quinta-feira, 30 de março de 2023

1ª TRAVESSIA AÉRA DO ATLÂNTICO SUL POR GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL - (1922) - 30 DE MARÇO DE 2023

 


Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.) a bordo do "Lusitânia", 1922
Rota da primeira travessia aérea do Atlântico Sul
Hidroavião Fairey F III-D nº 17 "Santa Cruz" (Museu de Marinha de Lisboa)
Homenagem à travessia: réplica em aço do "Santa Cruz" (Belém, Lisboa)
Monumento de Cutileiro na cidade do Mindeloilha de São VicenteCabo Verde.

primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.

História

A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7h00 (hora GMT) de 30 de março de 1922,[1] empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época.[1]

A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível.

No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18.[1] O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1 700 quilômetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho.[2]

Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e revisado, a 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região.[2]

Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz. Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em SalvadorPorto SeguroVitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de junho de 1922 amarou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.

Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amerisaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.

Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias, o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8 383 quilómetros. A viagem serviu de inspiração para os raides posteriores de Sarmento de BeiresJoão Ribeiro de Barros e de Charles Lindbergh, todas em 1927.

Características do Santa Cruz

  • Material: madeira, revestida em tela
  • Comprimento: 10,92 metros
  • Envergadura: 14,05 metros
  • Altura: 3,70 metros
  • Peso vazio: 1 800 quilogramas
  • Peso equipado: 2 500 quilogramas
  • Velocidade de cruzeiro: 115 quilómetros/hora

Ver também

Referências

Bibliografia

  • Revista Tecnologia e Defesa, nº 11, ano 2, 1984.
  • PINTO, Rui Miguel da Costa, ”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009
  • PINTO, Rui Miguel da Costa, Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009
  • PINTO, Rui Miguel da Costa, Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo, Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009

Ligações externas

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