terça-feira, 19 de julho de 2022

PORTUGAL A ARDER - ÚLTIMAS NOTICIAS - 19 DE JULHO DE 2022

 

Portugal é o país mais fustigado pelos incêndios… Desde 2015, ardeu 10 vezes mais percentagem de área em Portugal que Espanha…

Num mês marcado por elevadas temperaturas, os incêndios florestais voltaram a assolar Portugal. Portugal está a arder de norte a sul, com uma série de incêndios extremamente agressivos e descontrolados, uma história que se vai repetindo ano após ano.

De 2015 a 2020, Portugal foi o país com maior área ardida em toda a Europa, apesar da pequena dimensão do nosso país em área territorial. Em média, arderam 155 mil hectares por ano neste período, uma área muito superior aos dois países que acompanham Portugal no top 3: Espanha (87 mil hectares) e Itália (63 mil hectares). Só nos fogos de 2017 arderam 540 mil hectares, sendo por larga margem o pior ano das últimas décadas (ardeu 7 vezes mais do que a média dos outros anos analisados).

Ponderando a área ardida pela dimensão territorial dos países, o cenário é ainda mais impressionante e aterrador. Em Portugal arde entre 9 a 10 vezes mais por cada hectare de área territorial do que nos 3 países que surgem a seguir a Portugal neste ranking. Por cada 100 mil hectares de área territorial, ardem 1.690 hectares por ano em Portugal, sendo que na Croácia ardem 273 hectares, na Itália 213 hectares e em Espanha 174 hectares.

Historicamente, Portugal sempre foi um país assolado por incêndios florestais, tal como grande parte dos países do sul da Europa. No entanto a evolução, ao longo das últimas 4 décadas, tem sido totalmente diferente entre Portugal e países como Espanha ou Itália. Se em Portugal a área ardida é actualmente quase o dobro do que se verificava na década de 80 do século passado (arderam, em média, 73 mil hectares por ano entre 1980 e 1989), em Espanha (245 mil hectares ardidos por ano na década de 80, quase 3 vezes mais do que actualmente) e em Itália (147 mil hectares ardidos por ano na década de 80, mais do dobro do que actualmente) houve uma enorme redução.

Conformarmo-nos com milhares de hectares ardidos todos os anos, prejuízos avultados, um elevado impacto ambiental, perda de bens materiais móveis e imóveis, ou, por vezes, até vidas, não é certamente a solução. São vários os motivos apontados para que Portugal compare tão mal nesta matéria. A falta de uma estratégia de gestão florestal eficiente parece evidente, tal como o número cada vez maior de terrenos abandonados no interior do país. Deixemos de usar a desculpa do “problema estrutural”, como referiu o nosso Primeiro-Ministro, para encobrir erros sucessivos em matéria de gestão e protecção florestal.

André Pinção Lucas e Juliano Ventura

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