sexta-feira, 19 de novembro de 2021

AMÉRICO TOMÁS (ALMIRANTE) - FOI O ÚLTIMO PRESIDENTE DA REPUBLICA ANTES DE 1974 - NASCEU EM 1894 - 19 DE NOVEMBRO DE 2021

 

Américo Tomás

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Américo Tomás
AmericoThomaz.png
Américo Tomás
13.º Presidente da República Portuguesa
Período9 de agosto de 1958
25 de abril de 1974
Antecessor(a)Francisco Craveiro Lopes
Sucessor(a)António de Spínola
Ministro da Marinha
Período6 de setembro de 1944
10 de maio de 1958
Antecessor(a)Manuel Ortins de Bettencourt
Sucessor(a)Raul Ventura
Dados pessoais
Nome completoAmérico Deus Rodrigues Thomaz
Nascimento19 de novembro de 1894
LisboaPortugal
Morte18 de setembro de 1987 (92 anos)
CascaisCascaisPortugal
Primeira-damaGertrudes Ribeiro da Costa Thomaz
PartidoUnião Nacional, depois Acção Nacional Popular
ProfissãoOficial da Marinha de Guerra
AssinaturaAssinatura de Américo Tomás
Serviço militar
GraduaçãoAlmirante da Armada

Américo Deus Rodrigues Tomás[1] GColTE • ComC • GCC • ComA • GOA • OSE (Lisboa19 de novembro de 1894 — CascaisCascais18 de setembro de 1987) foi um político e militar português. Foi o décimo terceiro Presidente da República Portuguesa, último do Estado Novo português.

Biografia

Era filho de António Rodrigues Tomás (Ferreira do ZêzereFerreira do Zêzere, c. 1870) e de sua esposa, Maria da Assunção Marques (Lisboa, Alcântara, c. 1874), criados da casa da família Rodrigues de Mattos e Silva de Abrantes e do Sardoal.

Em 16 de outubro de 1922 desposou Gertrudes Ribeiro da Costa (Lisboa23 de fevereiro de 1894 - Lisboa25 de maio de 1991), filha de António José da Costa e de sua esposa, Adelaide do Carmo Ribeiro, de quem teve duas filhas e um filho: Maria Natália Rodrigues Tomás (1923-1980), Fernando Rodrigues Tomás (1923-1923) e Maria Madalena Rodrigues Tomás (1925), casada com Antero Campos de Figueiredo.

Carreira Académica

Ingressou no Liceu da Lapa em 1904, e concluiu a sua formação secundária no Liceu Passos Manuel em 1911. Frequentou a Escola Politécnica, atual Faculdade de Ciências durante dois anos, entre 1912 e 1914, ano em que ingressou na Escola Naval, como aspirante no corpo de alunos da Armada.

Américo Tomás enquanto cadete da Armada, c. 1915.

Carreira Militar

Em 1916, ao concluir o curso da Escola Naval, e durante a Primeira Guerra Mundial, desempenhou funções no serviço de escolta no Couraçado Vasco da Gama, depois no cruzador auxiliar Pedro Nunes e nos contratorpedeiros Douro e Tejo.[2]

Em 1918 foi promovido a Primeiro-Tenente. Seguiram-se as promoções a Capitão-tenente (1931), Capitão de fragata (1939), Capitão de mar e guerra (1941), Contra-almirante (1951) e Almirante (1970).[3]

17 de março de 1920, entra ao serviço do navio hidrográfico 5 de Outubro, onde serviu nos dezasseis anos seguintes, desempenhando ainda as funções de chefe da Missão Hidrográfica da Costa Portuguesa e vogal da Comissão Técnica de Hidrografia, Navegação e Meteorologia Náutica e do Conselho de Estudos de Oceanografia e Pesca e perito do Conselho Permanente Internacional para a Exploração do Mar.[4] A 5 de outubro de 1928 foi feito Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, a 5 de outubro de 1932 Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis e a 9 de maio de 1934 Comendador da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.[5]

Foi nomeado chefe de gabinete do Ministro da Marinha em 1936, presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante de 1940 a 1944 e Ministro da Marinha de 1944 a 1958. A 10 de agosto de 1942 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis e a 1 de agosto de 1953 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.[5]

Em 1944 foi o 14.º Presidente do Clube de Futebol Os Belenenses.[6]

Durante o desempenho de funções como Ministro da Marinha, foi o principal responsável pela elaboração e aplicação do Despacho 100 (de 10 de agosto de 1945), diploma que reestruturou e modernizou a Marinha Mercante portuguesa, permitindo também a constituição da moderna indústria da construção naval no país. Esta ação fez com que, nos meios navais, ao contrário do resto da sociedade portuguesa, o nome do Almirante Américo Thomaz seja, ainda hoje, muito respeitado.

Presidente da República

Retrato oficial do Presidente Américo Tomás (1957), por Henrique MedinaMuseu da Presidência da República.

Em 1958 foi o candidato escolhido pela União Nacional para suceder a Craveiro Lopes, com o beneplácito de António de Oliveira Salazar, não só por ser afeto ao regime mas também por ser pouco interventivo. Teve como adversário o General Humberto Delgado. Segundo os resultados oficiais das eleições de 8 de Junho de 1958, venceu com 75%, contra apenas 25% atribuídos a Delgado. O próprio Thomaz não votaria na sua eleição. Na sequência das eleições presidenciais, cujos resultados oficiais nunca seriam publicados oficialmente no Diário do Governo, conforme estipulava a legislação vigente, o regime determinaria, na revisão constitucional de 1959, que estas deixariam de ser diretas, passando a ser da responsabilidade de um colégio eleitoral, constituído exclusivamente por membros da União Nacional. Desta forma, o regime punha de parte qualquer tipo de mudança democrática encetada pelo voto da população portuguesa. Em 1961 tornou-se Ilustríssimo Senhor Cruz da Real e Distinguida Ordem Espanhola de Carlos III de Espanha. Foi dessa forma reeleito em 1965 e 1972.

25 de Abril encontrou-o a poucos meses de cessar funções, uma vez que determinara deixar o cargo quando completasse 80 anos. Foi então demitido do cargo e expulso compulsivamente da Marinha, tendo sido enviado para a Madeira, donde partiu para o exílio no Brasil.[7]

Américo Tomás, durante o desempenho das funções de Presidente da República, residiu sempre na sua residência particular, apenas usando o Palácio de Belém como escritório e para cerimónias oficiais.

Por inerência do cargo de Presidente da República, era detentor do grau de Grande-Colar da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito desde 9 de agosto de 1963.[5]

“É a primeira vez que cá estou desde a última vez que cá estive.”

— Américo Thomaz

Foi pouco mais do que um chefe de estado cerimonial, aparecendo muitas vezes a inaugurar exposições de flores, a ponto de lhe darem o apodo de "o corta-fitas". Era alvo de chacota pelo seu pouco talento para o discurso público, tendo várias "gaffes" suas ficado gravadas no imaginário popular, com destaque para frases como "É a primeira vez que cá estou desde a última vez que cá estive", ou "Hoje visitei todos os pavilhões, se não contar com os que não visitei", proferidas nas numerosas visitas e inaugurações que ocupavam a maior parte da sua atividade.[8]

Após o 25 de Abril

Mural da UDP opondo-se ao seu regresso do exílio.

Em 1978Ramalho Eanes permitiu o seu regresso a Portugal. Em 1980, morre, subitamente, a sua filha mais velha, Natália.

Foi-lhe negado o reingresso na Marinha e o regime de pensão extraordinária atualmente em vigor para ex-presidentes da República.

18 de setembro de 1987, Américo Tomás morreu numa clínica em Cascais, após uma cirurgia, com 92 anos. Está sepultado no Cemitério da Ajuda.

Obra

  • Sem Espírito Marítimo Não É Possível o Progresso da Marinha Mercante, Lisboa, s.e., 1956.
  • Renovação e Expansão da Frota Mercante Nacional, prefácio de Jerónimo Henriques Jorge, Lisboa, s.e., 1958.
  • Citações, Lisboa, República, 1975.
  • Últimas Décadas de Portugal, 4 volumes vols., Lisboa, Fernando Pereira, 1980 e 1981.

Referências

  1.  «Américo Tomás». PRESIDÊNCIA da REPÚBLICA. Consultado em 30 de abril de 2020
  2.  Mascarenhas, João Mário; António José Telo (1997). «Américo Deus Rodrigues Thomaz»A República e seus presidentes
  3.  Américo Tomás (biografia) - Museu da Presidência.
  4.  Mascarenhas, João Mário; António José Telo (1997). «Américo Deus Rodrigues Thomaz»A República e seus presidentes
  5. ↑ Ir para:a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Américo Deus Rodrigues Thomaz". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de julho de 2019
  6.  «Lista de Presidentes». Os Belenenses. Consultado em 31 de outubro de 2015
  7.  Lei 1/74 que destituiu Américo Thomaz.
  8.  «Frases que entraram para a nossa História» (em inglês)

Ligações externas

Precedido por
Francisco Craveiro Lopes
Coat of arms of Portugal.svg
13.º Presidente da República Portuguesa

1958 — 1974
Sucedido por
António de Spínola

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