Trofa, Porto, 18 set 2022 (Lusa) – O município da Trofa deixa a 05 de novembro de ser o único a não ter paços do concelho, inaugurando um edifício que custou 10,4 milhões de euros e carregado de simbolismo pela associação à indústria e à ferrovia.

Manifestação contra a reativação e ampliação do aterro sanitário na freguesia de Covelas, Trofa
Manifestação contra a reativação e ampliação do aterro sanitário na freguesia de Covelas, Trofa© Fornecido por Lusa

A poucos metros do Parque Nossa Senhora das Dores, no centro do município nascido quase há 24 anos, bem perto da linha férrea e situado numa antiga fábrica de moagem, o cinza escuro do exterior dos futuros paços do concelho impõem-se na paisagem, emergindo a imagem de um comboio prestes a arrancar.

Quase três anos depois de lançada a obra, o presidente da autarquia Sérgio Humberto contou à Lusa que finalmente acaba a distribuição dos serviços da autarquia por 17 espaços.

“Todos os serviços que hoje funcionam em instalações arrendadas passam a funcionar aqui. Obviamente que serviços como os transportes, Polícia Municipal e Proteção Civil, que têm instalações próprias, vão continuar a funcionar fora”, bem como “os serviços de Desporto, Cultura, Juventude e Turismo que estão na Casa da Cultura continuarão a funcionar lá”, disse.

E prosseguiu: “vamos agregar tudo aquilo que estava distribuído por 17 espaços para funcionar num edifício único. Deixamos de pagar rendas e conseguimos ter mais rentabilidade no serviço e também agilizar para os munícipes que passam a poder tratar de tudo num só edifício”.

Contas feitas, o autarca, regressando às rendas, garantiu que a poupança será de “cerca de 300 mil euros por ano”.

Com uma estimativa inicial de 8,9 milhões de euros de custos e um prazo de execução de 22 meses, cedo a autarquia percebeu que a água seria o primeiro dos seus problemas, recordou Sérgio Humberto.

“Descobrimos umas minas que não haviam sido detetadas nos estudos técnicos. Isso obrigou a trabalhos a mais, compensatórios, pois não estava previsto no projeto de execução, mas isso também nos trouxe uma coisa boa, garantiu-nos água que vamos tratar e este vai passar a ser um edifício autossustentável do ponto de vista energético e de consumo de água, estando preparado para que as águas que são utilizadas nos lavatórios sejam reutilizadas nas sanitas”, contou.

Associado a isto, continuou, o “aumento brutal dos preços” elevou o custo da construção para “os 10,4 milhões de euros”. Ainda assim, disse, se a empreitada tivesse sido lançada “há seis meses ou agora” o preço seria “mais caro 40%”, num processo em que os “atrasos na chegada dos materiais e os efeitos da covid-19 na ausência dos trabalhadores também pesaram”.

“Fisicamente o edifício deveria estar pronto em agosto, mas só ficará em novembro e depois será equipar com móveis e computadores”, acrescentou o autarca social-democrata que mantém a convicção de que o “projeto será candidato a prémios internacionais de arquitetura”.

Flávio Sousa, profissional da indústria automóvel e residente da Trofa, elogiou a arquitetura dos futuros paços do concelho, considerando tratar-se de “um edifício moderno e até imponente”.

Neste contexto, concordou que “recuperar um edifício que estava ligado à indústria e fazer ali a câmara tem o seu simbolismo” e assinalou que a “zona envolvente [ao novo edifício] está muito diferente do que era”.

Beatriz Campos, reformada e também residente na cidade, assinalou as “dificuldades sentidas” sempre que tinha de tratar de assuntos na autarquia.

“Para construir aquilo botaram muita casa abaixo, mas vai ficar bonita”, notou a antiga emigrante na Alemanha, para quem “não tinha jeito nenhum estar tudo separado”.

Rosa Rodrigues, reformada e a morar na Trofa, destacou a centralidade da nova câmara: “está bem situada, para os de longe e para os de perto. Não tinha jeito estar tudo espalhado. Acho que está certo o que ele [presidente da câmara] está a fazer”.

Ainda assim, deixou uma crítica ao projeto: “se me tivessem perguntado, e dado que aquilo era uma fábrica, eu teria mantido o canudo para cima [chaminé], nunca o deitava abaixo”.

JFO // MSP

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