Portalegre (Portugal)
Este artigo cita fontes confiáveis, mas que não cobrem todo o conteúdo. (Agosto de 2019) |
Portalegre | |
Panorâmica da cidade vista da Capela do Calvário | |
Mapa de Portalegre | |
Gentílico | portalegrense |
Área | 447,14 km² |
População | 24 930 hab. (2011) |
Densidade populacional | 55,8 hab./km² |
N.º de freguesias | 7 |
Presidente da câmara municipal | Adelaide Teixeira[1] (independente) |
Fundação do município (ou foral) | 1259 |
Região (NUTS II) | Alentejo |
Sub-região (NUTS III) | Alto Alentejo |
Distrito | Portalegre |
Província | Alto Alentejo |
Orago | Santo António |
Feriado municipal | 23 de maio (elevação a cidade e a diocese) |
Código postal | 7300 |
Sítio oficial | www |
Municípios de Portugal |
Portalegre é uma cidade portuguesa, capital do distrito de Portalegre, situada na região do Alentejo e sub-região do Alto Alentejo com 15 642 habitantes (2011).
Portalegre é a cidade capital de distrito com menos população em Portugal e a segunda maior cidade do seu distrito depois de Elvas.[2]
É sede de um município com 447,14 km² de área[3] e 21 868 habitantes (2012),[4][5] subdividido em 7 freguesias.[6] O município é limitado a norte pelo município de Castelo de Vide, a nordeste por Marvão, a leste pela Espanha, a sul por Arronches e Monforte e a oeste pelo Crato.
Geografia[editar | editar código-fonte]
Embora a paisagem dos municípios a norte de Portalegre ainda seja tipicamente alentejana, com zonas relativamente planas alternando com colinas na maior parte dos casos relativamente baixas, Portalegre é frequentemente descrita como uma zona de transição entre o Alentejo mais seco e plano, e as Beiras, mais húmidas e montanhosas. A orografia é mais variada do que na generalidade do resto do Alentejo, o que contribui para que a paisagem tenha características peculiares.
A cidade encontra-se a uma altitude entre os 400 e 600 metros, na zona de transição entre a paisagem relativamente plana, mas com muitas colinas pouco elevadas a sul e oeste, e o sistema montanhoso da Serra de São Mamede, que a rodeia a norte, leste e sueste.
A geologia é variada, o que se traduz na variedade dos solos, existindo zonas de xistos, grauvaques, calcários e quartzitos.
As características únicas da paisagem, flora e fauna, estão na base da criação do Parque Natural da Serra de São Mamede, que integra uma parte considerável da área do concelho.
População[editar | editar código-fonte]
Número de habitantes [7] | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
13 633 | 14 769 | 16 908 | 18 711 | 21 358 | 21 328 | 23 922 | 25 815 | 28 074 | 28 384 | 25 800 | 27 313 | 26 111 | 25 980 | 24 930 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por grupo etário [8] | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 anos | 6 357 | 7 470 | 7 185 | 7 464 | 7 866 | 7 188 | 6 817 | 5 795 | 5 779 | 4 604 | 3 496 | 3 250 |
15-24 anos | 3 540 | 3 812 | 4 045 | 5 164 | 5 047 | 5 489 | 4 795 | 4 060 | 3 915 | 3 726 | 3 515 | 2 366 |
25-64 anos | 7 563 | 8 510 | 8 669 | 9 935 | 11 308 | 13 027 | 14 244 | 13 160 | 13 748 | 13 267 | 13 427 | 13 501 |
>= 65 anos | 862 | 1 073 | 1 058 | 1 361 | 1 597 | 2 063 | 2 528 | 2 785 | 3 871 | 4 514 | 5 542 | 5 813 |
idade desconhecida | 90 | 67 | 197 | 26 | 124 |
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Freguesias[editar | editar código-fonte]
O concelho de Portalegre está dividido em 7 freguesias:
- Alagoa
- Alegrete
- Fortios
- Reguengo e São Julião
- Ribeira de Nisa e Carreiras
- Sé e São Lourenço (Portalegre)
- Urra
Clima[editar | editar código-fonte]
Gráfico climático para Portalegre, Portugal | |||||||||||
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J | F | M | A | M | J | J | A | S | O | N | D |
110 11 6 | 96 13 6 | 63 15 8 | 78 17 8 | 68 20 11 | 32 25 14 | 7.5 30 17 | 8.5 30 17 | 42 26 16 | 98 20 13 | 115 15 9 | 136 12 7 |
Temperaturas em °C • Precipitações em mm Fonte: Instituto de Meteorologia, IP Portugal[9] |
[Esconder]Dados climatológicos para Portalegre, Portugal | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 20,4 | 22,5 | 25,5 | 29,6 | 32,3 | 39,4 | 40,4 | 39,1 | 39,5 | 31,0 | 25,7 | 23,2 | 40,4 |
Temperatura máxima média (°C) | 11,4 | 12,6 | 15,4 | 16,5 | 20,0 | 25,4 | 29,8 | 29,7 | 26,2 | 19,9 | 15,0 | 12,2 | 19,5 |
Temperatura mínima média (°C) | 5,7 | 6,2 | 7,6 | 8,2 | 10,6 | 14,4 | 17,3 | 17,2 | 16,1 | 12,5 | 9,1 | 6,8 | 11,0 |
Temperatura mínima recorde (°C) | -4,5 | -3,7 | -2,8 | -0,2 | 2,1 | 5,0 | 8,2 | 8,6 | 6,0 | 3,5 | 1,0 | -1,1 | -4,5 |
Precipitação (mm) | 109,6 | 95,5 | 63,3 | 78,4 | 67,5 | 31,6 | 7,5 | 8,5 | 42,1 | 97,5 | 114,9 | 136,0 | 852,4 |
Fonte: Instituto de Meteorologia, IP Portugal[9] |
O clima de Portalegre é mediterrânico e as temperaturas oscilam consideravelmente entre os meses mais quentes e os meses mais frios. As temperaturas, no Inverno, podem descer abaixo dos 0 °C e as temperaturas (máximas) no Verão podem atingir valores na casa do 38 °C/39 °C. As altas temperaturas ocorrem devido ao facto de esta cidade encontrar-se no Alentejo, a região mais quente de Portugal no Verão. As maior e menor temperaturas registadas em Portalegre no periodo 1971-2000 foram 40,4 °C e -4,5 °C. Porém,há registos de -8 °C em 1941 e 43,3 °C no mesmo ano. fonte: Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
História[editar | editar código-fonte]
Segundo uma lenda frequentemente referida, descrita por Frei Amador Arrais na sua obra "Diálogos" de 1589,[10] Portalegre teria sido fundada por Lísias no século XII a.C.,na sequência do desaparecimento da sua filha Maia. Esta passeava com Tobias quando é cobiçada por um vagabundo, Dolme, que a rapta e assassina Tobias. Lísias fica desesperado pelo desaparecimento da filha e vai à sua procura, acabando por por encontrá-la morta junto a um regato que hoje tem o nome de Ribeiro de Baco. Lísias virá a morrer de alegria quando julga ter visto a filha estender-lhe os braços. À cidade entretanto fundada foi dado o nome de Amaia (ou Ammaia). Lísias teria também construído uma fortaleza e um templo dedicado a Baco no local onde hoje se encontra a Igreja de São Cristóvão. Segundo Frei Amador Arrais, ainda existiam ruínas desse templo no século XVI.[11][12][13][14]
Acredita-se hoje que a lenda resultou de fantasias de alguma forma apoiadas na existência de uma lápide com uma dedicatória ao imperador romano Lúcio Aurélio (161-192), a qual foi provavelmente trazida das ruínas da cidade romana que se encontra em São Salvador da Aramenha, perto de Marvão, a qual é hoje comummente aceite com sendo a Amaia romana referida em várias fontes históricas. A localização desta e de outra cidade referida em fontes do período romano, Medóbriga, foi objecto de controvérsia até, pelo menos, ao princípio do século XX,[13] especulando-se até essa altura se existiria algum povoado antigo importante na zona actualmente ocupada pela cidade ou nas suas imediações.
O nome de Portalegre terá origem em Portus Alacer (porto, ponto de passagem, e alacer, alegre), ou mais simplesmente Porto Alegre.[14][nt 1]
É provável que no século XII existisse um povoado no vale a leste da Serra da Penha. O nome de Portalegre, onde uma das actividades importantes seria a de dar abrigo e mantimentos aos viajantes (daí o nome de porto, ponto de passagem ou abastecimento). Sendo o local aprazível (alegre), nomeadamente pelo contraste das suas encostas e vales verdejantes com a paisagem mais árida e monótona a sul e norte, a povoação prosperou e sabe-se que em 1129 era uma vila do concelho de Marvão, passando a sede de concelho em 1253, tendo-lhe sido atribuído o primeiro foral em 1259 por D. Afonso III, que mandou construir as primeiras fortificações, as quais não chegaram a ser completadas.[nt 2] Juntamente com Marvão, Castelo de Vide e Arronches, Portalegre foi doada por D. Afonso III ao seu segundo filho, Afonso.[16]
O rei seguinte, D. Dinis, mandou edificar as primeiras muralhas em 1290, as quais ele próprio viria a cercar durante 5 meses em 1299, na sequência da guerra civil que o opôs ao seu irmão, que reclamava o trono alegando que D. Dinis era filho ilegítimo. Nesse mesmo ano, D. Dinis concederia a Portalegre o privilégio de não ser atribuído o senhorio da vila «nem a infante, nem a homem rico, nem a rica-dona, mas ser d’ el-Rei e de seu filho primeiro herdeiro».
Após D. Fernando ter morrido em 1383 sem deixar herdeiros masculinos, D. Leonor Teles assumiu a regência do Reino ao mesmo tempo que se amantizava com o Conde Andeiro, um fidalgo galego. Esta situação inquietou grande parte do povo, burguesia e uma parte da nobreza, pois temia-se que esta situação reforçasse as pretensões ao trono português de D. João I de Castela, o qual era casado com D. Beatriz, a filha de D. Fernando e D. Leonor. Esta crise dinástica, que envolveu uma guerra civil com contornos de guerra entre Portugal e Castela, viria a ficar conhecida como a Crise de 1383—1385. O partido mais forte de entre os que se opunham às pretensões ao trono de D. João de Castela e D. Beatriz apoiava a coroação do Mestre de Avis. Entre os nobres que apoiaram o Mestre de Avis contava-se Nuno Álvares Pereira, irmão do então alcaide de Portalegre, Pedro Álvares Pereira, Prior do Crato (líder da Ordem dos Hospitalários em Portugal), o qual era acérrimo partidário de D. Leonor. Esta posição do alcaide provocou a revolta do povo de Portalegre, que cercou o castelo e obrigou D. Pedro a fugir para o Crato. O ex-alcaide viria a morrer em 1385 na Batalha de Aljubarrota, onde combateu do lado contrário do seu irmão Nuno. A mãe dos irmãos Álvares Pereira, Fria Gonçalves, vivia nesse tempo no "Corro" (actual Praça da República).[16]
A vila foi crescendo em importância e em 21 de agosto de 1549 foi criada a Diocese de Portalegre, por bula do papa Paulo III, na sequência de diligências nesse sentido por parte do rei D. João III, que elevaria Portalegre a cidade a 23 de maio de 1550. A importância da cidade nessa época traduzia-se, por exemplo, no volume das receitas do imposto sobre as judiarias, o qual era semelhante ao do Porto, e só era ultrapassado pelo de Lisboa, Santarém e Setúbal. Era também um dos centros de indústria de tecidos mais importantes do país, juntamente com Estremoz e Covilhã.[16]
Portalegre torna-se capital do distrito homónimo aquando da formação dos distritos a 18 de julho de 1835.
Cronologia[editar | editar código-fonte]
- Séc. XIII — A fortaleza é remodelada por D. Dinis; fundação do Convento de São Francisco.
- 1259 — Possível concessão de foral por D. Afonso III.
- 1376 — Fundado o Convento de Santa Clara.
- 1387 — D. João I concede a Portalegre o título de "Leal", grato por a cidade se ter batido pela sua causa.
- 1511 — D. Manuel I concede novo foral à vila.
- 1533 — D. João III torna-a sede de uma nova correição.
- 1550 — Portalegre é elevada à categoria de cidade e a sede de nova diocese.
- 1552 — Início da construção do Convento de Santo António.
- 1556 — Início da construção da Sé Catedral.
- 1605 — Os jesuítas instalam na cidade o Colégio de São Sebastião.
- 1640 — Portalegre é uma das primeiras localidades do país a reconhecer a independência de Portugal.
- 1683 — Foi fundado o Convento de Santo Agostinho
- 1704 — Filipe V de Espanha conquista Portalegre durante a Guerra da Sucessão Espanhola.
- 1772 — Por iniciativa do Marquês de Pombal, é fundada a Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre, popularmente conhecida como Fábrica Real, a qual é instalada no antigo Colégio jesuíta de São Sebastião.
- 1801 — Portalegre é conquistada pelos espanhóis durante a Guerra das Laranjas.
- 1808 — No decurso das invasões francesas Portalegre paga um pesado tributo imposto pelo general francês Loison ("o maneta".)
- 1835 — Portalegre passa a capital de distrito na sequência da criação destas divisões administrativas.
- 1848 — O industrial de cortiça inglês George Robinson instala-se em Portalegre; é plantado o famoso Plátano do Rossio.
- 1947 — É criada a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.[17]
Monumentos e pontos turístico[editar | editar código-fonte]
Museus[editar | editar código-fonte]
- Museu Municipal de Portalegre
- Casa Museu José Régio
- Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino
- Museu da Cortiça
- Núcleo Museológico do Castelo
Castelos[editar | editar código-fonte]
Portas da antiga muralha[editar | editar código-fonte]
No passado existiam 7 portas (alguns estudiosos falam em 8), das quais só subsistem 5, nomeadamente:[18]
- Porta do Crato, mais conhecida por Arco do Bispo
- Porta da Devesa ou do Espírito Santo, no cimo da Rua 5 de Outubro
- Porta de Alegrete ou de São Francisco, conhecida hoje por Arco de Santo António, no extremo ocidental da Praça da República (antigo Corro)
Edifícios religiosos[editar | editar código-fonte]
Na cidade[editar | editar código-fonte]
- Sé Catedral (século XVI)
- Seminário de Portalegre (século XX), inaugurado em 1955
- Igreja do Nosso Senhor do Bonfim (século XVIII)
- Convento de São Bernardo (século XVI), onde actualmente (2009) funciona a Escola Práctica da Guarda Nacional Republicana
- Convento de Santa Clara(século XIV), actualmente a Biblioteca Municipal de Portalegre
- Convento jesuíta de São Sebastião (século XVII), Fábrica Real de Lanifícios a partir do século XVIII, sede da câmara municipal desde 2005
- Capela do Calvário (século XVII ou XVIII)
- Capela de Sant'Ana (século XVIII)
- Igreja de São Lourenço
Nos arredores ou freguesias rurais[editar | editar código-fonte]
- Capela de Nossa Senhora da Penha
- Igreja da Misericórdia de Alegrete
Outros edifícios históricos[editar | editar código-fonte]
- Antigo Seminário (século XVI/XVIII), actual Museu Municipal
- Antigos Paços do Concelho (sede da câmara municipal) (século XVII)
- Palácio dos Condes de Vilar Real ou de D. Nuno de Sousa (século XVI), onde se destacam as janelas manuelinas
- Casa dos Condes de Melo
- Palácio Achioli (século XVI e XVIII), actual Escola Superior de Educação de Portalegre
- Palácio Amarelo (século XVII-XIX)
- Palácio Avillez (século XVIII), actual Governo Civil
- Palácio Barahona (século XVIII), aloja actualmente o Arquivo Distrital de Portalegre
- Palácio dos Caldeira de Castello-Branco ou dos Condes de Alter do Chão (século XVI-XVIII), actualmente aloja o Museu da Tapeçaria de Portalegre
- Palácio dos Andrade e Sousa (século XVII), actualmente sede do Instituto Politécnico de Portalegre
- Palácio dos Barros Castello-Branco (século XVII)
Fontes[editar | editar código-fonte]
A cidade de Portalegre e os seus arredores contam com mais de 30 fontes históricas. Até finais do século XIX, a água canalizada estava praticamente circunscrita às fontes, e só a partir dos anos 40 do século XX se pode falar de água canalizada ao domicílio. As fontes de Portalegre começam, por isso, por constituir um mobiliário urbano de características utilitárias.
Outros pontos com interesse histórico[editar | editar código-fonte]
- Portal Gótico da Rua do Castelo
- Rua dos Besteiros
- Rua do Arco
- Plátano do Rossio
- Praça da República (antigo Corro)
Miradouros[editar | editar código-fonte]
- Miradouro de Santa Luzia — Situado na Serra de Portalegre (679 m), na estrada para o Salão Frio, a norte da cidade.
- Miradouro da Penha — Situado no adro de um capela do século XVII na encosta da Serra da Penha, a oeste da cidade.
- Miradouro das Carreiras — Situado na povoação do mesmo nome, é um local panorâmico de grande beleza paisagística natural. Na freguesia das Carreiras existem também troços de calçada medieval que merecem ser visitados.
- Cume da Serra de São Mamede — Situado a 1 025 m de altitude, é o ponto mais elevado de Portugal continental a sul do Tejo. Dali se avista a barragem da Apartadura, a vila de Marvão, a Serra da Estrela e parte da Estremadura espanhola.
Tradições e gastronomia[editar | editar código-fonte]
O concelho de Portalegre é muito rico em tradições. Existem diversas associações que se dedicam à preservação do património cultural local, nomeadamente trajes, gastronomia, folclore em geral, cantares tradicionais e formas de balhar (dançar). Ver Associações culturais e folclóricas.
Algumas das tradições populares:
- Apanha da azeitona (no Outono)
- Ceifa (do trigo e da cevada)
- Desfile das Maias — desfile de meninas vestidas de branco adornadas de malmequeres, a 23 de maio, o dia da cidade.
- Ida à espiga no dia da espiga (Quinta-feira da espiga ou da Ascensão)
O escritor José Régio, um apaixonado estudioso amador do folclore local e coleccionador de artsesanto popular, descreve em algumas das suas obras estas e outras tradições.
Artesanato[editar | editar código-fonte]
Há referências datadas de 1778 relativas ao artesanato alentejano que era vendido no mercado do Campo Grande de Lisboa. Das mãos sábias dos artesãos portalegrenses saíam candeias de ferro para os lagares, bonecas de trapos, toalheiros, aventais, "cadelas" de três pés,[nt 3] colheres de pau de laranjeira delicadamente bordados à navalha, castanholas de madeira de influência espanhola, cochos,[nt 4] tarros e córneas[nt 5] para azeitonas.
Ver também Tapeçarias de Portalegre.
Doçaria conventual[editar | editar código-fonte]
Os conventos de Portalegre exerciam no passado grande influência sobre a vida da cidade, a qual chegou a ser conhecida como a "cidade dos sete conventos". Por esta razão, não é de estranhar que muitas sejam as receitas conventuais aqui existentes. A tradição de confecção de doces conventuais ainda está bem viva e tem origem principalmente nas receitas do Convento de Santa Clara e do Convento de São Bernardo, as quais são ciosamente respeitadas.
Tapeçarias de Portalegre[editar | editar código-fonte]
A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre fabrica tapeçarias murais decorativas utilizando uma técnica totalmente manual única no mundo, baseada no chamado ponto de Portalegre, inventado por Manuel do Carmo Peixeiro, que se inspirou nas tapeçarias francesas de Roubaix e nas tradições da tecelagem da lã do interior do país, fortemente implantadas em Portalegre desde a Idade Média.
O ponto de partida de qualquer tapeçaria é uma obra de um pintor de renome, português ou estrangeiro, com o qual se estabelecem contratos relativos aos direitos de autor para a reciação em lã da obra.
O Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino tem em exposição diversas tapeçarias de Portalegre.
A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre começou por ser instalada em 1947 no antigo convento e colégio jesuíta de São Sebastião, que no século XVIII foi convertida na Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre por ordem do Marquês de Pombal. Este edíficio é desde 2005 a sede da câmara municipal, tendo a manufactura sido transferida para um edifício junto ao convento de São Francisco.
Transportes[editar | editar código-fonte]
Existe um serviço municipal de transportes públicos coletivos rodoviários. Em 2014, um autarca do Barreiro considerou que este é um tipo de «serviço público raro, apenas existente em cinco concelhos no país»[nt 6]
Meios de comunicação social[editar | editar código-fonte]
- Jornal semanário Fonte Nova
- Jornal semanário Alto Alentejo
- Rádio Portalegre
Estabelecimentos de ensino[editar | editar código-fonte]
Portalegre é uma cidade onde a presença de estudantes é muito forte, já que três das quatro escolas que compõem o Instituto Politécnico de Portalegre se situam na cidade e têm cerca de 3 500 alunos, ou seja, mais de 20% da população permanentemente residente na cidade.
Política[editar | editar código-fonte]
Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]
Data | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | PPD/PSD | APU/CDU | CDS-PP | AD | IND | |||||||
1976 | 43,78 | 3 | 25,37 | 2 | 13,46 | 1 | 12,15 | 1 | ||||
1979 | 39,07 | 3 | AD | 17,45 | 1 | AD | 41,08 | 3 | ||||
1982 | 44,92 | 3 | 14,27 | 1 | 37,48 | 3 | ||||||
1985 | 41,48 | 4 | 37,52 | 3 | 9,90 | - | 2,42 | - | ||||
1989 | 40,52 | 3 | 45,07 | 3 | 11,50 | 1 | ||||||
1993 | 34,73 | 3 | 49,55 | 4 | 7,18 | - | 5,69 | - | ||||
1997 | 42,20 | 3 | 35,03 | 3 | 15,41 | 1 | 4,13 | - | ||||
2001 | 40,67 | 3 | 42,47 | 3 | 10,93 | 1 | 3,02 | - | ||||
2005 | 18,80 | 1 | 64,54 | 6 | 10,45 | - | 1,92 | - | ||||
2009 | 37,59 | 3 | 42,14 | 3 | 12,58 | 1 | 3,27 | - | ||||
2013 | 23,89 | 2 | CDS-PP | 17,51 | 1 | PPD/PSD | 42,44 | 4 | ||||
2017 | 28,89 | 2 | 13,15 | 1 | 18,22 | 1 | 4,21 | - | 31,60 | 3 |
Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]
Data | % | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | CDS | PSD | PCP | UDP | AD | APU/CDU | FRS | PRD | PSN | BE | PAN | PàF | |
1976 | 46,91 | 18,77 | 12,29 | 11,73 | 0,93 | ||||||||
1979 | 37,49 | AD | AD | APU | 1,27 | 37,35 | 17,88 | ||||||
1980 | FRS | 0,45 | 38,65 | 13,87 | 40,35 | ||||||||
1983 | 48,33 | 9,41 | 22,97 | 0,47 | 14,68 | ||||||||
1985 | 28,33 | 5,88 | 25,60 | 0,80 | 12,13 | 22,45 | |||||||
1987 | 31,45 | 3,06 | 44,54 | CDU | 0,38 | 9,38 | 6,29 | ||||||
1991 | 37,88 | 3,47 | 45,90 | 6,79 | 0,70 | 1,46 | |||||||
1995 | 52,46 | 7,40 | 29,62 | 0,49 | 6,26 | 0,39 | |||||||
1999 | 50,45 | 7,10 | 29,36 | 7,79 | 0,10 | 1,88 | |||||||
2002 | 44,65 | 6,85 | 38,42 | 5,18 | 1,95 | ||||||||
2005 | 53,43 | 4,85 | 27,07 | 5,68 | 5,03 | ||||||||
2009 | 36,30 | 9,07 | 31,28 | 6,31 | 11,25 | ||||||||
2011 | 28,11 | 11,73 | 41,79 | 6,68 | 4,45 | 0,64 | |||||||
2015 | 40,52 | PàF | PàF | 6,51 | 9,79 | 1,06 | 34,22 |
Personalidades ilustres ligadas a Portalegre[editar | editar código-fonte]
- Cristóvão Falcão — Poeta e diplomata oriundo de uma família nobre com raízes em Portalegre, supõe-se que possa ter nascido na cidade em ano incerto (1512-1518). Morreu entre 1555 e 1557. A sua obra mais conhecida é Crisfal.
- José Duro (Portalegre, 1875 – Lisboa, 1899) — Poeta decadentista.
- José Francisco Trindade Coelho (Mogadouro, 1861 – Lisboa, 1908) — Escritor, jornalista, magistrado e político. Foi delegado do Procurador Régio em Portalegre, onde fundou dois jornais — O Comércio de Portalegre e a Gazeta de Portalegre.
- José Frederico Laranjo (Castelo de Vide, 1846 – Lisboa, 1910) — Jurista, economista, professor universitário e político. Foi director do jornal O Distrito de Portalegre.
- Benvindo Ceia (Portalegre, 1870 – Lisboa, 1941) — Pintor de pintura decorativa.
- José Régio (Vila do Conde, 1901 – Vila do Conde, 1969) — Professor, poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, fundador da revista Presença e colaborador da Seara Nova. De seu nome próprio , José Maria dos Reis Pereira, foi professor de Português no então Liceu Nacional de Portalegre (actual Escola Secundária Mouzinho da Silveira) de 1928 a 1967. Um dos seus poemas mais famosos é a Toada de Portalegre. Na sua casa está actualmente o Casa Museu José Régio, onde além da mobília e objectos pessoais, estão expostas as suas extensas colecções de antiguidades, arte e artesanato popular.
- João Luís Carrilho da Graça (Portalegre, 1952) — arquitecto premiado de renome internacional.
- Artur Ramadas (Portalegre, 1935) — Realizador.
Cidades gémeas[editar | editar código-fonte]
Portalegre tem acordos de geminação com as seguintes cidades:
Notas
- ↑ No seu livro Tratado da Cidade de Portalegre, o Padre Diogo Pereira Sotto Maior (século XVI) relata: «Dizem que esta cidade foi primeiro situada em ũas vendas que estavam por cima dos Portelos, junto à ermida de San Bartolomeu e contra a Porta da devesa que se chamavam as Vendas dos Portelos e que daqui tomou depois o nome de Portalegre…E porque sua vista é alegre e aprazível aos olhos de quem nele os punha, vieram chamar-lhe porto alegre, donde depois vem a chamar-se Porto alegre, derivado de Portelos.»[15]
- ↑ Admite-se que a torre ou atalaia que domina a cidade, conhecida pelo nome de "Atalaião", seja um pouco anterior à fortificação de D. Afonso III.[16]
- ↑ "cadela" de três pés: banco feito a partir de um corte numa pernada de árvore.
- ↑ cocho: espécie de alguidar em cortiça.
- ↑ córnea: recipiente feito de corno de bovino com tampa de cortiça usado no Alentejo para transporte de azeitonas em conserva.
- ↑ Braga, Aveiro, Coimbra, Portalegre, e Barreiro.[19]
Referências[editar | editar código-fonte]
- «Sistema de Informação — Inventário». IHRU — Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana. Consultado em 4 de dezembro de 2009
- ↑ «Mata Cáceres deixa Presidência da Câmara». Correio da Manhã. Consultado em 8 de agosto de 2012
- ↑ INE (2013). Anuário Estatístico da Região Alentejo 2012. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 30. ISBN 978-989-25-0214-4. ISSN 0872-5063. Consultado em 5 de maio de 2014
- ↑ Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013
- ↑ INE (2012). Anuário Estatístico Região Alentejo 2012. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 97. ISBN 978-989-25-0182-6. ISSN 0872-6493. Consultado em 27 de julho de 2013
- ↑ INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_ALENTEJO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013
- ↑ Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
- ↑ «Produtos/Publicações». www.ine.pt. Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 9 de agosto de 2019
- ↑ «Censos 2011». www.ine.pt. Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 9 de agosto de 2019
- ↑ ab «Normais Climatológicas de Portalegre (1971-2000)». www.meteo.pt. Instituto de Meteorologia, IP Portugal. Consultado em 1 de março de 2010. Cópia arquivada em 3 de março de 2010
- ↑ Arrais, Frey Amador. «Diálogos». books.google.pt. Consultado em 12 de novembro de 2009
- ↑ Frey Amador Arrais citado por Tavares, Maria de Lourdes C., Municipium de Ammaia, Património Romano no Nordeste Alentejano.
- ↑ «História de Portalegre». Portalegre Distrito Digital. Consultado em 12 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2009
- ↑ ab Tavares, Maria de Lourdes C.; José M. Da Costa Têso. «Municipium de Ammaia, Património Romano no Nordeste Alentejano». cienciasdonossotempo.no.sapo.pt. Consultado em 12 de novembro de 2009. Arquivado do original em 12 de novembro de 2009
- ↑ ab Pires, Filipe (9 de setembro de 2009). «A origem do nome "Portus Alacer"». Atlético Clube Portus Alacer. Consultado em 12 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2009
- ↑ Sotto Maior, Diogo Pereira, Tratado da Cidade de Portalegre, século XVI
- ↑ ab c d Ventura, António (9 de setembro de 2009). «As origens da cidade de Portalegre». Câmara Municipal de Portalegre. Consultado em 12 de novembro de 2009. Arquivado do original em 12 de novembro de 2009
- ↑ «Cronologia». Câmara Municipal de Portalegre. Consultado em 20 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 20 de novembro de 2009
- ↑ «Portas da Cidade». Câmara Municipal de Portalegre. Consultado em 20 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 20 de novembro de 2009
- ↑ “Transportes Coletivos do Barreiro preocupa PS : Socialistas estão contra qualquer tipo de privatização dos TCB” Agência de Notícias (2014.11.21)
- ↑ «Protocolo de Geminação» (PDF). CM Portalegre. Consultado em 14 de novembro de 2013. Cópia arquivada em 15 de novembro de 2009
- ↑ «Capital convidada para Conferência das Cidades Irmãs». Prefeitura de Porto Alegre. portoalegre.rs.gov.br. 2 de outubro de 2009. Consultado em 8 de julho de 2014. Cópia arquivada em 16 de novembro de 2012
- ↑ ab c «Geminações de Cidades e Vilas». Associação Nacional de Municípios. Consultado em 15 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 15 de novembro de 2009
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