Presidência da UE encara sanções contra a Bielorrússia
Praga, 01 nov 2022 (Lusa) – O primeiro-ministro checo, cujo país detém a presidência da União Europeia (UE), admitiu hoje, ao regressar de Kiev, que Bruxelas encara a imposição de sanções à Bielorrússia, aliada da Rússia, pelo seu papel no conflito na Ucrânia.
A Bielorrússia diz que não quer envolver-se diretamente na guerra, mas permite que soldados russos fiquem estacionados no país, que a Rússia usou como base de retaguarda para a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro.
“Estamos agora a analisar […] o papel da Bielorrússia e a potencial necessidade de atingi-la” com sanções, disse Petr Fiala à imprensa ao regressar de Kiev, onde, segunda-feira, se reuniu com vários ministros ucranianos.
A 07 de outubro, o Governo checo anunciou a realização de uma reunião conjunta com o gabinete ucraniano para 31 do mesmo mês, em Kiev.
“Algumas sanções contra a Bielorrússia já estão em vigor, mas não podemos aceitar que a Bielorrússia apoie a política da Rússia ou que a Rússia contorne o impacto das sanções por meio de países como a Bielorrússia”, acrescentou Fiala.
A UE impôs já oito pacotes de sanções que visam sobretudo a indústria e várias personalidades política e do mundo financeiro desde o início da invasão da Ucrânia.
“[A Rússia tem de estar] cada vez mais isolada. Sabemos que as sanções estão a funcionar, podemos ver isso em muitos dados e temos de continuar a esse nível”, acrescentou Fiala.
“Devemos perceber que os ataques contra a Ucrânia estão a ser realizados a partir do espaço aéreo da Bielorrússia e que a Bielorrússia está a fornecer armas à Rússia”, insistiu, por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Jan Lipavsky.
Em outubro, Minsk e Moscovo anunciaram uma força militar conjunta e o exército ucraniano tem mostrado preocupação face à “ameaça crescente” de uma nova ofensiva russa a partir da Bielorrússia, vizinho ao norte da Ucrânia.
De acordo com o Ministério da Defesa da Bielorrússia, estarão estacionados no país cerca de 9.000 soldados russos e 170 tanques de guerra.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente Vladimir Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e à imposição de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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