terça-feira, 19 de janeiro de 2021

EUGÉNIO DE ANDRADE - POETA - NASCEU EM 1926 - 19 DE JANEIRO DE 2021

 


Eugénio de Andrade

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Eugénio de Andrade Gold Medal.svg
Eugénio de Andrade, por Bottelho
Nome completoJosé Fontinhas
Pseudónimo(s)Eugénio de Andrade
Nascimento19 de janeiro de 1923
Póvoa de AtalaiaFundãoPortugal
Morte13 de junho de 2005 (82 anos)
PortoPortugal
ResidênciaRua do Passeio Alegre, 584, Porto (última)

Rua Duque de Palmela, 111 - 2º, Porto (anterior)

Nacionalidadeportuguês
Estatura1,75 m
ProgenitoresMãe: Maria dos Anjos Fontinhas (Atalaia do Campo,08-06-1901 – Lisboa, 14-04-1956, cancro do pulmão)
Pai: Alexandre Infante Rato (Póvoa de Atalaia, 21-11-1903 – Lisboa, 11-11-1968)
Cônjugesolteiro
EducaçãoLiceu Passos Manuel

Escola Técnica Machado de Castro

Ocupaçãopoeta
Outras ocupaçõestradutor e escritor
Profissãofuncionário público (inspector administrativo dos Serviços Médico-Sociais da Caixa de Previdência, 1947-1983)
Início da atividade1940
Fim da atividade2002
Principais trabalhosAs Mãos e os FrutosOs Amantes Sem DinheiroAs Palavras InterditasOstinato Rigore
PrémiosPrémio Seiva de Literatura (1983)

Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1985)
Prémio D. Dinis (1987)
Grande Prémio de Poesia APE/CTT (1988)
Grande Prémio Vida Literária APE/CGD (2000)
Gold Medal.svg Prémio Camões 2001
Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia (2002)
Medalha de Mérito Cultural (2004)

Género literáriopoesia lírica
Causa da morteparagem cardíaca, após prolongada doença degenerativa neuro-muscular
Página oficial
Relâmpago

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas GOSE • GCM (FundãoPóvoa de Atalaia19 de Janeiro de 1923[1] — Porto13 de Junho de 2005) foi um poeta português. Tem uma biblioteca com o seu nome no Fundão.

Biografia

O poeta nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia, no Fundão, no dia 19 de Janeiro de 1923. Mudou-se para Lisboa aos dez anos devido à separação dos seus pais.

Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936. Em 1938 enviou alguns desses poemas a António Botto que, gostando do que leu, o quis conhecer. Botto incentivou-o nessa senda, e em 1940, publicou o seu primeiro livro Narciso, sob o seu verdadeiro nome, que mais tarde viria a rejeitar.

Em 1943 mudou-se para Coimbra,[2] onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo durante 35 anos as funções de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

Durante os anos que se seguem até à data da sua morte, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel SerrãoMiguel TorgaAfonso DuarteCarlos OliveiraEduardo LourençoJoaquim NamoradoSophia de Mello Breyner AndresenAgustina Bessa LuísTeixeira de PascoaesVitorino NemésioJorge de SenaMário Cesariny, José Luís Cano, Ángel CrespoLuis CernudaJaime MontestrelaMarguerite YourcenarHerberto HelderJoaquim Manuel MagalhãesJoão Miguel Fernandes JorgeÓscar Lopes, e muitos outros.[2]

Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».

Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001)[3]. A 8 de Julho de 1982 foi feito Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico[4] e a 4 de Fevereiro de 1989 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.[5]

Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.[6] Encontra-se enterrado no Cemitério do Prado do Repouso, no Porto. A sua campa é rasa em mármore branco, desenhada pelo arquitecto amigo Siza Vieira, possuindo os versos do seu livro As Mãos e os Frutos[7].

Vida e obra literária

Estreou-se em 1939 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos Adolescente. A sua consagração acontece em 1948, com a publicação de As mãos e os frutos, que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que chega mediante uma depuração contínua.

Ainda na década de 40 colabora no seminário Mundo Literário[8] (1946-1948).

Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, Os amantes sem dinheiro (1950), As palavras interditas (1951), Escrita da Terra (1974), Matéria Solar (1980), Rente ao dizer (1992), Ofício da paciência (1994), O sal da língua (1995) e Os lugares do lume (1998).

Em prosa, publicou Os afluentes do silêncio (1968), Rosto precário (1979) e À sombra da memória (1993), além das histórias infantis História da égua branca (1977) e Aquela nuvem e as outras (1986).

Foi também tradutor de algumas obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luís Borges.

Em Setembro de 2003 a sua obra Os sulcos da sede foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português.

Obras

  • Narciso, José Fontinhas. Lisboa: ed. do Autor, 1940.
  • Adolescente. Lisboa: Editorial Império, ed. do Autor, 1942.
  • Pureza. Lisboa: Lisboa: Livraria Francesa, 1945.
  • As māos e os frutos. Lisboa: Portugália,1948.
  • Os amantes sem dinheiro. Lisboa: Centro Bibliográfico, 1950.
  • As palavras interditas. Lisboa: Centro Bibliográfico,1951.
  • Até amanhā. Lisboa: Guimarães, 1956.
  • Coraçāo do dia. Lisboa: Iniciativas, 1958.
  • Mar de setembro. Fora de mercado, tiragem 115 ex., 1961. Lisboa: Guimarães, 1963, 2a ed.
  • Obstinato rigore. Lisboa: Guimarães,1964.
  • Obscuro domínio. Porto: Inova, 1971.
  • Véspera da água. Porto: Inova,1973.
  • Escrita da terra e outros epitáfios. Porto: Inova, 1974.
  • Limiar dos pássaros. Porto: Limiar, 1976.
  • Memória doutro rio. Porto: Limiar, 1978.
  • Matéria solar. Porto: Limiar, 1980.
  • O peso da sombra. Porto: Limiar, 1982.
  • Branco no branco. Porto: Limiar, 1984.
  • Aquela nuvem e outras. Porto: Asa,1986.
  • Contra a obscuridade. In PP-C, Lisboa: Círculo de Leitores, 1987.
  • Vertentes do olhar. Porto: Limiar, 1987.
  • O outro nome da terra. Porto: Limiar, 1988.
  • Rente ao dizer. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 1992.
  • Ofício de paciência. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 1994.
  • O sal da lingua. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 1995.
  • Lugares do lume. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 1998.
  • Os sulcos da sede. Madrid: Calambur-Editora Regional de Extremadura, 2001, texto portugués e Trad. de J. A. Cilleruelo; Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2007, 2a ed.
  • Poesia e prosa (1940-1979), 2 vol., 1980.
  • Poesia e prosa (1940-1980), 1981; 2a ed. e aumentada.
  • Poesia e prosa (1940-1986). Lisboa: Círculo de Leitores, 1987, 3 vol.

Prosa

  • Os afluentes do silêncio. Porto: Inova, 1950
  • História de égua branca. Porto: Asa, 1976. Com ilustrações de Manuela Bacelar.
  • Rosto precário. Porto: Limiar, 1979.
  • À sombra da memória. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 1993.

Traduções do autor

  • Poemas de García Lorca, Coimbra: Coimbra, 1946.
  • Cartas portuguesas (atribuídas a Mariana Alcoforado), Porto: Inova, 1969.
  • Poemas e fragmentos de Safo, Porto: Limiar, 1974.
  • Dez poemas de García Lorca, Porto: Inova, 1978.
  • Dez poemas de Yannis Ritsos, Porto: Inova, 1978.
  • Federico García Lorca, Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu jardim, Lisboa: Delfos, 1986.
  • Trocar da rosa, Lisboa: Regra do Jogo, 1980.
  • Pequeno retábulo de S. Cristóvâo, de F. García Lorca, Porto: O Oiro do Dia, 1980.

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