Rússia invadiu a Ucrânia há 160 dias
Fez na terça-feira 160 dias desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e deu início ao conflito. Sem previsões de fim à vista ou de um cessar-fogo, a ofensiva russa parece ter abrandado nas últimas semanas, depois dos ataques às regiões de Kharkiv, Izium, Donbass, Zaporizhzhia e Kherson e da contraofensiva ucraniana com vista à recuperação de parte do território. Neste marco que ultrapassa os cinco meses de guerra, destaca-se a viagem do primeiro navio com cereais ucranianos para exportação, a partir do porto de Odessa e com destino ao Líbano.
Embora não haja um fim à vista para este conflito, que começou a 24 de fevereiro, os analistas acreditam que o Kremlin está a repensar a estratégia da sua “operação especial”, numa altura em que as autoridades ucranianas relatam mais de 40 mil baixas de forças russas e que a ofensiva agressiva parece ter abrandado.
A estratégia inicial de Moscovo tinha objetivos políticos bem claros: as forças russas pretendiam ocupar territórios estratégicos e alegadamente pró-russas, usando o mínimo de forças para poupar as infraestruturas civis e conseguir o apoio da população ucraniana. Além disso, os especialistas creem que Vladimir Putin esperava que o Governo de Volodymyr Zelensky se rendesse ou caísses em pouco tempo – o que não aconteceu até à data.
No final de abril, a Rússia já tinha conquistado quase 40 por cento do território da Ucrânia, tendo empenhado mais meios militares e ataques do que previa para o conseguir, uma vez que inicialmente estavam cerca de 50 mil soldados na linha da frente e, uma semana depois, o número de tropas russas na ofensiva subiu para 150 mil. Mas com a estratégia inicial a falhar e as forças ucranianas a contra-atacar, nas últimas semanas os ataques e ameaça de invasão às regiões de Kiev, Sumy e Chernihv foram reduzindo, tendo sido relatado que Moscovo retirou os seus militares dessas zonas da Ucrânia até ali cercadas.
Desde o início do conflito que os países do Ocidente, nomeadamente os Estados Unidos e os Estados-membros da União Europeia, tem manifestado o seu apoio militar, económico e humanitário à invadida Ucrânia. Para além de ajudar na retirada de civis e na receção dos refugiados da guerra, vindos da Ucrânia, a comunidade internacional tem disponibilizado meios humanos e humanitários para território ucraniano, financiamento e armamento.
Quanto à Rússia, o Ocidente tem penalizado enquanto país invasor através de sanções, expulsão de diplomatas e personalidades ligadas ao presidente russo.
Na segunda-feira, os EUA anunciaram um novo fornecimento de armas para as forças ucraniana e um pacote de 550 milhões de dólares que “incluirá mais munição para os sistemas de mísseis avançados de alta mobilidade, também conhecidos como HIMARS, bem como munição” para artilharia. Washington acusou, no mesmo dia, de “irresponsabilidade” a Rússia por estar a usar a central nuclear de Zaporizhia como “escudo nuclear”, estando esta a servir de base militar.
Vladimir Putin, por seu lado, afirmou que não haverá vencedores numa guerra nuclear e que nem sequer devia “ser desencadeada”.
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