Crise política no Reino Unido: os quatro cenários possíveis para Liz Truss
A primeira-ministra britânica está sob pressão devido à crise política e económica no país
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, está sob pressão para demitir-se ou convocar eleições legislativas devido à crise política e económica no país, mesmo após ter abandonado quase totalmente a controversa estratégia fiscal.
Estes são quatro cenários possíveis para a chefe do Governo, que assumiu o lugar de Boris Johnson há apenas 40 dias.
⇢ Demissão
Até agora, apenas cinco deputados Conservadores apelaram publicamente à demissão de Liz Truss, mas outros, falando em condição de anonimato, acreditam que a primeira-ministra não tem condições para continuar em funções.
A credibilidade da primeira-ministra ficou abalada pela reversão da maior parte dos cortes fiscais prometidos e pelo despedimento do ministro das Finanças Kwasi Kwarteng, substituído por Jeremy Hunt, um antigo rival, e uma das opções é demitir-se voluntariamente.
Esta decisão desencadearia uma eleição interna no Partido Conservador que poderia prolongar-se durante semanas, durante a qual Truss permaneceria no poder.
Em alternativa, o partido poderia evitar mais lutas fratricidas, unindo-se em torno de um sucessor escolhido por consenso. Theresa May sucedeu a David Cameron em 2016, após o referendo do 'Brexit', depois de todos os rivais se terem retirado.
Mas Liz Truss não deu nenhum sinal de que está disposta a demitir-se, tendo o porta-voz respondido esta terça-feira que ela continua concentrada nos "compromissos" como primeira-ministra.
⇢ Moção de censura
As regras internas do partido protegem um novo líder de uma moção de censura durante os primeiros 12 meses do mandato e Truss só foi confirmada em 5 de setembro.
O processo implica que pelo menos 15% dos 357 deputados conservadores - actualmente 54 - submetam uma carta ao partido onde retiram a confiança à líder para desencadear uma votação.
No entanto, o poderoso Comité 1922, responsável pela organização interna do partido, tem a possibilidade de alterar as regras. No caso de derrota, Liz Truss perderia imediatamente a liderança do partido, mas permaneceria à frente do Governo até que fosse escolhido um sucessor.
O comité teria de estabelecer as regras do processo para escolher um novo líder, que seria o terceiro num ano e o quinto desde 2016.
Todavia, os deputados parecem relutantes num novo sufrágio reservado aos membros do partido apenas dois meses após a proclamação de Truss.
⇢ Truss continua
Embora a credibilidade esteja gravemente afectada, Truss poderá ganhar margem para escapar ao despedimento graças ao novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, que é mais centrista.
O abandono da maior parte do "mini orçamento" parece ter acalmado os mercados, dando-lhe alguma estabilidade.
Liz Truss deverá encontrar-se esta semana com várias fações do partido e os principais ministros, para tentar dissipar as críticas.
Jeremy Hunt irá detalhar no final do mês como o Governo pretende reduzir a dívida pública a médio prazo, mais uma oportunidade para deixar a crise para trás.
⇢ Eleições legislativas
As próximas legislativas deverão ser realizadas até janeiro de 2025, tendo a primeira-ministra a opção de convocá-las antes dessa data.
A outra opção seria uma moção de censura parlamentar, que implicaria o apoio à oposição de deputados conservadores. Esse cenário, ou o chumbo de um orçamento, levaria a chefe de Governo a demitir-se e a pedir ao rei para dissolver o parlamento.
Porém, parece pouco provável que um número suficiente de deputados conservadores se junte à oposição, devido ao risco de muitos deles perderem os assentos.
As sondagens dão ao Partido Trabalhista, a maior força da oposição, uma vantagem próxima dos 30 pontos percentuais, o que resultaria numa vitória esmagadora com maioria absoluta.
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