ao seu luto e tristeza. Também foi o dia em que Jesus resgatou as almas da Mansão dos mortos.
Práticas ocidentais
Nas igrejas católicas romanas, todo o coro (inclusive o altar) permanece sem decoração nenhuma (a partir da missa da Quinta-Feira Santa) e a administração dos sacramentos é bastante limitada. A Eucaristia depois do serviço litúrgico da Sexta-Feira Santa é dada apenas aos moribundos (viático). Batismos, confissões e a Unção dos Enfermos também podem ser administradas por que eles, como o viático, asseguram a salvação dos que estão para morrer.
As missas são limitadas e nenhuma é realizada na liturgia normal neste dia, embora a missa possa ser dita numa Sexta-Feira Santa ou no Sábado de Aleluia em casos extremamente graves ou numa situação solene com a autorização da Santa Sé ou do bispo local. Muitas igrejas da Comunhão Anglicana assim como diversas luteranas, metodistas e mais algumas outras denominações cristãs também segue estes costumes; porém, seus altares podem ser cobertos com panos negros ao invés de terem a decoração retirada.
Em algumas igrejas anglicanas, incluindo a Igreja Episcopal dos Estados Unidos, uma liturgia da palavra muito simples se realiza neste dia, com leituras comemorando o enterro de Jesus. Os ofícios diários também são observados. O Livro da Oração Comum anglicano chama este dia de "Véspera da Páscoa".
Entre os católicos filipinos, o Sábado de Aleluia é chamado de "Sábado Negro", um sinal de luto. Depois das alterações litúrgicas proclamadas pelo Concílio Vaticano II, o termo "Sábado Glorioso" também passou a ser amplamente utilizado, uma lembrança do corpo glorioso de Jesus na Vigília de Páscoa.
Em termos litúrgicos, o Sábado Santo vai até às 18:00 (crepúsculo), quando se celebra a Vigília de Páscoa e se inicia oficialmente a Época da Páscoa. As rubricas[4] afirmam que a Vigília deve acontecer depois do anoitecer e terminar antes do amanhecer. O serviço pode começar com fogo e o acendimento do novo Círio Pascal. Na observância católica e em algumas anglicanas, a missa é a primeira a ser realizada desde a Quinta-Feira Santa e nela, o "Glória" - que permaneceu ausente durante toda a Quaresma - volta a ser utilizado e é durante o canto que as imagens e ícones, que estavam cobertos de mantos púrpuras fora do coro e do altar durante a Época da Paixão, são novamente revelados para alegria dos fieis. Algumas igrejas anglicanas preferem celebrar a Páscoa e o acendimento do novo Círio ao amanhecer da Páscoa. É comum que se realizem batismos ou renovações de votos batismais nesta missa.
Práticas orientais
Na Ortodoxia, este dia, conhecido como Grande e Santo Sábado, é chamado também de Grande Sabá (veja Shabat), pois foi neste dia que Jesus "descansou" . Nas tradições coptas, etíope e eritreia, este dia é conhecido como Sábado de Alegria.
As matinas do Grande e Santo Sábado (geralmente realizadas na noite de sexta por conta de antigas tradições eclesiásticas que remontam aos costumes judaicos) se realiza na forma de um funeral para Cristo. O serviço todo se realiza à volta do epitaphios, um ícone na forma de um tecido bordado com a imagem de Cristo sendo preparado para o sepultamento. Na primeira parte do serviço se canta o Salmo 119 (118) com hinos (enkomia) intercalados entre os versículos. O tema central da cerimônia não é tanto de luto, mas de vigilante expectativa:[5]
“ | Hoje vós não guardareis santo o sétimo dia, Que vós abençoastes desde sempre repousando de vossa labuta. Vós criastes tudo e vós renovastes todas as coisas, Observando o descanso sabático, meu Salvador, e restaurando a força. | ” |
— Matinas, Cânon do Grande e Santo Sábado, Ode 4. |
No final das matinas, depois das laudes, no fim da Grande Doxologia, o Epitaphios é erguido e levado em procissão para fora da igreja, circundando-a, enquanto todos cantam o Trisagion, exatamente como se faz num enterro cristão ortodoxo.
Na manhã de sábado, uma véspera da Divina Liturgia de São Basílio, o Grande é celebrada, chamada de serviço da Primeira Ressurreição (em grego: Ἡ Πρώτη Ἀνάστασις), chamado assim por ser mais antigo que o serviço criado por São João Damasceno depois e não por ocorrer antes liturgicamente.[6]
É a mais longa Divina Liturgia do ano e também a última. Depois da Pequena Entrada, são feitas quinze leituras do Antigo Testamento que relembram a história da salvação. Imediatamente antes da leitura do evangelho (Mateus 28:1–20), o antepêndio, a toalha do altar e as vestimentas são trocadas do negro para o branco e o diácono incensa a igreja com o turíbulo. Na tradição grega, os clérigos espalham folhas de louro e pétalas de flores por toda a igreja para simbolizar os cacos dos portões e os grilhões rompidos do inferno e a vitória de Jesus sobre a morte. Apesar de a atmosfera litúrgica ir mudando da tristeza para a alegria neste serviço, a saudação pascal "Cristo ressuscitou!" só será trocada depois da Vigília de Páscoa à noite e os fiéis continuam jejuando. O motivo é que a Divina Liturgia do Grande e Santo Sábado representa a proclamação da vitória de Jesus sobre a morte para os que estavam no inferno, mas a Ressurreição ainda não havia sido anunciada para os que estavam na terra.
À tarde, os fiéis tradicionalmente se reúnem na igreja para a leitura completa dos Atos dos Apóstolos. Antes da meia-noite, a Vigília começa com o Ofício da Meia-Noite, durante o qual o Cânon do Santo Sábado é repetido. Então, todas as velas e luzes da igreja são apagadas e todos esperam no escuro e em silêncio a proclamação da Ressurreição de Jesus.
Tradições culturais
A "Święconka", que significa "benção das cestas de Páscoa", ocorre no Sábado de Aleluia e é uma das mais antigas e amadas tradições polonesas.
Referências
- ↑ «Public Report on Audience Complaints and Comments, April-June 2006» (PDF). Australian Broadcasting Corporation. Consultado em 4 de maio de 2013
- ↑ Como em Nova Gales do Sul (Public Holidays Act 2010)
- ↑ «Confusing Easter Dates». The Liturgical Commission of the Roman Catholic Archdiocese of Brisbane. Consultado em 25 de abril de 2011. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2012
- ↑ Roman Missal, 3rd Edition. [S.l.: s.n.]
- ↑ Kallistos (Ware), Bishop; Mary, Mother (1977). The Lenten Triodion. South Canaan PA: St. Tikhon's Seminary Press (publicado em 2002). p. 63. ISBN 1-878997-51-3. OCLC 189871515
- ↑ Parry, Ken; Melling, David J.; Brady, Dimitri; Griffith, Sidney H.; Healey, John F. (1999). The Blackwell Dictionary of Eastern Christianity. Oxford: Blackwell. p. 390-391. ISBN 0-631-23203-6
Bibliografia
- Parry, Ken; David Melling (editors) (1999). The Blackwell Dictionary of Eastern Christianity. Malden, MA.: Blackwell Publishing. ISBN 0-631-23203-6. OCLC 156905118
Ligações externas
- «Grande e Santo Sábado» (em inglês). Comentário pelo protopresbítero Alexander Schmemann
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