Brasília e Rio de Janeiro em alerta para comemorações do bicentenário
Brasília e o Rio de Janeiro acolhem esta quarta-feira desfiles cívico-militares e manifestações de apoio ao Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, por ocasião do bicentenário da independência do Brasil, eventos que colocaram as duas cidades em estado de alerta de segurança.
A Força Nacional de Segurança Pública foi acionada para atuar em Brasília: “O emprego da Força Nacional, em caráter episódico e planeado, nas ações de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do património, na defesa dos bens e dos próprios da União, no interior do Palácio da Justiça”, lê-se num texto divulgado no Diário da União.
Espera-se cerca de 280 mil participantes no desfile oficial em Brasília que terão de passar por revista, estando proibidos vários itens como armas, mastros de bandeira, vidros, sprays e apontadores de laser, entre outros.
Atiradores especiais e equipas anti-bombas estarão no local e as forças de segurança vão monitorizar as estradas que dão acesso à capital do país. A Cavalaria, o Batalhão de Policiamento com Cães e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também estarão presentes.
A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, que concentra as sedes dos três poderes no Brasil, para onde está marcado o desfile oficial do Exército Brasileiro, foi encerrada ao trânsito na segunda-feira à noite para bloquear o caminho aos camiões dos apoiantes de Bolsonaro que queriam estacionar perto dos locais de poder.
Na segunda-feira, um juiz do Supremo Tribunal Federal limitou temporariamente o alcance dos decretos do Presidente Bolsonaro que facilitam o acesso a armas de fogo, devido ao "risco de violência política" durante a campanha eleitoral.
Há um ano, manifestantes pró-Bolsonaro, incluindo camionistas, quebraram um cordão policial e ameaçaram invadir o Supremo Tribunal.
Este ano, as principais cidades do país reforçaram as estruturas de segurança para os desfiles e manifestações para o dia da independência, que desde a chegada ao poder de Jair Bolsonaro se tornou num dia de demonstração de força política por parte da direita conservadora.
O Presidente brasileiro pediu aos seus seguidores que saíssem à rua "pela última vez" este 07 de Setembro. Espalhados pela cidade de Brasília, vários cartazes dizem: "É agora ou nunca".
Analistas citados pela imprensa local disseram acreditar que o tom de Jair Bolsonaro será mais brando até para atenuar a sua taxa de rejeição que, a menos de um mês do seu ‘embate’ eleitoral com Luiz Inácio Lula da Silva, se situa nos 52%. A primeira volta das eleições brasileiras realiza-se em 02 de outubro.
Ainda assim, o dia poderá ser utilizado para uma demonstração de força política, especialmente no desfile em Brasília e no Rio de Janeiro.
Na capital, o desfile está previsto para as 09:00 locais e deverá contar com a presença do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República portuguesa, Augusto Santos Silva, e dos chefes de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, além de representantes dos restantes países de língua oficial portuguesa.
Também o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, participa nas comememorações.
No Rio de Janeiro, para onde Bolsonaro deve viajar à tarde, após participar no desfile em Brasília, 1.855 polícias militares serão mobilizados para garantir a segurança, segundo autoridades locais.
A maioria ficará ao longo da Praia de Copacabana, onde estão previstas manifestações da Marinha e Aeronáutica, além de uma demonstração de apoio ao chefe de Estado.
A campanha de Lula da Silva, líder em todas as sondagens presidenciais, decidiu deixar as ruas para Bolsonaro, a fim de evitar possíveis confrontos.
As comemorações são também assinaladas em Portugal com uma série de eventos e iniciativas, como a iluminação do Cristo Rei com as cores do Brasil, desde as 20:30 de hoje até ao amanhecer de quinta-feira.
"Ainda este mês será inaugurada, no Palácio das Necessidades em Lisboa, uma exposição de documentação alusiva à independência e às relações Portugal-Brasil, organizada pelo Instituto Diplomático”, lê-se numa nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que lembra que “ao longo do ano Portugal tem apoiado um conjunto alargado de iniciativas, para recordar o processo singular que conduziu à independência brasileira e para celebrar a construção das relações entre os dois países”.
Entre as várias iniciativas que assinalam os 200 anos da independência do Brasil está uma cerimónia cívico-militar a bordo do Navio-Escola "Brasil" (NE Brasil), que está atracado no porto de Lisboa até quinta-feira, num périplo que inclui atracagem em 14 portos no âmbito da 36.ª Viagem de Instrução de Guardas-Marinha (XXXVI VIGM) e cuja viagem começou a 16 de julho.
O início do programa cultural comemorativo do bicentenário da independência do Brasil ocorre em Coimbra, com a apresentação do livro “Camões e Lusíadas”, por Antônio Ricardo Accioly Campos, presidente da Fundação Joaquim Nabuco, na Sala do Senado da Universidade local.
Para além da inauguração da exposição “A Universidade de Coimbra e a independência do Brasil”, que reúne os registos documentais e bibliográficos desta relação centenária (espólio da Biblioteca Geral e do Arquivo da UC), incluindo um vasto acervo de imprensa oitocentista e outros documentos históricos, Coimbra acolhe também um concerto de homenagem a Antônio Carlos Jobim (1927-1994), promovido em parceria com o Cistermúsica – Festival de Música de Alcobaça.
Em Lisboa, o dia é assinalado com um Concerto da Orquestra Filarmónica de Minas Gerais, no Jardim da Torre de Belém, e com a transmissão em direto da reabertura do Museu do Ipiranga em São Paulo, após nove anos encerrado, no Auditório Nascente da Feira do Livro.
No Porto, até 15 de novembro, um espetáculo de teatro musical, uma mostra de cinema, uma residência artística e uma exposição marcam a associação do Coliseu Porto Ageas às comemorações do bicentenário da independência do Brasil.
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