Ucrânia? "[Putin] não será capaz de fazer o que inicialmente pretendia"
As contrariedades e os recursos limitados de Moscovo na Ucrânia demonstram que as suas forças são incapazes de alcançar os objetivos iniciais do Presidente Vladimir Putin, referiu esta sexta-feira o chefe dos serviços de informações militares do Pentágono.
"Estamos a chegar a um ponto em que acho que Putin terá que rever quais são os seus objetivos para esta operação", sublinhou o tenente-general Scott Berrier, diretor da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em Inglês).
Para Berrier, está "bem claro agora que ele [Putin] não será capaz de fazer o que inicialmente pretendia fazer", salientou, durante uma conferência de inteligência e segurança nacional que decorreu fora de Washington.
Putin enviou as suas tropas para a Ucrânia em fevereiro com o objetivo de derrubar o governo ucraniano próximo do Ocidente, segundo as autoridades norte-americanas.
As forças ucranianas expulsaram os combatentes russos das suas posições ao redor da capital da Ucrânia no início da guerra.
Na semana passada, Moscovo sofreu outro grande revés, quando uma contra-ofensiva ucraniana forçou as suas tropas a recuar de grandes áreas do nordeste da Ucrânia.
"Os russos planearam uma ocupação, não necessariamente uma invasão, e isso atrasou-os", realçou Berrier, citando a relutância de Putin até agora em mobilizar totalmente as forças russas para obter mais mão-de-obra nos combates.
O Presidente Joe Biden e outros funcionários do governo norte-americano tiveram até agora o cuidado de não considerar a última retirada da Rússia como uma vitória ucraniana ou um ponto de viragem na guerra, e analistas alertam que é impossível avaliar o que pode estar por acontecer.
"Ele [Putin] está a chegar a um ponto de decisão. Qual será essa decisão, não sabemos. Mas isso determinará em grande parte quanto tempo este conflito durará", acrescentou Berrier.
Questionado sobre as preocupações de que Putin possa lançar armas de destruição em massa se continuar a sofrer derrotas no campo de batalha pelas forças ucranianas apoiadas pelos EUA e pela NATO, o vice-diretor da CIA, David Cohen, afastou essa ideia.
"Não acho que devemos subestimar o objetivo de Putin em cumprir a sua agenda original, que era controlar a Ucrânia. Não acho que tenhamos visto qualquer razão para acreditar que ele se afastou disso", referiu.
Mas também alertou que os EUA não devem subestimar o "apetite pelo risco" de Putin, lembrando que oficiais russos e o próprio chefe de Estado fizeram alusões ao arsenal nuclear da Rússia, ao alertar a NATO para não se envolver no conflito.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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