sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

OBSERVADOR - DESPORTO - 19 DE FEVEREIRO DE 2021

 


Desporto

Fotografia de Bruno Roseiro
Bruno Roseiro
Editor de Desporto
Sexta,19 Fev 2021
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Quem viu o documentário The Last Dance, que conta a história do sexto e último título dos Chicago Bulls na década de 90 revisitando os outros cinco, e conhece minimamente o percurso do melhor jogador de basquetebol de sempre (opinião pessoal) pode ficar com aquela sensação de uma equipa que, quando precisava, tinha sempre ali à mão o seu abono. Era preciso um triplo para ganhar, Michael Jordan marcava. Era preciso uma assistência para decidir, Michael Jordan fazia. Era preciso roubar a bola para recuperar, Michael Jordan conseguia. Era sempre assim? Resposta genérica: sim. Mas era apenas assim que a equipa conseguia vitórias, não os títulos. “Os ataques ganham jogos, as defesas ganham campeonatos”, dizia Phil Jackson, o técnico que orientava então os Bulls e que era um guru do conhecimento do jogo e da parte mental. E essa máxima é aplicável a tudo e a todos no desporto.

O Sporting é o segundo melhor ataque apenas superado pelo FC Porto e tem uma média superior a dois golos por jogo. A diferença, essa, faz-se nos golos consentidos: apenas dez. Há 25 anos que os leões não tinham uma defesa com estes números à 19.ª jornada, a chave para muitas das vitórias na Liga como aconteceu na derradeira ronda com o P. Ferreira. Além da boa resistência dos visitantes, a equipa sensação da temporada, o ataque verde e branco também não esteve particularmente inspirado, com os golos a chegarem na sequência de um penálti (João Mário) e de um canto (João Palhinha). Mais uma vez, a solidez defensiva fez a diferença. E aqui entronca também o mérito de Rúben Amorim, treinador que apostou num sistema de 3x4x3 que necessita estar muito bem trabalhado para resultar e que colocou nomes como Pedro Porro, Coates, Feddal ou Nuno Mendes com um rendimento que só muito dificilmente poderiam manter numa linha de quatro. Em 19 jogos, os leões ganharam 16 e empataram três. E as guerrinhas internas ficaram reduzidas a outro número (pelo menos em termos públicos): zero.

Com os constantes tropeções dos adversários, a vantagem na liderança já é de dez pontos. “Portanto, se o Sporting for campeão é normal, se não for é porque o treinador não percebe nada disto. Se perdemos vou ser o único treinador em Portugal na história a perder uma vantagem de dez pontos, assumo isso, mas não sabemos o dia de amanhã. Vamos seguir com a nossa ideia, é jogo a jogo”, comentou o técnico após a última partida e perante um dado histórico incontornável: nunca uma equipa com esta vantagem deixou de conquistar o título. Antes, o FC Porto (que oficializou a contratação do extremo brasileiro Pepê, do Grémio, para a próxima temporada) tinha somado o terceiro empate consecutivo na receção ao Boavista, onde os dragões fizeram uma primeira parte muito abaixo do normal antes da recuperação já com o estreante Francisco Conceição em campo, e o Benfica averbara o quinto jogo sem ganhar nos últimos seis em Moreira de Cónegos, num encontro onde Jesus assumiu os erros individuais próprios antes de uma posição de força do clube contra mais algumas decisões erradas pelo VAR.

Na próxima ronda, que começa esta sexta-feira na receção do Boavista ao Moreirense (20h30), o Sporting joga com o Portimonense no sábado (20h30), o Sp. Braga defronta no Minho o Tondela no domingo (18h) pouco antes do início do jogo do Benfica no Algarve com o Farense (20h15) e o FC Porto desloca-se à Madeira para enfrentar o Marítimo na segunda-feira (19h). Tudo antes do clássico entre dragões e leões. Até quando poderá continuar este momento dos verde e brancos? Ninguém consegue antever. Mas que esta história de redenção de uma equipa que muitas vezes saltava para o plano secundário pelos maus resultados entre a tendência política de um clube muitas vezes parecido com um partido e dividido entre fações e façõezinhas é de documentário, isso ninguém duvida. Se será The First DanceThe Last Dance, The Only Danceou até No Dance, só o tempo e/ou o espaço poderão dizer.

FC Porto v Juventus - UEFA Champions League Round Of 16 Leg One

É esse também o grande segredo do FC Porto na Liga dos Campeões: a solidez defensiva. Aquele golo de Chiesa a oito minutos do final “deixou um amargo de boca”, como admitiu Sérgio Conceição no final do encontro com a Juventus no Dragão, mas os azuis e brancos voltaram a ter uma exibição de qualidade europeia frente ao crónico campeão italiano de Cristiano Ronaldo e companhia quase sem ceder oportunidades a uma equipa que se tivesse a competência coletiva dos dragões não estaria hoje a oito pontos da liderança da Serie A (com um jogo a menos). E já tinha sido assim na fase de grupos onde, mais do que as quatro vitórias e um empate em seis jogos, os portistas estiveram em destaque por terem sofrido apenas três golos e na mesma partida, com o Manchester City. Daqui a três semanas essa voltará a ser a chave para a passagem aos quartos (que seria a segunda apenas em quatro anos).

Ronaldo esteve apagado no regresso da Liga dos Campeões, Messi marcou de penálti mas não esteve muito melhor. Mais do que passado e presente, a primeira mão dos oitavos foi escrita pelo futuro do futebol mundial e por dois nomes na pole position para ocuparem o espaço que pertence aos dois extraterrestres na última década e meia: Kilyan Mbappé teve uma noite de sonho em Camp Nou, marcando um hat-trick na goleada do PSG ao Barcelona que “vingou” aquela reviravolta de 6-1 em 2017; Erling Haaland não quis ficar atrás no dia seguinte, marcando dois golos e fazendo uma assistência na vitória do B. Dortmund em Sevilha construída em menos de meia hora antes do intervalo. Na outra partida realizada esta semana, o Liverpool provou que a notícia que dava conta da sua morte esta temporada foi manifestamente exagerada e ganhou em Budapeste ao RB Leipzig.

Esta semana realizam-se os últimos quatro encontros: na terça-feira (20h), o Atl. Madrid recebe o Chelsea à mesma hora a que a Lazio defronta em Roma o Bayern; no dia seguinte, à mesma hora, o Real Madrid joga fora com a sempre surpreendente Atalanta, enquanto o B. Mönchengladbach defronta como visitado o Manchester City.

Na Liga Europa, as equipas portuguesas tiveram menos sorte: o Benfica não foi além de um empate com golos na receção em Roma ao Arsenal, num jogo que terminou com Jesus a falar também da sorte ou da falta dela, e o Sp. Braga perdeu na Pedreira com a Roma num encontro que praticamente sentenciou a eliminatória. Não foi bom para as equipas nacionais, foi bom para jogadores e treinadores nacionais: Bruno Fernandes foi de novo destaque na goleada do Manchester United à Real Sociedad mas houve também a vitória folgada do Tottenham de Mourinho com o Wolfsberger, o triunfo do Shakhtar de Luís Castro com o Maccabi Televive, a vitória caseira do Olympiacos de Pedro Martins e companhia com o PSV, o triunfo do Granada de Rui Silva e Domingos Duarte com o Nápoles de Mário Rui ou o empate fora com golos do AC Milan de Diogo Dalot e Rafael Leão com o Estrela Vermelha. Agora, a segunda mão joga-se esta quinta-feira, entre as 17h55 (Arsenal-Benfica) e as 20h (Roma-Sp. Braga).

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Pep Guardiola não utiliza a expressão “jogo a jogo” mas, quando lhe perguntam pela questão do título, responde apenas “Arsenal” – o próximo adversário. No entanto, já poucos acreditam que a série de 12 vitórias seguidas na Premier League (e 17 no total de todas as competições) que valeu uma vantagem de dez pontos na liderança do Campeonato não seja suficiente para a reconquista do título, numa caminhada reforçada pelos claros triunfos com Tottenham e Everton. Os adversários mais diretos também “legitimam” essa ideia: o Manchester United teve mais um penalizador empate frente ao WBA onde Bruno Fernandes voltou a marcar o único golo dos red devilso Liverpool fez ainda pior e permitiu uma reviravolta do Leicester em menos de dez minutos na parte final do jogo.

Em Itália é ao contrário e a ideia de poder haver uma surpresa ganha um peso crescente: o Inter aproveitou outra derrota do AC Milan (com o Spezia) para subir à liderança mas a principal nota da última jornada foi o desaire da Juventus frente ao Nápoles, que deixou a equipa de Cristiano Ronaldo a oito pontos do primeiro lugar (com um jogo ainda a menos). Em Espanha, o Atl. Madrid continua a jogar de quatro em quatro dias para poder acertar calendário e, após a vitória com o Granadao empate em Valência com o Levante, no regresso de João Félix depois de testar negativo à Covid-19, aumentou para seis pontos a vantagem sobre o Real Madrid tendo ainda uma partida a menos por disputar e para nove em relação ao Barcelona, que goleou o Alavés com bis de Messi e Trincão, que antes marcara ao Betis. Na Alemanha, o Bayern deslizou frente ao Arminia Bielefeld na neve de Munique e André Silva continua a mostrar ser um gelo na altura de alvejar as balizas adversárias, voltando a marcar ao Colónia naquela que foi a quarta jornada a festejar e reforçando o segundo lugar nos melhores marcadores da Bundesliga e também da Bota de Ouro com um total de 18 golos em 20 jogos, naquele que é o registo mais profícuo da carreira.

Nos próximos dias, e mesmo sendo uma semana marcada pelas provas europeias, os destaques nas principais ligas são os seguintes: na sexta-feira, Wolverhampton-Leeds (20h) e Brest-Lyon (20h); no sábado, Southampton-Chelsea (12h30), Eintracht Frankfurt-Bayern (14h30), Atl. Madrid-Levante (15h15), Liverpool-Everton (17h30), Schalke 04-B. Dortmund (17h30) e Valladolid-Real Madrid (20h); no domingo, West Ham-Tottenham (12h), Barcelona-Cádiz (13h), AC Milan-Inter (14h), Hertha Berlim-RB Leipzig (14h30), Arsenal-Manchester City (16h30), Atalanta-Nápoles (17h), Manchester United-Newcastle (19h), Benevento-Roma (19h45) e PSG-Mónaco (20h); na segunda-feira, Juventus-Crotone (19h45); e na quarta-feira, Barcelona-Elche (18h).

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O primeiro Grand Slam da temporada, e provavelmente um dos mais atípicos de sempre por tudo o que aconteceu antes e durante o Open da Austrália, tem este fim de semana os seus encontros decisivos. No quadro feminino, este sábado (8h30), Naomi Osaka afastou Serena Williams da possibilidade de ganhar o 24.º Grand Slam e tentará conquistar o quarto Major noutros tantos anos (US Open em 2018, Open da Austrália em 2019, US Open em 2020) frente à surpreendente americana Jennifer Brady, que depois da meia-final do último US Open chega pela primeira vez a uma grande final aos 25 anos. No quadro masculino, Novak Djokovic derrotou nas meias a revelação russa Aslan Karatsev e vai defrontar no domingo (8h30) Daniil Medvedev ou Stefanos Tsitsipas, grego que afastou Rafa Nadal nos quartos, podendo chegar à nona vitória noutras tantas finais e também ao 18.º Grand Slam.

Nota ainda para a entrevista do selecionador de andebol, Paulo Pereira, ao programa “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador. Uma conversa onde se analisou o décimo lugar no último Campeonato do Mundo realizado no Egito, se projetou a qualificação olímpica em março com França, Croácia e Tunísia e se explicou o salto qualitativo da Seleção Nacional ao longo dos últimos anos (e que ainda não parou).

Por fim, Miguel Oliveira mostrou toda a sua ambição para a temporada de 2021 no MotoGP na apresentação oficial pela equipa de fábrica da KTM. “Para se ser campeão é preciso conjugar muitos detalhes ao mesmo tempo e, para isso, dependendo de como corre a época e do que vai acontecendo, geralmente podemos atingir o sucesso ao longo do projeto. Numas vezes, um quarto lugar será um resultado muito bom e, noutras, um segundo lugar ficará aquém das nossas expectativas, mas será preciso trabalhar durante o trajeto e, neste momento, como ponto de partida, estou a pensar em conseguir um conjunto de resultados que consideremos de sucesso. Ser melhor do que em 2020 já é um bom começo”, comentou na cerimónia. Para já, pode ser pouco; no futuro, será muito. Depois do nono lugar no último Mundial e das duas vitórias na Tech3, o português vai elevar a fasquia entre os melhores.

EU, A TV E UM COMANDO

20 e 21 de fevereiro

8h30Open da Austrália: final feminina e masculina

23 de fevereiro

20hLiga dos Campeões: Atl. Madrid-Chelsea e Lazio-Bayern

25 de fevereiro

17h55Liga Europa: Arsenal-Benfica

O JOGO EM PALAVRAS

PÓDIO

1

Olá, sou o Mbappé. E o futuro do futebol mundial

Barcelona voltou a ser curto na frente e a espalhar-se ao comprido lá atrás frente a um PSG melhor em termos coletivos, que contou com um endiabrado Mbappé para dar primeira vitória em Camp Nou (1-4).

2

Haaland arrasa e Florentino já prepara o cheque

Sevilha de Lopetegui não sofria golos há sete jogos e até começou a ganhar mas Erling Haaland voltou a ter uma exibição de extraterrestre e fez a reviravolta do B. Dortmund antes do intervalo (2-3).

3

André Silva, o '9' de Portugal: 20 jogos, 18 golos

Eintracht venceu Colónia e subiu ao terceiro lugar com novo golo de André Silva, melhor marcador de 2021 que festejou pela quarta jornada consecutiva e está em segundo na luta pela Bota de Ouro (2-0).

A PROJEÇÃO

Fotografia
PRIMEIRA LIGA NOS

Observatório: Sporting campeão, Benfica em quarto

De acordo com as projeções do CIES Football Observatory, o Sporting será mesmo campeão, enquanto que o Benfica falha o pódio pela primeira vez desde 2008. City vence a Premier, PSG falha o tetra.

TERCEIRO TEMPO

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