| | | “Na noite de sexta feira, informámos a Liga que tínhamos realizado testes antigénio internamente, na sequência de sintomas apresentados por alguns jogadores, nos quais 16 testaram positivo à Covid-19. Informámos também que a DGS tinha solicitado a lista de contactos considerados de alto risco, classificado o ocorrido como ‘surto’ e enviado uma lista de critérios genéricos de isolamento que teriam de ser escrupulosamente cumpridos. Acresce ainda que a DGS mostrou preocupação pelos riscos associados a uma nova variante e decretou que fossem a realizados testes PCR a todos os que estavam em isolamento. | Às 14h34 de ontem [sábado], a Belenenses SAD informou formalmente a Liga da decisão da DGS de colocar 44 membros do nosso grupo de trabalho em isolamento. Informámos que um desses jogadores estava lesionado e juntámos informação que o provava. Além disso, outro estava fora do país, por não ter tido autorização de entrada em Portugal, facto que era do conhecimento da Liga. Feitas as contas, eram na verdade apenas seis jogadores efetivamente disponíveis. Seis jogadores que foram considerados suficientes pela Liga para a mesma manter a realização do jogo. A consequência seria a falta de comparência e a consequente perda de pontos. Cerca das 19h, na sequência do resultado dos testes PCR, que confirmaram 15 casos positivos, a DGS atualizou os contactos de risco e retirou três jogadores de isolamento. Nesse momento, a Belenenses SAD passou a dispor de nove jogadores para apresentar no jogo.” | O comunicado emitido pela Belenenses SAD no domingo, dia seguinte à entrada em campo de nova vergonha do futebol nacional sob a forma de nove jovens dos quais um guarda-redes mas a jogar como médio (uma vergonha que pelo eco mundial deixou todos ainda mais envergonhados), tinha mais alguns parágrafos que, na verdade, entroncam no habitual desfilar de uma culpa que morre solteira. No entanto, bastam estes dois para se perceber aquilo que entra pelos olhos: o encontro com o Benfica nunca se poderia ter realizado. Mais do que isso, todos sabiam o que iria acontecer caso se realizasse. O surto BSAD20 cruzou com a variante NQS9. E como Ninguém Quis Saber, nove jogadores entraram para ser goleados por 7-0 em meia parte antes da falta de elementos em condições para prosseguir o encontro. | O que aconteceu a seguir? Rui Pedro Soares, presidente da Belenenses SAD, veio dizer que tinha pedido o adiamento do jogo, foi depois desmentido pela Liga e reforçou de seguida que faltou bom senso para evitar a situação, sendo que, pelo meio, após chegar o relatório do árbitro Manuel Mota, o clube pediu a repetição do jogo. Rui Costa, líder do Benfica (e antigo jogador, como destacou em conferência para dar um ênfase maior à análise que fazia), salientou que os encarnados não tiveram qualquer responsabilidade e que a única coisa que fizeram foi cumprir os regulamentos. A Liga marcou uma reunião de emergência, pediu outra de carácter urgente às autoridades de Saúde e avançou com uma participação disciplinar (que está a andar no Conselho de Disciplina da Federação), chegando depois à conclusão que não podia ter feito nada para adiar o encontro. Por fim, Graça Freitas, diretora geral da Saúde, recusou qualquer hipótese de poder fazer algo que é do âmbito desportivo. Mais de 100 pessoas entraram em isolamento. E a culpa não é de ninguém. | Bem diferente foi o que se passou com o Tondela, devendo até servir de exemplo paradigmático para tudo o que possa acontecer daqui para a frente perante a nova variante Ómicron, que só daqui a algumas semanas se perceberá que peso tem no atual retrato da situação epidemiológica em Portugal (considerar que os únicos casos por cá estão relacionados com a equipa dos azuis é ser ainda mais autista do que todos foram antes do jogo do Belenenses SAD): o treinador Pako Ayestarán testou positivo, seguiram-se quatro jogadores até ao encontro em Alvalade com o Sporting no domingo, houve mais um no dia seguinte à partida, o plantel entrou em isolamento por precaução e o jogo com o Moreirense passou para janeiro. Tão simples, não foi? | Há mais equipas da Primeira Liga com casos positivos, aqui isolados e com uma situação monitorizada de forma diária, e uma delas é o Sporting: depois do triunfo frente ao Tondela, que valeu a vitória 50 a Rúben Amorim, Sebastian Coates testou positivo e vai falhar o dérbi na Luz com o Benfica desta sexta-feira (21h15). Se Jesus não poderia contar com Lucas Veríssimo, Rodrigo Pinho e Radonjic, o treinador leonino perdeu o central, além dos lesionados Rúben Vinagre e Jovane, e Palhinha, com um problema na coxa. As novas regras que passaram a vigorar em espectáculos com mais de 5.000 pessoas prometem complicar os acessos para quem não chegar cedo e também o campeão nacional terá um difícil teste pela frente sem poder contar com os dois elementos mais importantes frente a uma equipa encarnada que “passeou” no Jamor. | Antes, o FC Porto tenta reforçar a liderança da Primeira Liga na receção ao Portimonense (19h), naquele que será o reencontro entre Sérgio Conceição e Paulo Sérgio após a “zanga” na última época, dando seguimento às seis vitórias consecutivas carimbadas na última ronda frente ao V. Guimarães. Contudo, a semana no Dragão foi também marcada pelas notícias que davam conta do alegado recebimento de dinheiro que pertencia ao clube através de empresários por parte do presidente dos azuis e brancos, Jorge Nuno Pinto da Costa, bem como a suspeita de que parte desses milhões terão servido para financiar a alegada manipulação de resultados desportivos de jogos do FC Porto, através da suposta prática de corrupção ativa de intervenientes com capacidade para influenciar a sorte dos jogos da Primeira Liga. No jantar de entrega dos Dragões de Ouro, o líder dos portistas prometeu responder nos locais certos “às calúnias e mentiras”. | Durante a semana, os três clubes fecham a fase de grupos da Liga dos Campeões. Na terça-feira, enquanto o Sporting joga nos Países Baixos com o Ajax só pela reputação e pela parte financeira, o FC Porto recebe o Atl. Madrid precisando apenas de um triunfo para ficar apurado para os oitavos – sendo que uma igualdade, desde que o AC Milan não ganhe ao Liverpool, pode até ser suficiente (ambos às 20h). No dia seguinte, o Benfica recebe o Dínamo Kiev e precisa não só de ganhar mas também que o Barcelona não vença o Bayern em Munique para carimbar o acesso à próxima etapa da competição milionária (20h). | | Se um dia alguém profetizou que nem daqui a 50 ou 100 anos um português voltaria a ganhar a Taça dos Libertadores, Abel Ferreira quebrou a ideia não com um mas dois títulos apenas em dez meses: depois da vitória frente ao Santos na edição de 2020, o Palmeiras conseguiu derrotar no prolongamento o teoricamente favorito Flamengo e revalidou o título. Além de ter sido o primeiro a ganhar duas vezes a prova pelo Verdão, o treinador português juntou-se a Telê Santana (São Paulo) e Carlos Bianchi (Boca Juniors) como os únicos a vencerem em épocas consecutivas. Sobre o futuro, nada de novo ou concreto – mas com a certeza de que jogar 100 jogos em 370 dias deixa mossa em termos físicos e mentais em qualquer jogador ou treinador. | Esta foi também uma semana marcada pela entrega da Bola de Ouro e tudo aquilo que se seguiu. Ainda antes da cerimónia, provavelmente sabendo já quem seria o vencedor, Cristiano Ronaldo fez um ataque forte às “mentiras” do chefe de redação da France Football (uns dias depois, em campo, passou a barreira dos 800 golos como sénior, mais um marco na carreira); depois, Lionel Messi recebeu o troféu pela sétima vez, numa votação que mereceu várias críticas sobretudo por manter Robert Lewandowski a zero depois do que fez nas duas últimas épocas. Tanto que, no discurso de agradecimento, foi o próprio argentino que sugeriu que fosse entregue uma Bola de Ouro ao polaco pelo que conseguiu em 2020. Outras notas: Alexia Putellas venceu o troféu feminino, Pedri ganhou o prémio Kopa de melhor jovem numa votação que colocou Nuno Mendes na quarta posição, Donnarumma recebeu o prémio Yashin de melhor guarda-redes, Lewandowski teve como “consolação” o troféu de melhor avançado do ano e o Chelsea foi distinguido como clube do ano. Ronaldo não foi além do sexto lugar como em 2010, numa lista ainda com Bruno Fernandes (21.º) e Rúben Dias (26.º). | Ainda no plano do futebol internacional, quatro outras notas: Eriksen voltou aos treinos 173 dias depois de ter sofrido uma paragem cardíaca durante o encontro da Dinamarca frente à Finlândia da primeira ronda do Europeu; a Juventus vai de mal a pior dentro e fora de campo, tendo somado mais uma derrota em Turim diante da Atalanta na semana em que as autoridades fizeram buscas por duas ocasiões no âmbito de uma operação Prisma que ainda dará muito que falar; os associados do Bayern mostraram de forma veemente (e com ânimos muito exaltados) em Assembleia Geral a sua rejeição ao patrocínio da Qatar Airways; e o Atl. Mineiro sagrou-se campeão brasileiro cinco décadas depois do último título com Hulk em destaque. | | As emoções vão estar centradas este fim de semana no Grande Prémio da Arábia Saudita em Fórmula 1, que no limite pode até fechar em definitivo as contas do Mundial de 2021 (domingo, 17h30). Nesta altura, o neerlandês Max Verstappen (Red Bull) segue com oito pontos de vantagem mas Lewis Hamilton (Mercedes), que procura fazer mais história com o oitavo título, venceu as duas últimas corridas do campeonato. Nota ainda para a final da Taça Davis (domingo, a partir das 15h) que colocará em oposição Croácia ou Sérvia contra Federação da Rússia ou Alemanha. As meias-finais realizam-se esta sexta-feira e sábado. | Durante a semanao caso Peng Shuaiteve dois novos capítulos que mostram como o mundo do desporto não fala a uma só voz neste tema: por um lado, o WTA decidiu cancelar todos os torneios de ténis na China, com o presidente Steve Simon a explicar que a medida iria manter-se enquanto a tenista “não puder fazer comunicações livremente e for pressionada para negar as suas denúncias de abusos sexuais”; por outro, o COI voltou a mostrar vontade de ter “uma abordagem mais humana e centrada na pessoa” ao comunicar que o líder do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, tinha volta a falar com a tenista e que iria ser marcado um encontro para janeiro. Em que ficamos afinal? Ninguém ao certo sabe. Mas há uma coisa que outros não esquecem: o peso de os próximos Jogos de Inverno, em fevereiro de 2022, serem em Pequim… | P.S. A Associação dos Jornalistas de Desporto (CNID) vai distinguir os atletas Pedro Pichardo e Patrícia Mamona, o ciclista Iuri Leitão, a jogadora de futsal Ana Catarina Pereira, a ginasta Filipa Martins e os treinadores Rúben Amorim e Bruno Pinheiro. Nessa mesma ocasião, Mariana Fernandes vai também receber o Prémio Revelação de 2021, uma distinção justa que reforça tudo o que tem sido feito nos últimos anos no Observador não só no Desporto mas em todas as áreas entre jornal, rádio e multimédia. |
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