Batalha de Macau
Batalha de Macau | |||
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Guerra Luso-Holandesa | |||
Barcos holandeses a disparar os seus canhões em águas macaenses, desenho de 1665 | |||
Data | 22 de junho de 1622–24 de junho de 1622 | ||
Local | Macau, China | ||
Desfecho | Vitória decisiva portuguesa | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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A Batalha de Macau foi travada em 1622 entre a guarnição portuguesa de Macau e o exército holandês, fazendo parte da Guerra Luso-Holandesa. Os portugueses, em inferioridade numérica e carecendo de fortificações adequadas, conseguiram repelir os holandeses no dia 24 de Junho depois de três dias de lide. Até hoje, a batalha permanece como o única batalha significativa travada entre duas nações europeias na China continental.[1]
Contexto[editar | editar código-fonte]
Desde que os portugueses foram autorizados pela dinastia Ming a estabelecer uma base permanente comercial em Macau em 1557, o porto de Macau beneficiou-se de maneira assaz por ser o intermediário do lucrativo comércio sino-japonês, dado que as rotas diretas estavam proibidas pelos Ming, temendo os piratas wokou. O sucesso português em Macau chamou a atenção doutras potências marítimas europeias que estavam a ter mais dificuldade a assentar-se no Extremo Oriente. Quando Filipe II da Espanha se tornou Rei de Portugal após a crise dinástica portuguesa de 1580, as colónias portuguesas tornaram-se então no alvo dos inimigos de Espanha, especialmente dos holandeses e dos ingleses, que desejavam também expandir os seus impérios ultramarinos. Macau já tinha resistido razias dos holandeses em 1601, 1603 e em 1607, mas a invasão de 1622 foi a primeira tentativa real de capturar a cidade. Os holandeses, frustrados com a pouca rentabilidade do seu posto comercial em Hirado e o sucesso dos portugueses em Nangasaque devido ao acesso por parte dos lusos ao lado chinês; esperavam que a captura de Macau dar-lhes-ia uma base comercial na China e ao mesmo tempo livrar-se dos portugueses da rota Macau-Nangasaque.[2] A queda de Macau também teria deixado os castelhanos nas Filipinas sem meios de apoio e facilitaria uma invasão holandesa de Manila.[3]
Apesar das razias, as autoridades portuguesas não foram capazes de erguer um sistema de defesa integral e extensivo devido à interferência de oficiais chineses. Os meios de defesa que Macau tinha na altura estavam limitados a umas poucas baterias: um no extremo oeste da península de Macau (posterior local da fortaleza de São Tiago da Barra), uma em cada extremo meridional da baía da Praia Grande (São Francisco no leste e Bom Parto no oeste) e outra em construção, a de Fortaleza do Monte, pela Catedral de São Paulo.[4] O mau estado das defesas de Macau era bem conhecido pelos holandeses quando o barco holandês Gallias capturou um navio português em 1621 na costa de Malaca que transportava cartas relativas às defesas de Macau. A julgar pelas cartas interceptadas e a informação disponível vinda do Japão, o Governador-geral das Índias Orientais Neerlandesas Jan Pieterszoon Coen achou que Macau não conseguiria resistir um ataque sério, pelo que começou a planificar a invasão.[5]
Consequências[editar | editar código-fonte]
A batalha foi a vitória mais decisiva alguma vez produzida pelos portuguesas ao holandeses no Extremo Oriente, dado que as perdas humanas dos atacantes superavam grandemente àquelas dos defensores.[6] A estimação mais reduzida portuguesa diz que foram mortos mais de trezentos inimigos nesse dia, enquanto a maioria das fontes lusas mencionam seiscentos ou oitocentos mortos inimigos. A lista oficial holandesa refere cento e trinta e seis mortos e cento e vinte e seis feridos, sem ter em conta os mercenários bandaneses e japoneses. O historiador C. R. Bozer sugere que o número real de mortos poderia ser de trezentos se os mortos bandaneses e japoneses fossem contados. As perdas de oficiais holandeses foram especialmente sérias, dado que sete capitães, quatro lugar-tenentes e sete insíginias foram perdidos na batalha. Além disso, os holandeses perderam todos os seus canhões, bandeiras e equipamento. Em comparação, as mortes portuguesas apenas contabilizam quatro portuguesas, dois espanhóis e alguns escravos; por volta de vinte teriam sido feridos.[7] Na Batávia, Jan Pierterszoon Coen estava enraivecido pelo resultado da batalha, grafando "desta maneira embaraçosa perdimos a maioria dos nossos melhores homens juntamente com a maior parte das armas".[8]
Acerca da defesa portuguesa, Coen disse: "Os portugueses venceram-nos em Macau com os seus escravos; não foi feito com nenhum soldado, para o que não há nenhum em Macau. [...] Vide como o inimigo defende assim as suas possessões tão facilmente enquanto nós nos desperdiçarmos a nós próprios".[9] Ele também que disse que "Os escravos dos portuguese em Macau serviram-nos tão bem e tão fielmente, que eram que eles que tinham derrotado e expulsado a nossa gente dali o ano passado" e que "A nossa gente viu muitos poucos portugueses" durante a batalha.[10][11][12] Quando oficiais chineses menores levaram cabeças de holandeses a Cantão como prova do serviço português na defesa de território chinês,[13] aparentemente relataram também a bravura dos escravos, fazendo com que o Admiral Provincial (海道副使; chamado nas fontes europeias haitao) ficasse impressionado e enviasse um presente de duzentos picuis de arroz para serem distribuídos entre eles.[9] A defesa bem-sucedida significou que Portugal poderia continuar a controlar o comércio entre a China e o Japão, que naquela altura era o único comércio rentável para o poder português em declínio. Apenas trinta anos depois desta batalha o Japão expulsou os portugueses em 1639 e a possessão portuguesa de Malaca caiu para os holandeses em 1641.[14]
Comemoração[editar | editar código-fonte]
Sendo um grande vitória para os portugueses em Macau, a batalha foi comemorada de muitas formas. Em 1871, foi erguido um monumento da batalha no Jardim da Vitória.[15] Além disso, depois da vitória, os residentes de Macau começaram a celebrar o 24 de Junho como o Dia da Cidade para comemorar a vitória. Este dia foi feriado na península de Macau e foi observado todos os anos até a transferência de soberania para a China em 1999. E agora é chamado dia do S. João e pode comprar comida e joias.
Referências
- ↑ Boxer, C. R., Fidalgos in the Far East, 1550–1770. Martinus Nijhoff (The Hague), 1948. p. 86
- ↑ Boxer (1948), p. 72
- ↑ Boxer (1948), p. 73
- ↑ Boxer (1948), p. 76
- ↑ Boxer (1948), p. 74
- ↑ Boxer (1948), p. 83, 84
- ↑ Boxer (1948), p. 84
- ↑ Boxer (1948), p. 83
- ↑ ab Boxer (1948), p. 85
- ↑ Hamilton, Ruth Simms (2007). Routes of Passage: Rethinking the African Diaspora (em inglês). [S.l.]: Michigan State University Press. ISBN 9780870136320
- ↑ Studia, revista semestral. [S.l.: s.n.] 1968
- ↑ Sono, Themba (1993). Japan and Africa: The Evolution and Nature of Political, Economic and Human Bonds, 1543-1993 (em inglês). [S.l.]: HSRC. ISBN 9780796915252
- ↑ Wills, John E. (1974) Pepper, Guns, and Parleys: The Dutch East India Company and China, 1662–1681. Harvard University Press. p. 8
- ↑ Boxer (1928b), p. 270
- ↑ Garrett, Richard J., The Defences of Macau: Forts, Ships and Weapons Over 450 Years. Hong Kong University Press, 2010. p. 13
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