Putin começa "limpeza" das Forças Armadas
Vladimir Putin visitou esta quarta-feira o Daguestão para falar de turismo e sem dizer uma palavra sobre a rebelião do passado sábado. Uma rara aparição pública no dia em que surgiram as primeiras informações de que a limpeza nas Forças Armadas russas já começou.
O general Sergey Surovikin, o primeiro estratega da invasão da Ucrânia, terá sido detido. A notícia é avançada pelo jornal The Moscow Times. De acordo com o antigo diretor da estação de rádio da oposição russa, Alexei Venediktov, Surovikin "não comunica com a família há três dias".
O New York Times revelou que o general Sergey Surovikin, vice-chefe das forças russas na Ucrânia e o único comandante militar que Prigozhin afirmava respeitar, sabia dos planos do Grupo Wagner com antecedência e não os comunicou.
A alegada purga deverá também afetar os pilotos que se terão recusado a atacar as colunas de Wagner que se aproximavam de Moscovo no sábado e os guardas fronteiriços que também não travaram os mercenários na região de Rostov.
Popularidade de Prigozhin em alta
Prigozhin ganhou apoio popular desde que começou a denunciar o "caos" russo na guerra da Ucrânia em áudios e vídeos e a criticar a gestão e a "corrupção" dos "burocratas" da defesa.
Na mira do líder do grupo Wagner esteve particularmente o ministro russo da Defesa. Serviços de informações ocidentais indicam que um dos objetivos dos homens de Prigozhin no passado sábado era raptar Sergei Shoigu.
O líder do grupo Wagner fez nos últimos meses duras críticas a Shoigu, por falta de apoio no terreno. Críticas que aparentemente lhe renderam simpatia da população russa.
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Em abril, Prigozhin entrou pela primeira vez para o top dos dez políticos em que os russos mais confiam.
O Kremlin parece agora apostado em descredibilizar o lider dos mercenários.
Prigozhin tem seis empresas registadas em seu nome. Indiretamente está ligado a vários outros negócios como restaurantes e hotéis, que pertencem à sua família.
Putin "está a tentar retratar o financiador do Grupo Wagner como corrupto e mentiroso, a fim de destruir a sua reputação entre os funcionários da Wagner e na sociedade russa", adianta o Instituto para o Estudo da Guerra.
Presidente russo "fragilizado"
O presidente da Rússia tenta contrariar a opinião generalizada na comunidade internacional de que a revolta do Grupo Wagner o enfraqueceu.
Nas palavras do chanceler alemão, "o que agora se tornou claro é que os exércitos privados são sempre ameaçadores, mesmo para os países que os mantêm. A Rússia sentiu isso agora".
Olaf Scholz considera que Putin foi enfraquecido pela rebelião de sábado que mostrou que "as estruturas autocráticas, as estruturas de poder têm fissuras". Em declarações ao canal público alemão ARD, Scholz reconheceu que a agência alemã de informação externa foi surpreendida pela rebelião.
O presidente dos EUA, Joe Biden, não tem dúvidas de que a agitação enfraqueceu Putin, embora tenha acrescentado que é "difícil dizer" até que ponto.
"Ele está claramente a perder a guerra na Ucrânia", disse Biden sobre Putin.
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