Um ano de guerra na Ucrânia. China apela a cessar-fogo e negociações
O plano, divulgado pelo Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia, medidas para garantir a segurança das instalações nucleares, o estabelecimento de corredores humanitários para a evacuação de civis e ações para garantir a exportação de cereais, depois de interrupções no fornecimento terem causado o aumento dos preços a nível mundial.
O primeiro ponto destacou a importância de "respeitar a soberania de todos os países", numa referência à Ucrânia.
"O Direito internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente observado", lê-se na proposta difundida pela diplomacia chinesa.
"A soberania, independência e integridade territorial de todos os países devem ser efetivamente preservadas", apontou.
A China afirmou ser neutra no conflito, mas mantém uma relação "sem limites" com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim acusou o Ocidente de provocar o conflito e "alimentar as chamas" ao fornecer à Ucrânia armas defensivas. Fim da "mentalidade da Guerra Fria"
O Governo chinês apelou também ao fim da "mentalidade da Guerra Fria" - um termo frequentemente usado por Pequim para criticar a política externa dos Estados unidos.
"A segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares", afirma no documento, numa critica implícita ao alargamento da NATO.
"Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente", sublinha.
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Pequim defendeu que todas as partes devem contribuir para "forjar uma arquitetura de segurança europeia equilibrada, eficaz e sustentável" e garantiu que "está disposta a desempenhar um papel construtivo", mas apontou que "problemas complexos não têm soluções simples". Kiev fala num "bom sinal" mas pede mais
A Ucrânia já reagiu ao plano chinês para a paz, considerando-o “um bom sinal”, mas instou a China a fazer mais.
“A China deve fazer tudo o que está ao seu alcance para parar a guerra e restaurar a paz na Ucrânia, devendo também apelar à Rússia que retire as suas tropas”, declarou a responsável chinesa dos Assuntos da Ucrânia, Zhanna Leshchynska, num briefing em Pequim.
“Numa posição de neutralidade, a China deveria conversar com ambos os lados - Rússia e Ucrânia -, e neste momento podemos verificar que não está a falar com a Ucrânia”, frisou, acrescentando que Kiev não foi consultada antes da divulgação da proposta de 12 pontos.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na quinta-feira não ter tido acesso ao plano de paz chinês, mas realçou que gostaria de receber uma reunião entre Kiev e Pequim.
"Gostaríamos de nos encontrar com a China", assegurou durante uma conferência de imprensa em Kiev com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez. Ex-presidente prevê recuo das fronteiras russas
Do lado da Rússia, o ex-presidente Dmitry Medvedev considerou esta sexta-feira que a única maneira de Moscovo poder eventualmente garantir uma paz duradoura com o país vizinho é recuar as suas próprias fronteiras o máximo possível.
Medvedev, que é atualmente vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, previu numa mensagem divulgada em redes sociais que a “operação militar especial” de Moscovo terminará com a vitória russa e algum tipo de acordo vago.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também já reagiu à proposta chinesa, considerando que Pequim "partilhou princípios, não um plano de paz para a Ucrânia".
"A China já tomou o lado da Rússia, temos de olhar para os seus princípios sob essa perspetiva", defendeu.
Na quinta-feira, a China absteve-se quando a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução não vinculativa a pedir que a Rússia encerre as hostilidades na Ucrânia e retire as suas forças. A China é um dos 16 países que votaram contra ou abstiveram-se em quase todas as cinco resoluções anteriores sobre a Ucrânia.
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