quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

ASSASSINIO DO REI DOM CARLOS I E DO FILHO LUÍS FILIPE - 1908 - 1 DE FEVEREIRO DE 2023

 

Luís Filipe, Príncipe Real de Portugal

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Luís Filipe
Príncipe Real de Portugal
Príncipe Real de Portugal
Reinado19 de outubro de 1889
1 de fevereiro de 1908
Antecessor(a)Carlos I
Sucessor(a)Afonso, Duque do Porto
 
Nascimento21 de março de 1887
 Palácio de BelémLisboaPortugal
Morte1 de fevereiro de 1908 (20 anos)
 Terreiro do Paço, Lisboa, Portugal
Sepultado emPanteão da Dinastia de BragançaMosteiro de São Vicente de ForaLisboa
Nome completo 
Luís Filipe Maria Carlos Amélio Fernando Victor Manuel António Lourenço Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Bento
CasaBragança
PaiCarlos I de Portugal
MãeAmélia de Orléans
ReligiãoCatolicismo
AssinaturaAssinatura de Luís Filipe

Luís Filipe de Bragança (Lisboa21 de março de 1887 – Lisboa, 1 de fevereiro de 1908), foi o Príncipe Real e herdeiro aparente do Reino de Portugal de 1889 até ao seu assassinato. Filho mais velho do rei Carlos I de Portugal e de sua esposa, a princesa Amélia de Orléans, foi Príncipe da Beira antes da subida de seu pai ao trono, e Duque de Bragança após.

Início de vida

Luís Filipe em 1890

Filho primogénito de SAR os Duques de Bragança, D. Carlos de Bragança e D. Amélia de Orleães. Os títulos que lhe foram atribuídos aquando do seu nascimento foram Príncipe da Beira e Duque de Barcelos.

Nasceu às 21 horas do dia 21 de março de 1887 no Palácio de Belém, em Lisboa. Nasceu como príncipe da Beira. Os seus padrinhos foram o seu avô paterno, o Rei D. Luís I e a sua avó materna, a Condessa de Paris. O seu batizado decorreu a 14 de abril de 1887 na Capela do Palácio de Belém pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Sebastião Neto.

Foi entregue à responsabilidade da ama Carlota de Campos e da Dama D. Isabel Saldanha de Gama da Casa da Ponte. Na sua infância, D. Luís Filipe correu perigo de vida quando, em dezembro de 1888, um incêndio ocorreu nos aposentos do príncipe no Paço Ducal de Vila Viçosa. As chamas só atingiram o berço do príncipe mas teve consequências que foi o parto prematuro da Duquesa de Bragança, D. Amélia, que se encontrava grávida e nasceu uma menina a que foi posta o nome de Infanta D.Maria Ana de Bragança.

Infância

No dia 19 de outubro de 1889, morre na Cidadela de Cascais, o Rei D. Luís I e D. Carlos torna-se o novo Rei de Portugal e o príncipe passa a ser o herdeiro da coroa portuguesa e com isso passa a ter o título de Príncipe Real de Portugal. Como herdeiro do trono, D. Luís Filipe tinha ainda o título de Duque de Bragança, usufruindo dos rendimentos dessa grande dinastia, último morgadio que no seu tempo era ainda, legalmente, permitido em Portugal. Nesse mesmo ano, a 15 de novembro, nasce o príncipe D. Manuel de BragançaDuque de Beja e assim completa-se a Família Real.

Os dois príncipes têm uma infância feliz e calma, sob a supervisão de uma mãe extremosa, da dama de companhia e da aia Calita. As suas convivências fazem-se, por vontade da Rainha D. Amélia com filhos descendentes das famílias nobres do país como os Abrantes, os Sabugosa, os Figueirós, os Castro Pereira, etc...

Teve uma esmerada educação, o que fez com que o Príncipe tivesse elevadas qualidades tais como a cordialidade, a amabilidade e a bondade para com o semelhante. Sobre este tema, uma vez quando o príncipe tinha 5 anos de idade, uma mulher humilde aproximou-se dele e ajoelhou-se a seus pés, beijando-lhe as mãos e seguidamente, D. Luís Filipe respondeu: " Levante-se, eu não sou Deus!"

Foi um irmão afetuoso para D. Manuel tendo feito, muitas vezes, suas as culpas que eram do Infante. O seu pai, El-Rei D. Carlos, transmitiu-lhe o talento pela pintura e o gosto pela caça.

Tal como o seu pai, foi um amante de fotografia, encontrando-se colaboração fotográfica da sua autoria no Boletim Fotográfico (1900-1914).

A Educação

Os príncipes tiveram os seguintes preceptores: Garcia Guerreiro (história e geografia), Oliveira Ramos (literatura portuguesa), Kerauch (literatura, geografia, e história alemã), Lopes Graça (filosofia e direito), Marques Leitão (matemática) e o tenente-coronel José de Castro (balística, táctica e topografia). O regime de educação era rigoroso: acordavam às 6 horas da manhã. Faziam a higiene, tomavam o pequeno-almoço e estudavam até ao meio-dia, almoçavam e tinham aulas até às 15 horas, hora a que iam dar um passeio até ao lanche. As aulas eram retomadas às 17h30 até às 19h30, hora a que iam jantar.

Do programa da sua aprendizagem, constava a realização de provas públicas, pois os seus exames eram feitos perante a corte. Uma outra componente da educação dos príncipes era a equitação.

Aos 13 anos, El-Rei D. Carlos entrega a educação do herdeiro da coroa ao herói das campanhas de África, Mouzinho de Albuquerque, o que faz com que a sua instrução seja essencialmente de teor militar. Começa a realizar, sob supervisão do seu aio, viagens pelo Reino e visita terras como o PortoPenafielBragaViana do Castelo e quase toda a região norte de Portugal. Mouzinho de Albuquerque suicida-se em 1902 e o coronel Francisco da Costa é o novo aio do príncipe Real.

"O sentimento patriótico tão caraterístico no Príncipe Real, o seu espírito eminentemente culto fizeram-no entrar admiravelmente na realização dessa ideia que o alto senso político d´El-Rei D. Carlos imediatamente aprovara. Da forte personalidade do Príncipe Real emanava um singular atracção: a amenidade do trato e a seriedade do carácter, a alegre comunicabilidade da sua mocidade eram outros tantos elementos da simpatia que despertava." - António Carlos Coelho V.B. Vasconcellos Porto, Ministro da Guerra D’El-Rei D. Carlos I no Ministério de João Franco (1908) in ‘A Marcha Para O Renascimento – El-Rei D. Carlos e o seu Reinado’

As Funções Oficiais

Príncipe Real, desde a sua adolescência, foi integrado gradualmente nas funções oficiais e participou nas visitas oficiais de chefes de estado estrangeiros como Eduardo VII em abril de 1902 ou a do presidente francês Émile Loubet. Também, o herdeiro da coroa viajou várias vezes para o estrangeiro, nomeadamente representar o Rei português, em Westminster, na Coroação do primo Eduardo VII, em Junho de 1902. Aí em Londres foi investido como Cavaleiro da Ordem da Jarreteira, o penúltimo português a ter essa honra – o último seria o irmão El-Rei Dom Manuel II.

Em 1902 acompanhado pela mãe e irmão cruza o Mediterrâneo num prolongado cruzeiro.

Quando SS.MM. os Reis se deslocaram a Paris, entre 20 de novembro e 20 de dezembro de 1905, e também a Madrid, entre 11 e 16 de março, coube a Dom Luís Filipe assumir a regência do Reino, funções que cumpriu com grande presteza e competência facto pelo qual lhe foram tecidos enormes elogios.

Dom Luís Filipe viajou, também, foi para Madrid, ainda nesse ano, para assistir ao casamento do primo o Rei Afonso XIII, com a princesa Victória de Battenberg, onde escapou a um atentado à bomba perpetrado por um anarquista, contra o monarca espanhol.

Nos termos do art.º 112.º da Carta Constitucional em 13 de abril de 1906 – Constituição que havia jurado em 1901-, o Príncipe Real tomou assento no Conselho de Estado, a posse de um lugar que era seu por inerência aos 18 anos.

Viagem às Colónias Africanas[1]

A viagem do Príncipe Real às colónias portuguesas em África foi o marco político de maior importância do príncipe Real, porque foi a primeira vez que um príncipe português desde D. João VI, visitou os domínios ultramarinos. Embarcou a 1 de julho de 1907 e visitou S. Tomé e PríncipeAngolaMoçambique, e ainda as colónias inglesas da Rodésia e da África do Sul, quando regressava passou por Cabo Verde.

Com ele, seguiu uma pequena comitiva e o herdeiro da coroa e o Príncipe foi aclamado por todos os lugares em que passou.

Em S. Tomé deliciou-se com a vegetação tropical e foi recebido numa colónia engalanada e em festa. Em Angola os Sobas, na sua Presença, e perante expressivos arranjos musicais dos instrumentos locais, prestaram-lhe as sentidas homenagens e juraram-lhe fidelidade. Depois, em Lourenço Marques, foi recebido, a 29 de julho, com vivas ao Príncipe e à Pátria Portuguesa e desfilou nas ruas por entre arcos enfeitados a rigor e perante uma entusiástica população que aplaudia o seu Príncipe Real. Depois foi à Rodésia e por fim à África do Sul, onde teve um acolhimento singular da comunidade local que lhe rendeu diversas homenagens. Depois do Cabo regressou a Angola e no regresso a Portugal passou por Cabo Verde. Chegou a Portugal em 27 de Setembro de 1907, onde encontrou uma Nação em efervescência política.

Em todos os locais que visitou causou Dom Luís Filipe de Bragança a mais distinta impressão, facto pelo qual já na metrópole foi elogiado pelo seu desempenho pelo Rei, seu pai, e pelo Conselho.

Nessa altura, o príncipe real apaixonou-se por uma jovem que se chamava Margarida, filha de Barões, mas esse amor não podia ser algo mais comprometido, pois o herdeiro da coroa devia casar-se com alguém que tenha sangue real.

O Príncipe Real e o Exército[1]

Dom Luís Filipe, 5.º Príncipe Real de Portugal e 22.º Duque de Bragança assentou praça com tenra idade e El-Rei Dom Carlos I foi-lhe atribuindo, em crescendo de importância e responsabilidade, diversos postos do exército como o de Comandante honorário do Colégio Militar e o posto de oficial às ordens do Rei – que desempenhou até ao último sopro de vida quando, segundo o irmão D. Manuel II: ‘morreu como um herói ao lado do seu rei!’

Sua Alteza Real o Príncipe Real O Senhor Dom Luís de Bragança ocupou o posto de alferes em 1902tenente em 1906capitão em 1907, e prestou serviço na Infantaria n.º 18, nos Regimentos de Cavalaria nº 2 e n.º 8, assim como na Cavalaria Pesada como tenente Porta-Estandarte no mítico Esquadrão de Lanceiros n.º 2 da Rainha, cujo famoso elmo – a Cazspka – dignificou.

O Príncipe Real em Lourenço Marques durante a sua viagem aos domínios ultramarinos portugueses em África, 1907

O regicídio

Ver artigo principal: Regicídio de 1908
Representação do Regicídio (a rainha D. Amélia tenta salvar o marido e os filhos).

Príncipe Real estava com seu pai no dia 1 de fevereiro de 1908, quando o Rei foi baleado pelas costas, na nuca, e morreu assassinado por alguns elementos da Carbonária. O assassinato foi cometido quando a Família Real Portuguesa, os reis e o príncipe, regressada de Vila Viçosa, passava de carruagem pelo Terreiro do Paço, em Lisboa, à esquina da Rua do Arsenal. Ao tentar defender a sua família D. Luís Filipe de Bragança conseguiu ainda abater um dos assassinos, sendo no entanto atingido mortalmente a tiro, sobrevivendo a seu pai por pouco tempo. Se a lei da ascensão automática ao trono tivesse sido prevista na lei, Luís Filipe teria sido um dos monarcas com um dos reinados mais curtos da história, que durou apenas vinte minutos. Apenas escapou ilesa ao atentado a Rainha D. Amélia de Orleães, sendo ferido no braço o Infante D. ManuelDuque de Beja, que assim subiu ao trono como D. Manuel II, e que viria a ser o último Rei de Portugal.

Príncipe Real, tal como seu pai, desfrutava de grande prestígio no Exército, e, sabendo das ameaças de morte a D. Carlos, andava sempre armado de revólver, para o defender quando fosse preciso, jurando sempre que o matariam primeiro a ele antes que ele deixasse matar o seu pai e seu Rei. E de facto, os relatos dizem que antes de morrer ainda atirou a um dos regicidas, atingindo-o ou matando-o mesmo, com o seu revólver Winchester. O Regicídio abriu caminho para a implantação revolucionária da República. Pode existir alguma linhagem ilegítima já que como seu irmão tinha uma vida muito discreta.

Encontra-se sepultado junto de seu pai no Panteão Real da Dinastia de Bragança no Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa.


Cultura popular

Títulos, estilos, honras e brasão

Títulos e estilos

  • 21 de março de 1887 – 19 de outubro de 1889: "Sua Alteza Real, o Príncipe da Beira"
  • 19 de outubro de 1889 – 1 de fevereiro de 1908: "Sua Alteza Real, o Príncipe Real de Portugal"

Honras


Brasão

Como herdeiro do trono, Luís Filipe usava o mesmo brasão de seu pai; diferenciado por um Label dourado de três pontas.

Blason Louis-Philippe de Portugal (1887 † 1908).svg
Coat of Arms of Luís Filipe, Prince Royal of Portugal (Order of the Golden Fleece Variant).svg
Brasão de Luís Filipe como Cavaleiro da
Ordem da Jarreteira
Brasão de Luís Filipe como Cavaleiro da
Ordem do Tosão de Ouro

Ancestrais

Referências

  1. ↑ Ir para:a b plataformacidadaniamonarquica (5 de junho de 2013). «Dom Luís Filipe. O Príncipe Real». Consultado em 19 de julho de 2020
  2.  "Toison Espagnole (Spanish Fleece) - 19th century" (in French), Chevaliers de la Toison D'or. Retrieved 2018-08-09.
  3.  London Gazette, 27454. Page 4509, 15 July 1902
  4.  «Banda das Três Ordens»monarquiaportuguesa.blogs.sapo.pt. Consultado em 11 de novembro de 2020

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Luís Filipe, Príncipe Real de Portugal


Luís Filipe, Príncipe Real de Portugal
Casa de Bragança
21 de março de 1887 – 1 de fevereiro de 1908
Precedido por
Carlos I
Coat of Arms of the Prince of Portugal (1481-1910).png
Príncipe Real de Portugal
19 de outubro de 1889 – 1 de fevereiro de 1908
Precedido por
Afonso
Duchy of Braganza (1640-1910).png
Duque de Bragança
19 de outubro de 1889 – 1 de fevereiro de 1908
Precedido por
Duarte Nuno


Carlos I de Portugal

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Para outros monarcas de mesmo nome, veja Carlos I.
Carlos I
Rei de Portugal e dos Algarves
Reinado19 de outubro de 1889
1 de fevereiro de 1908
Aclamação28 de dezembro de 1889
Antecessor(a)Luís I
Sucessor(a)Manuel II
Duque de Bragança
PredecessorPedro V de Portugal
SucessorLuís Filipe, Príncipe Real de Portugal
 
Nascimento28 de setembro de 1863
 Palácio Nacional da AjudaLisboaPortugal
Morte1 de fevereiro de 1908 (44 anos)
 Praça do ComércioLisboaPortugal
Sepultado emPanteão da Dinastia de BragançaIgreja de São Vicente de ForaLisboaPortugal
Nome completo 
Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão[1]
EsposaAmélia de Orleães
DescendênciaLuís Filipe, Príncipe Real
Maria Ana de Portugal
Manuel II de Portugal
CasaBragança
PaiLuís I de Portugal
MãeMaria Pia de Saboia
ReligiãoCatolicismo
AssinaturaAssinatura de Carlos I
Brasão

Carlos I (Lisboa28 de setembro de 1863 – Lisboa, 1 de fevereiro de 1908), apelidado "o Diplomata", foi Rei de Portugal e Algarves de 1889 até ao seu assassinato. Era o filho mais velho do rei Luís I de Portugal, e de sua esposa, a princesa Maria Pia de Saboia.[2]

Nascido em Lisboa, foi cognominado "o Diplomata" (devido às múltiplas visitas que fez a MadridParis e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de EspanhaEduardo VII do Reino Unido, do imperador Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), "o Martirizado" e "o Mártir" (em virtude de ter morrido assassinado), ou "O Oceanógrafo" (pela sua paixão pela oceanografia,[3][4][5] partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco).

Infância e educação

O baptismo de D. Carlos pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, pintura do acervo do Palácio Nacional da Ajuda.

Carlos nasceu na qualidade de príncipe herdeiro da coroa, pelo que recebeu desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real e Duque de Bragança. Na verdade o seu nascimento significou um verdadeiro alívio para a sucessão dinástica constitucional portuguesa (depois da morte de três filhos varões de Maria II), afastando-se assim as pretensões do ramo miguelista. O Príncipe recebeu desde muito cedo a cuidada educação reservada aos sucessores reais, incluindo o estudo de várias línguas estrangeiras. Ainda jovem viajou por várias cortes europeias (Grã-Bretanha e IrlandaAlemanhaÁustria-Hungria, etc.). Foi numa dessas deslocações que conheceu a princesa francesa Amélia de Orleães, filha primogénita do Conde de Paris (pretendente ao trono de França). Após um curto noivado veio a desposar a princesa, em Lisboa, na Igreja de São Domingos, em 22 de Maio de 1886. Ainda como herdeiro do trono esteve ligado ao grupo Vencidos da Vida e ao movimento da Vida Nova, personificando uma certa esperança de renovação cultural e social.

Reinado

Crise do ultimato

Cerimónia de aclamação de El-Rei D. Carlos.

Carlos I subiu ao trono em 19 de outubro de 1889, por morte de seu pai. Sua aclamação como Rei de Portugal ocorreu em 28 de dezembro de 1889 e teve a presença de seu tio-avô Pedro II, Imperador do Brasil, exilado desde o dia 6 do mesmo mês.

Carlos foi um homem considerado pelos contemporâneos como bastante inteligente mas dado a extravagâncias. O seu reinado foi caracterizado por constantes crises políticas e consequente insatisfação popular. Logo no início do seu governo, o Reino Unido apresentou a Portugal o Ultimato britânico de 1890, que intimidava a Portugal (movido pelo seu desejo expansionista, materializado no Mapa cor-de-rosa) a desocupar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique num curto espaço de tempo, caso contrário seria declarada a guerra entre os dois países. Como Portugal se encontrava na bancarrota, tal movimentação foi impossível e assim se perderam importantes áreas. A propaganda republicana aproveitou o momento de grande emoção nacional para responsabilizar a coroa pelos desaires no ultramar. Estalou então a revolta republicana de 31 de janeiro de 1891, no Porto, que apesar de sufocada mostrou que as ideias republicanas avançavam com alguma intensidade nos tecidos operários e urbanos.

"O Diplomata"

Retrato do Rei D. Carlos com o uniforme de Grão Mestre da Ordem de Santiago

Apesar da grave crise que Carlos enfrentou no início do seu reinado face à Inglaterra, então a maior potência mundial, o rei soube inverter a situação e, graças ao seu notável talento diplomático conseguiu colocar Portugal no centro da diplomacia europeia da primeira década do século XX. Para isso contribuiu também o facto de Carlos ser aparentado com as principais casas reinantes europeias. Deslocou-se inúmeras vezes ao estrangeiro, representando inclusivamente Portugal nas exéquias da rainha Vitória, em 1901. Uma prova do seu sucesso foi o facto da primeira visita que Eduardo VII do Reino Unido fez ao estrangeiro (como monarca) ter sido a Portugal, onde foi recebido com toda a pompa e circunstância, em 1903.

Nos anos seguintes, Carlos recebeu em Lisboa as visitas de Afonso XIII, o jovem monarca espanhol, da rainha Alexandra (esposa de Eduardo VII), de Guilherme II da Alemanha e, em 1905, do Presidente da República Francesa, Émile Loubet. Todas estas visitas deram algum colorido à corte de Lisboa, porém a visita do presidente francês seria marcada por entusiastas manifestações dos republicanos. Carlos e Amélia visitaram também, nesses anos de ouro da diplomacia portuguesa EspanhaFrança e Inglaterra, onde foram entusiasticamente recebidos em 1904. Em 1908, estava ainda prevista uma memorável visita ao Brasil (para comemorar o centenário da abertura dos portos brasileiros pelo seu bisavô D.João VI), e que não veio a acontecer devido aos trágicos acontecimentos desse ano.

Rei constitucional e situação política

Pintura equestre do rei D. Carlos I de Portugal

De facto, durante todo o reinado de Carlos, o país encontrou-se a braços com crises políticas e económicas, que se estenderam ao ultramar. Essas crises decorriam do envelhecimento do sistema conhecido como Rotativismo, pelo qual os dois principais partidos, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, se alternavam no poder. Esta mecânica era possível não só pela atribuição de poderes pela Constituição, como pelo sistema eleitoral. De facto, quando um ministério cessava funções, cabia ao rei designar outro, o que este fazia dissolvendo o parlamento, marcando novas eleições e chamando para formar novo governo o partido que havia estado na oposição. Este não tinha outra função enquanto o novo parlamento fosse eleito, que não fosse precisamente o de organizar essas eleições. Naturalmente, dado o limitado corpo eleitoral (cidadãos masculinos, alfabetizados com rendimentos acima de certo valor), o partido no governo não falhava, mediante promessas e combinações com os dignitários locais, em conseguir a vitória eleitoral. Esta influência notava-se menos nos dois grandes centros urbanos, onde os partidos minoritários – o Partido Republicano Português e o Partido Socialista Português – conseguiam ter alguma expressão (sobretudo o primeiro), mas nunca de molde a ameaçar o resultado. Ao longo de todo o período do Rotativismo, nunca o partido no poder na altura das eleições falhou em garantir uma maioria no parlamento, o que quer dizer que o rei era o único garante da rotatividade, de quem se esperava, uma vez o governo fora de funções, que chamasse os do partido oposto para governar.

O sistema tinha os seus vícios, pois de cada vez que um partido assumia os cargos políticos no ministério, os membros do partido cessante assumiam as funções administrativas não governamentais, como por exemplo a presidência do Crédito Predial, etc. Assim se garantia que os membros de ambos os partidos tinham sempre cargos estatais, o que não era de molde a incentivar uma séria fiscalização governamental.

D. Carlos I, rei de Portugal.
D. Carlos I, rei de Portugal.

Apesar disto, o sistema, de inspiração britânica, teve o seu período áureo entre 1878 e 1890, dando ao país a estabilidade que lhe faltara nas décadas anteriores. Por volta de 1890, no entanto, começou a dar mostras de desgaste, agravado pelas crises financeiras, provocadas quer pelo maciço investimento nas obras publicas feito durante o Fontismo, quer pelo investimento militar levado a cabo em África para cumprimento do princípio de ocupação efetiva decidido na Conferência de Berlim em 1889. A esta situação se juntavam os escândalos financeiros (como a Questão dos adiantamentos) com que a propaganda republicana aproveitou para atacar o sistema, e com que a oposição atacava o governo.

A falta dos líderes carismáticos das décadas anteriores também pode ter tido influência no desagregar dos partidos tradicionais. Em 1901, dá-se a primeira cisão, com a formação do Partido Regenerador Liberal, liderado por João Franco, a partir de um número de deputados do Partido Regenerador. Para agravar a situação, dá-se em 1905 uma segunda dissidência, desta vez a partir do Partido Progressista, quando José Maria Alpoim entra em rutura com o seu partido e funda a Dissidência Progressista. Ao contrário do movimento de João Franco, esta nova cisão parece ter sido motivada apenas pelas ambições pessoais do seu líder, e a dissidência progressista vai acabar por juntar-se a movimentos conspirativos com o Partido Republicano. Antes disto, no entanto, esta cisão vai acirrar os ânimos entre os partido tradicionais, já que aquando da ação de Franco em 1901, o Partido Progressista não se aproveitou dessa fraqueza do seu rival, mas agora o Partido Regenerador alia-se inicialmente aos Dissidentes. Isto foi considerado uma traição pelo líder Progressista, José Luciano de Castro, que prometeu vingar-se do seu rival Regenerador Hintze Ribeiro.

Franquismo

Era esta a situação quando, após a queda de mais um governo de Hintze Ribeiro, o rei decide chamar para formar governo o regenerador liberal João Franco. Este teve o imediato apoio dos progressistas, com quem fez um governo de coligação (a chamada concentração-liberal). Estava consumada a vingança dos progressistas. João Franco afirma querer governar à inglesa (19 de maio de 1906), prometendo o aprofundamento da democracia. Liquidada a questão dos tabacos, com o novo contrato dos tabacos de Outubro de 1906, João Franco dedicou-se à implantação das suas reformas, apresentando ao parlamento as da contabilidade pública, da responsabilidade ministerial, da liberdade de imprensa e da repressão anarquista.

Face à greve académica de 1907 na Universidade de Coimbra e à crescente agitação social, o apoio parlamentar dos progressistas é retirado e os ministros progressistas demitem-se: temiam que João Franco fortalecesse o seu partido à custa do deles e contavam ser chamados para formar governo assim que Franco caísse. Enganavam-se pois Carlos tomou uma atitude diferente do que se esperava, apoiando firmemente João Franco.

Este, afrontado pelos constantes ataques provenientes da Câmara dos Deputados solicitou ao rei que dissolvesse o parlamento, adiando por algum tempo as novas eleições, ao que Carlos acedeu, e João Franco passa a governar à turca (2 de maio de 1907).

Ao proceder deste modo o rei não estava a ir contra a letra da Lei, dado que fazia parte das suas funções, mas contra o espírito da lei, pelo menos da maneira como era interpretada pelos políticos tradicionais, que viam assim ameaçado o seu monopólio político.

A oposição (não só a republicana, mas também os monárquicos opositores de Franco) lançou então uma forte campanha antigoverno, envolvendo também o próprio rei, alegando que se estava em ditadura. Tratava-se de facto de uma ditadura administrativa, visto que se governava sem o concurso do parlamento, no entanto, não se tratava de uma ditadura institucionalizada, como veio a ser posteriormente a II República, antes uma medida de exceção, visando criar as condições que permitissem ao partido no governo ganhar as eleições seguintes.

O apoio dado por Carlos a João Franco, assim como a manutenção da ditadura, não eram inteiramente apoiados pelos seus mais próximos. A rainha mãe, Maria Pia, a rainha Amélia, o príncipe real e o seu irmão Afonso, eram contra este papel do rei nos assuntos públicos. Já o seu secretário particular, o conde de Arnoso, bem como Mouzinho de Albuquerque, e o Dr. Tomás de Melo Breyner eram defensores de João Franco. Por mais controverso que tenha sido este caminho, visava um objetivo preciso, que é bem visível na carta de Carlos ao seu amigo, o príncipe Alberto do Mónaco escrita em Fevereiro de 1907:

Na mesma carta, o rei dá conta dos seus medos, que acabariam por concretizar-se depois da sua morte: "Até ao momento, tenho tido sucesso, e tudo vai bem, até melhor do que eu julgava possível. Mas para isso, preciso de estar constantemente na passerelle e não posso abandonar o comando um minuto que seja, porque conheço o meu mundo e se o espírito de sequência se perdesse por falta de direção, tudo viria imediatamente para trás, e então seria pior do que ao princípio."[6]

Contra o conselho de Carlos ("não se apaga fogo lançando-lhe lenha."), João Franco reaviva a questão dos adiantamentos (as dívidas da casa Real ao Estado), que antes dissera ter que ser resolvida no Parlamento, mas que agora o faz sem ele. Especula-se (Rui Ramos), que visava prender o apoio do rei, dado que este já havia recusado antes dar a ditadura a Hintze ou a José Luciano, e não podia ter certeza do contínuo apoio do monarca, do qual dependia inteiramente a sua posição.

É neste contexto de crescente oposição que se dá o episódio da entrevista ao jornal francês Le Temps, que veio acirrar ainda mais os ânimos e a contestação direta ao rei. Nesta entrevista dada por D. Carlos ao jornalista francês Joseph Gaultier, o monarca reitera o seu apoio a João Franco, dizendo que esperou pela opção da ditadura até achar alguém com carácter.

O efeito desta entrevista, que supostamente visava tranquilizar as praças financeiras acerca da estabilidade do país, teve um efeito muito negativo. A tradução do termo "caráter", dita em francês no original, como possuidor de coragem e firmeza, foi vista no sentido português, implicando falta de carácter aos outros políticos. Também outros termos, como "Teremos eleições, teremos seguramente a maioria", implicava uma falta de distanciamento face a um partido que ia contra o papel do monarca. A entrevista havia tido lugar por insistência de João Franco, mesmo com a oposição de outros franquistas (Vasconcelos Porto e Luciano Monteiro), de forma a cimentar a sua posição, mas teve um efeito contrário na oposição.

Apesar da oposição, o partido regenerador-Liberal de João Franco consegue tecer a véu de compromissos necessários com os círculos eleitorais de forma a garantir a esperada maioria, e são marcadas eleições para o parlamento, o que poria fim à ditadura administrativa. É neste contexto de regresso a uma normalidade e estabilidade parlamentares, que republicanos e dissidentes progressistas se decidem a agir pela força, levando a cabo uma tentativa de golpe de estado (28 de janeiro de 1908).

Regicídio

Ver artigo principal: Regicídio de 1908
O Regicídio.

Como era habitual no início de cada ano, Carlos partiu com toda a família para Vila Viçosa, a morada ancestral dos Bragança e o seu palácio preferido. Aí reuniu pela última vez os seus amigos íntimos (raramente levava convidados oficiais para a vila alentejana), promovendo as suas célebres caçadas. É nesta altura que tem lugar a tentativa de golpe de Estado já citada, que é gorada por pronta ação do governo, baseado na inconfidência de um conjurado, que tentou aliciar um polícia seu conhecido, com o resultado de que este foi dar parte do sucedido aos seus superiores.

São imediatamente presos, além do comerciante, António José de Almeida, o dirigente Carbonário Luz Almeida, o jornalista João ChagasFrança Borges, João Pinto dos Santos, e Álvaro Poppe. Afastados estes, a liderança do movimento recai sobre Afonso Costa, mas este também é apanhado, junto com outros conspiradores, entre eles Francisco Correia de Herédia, 1.º Visconde da Ribeira Brava, e o Dr. Egas Moniz, de armas na mão, no Elevador da Biblioteca, de onde contavam chegar à Câmara Municipal. José Maria de Alpoim consegue fugir para Espanha, enquanto alguns grupos de civis armados, desconhecedores do falhanço, ainda fizeram tumultos pela cidade.

João Franco decidiu ir mais longe e preparou um decreto prevendo o exílio para o estrangeiro ou a expulsão para as colónias, sem julgamento, de indivíduos que fossem pronunciados em tribunal por atentado à ordem pública,[7] o que se aplicaria aos revoltosos republicanos. O rei assinou o decreto ainda em Vila Viçosa, e conta-se que, ao assiná-lo, declarou: "Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram."

1 de fevereiro de 1908, a família real regressou a Lisboa depois de uma temporada no Palácio Ducal de Vila Viçosa. Viajaram de comboio até ao Barreiro, onde apanharam um vapor para o Terreiro do Paço. Esperavam-nos o governo e vários dignitários da corte. Após os cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direção ao Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para saudar o rei. O rei D. Carlos I, que morreu imediatamente, após ter sido alvejado. O príncipe herdeiro D. Luís Filipe de Bragança foi ferido mortalmente e o infante Manuel ferido num braço. Os autores do atentado foram Alfredo Costa e Manuel Buíça, e foram considerados à época os únicos, embora a historiografia recente reconheça que faziam parte de um grupo cuja ação visando o rei, pelo seu papel de suporte a Franco, já fazia parte integrante do Golpe de estado gorado. Os assassinos foram mortos no local por membros da guarda real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento republicano.

A morte do rei D. Carlos e do príncipe real indignaram toda a Europa, especialmente a Inglaterra, onde o rei Eduardo VII lamentou veementemente a impunidade dos chefes do atentado. Esta impunidade ficou a dever-se à queda de João Franco, responsabilizado pelo ódio ao rei e, mais justamente, pela falta de proteção policial, e pelo rápido retorno ao poder dos partidos tradicionais, tal como o monarca havia previsto na carta ao príncipe do Mónaco. O rei D. Carlos não desconhecia os riscos que corria, mas também não achava que podia fugir deles, como ficou patente no seu desabafo ao seu ajudante de campo, tenente-coronel José Lobo de Vasconcelos, alguns meses antes:

Velório de D. Carlos e D. Luís Filipe, na Igreja de São Vicente de Fora, a 8 de Fevereiro de 1908.

«Tu julgas que eu ignoro o perigo em que ando? No estado de excitação em que se acham os ânimos, qualquer dia matam-me à esquina de uma rua. Mas, que queres tu que eu faça? Se me metesse em casa, se não saísse, provocaria um grande descalabro. Seria a bancarrota. E que ideia fariam de mim os estrangeiros, se vissem o rei impedido de sair? Seria o descrédito. Eu, fazendo o que faço, mostro que há sossego no País e que têm respeito pela minha pessoa. Cumpro o meu dever. Os outros que cumpram o seu.»

E de facto morreu no cumprimento do seu dever, e com ele morreu o que talvez fosse a última tentativa séria de reforma do sistema parlamentar monárquico.

Cientista, lavrador e pintor

O Sobreiro (1905), pintura de Carlos I.

Carlos era um apreciador das tecnologias que começavam a surgir no princípio do século XX. Instalou luz elétrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a eletrificação das ruas de Lisboa. Embora fossem medidas sensatas, contribuíram para a sua impopularidade visto que o povo as encarou como extravagâncias desnecessárias. Foi ainda um amante da fotografia e autor do espólio fotográfico da Família Real. Foi ainda um pintor de talento, com preferências por aguarelas de pássaros que assinava simplesmente como "Carlos Fernando". Esta escolha de tema refletia outra das suas paixões, a ornitologia. Recebeu prémios em vários certames internacionais e realizou ensaios notáveis na área de cerâmica.[8] Também se encontra colaboração fotográfica da sua autoria na revista Boletim Fotográfico[9] existente entre 1900 e 1914.

Para além da ornitologia, era um apaixonado pela oceanografia, tendo adquirido um iate, o Amélia, especificamente para se dedicar a campanhas oceanográficas. Estabeleceu uma profunda amizade com Alberto I, Príncipe do Mónaco, igualmente um apaixonado pela oceanografia e as coisas do mar. Desta relação nasceu o Aquário Vasco da Gama, que pretendia em Portugal desempenhar papel semelhante ao Museu Oceanográfico do Mónaco. Alguns trabalhos oceanográficos realizados por Carlos, ou por ele patrocinados, foram pioneiros na oceanografia mundial. Honrando esta faceta do monarca, a Armada Portuguesa opera atualmente um navio oceanográfico com o nome de D. Carlos I.

Carlos foi também um excelente agricultor, tendo tornado rentáveis as seculares propriedades da Casa de Bragança (património familiar destinado a morgadio dos herdeiros da Coroa), produzindo vinhoazeitecortiça, entre outros produtos, tendo também organizado uma excelente ganadaria e incentivado a preservação dos prestigiados cavalos de Alter.

Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, ao lado do filho que com ele foi assassinado. As urnas com tampas transparentes ficaram aí depositadas durante 25 anos. Só em 1933 é que uma comissão privada abriu uma subscrição nacional que levou à inauguração de dois belos túmulos, concebidos pelo arquiteto Raúl Lino, junto dos quais está uma figura feminina, representando "A Dor", esculpida por Francisco Franco, conjunto esse que ainda hoje pode ser visto.

Descendência

Postal com o Rei, a Rainha e os seus filhos.

Filhos legítimos

Do casamento com D. Amélia de Orleães, Princesa de França (1865-1951):

Bastardos

Alegadamente o rei D. Carlos I teve várias relações extraconjugais, das quais terão nascido alguns bastardos. De uma americana terá tido uma filha.[10] De Grimaneza Viana de Lima, peruana viúva de um diplomata brasileiro que chefiou a delegação do Brasil em Lisboa, terá tido uma filha chamada Maria Pia, nascida antes de 1902. Grimaneza terá sido a última grande paixão do rei.[11] Alegadamente também teve, da brasileira Maria Amélia de Laredó e Murça, uma outra filha bastarda, nascida em 1907 e chamada de Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança (1907-1995).[12][13] Numa das suas visitas ao norte de Portugal o Rei terá tido uma filha bastarda de nome Adriana residente em Vilarinho dos Freires, esta mais tarde teve uma filha com o nome de Maria de Lourdes Ferreira de Morais. O interesse amoroso do Rei cujo deu fruto a este nascimento nunca revelou o seu caso e apenas se referia ao pai da filha como “O Pai da Capital”. Durante a sua vida nunca o rei D. Carlos reconheceu oficialmente a paternidade de qualquer filho bastardo, apesar do próprio se encarregar de alimentar as suspeições sobre a sua prole ilegítima.[14]

Ancestrais

Títulos

Na cultura popular

Televisão

Ver também

Referências

  1.  "Carlos I (D.) 32.° rei de Portugal" in Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico (Volume II), pp. 759
  2.  Manuel Amaral; Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume II, 1904-1915, págs. 759
  3.  «Hidromar Março 2011». Boletim do IH N.o 111, II Série. Março de 2011. Consultado em 21 de Junho de 2012
  4.  «D. Carlos de Bragança, pai da oceanografia portuguesa - Ciência em Portugal - Episódios»cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2022
  5.  Saldanha, Luiz; Ré, Pedro Miguel Alfaia Barcia (1997). One Hundred Years of Portuguese Oceanography: In the Footsteps of King Carlos de Bragança (em inglês). Setúbal: Museu Bocage, Museu Nacional de História Natural. p. 196. 443 páginas
  6. ↑ Ir para:a b Ramos, Rui; "D. Carlos", Lisboa, Temas e Debates, 2007, pp. 306-307
  7.  Ramos, Rui; "Carlos", Círculo de Leitores, 2006, pág. 313, ISBN 972-42-3587-4
  8.  Catálogo "Representações Marinhas na cerâmica Caldense do século XIX (exposição itinerante)". Caldas da Rainha: Ministério da Cultura; Instituto Português de Museus; Museu de Cerâmica, s.d.. ISBN 972-776-048-1
  9.  João Oliveira (31 de Janeiro de 2012). «Ficha histórica: Boletim photographico (1900-1914)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Julho de 2014
  10.  Isabel Lencastre (2012). Bastardos Reais. [S.l.]: Oficina do Livro. pp. 211–223
  11.  Conde de Mafra (1994). Diário de um Monárquico 1911-1913. [S.l.]: Fundação Engenheiro António de Almeida. p. 189
  12.  Aniceto Afonso e João Medina (1990). História contemporânea de Portugal (2º Volume) – Monarquia Constitucional: das origens do liberalismo à queda da realeza. [S.l.]: Mutilar. p. 213
  13.  Jean Pailler (2006). A mulher que queria ser Rainha de Portugal. [S.l.]: Bertrand
  14.  Raul Brandão (1998). Memórias, Tomo I. [S.l.]: Relógio d´Água. p. 168

Bibliografia

  • Pailler, Jean; D. Carlos I Rei de Portugal. Lisboa: Bertrand Editora, 2000.
  • Pailler, Jean; A tragédia da Rua do Arsenal. Lisboa: Editorial Planeta, 2009.
  • Ramos, Rui; 2006, "D. Carlos", – Colecção "Reis de Portugal", Lisboa, Círculo de Leitores
  • Pinto, José Manuel de Castro, 2007, "D. Carlos (1863-1908) A Vida e o Assassinato de um Rei", Lisboa, Plátano Editora, ISBN 978-972-770-563-4
  • Nobre, Eduardo, 2004, "Duelos & Atentados", Lisboa, Quimera Editores, ISBN 972-589-129-5
  • Nobre, Eduardo, 2002, "Família Real - Álbum de Fotografias", Lisboa, Quimera Editores, ISBN 972-589-088-4
  • Morais, Jorge, 2007, "Regicídio – A Contagem Decrescente", Lisboa, Zéfiro, ISBN 978-972-8958-40-4

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