Armistício de Compiègne
- Nota: Não confundir com Segundo Armistício de Compiègne, assinado em 1940 por representantes da França e da Alemanha Nazista.
O Armistício de Compiègne,[nota 1] foi um armistício assinado em 11 de novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurante na floresta de Compiègne, com o objetivo de encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial. Os principais signatários foram o Marechal Ferdinand Foch, comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger, o representante alemão.[1][2]
Apesar do armistício ter acabado com as hostilidades na frente ocidental, foi necessário prolongar o armistício três vezes até que as negociações do Tratado de Versalhes fossem concluídas e formalizadas no dia 10 de Janeiro de 1920.
Contexto
As derrotas das Potências Centrais
Ao fim de setembro de 1918, o Supremo Comando Alemão do Império Alemão percebeu que as Potências Centrais não iriam mais ganhar a guerra. Com o Armistício de Tessalônica, assinado no dia 29 de setembro de 1918, a Bulgária saía da guerra, deixando os impérios Austro-Húngaro e Otomano vulneráveis. Os comandantes alemães, então, propuseram ao imperador Guilherme II e ao chanceler Georg von Hertling sobre o caminho que a Alemanha deveria fazer para conseguirem um armistício. Uma preocupação dos generais eram os Quatorze Pontos proclamados pelo presidente americano Woodrow Wilson, visto que a Alemanha controlava a Alsácia-Lorena e partes do território da Polônia, em violação aos pontos 8 e 13 do plano de Wilson. Como Georg von Hertling era contrário a um armistício e acreditava na vitória da Alemanha, ele foi substituído pelo príncipe Maximiliano de Baden no dia 3 de outubro.[3]
O general alemão Erich Ludendorff, do Supremo Comando Alemão, escreveu uma declaração contraditória no dia 24 de outubro. Essa declaração foi censurada por oficial, mas uma cópia da declaração foi compartilhada aos parlamentares em Berlim. Os parlamentares, irritados com a insubordinação de Ludendorff, exigiram do imperador Guilherme II que Ludendorff deixe o comando. No dia 26 de outubro, Erich Ludendorff deixa o comando.[3]
No dia 30 de outubro de 1918, o Império Otomano realiza um acordo de paz com os Aliados com o Armistício de Mudros. No dia 3 de novembro de 1918, a Áustria-Hungria também realiza um armistício com os Aliados, o Armistício de Villa Giusti, após a sua derrota na Batalha de Vittorio Veneto.[3]
Revolução Alemã
A revolta dos marinheiros da Marinha Imperial Alemã, que começou no porto das cidades de Wilhelmshaven e Kiel, nos dias 29 e 30 de outubro, espalhou-se rapidamente o resto da Alemanha. Em algumas cidades, a revolta incentivou a criação de sovietes de trabalhadores e soldados, inspirados com a Revolução Russa de 1917. No dia 4 de novembro, no estado da Baviera, o rei da Baviera Luís III da Baviera foi forçado a abdicar. O imperador alemão Guilherme II abdicou no dia 9 de novembro.[3] No mesmo dia, duas repúblicas alemãs foram declaradas: a República de Weimar pelo social democrata Friedrich Ebert, e a República Socialista Livre da Alemanha, declarada pelos socialistas Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht. O conflito duraria por um ano, com a República de Weimar sucedendo o Império Alemão.[3]
Negociações
No dia 6 de novembro, uma delegação alemã liderada por Matthias Erzberger parte para a França, encontrando com o marechal francês Ferdinand Foch na manhã do dia 8 de novembro em uma localização secreta, próxima de Compiègne.[3]
A delegação alemã se identificou e fez suas propostas aos representantes da Tríplice Entente. No dia seguinte, uma lista de demandas por parte das nações da Tríplice Entente foi entregue a delegação alemã, e foram dadas 72 horas para aprovar essas demandas.[3]
As demandas dos Aliados incluíam a desmilitarização da Alemanha, o fim das hostilidades na terra, mar, e no ar, a imediata evacuação da Bélgica, Luxemburgo e da Alsácia-Lorena, conquistada pela Alemanha durante a Guerra Franco-Prussiana em 1871, a rendição e entrega de vários materiais bélicos, a liberação de todos os prisioneiros de guerra da Tríplice Entente, a continuidade do bloqueio naval contra a Alemanha, a renúncia dos acordos feitos no Tratado de Brest-Litovski e no Tratado de Bucareste, a evacuação de forças alemãs no continente africano, e a ocupação da Renânia.[4]
Impacto
Rumores de que uma delegação alemã estava em território francês rapidamente se espalharam, com esperanças de que o fim da guerra estava próximo. No dia 7, o jornal americano San Diego Sun declara que a guerra teria terminado, com um erro gramatical na manchete do jornal: "Peace. Fightnig ends", ao invés de, "Peace. Fighting ends".[2]
O Armistício de Compiègne foi anunciado por Ferdinand Foch. Acompanhado pelo primeiro ministro Georges Clemenceau e um representante britânico, Foch declara que: "As hostilidades irão cessar em todo o fronte a partir do dia 11 de Novembro, às 11 horas. Tropas aliadas não irão, até que recebam novas instruções, avançar em território inimigo após esta data".[5]
A paz seria formalizada com o Tratado de Versalhes, assinada no dia 28 de junho de 1919 e ratificada pela Liga das Nações no dia 10 de janeiro de 1920.
Ver também
Notas
- ↑ Na sua forma portuguesa, Compienha.
Referências
- ↑ «100 Anos da Primeira Guerra Mundial». Estadão. Consultado em 31 de outubro de 2018. Cópia arquivada em 31 de outubro de 2018
- ↑ ab Gilbert, Martin (2017). A Primeira Guerra Mundial. [S.l.]: Casa da Palavra. 832 páginas. ISBN 9788544106037
- ↑ ab c d e f g Keegan, John (2000). The First World War (em inglês). [S.l.]: Vintage. ISBN 9780375700453
- ↑ «Convention» (PDF) (em francês). 11 de novembro de 1918. Consultado em 10 de novembro de 2018
- ↑ «Reich Quit Last War Deep in French Forest» (em inglês). Milwaukee: The Milwaukee Journal. 7 de Maio de 1945. p. 10. Consultado em 10 de Setembro de 2010
Ligações externas
- Wikisource. Convention d'armistice du 11 novembre 1918 (em francês).
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